Paulo Nogueira: Aécio despencou no pior momento em que alguém pode despencar numa campanha eleitoral

...às vésperas da ida às urnas. Repete-se com ele no segundo turno o que acontecera com Marina no primeiro: parecia tão perto o grande prêmio e de repente ele está tão longe.
Pode ocorrer ainda uma virada? Sim. Mas as possibilidades são meramente matemáticas.
Imagine um jogo de futebol em que no primeiro tempo o placar seja 5 a 0. Lembrou o Brasil contra a Alemanha? Sim. Teoricamente, o jogo pode terminar 6 a 5 para a equipe que foi destroçada nos 45 minutos iniciais. Mas, na prática, é uma chance estatisticamente insignificante.
A ascensão de Dilma tem bases sólidas demais para sua candidatura desabe a esta altura. Sua aprovação aumentou expressivamente depois dos programas eleitorais, em que ela pôde mostrar obras que a mídia ignorou ao longo dos últimos quatro anos, ou por inépcia ou por má fé, ou por ambas as coisas.
Ao mesmo tempo, a rejeição a Aécio disparou. Mesmo com todo o antipetismo vigente no país, e alimentado pela mídia, Aécio é agora mais rejeitado que Dilma.
A agressividade dele nos debates contra Dilma aparentemente só agradaram os chamados pitbulls. A voz rouca das ruas, mostram as pesquisas, não achou bonito um candidato ser tão desrespeitoso com uma senhora mais velha que ele, e ainda mais sobrevivente de um câncer.
O ser humano é assim, desde sempre, e é incrível que a equipe de Aécio não o tenha orientado a ser menos grosseiro e mais civilizado.


O grande liberal britânico Burke, um crítico desde sempre da Revolução Francesa, jamais aceitou a maneira como os homens da França trataram Maria Antonieta. Ele falou da “covardia” masculina francesa com cintilante indignação. Para Burke, a visão de uma mulher acossada pela força de um homem era um pecado irreparável. Um dos motivos de seu ódio da Revolução residiu no “déficit civilizatório” dos franceses.
Nossos liberais não devem ler Burke, e é uma pena para eles.
Agora, Aécio fica na seguinte situação. Se for agressivo, vai ser ainda mais rejeitado, sobretudo pelas mulheres — grupo que reúme o maior número de indecidos.
Se baixar o tom, as coisas tenderão a ficar exatamente como estão, com ele atrás.
Não há marqueteiro capaz de encontrar resposta para este dilema enfrentado por Aécio quando os brasileiros já começam a tirar seus títulos de eleitor da gaveta. 
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Mensagem da tarde


Um voto pela Dona Valdevina. Dois: o meu também afirmou o jornalista Fernando Brito

Eu poderia dizer: Três, o meu também. Mas prefiro dedicar a reeleição da presidente Dilma a Dona Valdevina!

Não peço desculpa por compartilhar algo que foi postado no Facebook e republicado por um pai coruja. O belo deve ser compartilhado e o orgulho de gente honrada também. Desfrutem desse belo texto abaixo:

do Tijolaço




Olha, eu cresci num bairro quase rural, e nele havia um açougue feio, sujo, mas era o que tinha (ficava do lado da loja de materiais de construção Telo) e lá, muitas vezes via gente humilde pedindo osso pra por na sopa.
Na sequência vinha gente rica e pedia o mesmo osso, só que pro seu cachorro.
Nesse estabelecimento havia aquele sem número de placas jocosas tipo “fiado só amanhã ” e uma que (estamos falando de 1997, 1998 – por aí) dizia “De Fernando em Fernando o Brasil vai afundando” referindo-se ao combo Collor/FHC .
Esse mundo existiu, não tão longe dos condomínios onde moravam as crianças que hoje acham que tem o que tem por um conceito abjeto de mérito.
Do lado da minha casa, grande, sólida, com teto e paredes de concreto, vivia a família da Dona Valdevina, numa casa de pau-a-pique, telhado de lona e na frente de uma vala negra e fedorenta.
Ela e a família dela não tiveram as mesmas oportunidades que eu, minha irmã e meus pais.
Medir é comparar, riqueza e pobreza com relação a quem?
Quem hoje desdenha de sua classificação de classe média deveria ter guardado na mente a imagem da dona Valdevina – 400km e mais de uma década depois, dedico meu voto a ela.
13.
O texto é do meu filho, perdoem o orgulho paterno.
A ele não dei carro, não dei apartamento, nem mesmo dei a atenção e o carinho que ele merecia, perdido em meio à luta política e e o duro trabalho para sobreviver.
Exatamente como ele faz hoje, adulto.
Aliás, ele é um dos responsável por ter nascido, cinco anos atrás, este Tijolaço, aguentando um chefe implacável e duro como o que fui para ele.
Mas que todo dia descobre que tem de aprender a amar e respeitar os jovens, que fica, com o tempo, sendo a única maneira de reter em nós a juventude.
Obrigado, cara, por você ser o que é, por sua própria conta.