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Paulo Coelho: fragmentos de um diário inexistente

A vida é como uma grande maratona, cuja meta é cumprir a lenda pessoal.

Na largada, estamos todos próximos, compartilhando o entusiasmo inicial. Mas, à medida que a corrida se desenvolve, a alegria inicial cede lugar aos verdadeiros desafios: o cansaço, a monotonia, as dúvidas sobre a própria capacidade.
Reparamos que alguns amigos desistiram do desafio - ainda estão correndo, mas apenas porque não podem parar no meio de uma estrada; eles são numerosos, correm ao lado do carro de apoio, conversam entre si, e cumprem uma obrigação.
Terminamos por nos distanciar deles; e então somos obrigados a enfrentar a solidão, as surpresas com as curvas desconhecidas, os problemas pessoais. E, ao cabo de algum tempo, começamos a nos perguntar se vale à pena tanto esforço.
Sim, vale a pena. Só não podemos é desistir.

Mensagem da Vovó Briguilina

...De maneira clara, cristalina a vida segue seu caminho, a gente queira ou não.
E, sim, arriscar faz parte.
Ter coragem de levantar a cabeça e buscar a felicidade faz a diferença entre lutar e vencer, ou permanecer parado chorando por nossas perdas.

by Vilma Cescon Ramos


Coluna dominical de Paulo Coelho

O sapo e a água quente
Adapto aqui um texto enviado pelo advogado Renato Pacca, que atribui sua autoria a um gerente de uma agência bancária em São Paulo:
Vários estudos biológicos demonstram que um sapo colocado num recipiente com a mesma água de sua lagoa fica estático durante todo o tempo em que aquecemos a água, mesmo que ela ferva. O sapo não reage ao gradual aumento de temperatura (mudanças de ambiente) e morre quando a água ferve.
Inchado e feliz.
Por outro lado, outro sapo que seja jogado nesse recipiente com a água já fervendo, salta imediatamente para fora. Meio chamuscado, porém vivo!
Às vezes, somos sapos fervidos. Não percebemos as mudanças. Achamos que está tudo muito bom, ou que o que está mal vai passar - é só questão de tempo. Estamos prestes a morrer, mas ficamos boiando, estáveis e apáticos, na água que se aquece a cada minuto. Acabamos morrendo, inchadinhos e felizes, sem termos percebido as mudanças à nossa volta.
Sapos fervidos não percebem que além de serem eficientes (fazer certo as coisas), precisam ser eficazes (fazer as coisas certas). E para que isso aconteça, há a necessidade de um contínuo crescimento, com espaço para o diálogo, para a comunicação clara, para dividir e planejar, para uma relação adulta. O desafio ainda maior está na humildade em atuar respeitando o pensamento do próximo.
Há sapos fervidos que ainda acreditam que o fundamental é a obediência, e não a competência: manda quem pode, e obedece quem tem juízo. E nisso tudo, onde está a vida de verdade? É melhor sair meio chamuscado de uma situação, mas vivos e prontos para agir.

O Santo e o pecador

Havia uma vez um derviche devoto que acreditava que sua tarefa era admoestar à aqueles que faziam coisas malvadas e oferecer-lhes pensamentos espirituais para que pudessem encontrar o caminho correto. O que este derviche não sabia era que um mestre não é aquele que diz aos outros que devem fazer as coisas atuando através de princípios fixos. Se o mestre não souber exatamente qual é a situação interna de cada estudante, ele pode obter o efeito contrário ao que deseja.
Um dia, este devoto encontrou um homem que jogava excessivamente e que não sabia como se curar deste mau hábito. O derviche se acomodou em frente à casa do jogador. Cada vez que via o homem encaminhar-se à casa de jogos, o dervixe colocava uma pedra para marcar cada pecado formando um pequeno monte que ia acumulando como recordação visível do mal.
Cada vez que o homem saía, se sentia culpado. Cada vez que regressava, via outra pedra sobre o monte. Cada vez que adicionava uma pedra ao monte, o devoto sentia nojo contra o jogador e prazer pessoal (do que ele dizia ser pelo bem de “Deus” por haver registrado um pecado).
Este processo durou vinte anos. Cada vez que o jogador via o devoto, se dizia si mesmo: “Quisera compreender o bem. Como trabalha este homem santo pela minha redenção. Quisera arrepender-me e, mais ainda, ser como ele, pois seguramente estará entre os eleitos quando chegar a hora final.”
Aconteceu que, por uma catástrofe natural, ambos morreram ao mesmo tempo. Um anjo veio pela alma do jogador e disse suavemente:
- Deverás vir comigo ao Paraíso.
- Mas como pode ser assim? - disse o jogador - Eu sou um pecador e devo ir ao inferno. Deves estar buscando ao devoto, que se sentava próximo da minha casa e tentou reformar-me durante duas décadas.
- O devoto? - disse o anjo - Não, êle está sendo levado às regiões profundas, pois tem que assar na fornalha.
- Que justiça é essa? - disse o jogador, esquecendo sua situação -. Deves ter confundido as instruções.
- Não, é assim - disse o anjo -. Agora te explicarei. O sucedido é como segue: o devoto se gratificou durante vinte anos com sentimentos de superioridade e de mérito. Agora chegou o momento de ajustar a balança. Na verdade, ele colocou essas pedras sobre o monte para êle mesmo, não para você.
- E o que me dizes do prêmio que eu ganhei?
- Tu receberás o teu porque cada vez que passavas por onde estava o derviche, primeiro pensavas no bem e, em segundo lugar, no derviche. E é o bem, não o homem, quem te está premiando por tua fidelidade.

Coluna dominical de Paulo Coelho

Mojud e a vida inexplicável

Mojud era um funcionário de uma repartição pública em uma pequena cidade do interior. Não tinha qualquer perspectiva de um emprego melhor, e seu país atravessava uma grande crise econômica, e Mojud já estava resignado em passar o resto de sua vida trabalhando oito horas por dia, e tentando divertir-se durante as noites e os finais de semana, vendo televisão.

Certa tarde, Mojud viu dois galos brigando. Com pena dos animais, foi até o meio da praça para separá-los, sem dar-se conta que estava interrompendo uma luta de galos-de-briga. Irritados, os espectadores espancaram Mojud. Um deles ameaçou-o de morte, porque o seu galo estava quase ganhando, e ia receber uma fortuna em apostas.

Com medo, Mojud resolveu deixar a cidade. As pessoas estranharam quando ele não apareceu no emprego - mas como havia vários candidatos para o posto, esqueceram rápido o antigo funcionário.

Depois de três dias viajando, Mojud encontrou um pescador.

- Onde você está indo? - perguntou o pescador.

- Não sei.

Compadecido da situação do homem, o pescador levou-o para sua casa. Depois de uma noite de conversas, descobriu que Mojud sabia ler, e propôs um trato: ensinaria o recém-chegado a pescar, em troca de aulas de alfabetização.

Mojud aprendeu a pescar. Com o dinheiro dos peixes, comprou livros para poder ensinar ao pescador. Lendo, aprendeu coisas que não conhecia.

Um dos livros, por exemplo, ensinava marcenaria, e Mojud resolveu montar uma pequena oficina.

Ele e o pescador compraram ferramentas, e passaram a fazer mesas, cadeiras, estantes, equipamentos de pesca.

Muitos anos se passaram. Os dois continuavam a pescar, e contemplavam a natureza durante o tempo que passavam no rio. Os dois também continuavam a estudar, e os muitos livros desvendavam a alma humana. Os dois continuavam a trabalhar na marcenaria, e o trabalho físico os deixava saudáveis e fortes.

Mojud adorava conversar com os fregueses. Como agora era um homem culto, sábio, e saudável, as pessoas lhe pediam conselhos. A cidade inteira começou a progredir, porque todos viam em Mojud alguém capaz de dar boas soluções aos problemas da região.

Os jovens da cidade formaram um grupo de estudos com Mojud e o pescador, e logo espalharam aos quatro ventos que eram discípulos de sábios. Um dos jovens perguntou, certa tarde:

- Mojud resolveu abandonar tudo para dedicar-se a busca da sabedoria?

- Não - respondeu Mojud. - Eu tinha medo de ser assassinado na cidade onde vivia.

Mas os discípulos aprendiam coisas importantes, e logo transmitiam a outras pessoas. Um famoso biógrafo foi chamado para relatar a vida dos Dois Sábios, como eram agora conhecidos. Mojud e o pescador contaram o que tinha acontecido.

- Mas nada disso reflete a sabedoria de vocês - disse o biógrafo.

- Tem razão - respondeu Mojud. - Mas é a verdade. - Nada de especial aconteceu em nossas vidas.

O biógrafo escreveu durante cinco meses. Quando o livro foi publicado, transformou-se num grande êxito de vendas. Era uma maravilhosa e excitante história de dois homens que buscam o conhecimento, largam tudo que faziam, lutam contra as adversidades, encontram mestres secretos.

- Não é nada disso - disse Mojud, ao ler sua biografia.

- Santos precisam ter vidas excitantes - respondeu o biógrafo. - Uma história tem que ensinar algo, e a realidade nunca ensina nada.

Mojud desistiu de argumentar. Sabia que a realidade era o que ensinava tudo que um homem precisa saber, mas não adiantava tentar explicar isso.

"Que os tolos continuem vivendo com suas fantasias", disse para o pescador.

E ambos continuaram a ler, escrever, pescar, trabalhar na marcenaria, ensinar os discípulos, fazer o bem. Só prometeram nunca mais tornar a ler livros sobre vida de santos, já que as pessoas que escrevem este tipo de livro não compreendem uma verdade bem simples: tudo que um homem comum faz em sua vida o aproxima de Deus.



Reinterpretação de um conto sufi

Mensagem da hora

O monge e a prostituta

Vivia um monge nas proximidades do templo de Shiva. Na casa em frente, morava uma prostituta. Observando a quantidade de homens que a visitavam, o monge resolveu chamá-la.
- Você é uma grande pecadora - repreendeu-a - Desrespeita a Deus todos os dias, e todas as noites. Será que você não consegue parar, e refletir sobre a sua vida depois da morte?
A pobre mulher ficou muito abalada com as palavras do monge; com sincero arrependimento orou a Deus, implorando perdão. Pediu também que o Todo-Poderoso a fizesse encontrar uma nova maneira de ganhar o seu sustento.
Mas não encontrou nenhum trabalho diferente. E, após uma semana passando fome, voltou a prostituir-se.
Mas, cada vez que entregava seu corpo a um estranho, rezava ao Senhor, e pedia perdão.
O monge, irritado porque seu conselho não produzira nenhum efeito, pensou consigo mesmo: "A partir de agora vou contar quantos homens entram naquela casa - até o dia da morte desta pecadora".
E desde este dia, ele não fazia outra coisa a não ser vigiar a rotina da prostituta: a cada homem que entrava, colocava uma pedra num monte.
Passado algum tempo, o monge tornou a chamar a prostituta e lhe disse:
- Vê este monte? Cada pedra dessas representa um dos pecados mortais que você cometeu, mesmo depois de minhas advertências. Agora torno a dizer: cuidado com as más ações!
A mulher começou a tremer, percebendo como se avolumavam seus pecados.
Voltando para casa, derramou lágrimas de sincero arrependimento, orando:
- Ó Senhor, quando Vossa misericórdia irá me livrar desta miserável vida que levo?
Sua prece foi ouvida. Naquele mesmo dia, o anjo da morte passou por sua casa, e a levou.
Por vontade de Deus, o anjo atravessou a rua e também carregou o monge consigo.
A alma da prostituta subiu imediatamente aos Céus, enquanto os demônios levaram o monge ao Inferno.
Ao se cruzarem no meio do caminho, o monge viu o que estava acontecendo, e clamou:
- Oh Senhor, essa é a Tua justiça? Eu, que passei a minha vida em devoção e pobreza, agora sou levado ao inferno, enquanto essa prostituta, que viveu em constante pecado, está subindo ao céu!
Ouvindo isto, um dos anjos respondeu:
- São sempre justos os desígnios de Deus. Você achava que o amor de Deus se resumia a julgar o comportamento do próximo. Enquanto você enchia seu coração com a impureza do pecado alheio, esta mulher orava fervorosamente dia e noite. A alma dela ficou tão leve depois de chorar, que podemos levá-la até o Paraíso. A sua alma ficou carregada de pedras, que não conseguimos fazê-la subir até o alto.
Da coluna dominical de Paulo Coelho



A arte de viver

Temos de cuidar dos nossos pensamentos em todos momentos e instantes da nossa vida.
O pensamento é fonte criadora, sendo que através dele podemos criar coisas boas e coisas ruins para nós e para os outros também.
O bom pensamento tem o poder de atrair tudo o que é bom, ou seja, pessoas e situações agradáveis. Por outro lado o mau pensamento atrai tudo o que é negativo.
Se queremos sentir paz, alegria, ter saúde física e mental, busquemos pensar sempre pelo lado bom de tudo.
Não importa o que ocorra ao redor, mas busquemos pensar positivamente.
O pensamento é um dos atributos que Deus nos deu para nos desenvolvermos, como espíritos que somos.
Portanto, façamos bom uso desse atributo e só teremos motivos para vivermos alegres e felizes.
Pense nisso!



Coluna dominical de Paulo Coelho

Diálogos entre o Céu e o inferno
Reflexões sobre Jó

Há quatro semanas atrás, publiquei aqui o texto "Lenin desce aos infernos", onde procurava fazer uma análise bem-humorada dos diálogos entre o demônio e os céus. Por mais incrível que pareça, estes diálogos aparecem muitas vezes na Bíblia. "O Livro de Jó", por exemplo, começa com uma surpreendente visita de Satanás a Deus. Mais surpreendente ainda, é que Satanás o instiga a castigar o seu servo mais fiel. Para surpresa total, Deus faz isso.

"O Livro de Jó" é uma verdadeira obra prima. Depois de ter sido privado de todos os seus bens materiais e afetivos, Jó revolta-se e começa a clamar contra a injustiça que está sofrendo. Na verdade, o pobre homem sempre procurou fazer o melhor possível, e agora vê-se diante daquele Poder imenso, que o está punindo justamente por isso. Todos nós, em algum momento de nossas vidas, já nos vimos diante da mesma situação, mas ao invés de reclamar contra Deus - que, na minha interpretação, espera que ajamos assim - terminamos voltando nossas baterias contra nós mesmos. Achamos que não merecemos, que não somos dignos, etc. Enfim, nosso complexo de culpa é sempre maior que nossa capacidade de reagir.

Em toda família normal, é importante que os filhos encontrem sua voz através de uma rebelião saudável. Em nossa relação espiritual, é bom saber que às vezes temos o direito de reclamar na hora certa - e seremos ouvidos.

Ainda bem que Jó nos dá um bom exemplo.

Um santo no lugar errado

E para completar minhas reflexões sobre este constante diálogo entre a dor e a felicidade, o Inferno e o Paraíso, reescrevo uma história, atribuída a autor desconhecido, que me foi enviada logo após a publicação de "Lenin desce aos infernos".

Certa vez, perguntei para o Ramesh, um de meus mestres na Índia:

- Por que existem pessoas que saem facilmente dos problemas mais complicados, enquanto outras sofrem por problemas muito pequenos, morrem afogadas num copo de água?

Ele simplesmente sorriu e me contou uma história.

"Era um sujeito que viveu amorosamente toda a sua vida. Quando morreu, todo mundo lhe falou para ir ao céu, um homem tão bondoso quanto ele somente poderia ir para o Paraíso. Ir para o céu não era tão importante para aquele homem, mas mesmo assim ele foi até lá.

Naquela época, o céu não havia ainda passado por um programa de qualidade total. A recepção não funcionava muito bem, a moça que o recebeu deu uma olhada rápida nas fichas em cima do balcão e, como não viu o nome dele na lista, lhe orientou para ir ao Inferno.

E, no Inferno, ninguém exige crachá nem convite, qualquer um que chega é convidado a entrar. O sujeito entrou e foi ficando...

Alguns dias depois, Lúcifer chega furioso às portas do Paraíso para tomar satisfações com São Pedro:

- Isso que você está fazendo é puro terrorismo!!

Sem saber o motivo de tanta raiva, Pedro pergunta do que se trata. Um transtornado Lúcifer responde:

- Você mandou aquele sujeito para o Inferno e ele está me desmoralizando! Chegou escutando as pessoas, olhando-as nos olhos, conversando com elas. Agora, está todo mundo dialogando, se abraçando, se beijando. O inferno não é lugar para isso! Por favor, traga este sujeito para cá!".

Quando Ramesh terminou de contar esta história olhou-me carinhosamente e disse:

- Viva com tanto amor no coração que se, por engano, você for parar no Inferno, o próprio demônio lhe trará de volta ao Paraíso.


Mensagem da noite

Aprenda:
Por mais consistentes que sejam seus argumentos
Por mais que você mostre
Por mais que você prove
Para algumas pessoas não adianta, é perda de tempo
Esse tipo de pessoas só enxergam o que desejam enxergar.

Paulo Coelho: Sempre vale a pena pagar para ver




A leitora Soraia envia a seguinte história, que pensa ter sido publicada no New York Times. Eu tenho minhas dúvidas, mas como sempre achei que vale a pena pagar para ver, resolvi transcrevê-la aqui.
"Uma pessoa fez o seguinte anúncio no jornal The New York Times: Vendo Mercedes Benz, pouquíssimo uso, preto, turbo. Preço US$ 85; Tratar com Carolinne, Tel: xxxxxxxxx".
Os que leram o anúncio pensaram que, por um erro gráfico, ao invés de US$ 85.000,00 imprimiram apenas US$ 85,00. Outros acharam que era uma espécie de trote, e acabaram não telefonando.
Até que Joseph Smith, em sua ingenuidade, resolveu ligar para Carolinne e

Mensagem dominical de Paulo Coelho




Quem é o mestre?
Um discípulo perguntou a Nasrudin:
- Como você se tornou um mestre espiritual?
- Todos nós já sabemos o que precisamos fazer em nossas vidas, mas nunca aceitamos isso - respondeu Nasrudin. Para entender esta verdade, precisei passar por uma situação curiosa.
"Certo dia, eu estava sentado na beira de uma estrada pensando no que fazer, quando chegou um homem e postou-se diante de mim. Para afastá-lo dali, eu fiz um gesto, e ele o repetiu. Achei aquilo engraçado, e fiz outro gesto;ele me imitou, e acrescentou um novo movimento.

Coluna dominical de Paulo Coelho





A arvore dos problemas
O carpinteiro terminou mais um dia de trabalho. Como era final de semana, resolveu convidar um amigo para beber algo em sua casa.
Ao chegar, antes de entrarem, o carpinteiro parou por alguns minutos, em silêncio, diante de uma árvore que ficava no seu jardim. Em seguida, tocou seus ramos com ambas as mãos.
Imediatamente seu rosto mudou. Entrou em casa sorrindo, foi recebido pela mulher e filhos, contou histórias, e saiu para beber com o amigo, na varanda.
Dali, podiam ver a árvore. Sem conseguir controlar sua curiosidade, o amigo perguntou o que fizera antes.

Mensagem da tarde

Culpas, desculpas e culpados são pesos desnecessários que dificultam os passos, corroem os laços e atrapalham a caminhada.
Assuma a responsabilidade que lhe cabe, repare o que for possível e avance.
Se preciso, olhe para trás. Se não for preciso, não olhe.





Frase da hora

Quando a rotina nos absorve por inteiro em nomes de metas, diminuímos a percepção de uma realidade maior.

Eugenio Mussak



A executiva bem sucedida

Foi tudo muito rápido. A executiva bem-sucedida sentiu uma pontada no peito, vacilou, cambaleou. Deu um gemido e apagou. Quando voltou a abrir os olhos, viu-se diante de um imenso Portal. Ainda meio zonza, atravessou-o e viu uma miríade de pessoas.Todas vestindo cândidos camisolões e caminhando despreocupadas. Sem entender bem o que estava acontecendo, a executiva bem-sucedida abordou um dos passantes: 

- Enfermeiro, eu preciso voltar urgente para o meu escritório, porque tenho um meeting importantíssimo. Aliás, acho que fui trazida para cá por engano, porque meu convênio médico é classe A, e isto aqui está me parecendo mais um pronto-socorro. Onde é que nós estamos? 

- No céu. 
- No céu?... 
- É. - Tipo assim... o céu, CÉU...! Aquele com querubins voando e coisas do gênero? 
- Certamente. Aqui todos vivemos em estado de gozo permanente. Apesar das óbvias evidências nenhuma poluição, todo mundo sorrindo, ninguém usando telefone celular), a executiva bem-sucedida custou um pouco a admitir que havia mesmo apitado na curva. Tentou então o plano B: convencer o interlocutor, por meio das infalíveis técnicas avançadas de negociação, de que aquela situação era inaceitável. Porque, ponderou, dali a uma semana ela iria receber o bônus anual, além de estar fortemente cotada para assumir a posição de presidente do conselho de administração da empresa. E foi aí que o interlocutor sugeriu: 

- Talvez seja melhor você conversar com Pedro, o síndico. 
- É? E como é que eu marco uma audiência? Ele tem secretária
- Não, não. Basta estalar os dedos e ele aparece. 
- Assim? (...) 
- Pois não? 

A executiva bem-sucedida quase desaba da nuvem. À sua frente, imponente, segurando uma chave que mais parecia um martelo, estava o próprio Pedro. Mas, a executiva havia feito um curso intensivo de approach para situações inesperadas e reagiu rapidinho: 

- Bom dia. Muito prazer. Belas sandálias. Eu sou uma executiva bem-sucedida e... 
- Executiva... Que palavra estranha. De que século você veio? 
- Do 21. O distinto vai me dizer que não conhece o termo 'executiva'? 
- Já ouvi falar. Mas não é do meu tempo. 

Foi então que a executiva bem-sucedida teve um insight. A máxima autoridade ali no paraíso aparentava ser um zero à esquerda em modernas técnicas de gestão empresarial. Logo, com seu brilhante currículo tecnocrático, a executiva poderia rapidamente assumir uma posição hierárquica, por assim dizer, celestial ali na organização. 

- Sabe, meu caro Pedro. Se você me permite, eu gostaria de lhe fazer uma proposta. Basta olhar para esse povo todo aí, só batendo papo e andando a toa, para perceber que aqui no Paraíso há enormes oportunidades para dar um upgrade na produtividade sistêmica. 
- É mesmo? 
- Pode acreditar, porque tenho PHD em reengenharia. Por exemplo, não vejo ninguém usando crachá. Como é que a gente sabe quem é quem aqui, e quem faz o quê? 
- Ah, não sabemos. 
- Entendeu o meu ponto? Sem controle, há dispersão. E dispersão gera desmotivação. Com o tempo isto aqui vai acabar virando uma anarquia. Mas nós dois podemos consertar tudo isso rapidinho implementando um simples programa de targets individuais e avaliação de performance. 
- Que interessante... 
- É claro que, antes de tudo, precisaríamos de uma hierarquização e um organograma funcional, nada que dinâmicas de grupo e avaliações de perfis psicológicos não consigam resolver. 
- !!!...???...!!!...???...!!! 
- Aí, contrataríamos uma consultoria especializada para nos ajudar a definir as estratégias operacionais e estabeleceríamos algumas metas factíveis de leverage, maximizando, dessa forma, o retorno do investimento do Grande Acionista... Ele existe, certo? 
- Sobre todas as coisas. 
- Ótimo. O passo seguinte seria partir para um downsizing progressivo, encontrar sinergias high-tech, redigir manuais de procedimento, definir o marketing mix e investir no desenvolvimento de produtos alternativos de alto valor agregado. O mercado telestérico, por exemplo, me parece extremamente atrativo. 
- Incrível! 
- É óbvio que, para conseguir tudo isso, nós dois teremos que nomear um board de altíssimo nível. Com um pacote de remuneração atraente, é claro. Coisa assim de salário de seis dígitos e todos os fringe benefits e mordomias de praxe. Porque, agora falando de colega para colega, tenho certeza de que você vai concordar comigo, Pedro. O desafio que temos pela frente vai resultar em um Turnaround radical. 
- Impressionante! 
- Isso significa que podemos partir para a implementação? 
- Não. Significa que você terá um futuro brilhante... se for trabalhar com o nosso concorrente. Porque você acaba de descrever, exatamente, como funciona o Inferno... 

Autor Max Gehringer 



Aprendendo e ensinando com pedras

Qual foi o seixo?

O homem ouviu falar que certo alquimista perdera, num deserto muito próximo, o resultado de anos de seu trabalho: a famosa pedra filosofal, que transformava em ouro todo metal que tocava.

Impulsionado pelo desejo de achá-la e ficar rico, o homem dirigiu-se ao deserto. Como não sabia exatamente o aspecto da pedra filosofal, começou a pegar todos os seixos que encontrava, colocando-os em contacto com a fivela do seu cinto, e vendo o que acontecia.

Passou-se um ano, mais um, e nada. O homem, entretanto, seguia obstinadamente no desejo de recuperar a mágica pedra. Assim, automaticamente, caminhava pelos diversos vales e montanhas do deserto, esfregando um seixo atrás do outro em seu cinto.

Certa noite, antes de dormir, deu-se conta que a fivela havia se transformado em ouro! Mas qual das pedras tinha sido? Será que o milagre acontecera de manhã, ou na parte da noite? Há quanto tempo, realmente, não olhava o resultado do seu esforço? O que antes era uma busca de um objetivo determinado, tinha se transformado num exercício mecânico, sem qualquer atenção ou prazer. O que era uma aventura, transformou-se numa obrigação aborrecida.

Agora já não tinha como descobrir a pedra exata, pois a fivela já era de ouro, e nenhuma outra transformação aconteceria. Percorrera o caminho certo, e deixara de prestar atenção ao milagre que o esperava.




Bom dia







Encontro na 5ª Avenida

Uma história real na porta de uma Igreja

Eu estava saindo da igreja de Saint Patrick, em Nova York, quando um rapaz brasileiro se aproximou.

– Que bom encontrá-lo aqui – disse, sorrindo – Precisava muito dizer alguma coisa.

Eu também gostei do encontro com um desconhecido. Convidei-o para tomar um café, contei a chatice que foi minha viagem a Denver, sugeri que fosse até o Harlem no domingo, para assistir um serviço religioso.

O rapaz, que devia ter vinte e poucos anos, me escutava sem dizer nada.

Eu continuei a falar. Disse que acabara de ler um livro de ficção sobre um grupo terrorista que toma de assalto a igreja de Saint Patrick, e o escritor descrevia tão bem o cenário que me chamara a atenção sobre muitas coisas que jamais havia visto em minhas visitas ao local. Assim, tomara a decisão de passar por ali aquela manhã.

Ficamos quase uma hora juntos, tomamos dois cafés, e eu conduzi a conversa o tempo todo. No final, nos despedimos, e desejei uma excelente viagem ao rapaz.

– Obrigado – disse ele, afastando-se.

Foi quando eu notei que seus olhos estavam tristes; alguma coisa tinha dado errada, e eu não sabia exatamente o que.

Só depois de caminhar algumas quadras foi que me dei conta: o rapaz se aproximara dizendo que precisava muito falar comigo. Durante o tempo que passamos juntos, eu assumira o controle da situação.

Em nenhum momento, perguntei o que ele queria; na tentativa de ser simpático, preenchi todos os espaços, não permiti um momento de silêncio, onde o rapaz finalmente pudesse transformar um monólogo em diálogo.

Talvez ele tivesse algo muito importante para compartilhar comigo. Talvez, se naquele momento eu estivesse realmente aberto para a vida, eu também teria algo para entregar ao rapaz. Talvez, tanto minha vida como a dele, tivesse mudado radicalmente depois daquele encontro.

Nunca vou saber, e não vou ficar me torturando com o fato de que não soube aproveitar um momento mágico do dia; erros acontecem.

Mas, desde então procuro manter viva na memória, a cena da minha despedida, e os olhos tristes do rapaz; quando eu não soube receber o que me era destinado, tampouco consegui dar aquilo que eu queria, por mais que me esforçasse.


Bom dia!!!

Todo pensamento e ideia que você aceita, influencia seu espírito e contagia os mais próximos.
Escolha bons pensamentos, boas ideias, bons ideais e transforme sua vida numa cachoeira de bençãos.
Felicidade!


Tempo certo, por Paulo Coelho


De uma coisa podemos ter certeza:
de nada adianta querer apressar as coisas;
tudo vem ao seu tempo, dentro do prazo que lhe foi previsto.


Mas a natureza humana não é muito paciente.
Temos pressa em tudo e aí acontecem os atropelos do destino, aquela situação que você mesmo provoca, por pura ansiedade de não aguardar o tempo certo. Mas alguém poderia dizer: 

Qual é esse tempo certo?


Bom, basta observar os sinais.

Quando alguma coisa está para acontecer ou chegar até sua vida, pequenas manifestações do cotidiano enviarão sinais indicando o caminho certo.


Pode ser a palavra de um amigo, um texto lido, uma observação qualquer. 


Mas, com certeza, o sincronismo se encarregará 
de colocar você no lugar certo, 
na hora certa, no momento certo, 
diante da situação ou da pessoa certa. 

Basta você acreditar que nada acontece por acaso. Talvez seja por isso que você esteja agora lendo estas linhas. 


Tente observar melhor o que está a sua volta.

Com certeza alguns desses sinais já estão por perto e você nem os notou ainda. 


Lembre-se, que o universo sempre conspira a seu favor quando você possui um objetivo claro e uma disponibilidade de crescimento.