by claudia regina |
Quando me mudei pro Rio, fiz uma escolha que muita gente faz pra ser viável morar na zona sul, perto da praia e do agito artístico: morar num conjugado apertado. Isso, para muita gente da minha classe social, é indigno. Mas qualquer pessoa mais esperta sabe que, mesmo sendo apertado, ainda é um privilégio de classe muito grande desbancar milhares de reais de aluguel por poucos metros quadrados.
De qualquer forma, aprendi em Copacabana esse tal conceito de usar o espaço público como quintal.
Se quero ler um livro com um ventinho fresco vou pra nossa praia, não pra minha varanda. Se quero nadar, vou pra nossa praia, não pra minha piscina. Se quero tomar um suco com uma amiga, vou pra nossa praia, não pro meu quintal.
E essa troca do meu pelo nosso é tão boa. E cada dia que passa, sinto que meu conjugado é grande demais. Que não preciso de tanta espaço meu. Que não preciso de tanta coisa minha.
Tão lindo de ver, compartilhadas por aí, as ideias de hortas compartilhadas, bibliotecas compartilhadas, bicicletas compartilhadas… Casas cada vez menores, cidades cada vez mais compartilhadas.
Vou me livrando do privado, aqui e ali, pensando num mundo bonito sem tantos meus e com mais nossos. Na utopia profunda de que assim, a sociedade pode acolher a todos nós, igualmente.
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