Fernando Brito, via Tijolaço
O PSDB não dá para ser levado a sério. Perdeu completamente qualquer compostura e racionalidade na hora de criticar o governo Dilma. Só não é exposto ao ridículo porque a mídia brasileira também é ridícula e simplesmente repete o que as “notas oficiais” aecistas publicam no site do partido.
Depois do “mico aéreo” e do “mico da conta do restaurante”, agora o PSDB parte para o “mico cubano”, publicando – com farta reprodução nos jornais – um comunicado em que critica os empréstimos do BNDES às obras do Porto de Mariel, em Cuba e diz que os “recursos que vão para a ilha da ditadura castrista – e também para a Venezuela chavista e para outros países, notadamente os ideologicamente alinhados – são os mesmos que faltam para obras estruturantes no Brasil, em especial as de mobilidade urbana nas nossas metrópoles”.
Ontem [28/1] eu tratei a sério disso, aqui, mostrando que o dinheiro é emprestado – tem sido pago em dia – para aquisições de mercadorias e serviços no Brasil. Mas tem limite a cara de pau.
Qualquer dia eu vou começar a imprimir e guardar as notícias das coisas que o governo tucano fazia e a posição “indignada” do PSDB sobre as mesmas coisas no governo petista. E esta é uma delas.
Fernando Henrique diretamente e o BNDES, sob seu comando, fizeram empréstimos a Cuba, aliás muito corretamente. Aqui está o memorando de entendimento entre Brasil e Cuba para financiar a compra de alimentos com recursos orçamentários – reparem, orçamentários, diretamente da União – por meio do Proex (leia-se Banco do Brasil) em US$15 milhões, firmado em 1998.
Mas foi comida, aí era humanitário? E o que dizem do financiamento a ônibus de turismo para a ilha de Fidel, como está consignado norelatório de atividades do BNDES do ano de 2000?
[...] o apoio do BNDES a exportações de ônibus de turismo e urbanos para Cuba somou cerca de US$28 milhões. Cabe destacar o financiamento concedido para a aquisição de 125 ônibus Busscar com mecânica Volvo, utilizados na dinamização da atividade turística desse país, no valor total de US$15 milhões”Mas teve também para a “Venezuela chavista” de que fala a nota do PSDB:“Projeto da Linha IV do Metrô de Caracas (Construtora Norberto Odebrecht S.A.) – Construção do primeiro trecho, com extensão de 5,5 km. O investimento total do projeto soma US$183 milhões, sendo o financiamento do BNDES de US$107,5 milhões, correspondentes a 100% das exportações brasileiras de bens e serviços e ao seguro de crédito às exportações.
Uai, igualzinho ao Porto de Mariel? E com a mesma empreiteira, a Odebrecht?
É verdade que os tucanos fazem uma ressalva: “Fosse o Brasil um país que esbanjasse dinheiro e com questões de infraestrutura e logística resolvidas, poderia até ser compreensível.”
Fico imaginando a cara de Aécio Neves diante de algum repórter que lhe perguntasse se no governo FHC podia-se emprestar dinheiro à Cuba e à Venezuela porque não existiam problemas de logística e infraestrutura no Brasil dos tucanos.
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