Mídia usa incidente no Maracanã para "manchar"a Copa
por Jicxjo para o Nassif Online
Acho que valeria analisar melhor o circo que a mídia nativa está fazendo com o episódio da invasão de chilenos ao Maracanã ontem. Estão desesperados na caça de um "escândalo" para manchar a Copa, ao menos internamente, para tentar melar a percepção favorável que vai se formando na população.
Usando o Google News, como tenho o hábito de fazer, li muitos artigos, tanto brasileiros quanto aqueles da cobertura pela imprensa estrangeira. O óbvio: a imprensa europeia em geral é sóbria, faz jornalismo, busca apurar as responsabilidades, preocupa-se com a verdade factual; já a daqui, em regra, faz insinuações, colocando as versões e declarações acima dos fatos. É o jornalismo chacrinha: vem não para explicar, mas para confundir.
Além dos jornalões e seus portais ressaltarem as declarações do chefe de segurança da FIFA de que o episódio é uma "vergonha" (para quem, cara pálida?), enfatizam logo em seguida que é responsabilidade brasileira o policiamento no "perímetro" do estádio. Não apresentam nenhuma mentira avulsa, mas selecionam a dedo a parte que é contada, as expressões vagas a serem usadas.
Sonegam ao destinatário informações sobre a divisão de responsabilidades entre FIFA e poder público (e, claro, se nem isso fazem, muito menos distinguir o que cabe a cada esfera de governo), de que a segurança desse perímetro para dentro é da FIFA, com seus seguranças privados. Os torcedores, usando ingressos usados de outras partidas, atravessam a barreira externa e chegam aos portões, onde forçam a entrada contra os escassos "stewards".
Jogam sempre com a ambiguidade, deixando a gosto do leitor decidir se a responsabilidade é da Fifa ou "do governo" (lembrando que, ainda que alguém ache que é dever da polícia conferir minuciosamente se torcedor tem ingresso para um evento privado, a PM é estadual). A narrativa dos artigos é cuidadosamente elaborada para que o leitor "ligue os pontos" na direção em que os interesses políticos inconfessos determinam.
Sigam até o Google News e deem uma olhada no que estão escrevendo (há muitos exemplos, que mostram o padrão que está sendo seguido). Depois comparem, por exemplo, com o artigo abaixo, da BBC, que vai direto ao ponto, já no início, sem esconder o que interessa:
"Uma invasão de cerca de 100 torcedores chilenos no Maracanã causou um tumulto no centro de mídia do estádio a menos de uma hora do início da partida entre Chile e Espanha, nesta quarta-feira.
O incidente expôs problemas na segurança dentro dos estádios da Copa do Mundo, em parte relacionados a falhas de segurança e falta de vigilantes privados contratados pela Fifa.
Diferentemente do que ocorre nos campeonatos nacionais, a segurança nos estádios da Copa do Mundo não é feita por policiais militares, mas por vigilantes privados chamados de “stewards”, que são contratados pelo Comitê Organizador Local (COL). Segundo órgão, o número desses agentes por jogo varia entre 900 e 1.200."
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