Por Altamiro Borges, em seu blog
O “aecioporto” deve ter causado um baita estrago na campanha de Aécio Neves, o cambaleante presidenciável tucano. Há boatos de que pesquisas qualitativas, as famosas “qualis”, registraram a perda de intenções de voto do senador mineiro.
Durante duas semanas, ele se recusou a admitir que usou o aeroporto da fazenda do seu titio, na cidade de Cláudio, construído com R$ 14 milhões dos cofres públicos quando era governador de Minas Gerais.
Ele até ficou irritado com alguns jornalistas – se fosse em seu feudo, a sua irmã mandaria demitir todo mundo! Nesta quinta-feira (31), porém, ele confessou que utilizou a pista irregular, não homologada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), “três ou quatro vezes”.
A confissão visa estancar a sangria eleitoral e dar uma satisfação para os seus amigos da imprensa – para que enterrem o caso. Se os barões da mídia estivessem interessados em desvendar o escândalo, batalhões de repórteres seriam acionados para promover o chamado “jornalismo investigativo”. Para evitar mais traumas e contando com a cumplicidade da mídia seletiva, Aécio Neves tenta agora por ponto final nesta história sinistra. Resta saber se a Anac vai aceitar a “singela” confissão. Afinal, o uso de pistas irregulares caracteriza crime e pode gerar punições. O Legislativo e Judiciário de Minas Gerais também poderiam prosseguir nas investigações – mas ambos estão dominados pelo tucanato!
Seja qual for o desdobramento do caso – vale lembrar outro escândalo recente, o do “helicóptero do pó”, que já foi arquivado –, a cambaleante candidatura de Aécio Neves foi abatida em pleno voo. Como afirma Fernando Brito, no blog Tijolaço, o episódio revelou a falsa moral do tucano. “Diante da mentira que pregou, durante 11 dias, a todo o país e à imprensa, desqualificou-se moralmente para dizer qualquer coisa. A confissão tardia e cínica não lhe perdoa, exatamente porque é tardia e cínica. Ficou do tamanho que é: herdeiro de oligarquias, que controla e usa o poder que o sobrenome foi lhe trazendo e que trata o exercício do poder com a mesma irresponsabilidade que lhe valeu a fama de playboy mimado”.