Aécio tenta se descolar da imagem da elite e vender o papel de homem do povo, mas as evidências tornam o trabalho do tucano cada dia mais difícil. Em 1977, quando tinha 17 anos, o jovem Aécio Neves fazia intercâmbio no Estados Unidos
e, ao passar um fim de semana na pequena cidade de Franklin, Nova Jersey, tornou-se uma espécie de celebridade local por ser brasileiro, a ponto de um jornal da comunidade, Franklin-News, divulgar uma nota sobre a vida do menino rico do Rio de Janeiro.
A entrevista é esclarecedora de muitas formas, e mostra, principalmente, como era a vida da elite carioca naquela época. Falando sobre sua vida no Brasil, Aécio adolescente afirma que “todo mundo no Rio tem uma ou duas empregadas domésticas, uma pra cozinhar e a outra pra limpar". E ainda acrescenta “eu nunca arrumei minha própria cama”.
O jovem, que conseguiria um emprego indicado pelo pai na Câmara dos Deputados apenas 2 anos depois da entrevista, diz como lamenta estar fora do Brasil durante o carnaval, para ele, “a melhor época do ano. As festas duram por quatro dias, com todo mundo dançando, comendo e bebendo até de madrugada, voltando pra casa pra dar um mergulho e depois retornando para as ruas”.
Na parte mais emblemática da conversa, Aécio descreve como via as mulheres brasileiras na época – uma visão que ainda é partilhada por muitos. “As mulheres do Brasil têm vida fácil. A maioria não trabalha, porque não precisa. Então, passam a maior parte do tempo na praia e passeando no shopping”. Vale lembrar que, enquanto Aécio vivia a boa vida nos Estados Unidos, o Brasil ainda vivia sob o regime da ditadura militar. Apenas sete anos antes, uma jovem Dilma, de apenas 19 anos de idade, era presa e torturada pelo regime.
Em 1977, enquanto o jovem Aécio fazia intercâmbio nos EUA - e achava que todo mundo tinha duas empregadas domésticas e que as mulheres, no Brasil, tinham a vida fácil -, a jovem Dilma cursava economia na UFRGS e tentava reconstruir sua vida depois dos três anos de prisão política e das torturas de que fôra vítima.
Quatro décadas depois, a jovem que lutava pela liberdade e redemocratização do país é a presidenta da república que, junto com Lula, mais atuou pela mudança na vida dos brasileiros, tirando 36 milhões de pessoas da pobreza extrema
. O jovem Aécio fez carreira na política, graças à influência do pai e do avô, e hoje concorre contra Dilma pelo cargo mais importante do nosso país. Mas pouca coisa mudou para Aécio, de lá pra cá: ele continua defendendo o interesse das minorias mais ricas do nosso país. Pra ele, como disse na entrevista de 37 anos antes, “o carnaval é a única época em que as classes mais baixas se unem às mais altas” no nosso país.
Nestas eleições, vamos decidir entre dois projetos e dois governantes radicalmente diferentes. Isso é fato, o resto é história...
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