Alguns tucanos se destacavam na reunião realizada por caciques do PSDB na última terça-feira (28) no restaurante Ici, em Higienópolis, um dos mais caros de São Paulo. Um deles era o subprocurador-geral estadual de Justiça Arnaldo Hossepian – convenhamos que há um trensalão de motivos para tornar inconveniente a aproximação excessiva com o tucanato paulista neste momento.
Do outro lado de Fernando Henrique Cardoso, o pré-candidato à Presidência pelo PSDB, senador Aécio Neves (MG), o ex-embaixador Rubens Barbosa e o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer, que vai moldar o discurso a ser apresentado a empresários.
Participaram também o ex-presidente nacional do PSDB e deputado Sérgio Guerra (PE), o ex-senador Tasso Jereissati (CE) e o vereador paulistano Andrea Matarazzo. Matarazzo, recorde-se, ex-secretário de Energia do Estado, elaborou planilhas eletrônicas do comitê financeiro do PSDB que deveriam abastecer o caixa dois da campanha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à reeleição, em 1998. As estatais de energia eram os principais clientes da Alstom no governo de São Paulo. Em 1998, Matarazzo acumulou o cargo de secretário com o de presidente da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), justamente uma das principais clientes da Alstom.
Ao som de músicas francesas e muito vinho, os tucanos trataram da campanha presidencial, discutiram programa de governo de Aécio e também as manifestações populares que vêm ocorrendo em diversas cidades. De acordo com o jornal Valor Econômico, alguns expressaram suas opiniões sobre a cobertura jornalística dos acontecimentos do país. Um deles, e tudo leva a crer que tenha sido o presidente do Datafolha, comentou que "há um antipetismo" na imprensa brasileira.
Apertados em um sofá vermelho, os tucanos falaram sobre a crise econômica da Argentina, apontaram problemas no Mercosul e criticaram a "contaminação" da política externa brasileira por questões "ideológicas". Aécio pretende fazer com que Rubens Barbosa e Celso Lafer colaborem com a construção de suas propostas na área de política externa. O coordenador do programa de governo deve ser o governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB).
Entre um vinho e outro, os tucanos comentaram que o partido precisa ter estratégias diferentes de Dilma Rousseff para conquistar o eleitorado das capitais e do interior. Rapidamente e sem exatidão, também falaram sobre como tentar compensar a diferença de votos em relação à presidenta. Aécio propôs a Tasso Jereissati que se lance a uma nova candidatura para o Senado, no Ceará, para reforçar o palanque dos tucanos no Nordeste este ano. Tasso, no entanto, não deu certeza de que aceitará a sugestão.
Um dia antes da comilança, na noite de segunda- feira, Aécio Neves se encontrou com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e com o ex-governador José Serra (PSDB) para negociar o vice na chapa – e Serra surgiu como um dos mais cotados.
Em sua passagem pela capital paulista, Aécio acertou detalhes do lançamento oficial da pré-candidatura, que deve ser feito até março, em São Paulo. Com isso, deve pôr fim às especulações de uma eventual candidatura de Serra à Presidência. No próximo mês, o senador planeja montar palanque pelo interior de São Paulo. As articulações políticas no estado estão sob comando de Matarazzo, ex-ministro e caixa dois de FHC.
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