Para isso, a presidente convocou o vice-presidente Michel Temer para o diálogo com a Câmara, já estuda reforma ministerial e tem encontros com governadores
- No esforço de romper o isolamento político, a presidente Dilma Rousseff está atuando de forma mais articulada, tanto no Congresso, como no Executivo, em tentativa de fortalecer sua imagem. Ainda hoje (17), pela manhã, o vice-presidente Michel Temer já mostrou na prática a sua convocação para intermediar o diálogo com a Câmara e o Senado.
Temer reuniu-se com ministros e líderes da base aliada do governo na Câmara, em um café da manhã no Palácio do Jaburu, para apresentar as propostas da presidente Dilma sobre o pacote anticorrupção, anunciado nesta segunda-feira (17), e sobre a reforma política - tema que deve enfrentar maior resistência no Legislativo.
O vice-presidente da República defendeu as medidas de Dilma para a economia e pediu o apoio dos parlamentares do seu partido, o PMDB, e da base no Congresso. Michel Temer também sugeriu a realização de mais reuniões para discutir o tema do ajuste fiscal.
“Qualquer democrata desse país não pode fugir ao diálogo. O país tem causas que independem de governo ou oposição. São causas produzidas pela democracia. Ninguém pode fugir ao diálogo, é um erro”, declarou o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), ao fim da reunião.
Além de Temer, participaram do encontro os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante; da Justiça, José Eduardo Cardozo; da Secretaria de Relações Institucionais, Pepe Vargas; da Previdência Social, Carlos Gabbas e dos Esportes, George Hilton.
O encontro de hoje ocorre um dia após o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) criticar a reação do governo diante das manifestações do último domingo. Segundo ele, o pronunciamento dos ministros Cardozo e Miguel Rossetto (Secretaria-geral) foi "um desastre".
Uma das respostas do governo foi defender a reforma política. Cunha mostrou que o tema não passará com facilidade pela Casa.
Durante o pronunciamento nesta segunda-feira (16), os ministros convocados por Dilma afirmaram que é preciso acabar com o financiamento privado de campanhas eleitorais. O PMDB é um dos partidos que deve se posicionar contrário a mudança. Já o PT é o que mais defende a iniciativa.
Reforma Política
O presidente da Câmara considerou a ideia radical, criticando-a como parte de um "sectarismo". "O PT não tem amigos. Tem servos", chegou a dizer, durante uma reunião com empresários na Fiesp. E sobre a resistência do partido com a reforma política, justificou: "não vi ninguém na rua protestando pela reforma política. O protesto foi pela reforma do governo", disse.
Já no Senado, enquanto a proposta de reforma política do PMDB era apresentada em encontro do partido, o presidente Renan Calheiros (AL) afirmou que a tramitação não é o problema na Casa, mas o que falta é "o protagonismo do governo e do PT".
“Já votamos muita coisa de reforma política, fizemos uma ampla, uma profunda reforma há 12 anos que tramitou rapidamente no Senado e teve muita dificuldade para tramitar na Câmara dos Deputados mas faltou, sobretudo, nesses momentos, o protagonismo do governo e o protagonismo do PT”, disse Calheiros.
Ao contrário do que se posicionou Cunha, Renan afirmou que as manifestações recentes "cobram" a reforma política e que, como maior partido do país, o PMDB teria "legitimidade" para apresentar uma proposta.
O documento enviado pelo presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Moreira Franco, ao presidente nacional da legenda e ao vice-presidente, Michel Temer, defende o fim da reeleição, com mandato de cinco anos; a adoção do voto distrital puro, com eleição dos candidatos com mais votos; o fim das coligações nas eleições proposcionais; mas mantem o financiamento de campanha por empresas.
Articulação no Executivo
Além de enviar Temer para o encontro, a presidente Dilma Rousseff pretende atuar no Executivo, a começar por uma série de encontros agendados com governadores dos estados brasileiros, buscando romper o seu isolamento político.
Também está em discussão uma possível mudança ministerial. Dilma teria sido aconselhada pelo ex-presidente Lula a alterar o primeiro escalão do governo, dando mais espaço ao PMDB, de forma a garantir o apoio do partido nas medidas de ajuste fiscal. O ministro de Relações Institucionais, Pepe Vargas, que até agora não obteve avanços na intermediação com os parlamentares, e da Casa Civil, Aloizio Mercadante, foram sugeridos na mudança.
Por outro lado, a presidente já se manifestou que não pretende tirar Mercadante do Planalto. Ainda não há nenhuma informação oficial sobre reforma ministerial.
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