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Campos apoia os Marinhos do país

Eduardo Campos gosta de se apresentar como a coisa nova na política.
Dizer que é novo é fácil. Realmente difícil é ser.
Nesta semana,  palavras de Campos em seu Facebook deixaram claro que ele é mais do mesmo. O velho que se veste de novo.
Campos repetiu a cantilena do 1%: a carga tributária brasileira é elevada. Isso significa que ele, além de incorporar uma tese que perpetua a desigualdade no Brasil, não vai fazer o que deveria ser a prioridade de qualquer aspirante à presidência com ideias realmente novas: aumentar o imposto dos ricos.
Se ele quisesse se informar melhor sobre sabedoria tributária, deveria estudar o caso escandinavo. Você só constrói uma sociedade justa se cobrar impostos altos de quem pode mais. No Brasil, ocorre o oposto. O 1% encontrou maneiras de burlar a Receita sem ser, virtualmente, incomodado.
É inacreditável, por exemplo, que a Receita não dê ao público nenhuma satisfação, por exemplo, em relação ao caso documentado de estrondosa sonegação da Globo.
Qual é a mensagem que está sendo passada ao contribuinte anônimo? Aja como a Globo. Aja como os irmãos Marinhos. E você vai se dar bem.
Ah, nossos serviços não são os mesmos que os escandinavos, reclamam muitos. Ora: não são porque a arrecadação é muito menor. Se a Suécia arrecadasse proporcionalmente o que o Brasil arrecada em imposto, não daria a seus cidadãos tudo que dá.
Uma das coisas mais daninhas que a mídia fez aos brasileiros foi propagar a falácia da “alta taxa fiscal”. O que se buscava era  reduzir brutalmente os direitos trabalhistas. Até a licença maternidade foi invariavelmente atacada em sua extensão limitada quando na Escandinávia até os pais são estimulados a ficar em casa para ajudar a criar os bebês em seus primeiros meses.
Vamos lembrar.
Os direitos trabalhistas surgiram na Alemanha de Bismarck, na segunda metade do século 19, não pela generosidade do Estado ou dos empresários, mas pela pressão da esquerda e pelo medo de que o marxismo se impusesse entre os alemães.
Numa frase clássica, Marx dissera que os trabalhadores não tinham a perder senão os grilhões. Os direitos que eles ganharam com sua mobilizarão regularam coisas que simplesmente não existiam, como o limite de horas e dias trabalhados e um sistema de pensão que permitisse aposentadoria a partir de determinada idade.
Em outra frase clássica, Thatcher diria, mais de um século depois de Marx, que os trabalhadores tinham sim mais a perder que seus grilhões. A crença disso foi a base de seus ataque impiedoso aos sindicatos.
Você pode simplificar tudo com o seguinte raciocínio: quando alguém se apresentar como “fato novo” na política verifique se ele fala com clareza em aumento de impostos para o 1%.
Eduardo Campos não fala.
Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

Saul Leblon - com quantos oportunistas se faz um Opportunity

A trajetória do banqueiro Daniel Dantas, esquadrejada em minucioso trabalho jornalístico pelo repórter Rubens Valente reúne um repertório tão abrangente de personagens, crimes econômicos, ademais de manobras político-partidárias, policiais e jurídicas que involuntariamente pode anestesiar a percepção do leitor para um aspecto não negligenciado na narrativa.

Daniel Dantas não foi um acidente de percurso no Brasil dos anos 90.

A sociedade despedia-se então de um ciclo esgotado do seu desenvolvimento.

Tateava outro, embalada  na firme adesão de suas elites à ideia de que o atalho para o futuro tinha um preço: eliminar  qualquer coordenação democrática do Estado sobre a economia e o crescimento.

O PSDB do sociólogo e presidente Fernando Henrique Cardoso considerou que o custo era justo.

Isso não é o necrológio de uma época.

Tucanos e variações da mesma espécie, eventualmente com sotaque pernambucano, assim como progressistas arrependidos continuam  a crer  que a contrapartida  é uma bagatela.

A galinha morta, congelada durante cinco anos pela crise dos seus fundamentos, volta assim ao balcão das ofertas eleitorais como frango fresco.

Quiçá orgânico, graças às contribuições  de Marina Silva.

Não se pode subestimar a lição política extraída do relato minucioso de Valente.
Uma reforma política que dificulte ao máximo a captura das campanhas eleitorais pelos agentes do dinheiro grosso é um imperativo do regime democrático.

Mas ela não basta.

É preciso que os interesses graúdos sejam igualmente regulados pelas urnas na exata medida do que a sociedade requer das instituições e recursos por eles  dominados. 

Quem o fará?

Esse capítulo não consta, nem poderia constar do livro.

Antes que seja coligido por um autor, a disputa política terá que dizer o que o país pretende dos bancos e do sistema financeiro em geral.

Banqueiros, ao contrário do feérico Daniel Dantas, em geral são discretos.

O  papel que desempenham na engrenagem sistêmica recomenda uma rotina à  salvo dos refletores políticos e judiciais.

É  questão de segurança e de história.

O dinheiro grosso passa por eles  –às vezes literalmente, a caminho de paraísos fiscais como o das ilhas Cayman –mostra o livro;  ou embarcados em esféricas contabilidades que preservam a identidade, o patrimônio e a sonegação  de seus anônimos detentores.

Bancos e banqueiros formam uma espécie de estuário dos sucessos e  pecados expressos na forma mais desejada, arisca e versátil da riqueza -- a forma dinheiro, na qual todas as outras estão representadas. 

Não se confunda o sistema financeiro com mera tinturaria ou levedura dos endinheirados.

Ainda que seja isso também,  sua estrita regulação é crucial para que se aplique no que lhe cabe como provedor do crédito, sem o qual não há crescimento no capitalismo.

O multiplicador que permite ao banco emprestar várias vezes aquilo que de fato possui em depósitos, fia-se na certeza de que nem todos os correntistas e investidores vão sacar o seu pecúlio ao mesmo tempo.

É esse lastro de vento que permite ao crédito ser uma antecipação do futuro.

Ao irrigar a produção e o consumo permite à economia erguer-se pelos próprios cabelos, encorpando a musculatura da mais-valia na acumulação subjacente.

Boa parte da engrenagem se apoia numa cabeça de alfinete chamada confiança nos bancos.

O oposto é a corrida aos saques - capaz  de destruir um banco em questão de horas,  por conta justamente do descasamento intrínseco ao seu alicerce entre ativos e passivos, prazos e expectativas díspares.

Quando todas as variáveis  convergem para um mesmo ponto –a esquina do pânico -  o sistema financeiro quebra.

Influenciar sem se expor, sem gerar ruídos  é, portanto, o segredo desse negócio.
Daniel Dantas destoa no quesito recato.

Mas se encaixa no ditado, segundo o qual, não se deve cometer o equívoco de jogar o bebê com a água suja do banho.

A dimensão político- judicial da atabalhoada ascensão financeira não o torna um personagem menos elucidativo  da agenda cuja presença ainda pulsa tão forte na política brasileira quanto os interesses que ele expressou e muitos ainda expressam.

Esqueça a imagem do bandoleiro adestrado na rapinagem tosca.

Fundado em 1994 e tendo iniciado as operações em 1995, não por acaso seu banco levava o nome de Opportunity, conforme observa Rubens Valente com a mesma sagacidade do personagem.


Não era um banco convencional voltado ao financiamento da produção e do consumo.

Era uma ferramenta  dos novos tempos.

Esses que persistem insepultos apesar da crise brutal em que mergulharam o planeta desde 2007/2008.

A ‘oportunidade’ dos novos ares saltara aos olhos de Dantas, e outros, com a vitória do PSDB  nas eleições de 1994.

Fernando Henrique Cardoso assumiu com a mesma disposição de Collor.

Defenestrado no meio do caminho, o ‘caçador de marajás’ construído pela Globo e assemelhados, prometera privatizar 68 estatais.

Caiu quando tinha liquidado 18.

Dantas participou da formulação desse programa de governo.

Protegido de Mario Henrique Simonsen, de quem fora aluno brilhante, chegou a ser cogitado como ministro da Fazenda de Collor; do mesmo modo, e pelas mesmas mãos, participaria do plano de FHC, como conselheiro econômico do principal aliado tucano em 94 e 98, o  PFL (depois Demos).


‘O liberalismo econômico é a única solução para sairmos do impasse (...) é a saída mais rápida e eficaz, especialmente porque não exige coordenação. O governo deveria se engajar num amplo programa de privatizações . Deveríamos começar pela privatização do próprio  setor privado: fim das cotas, monopólios, subsídios.’

O trecho é de um artigo de 1988 (na Folha) do futuro banqueiro que estudou no MIT, era tido como garoto prodígio e começou no mercado administrando fortunas de endinheirados, como a do ex-presidente do Bradesco, Antonio Carlos de Almeida Braga, o Braguinha.

Compare-se com o que diz hoje a cavalaria dos colunistas que diariamente acusa o necrológio do modelo ‘intervencionista’ do PT e o anacronismo da ação desenvolvimentista do BNDES, que adicionou R$ 190 bi ao investimento da economia em 2013.

O texto de 1988 poderia ser assinado hoje  por um formulador do tucano Aécio Neves, como Edmar Bacha. Ou um guru das microreformas, como Marcos Lisboa, que há dias despejava megatons contra o que classifica de ‘o velho desenvolvimentismo do governo’, no não menos comparável jornal Valor Econômico.

O que dizem todos os assessores de Campos se não a mesma coisa  que já dizia  FHC na famosa entrevista concedida a Folha, em 13 de outubro de 1996 quando via a humanidade a caminho de um novo Renascimento – nos braços da globalização.




É forçoso reconhecer: o  sociólogo intuía a ameaça subjacente ao pacto mefistofélico feito com os ditos ‘livres mercados’.

Na ausência de contrapesos institucionais, o que aconteceria em caso de colapso financeiro global, perguntava-se?

O tucano conservador,  porém, preferiu não dar corda às especulações do sociólogo optando por  terceirizar a governança  à hegemonia dos mercados financeiros desregulados: ‘ninguém foi capaz, nem eu sou, de dizer como se resolve essa questão das "regras de governança" em nível mundial. Não tem problema se não houver tropeço grande do sistema financeiro. Aí está: você tem um conflito aqui, outro ali, mas não dá uma crise maior’.

‘Mas, e se der?’, perguntava a si mesmo.

Estamos falando, portanto,  de um metabolismo coletivo do qual Dantas foi a artéria exposta de uma época que ainda não acabou.

Seu instinto e intelecto souberam transformar o  vento de popa da desregulação ensaiada por Collor, e consumada pelo PSDB, no combustível da engrenagem faminta que o levou onde chegou. 

Longe.

De gerente de fortunas alheias, com um caixa de US$ 50 milhões, nos anos 80, no Icatu, banco pessoal da família Braga, em 1997 ele já movimentava investimentos da ordem de US$ 3,7 bilhões a bordo do Opportunity.

O ponto de mutação envolve o mergulho de cabeça  em um enredo meticulosamente decifrado no livro.

Ele reúne a determinação do governo do PSDB de privatizar portos, jazidas, telefônicas, elétricas,  petroquímicas, siderúrgicas, ferrovias – e mesmo a Petrobrás, recomendada por  Dantas, diga-se, mas salva no escândalo da Petrobrax.

À determinação tucana aliou-se a do banqueiro de não perder a exuberante oportunidade.

Para isso juntou interesses aflorados com a grande lambança rumo a um modelo de desenvolvimento menos ‘burocratizado’, dizia-se,  literalmente franqueado aos instintos capazes de explorar todas as possibilidades do cardápio.

 O City Bank foi um dos que aderiram ao menu oferecido pelo Opportunity , que se especializou em compor pools de capitais para avançar sobre as estatais de faca na boca.

No caso do City havia  um adicional de apetite: interessava ao banco desfazer-se de papéis da moratória brasileira dos anos 80.

Em vez de direitos de saque teóricos sobre uma riqueza futura, o saque em espécie do patrimônio tangível.

As regras da privatização tucana facultavam a modalidade de gula.

O banco norte-americano colocaria  entre US$ 700 milhões e US$ 1 bi nas mãos de Dantas, com quem iria se indispor no imbróglio das teles anos depois, em conflito que se repetiria entre o banqueiro e os fundos de pensão, já aqui sob a gestão do PT, em disputa de poder pelo comando das privatizadas.

A resenha de Renato Pompeu nesta página é um precioso guia para o leitor de Rubens Valente não perder o fio da meada.

São rounds e rounds de um duelo de perder o fôlego, do qual participariam direta e indiretamente não apenas o PSDB, mas também integrantes de um pedaço do PT, da PF e do judiciário.

A endogamia entre Daniel Dantas e Gilmar Mendes é um caso à parte.

Debulhada em triangulações que envolvem escritórios de advocacia interligados por pontes de interesse familiar  e favores pessoais, reúnem material suficiente para convocar a palavra escárnio.

Ela precifica os rompantes do magistrado que evocava o risco republicano de um Estado capturado pelo PT, no julgamento da AP 470.

O livro de Rubens Valente não esgota o assunto.

Não por falha do autor.

Trata-se,  como se disse acima, de uma história inconclusa.

Interesses, visões de mundos, forças políticas e personagens centrais iluminados por ele continuam a exercer e a enxergar no Brasil uma enorme oportunidade.

Tome-se o caso pedagógico do economista  Pérsio Arida, por exemplo.

Arida participou ativamente, ao lado de André Lara Rezende e outros, da formulação do Plano Real; presidiu o BNDES  –agente financeiro das privatizações—até  a posse de FHC, em janeiro de 1995, quando assumiu a presidência do Banco do Brasil.

A esposa, Elena Landau, exerceu o cargo mais específico impossível de coordenadora do programa de desestatização do BNDES.

Arida e Landau saíram do governo FHC antes de soar a campainha convocando os mercados para o rebabofe das estatais que eles ajudaram a deixar ao ponto.

Foram direto de mala e cuia trabalhar para o Opportunity  de Daniel Dantas (Landau fez um aquecimento prévio na gerencia de investimento do banco Bearn Sterns)

Arida passou a ser apresentado aos clientes como parceiro sênior do banco, atuando diretamente na frente de investimentos, leia-se, arremate de estatais.

Que nome dar a isso?

Arida, Bacha, Landau, Lisboa, Mendonças, Lara Rezende (hoje um guru do econeoliberalismo de Marina) continuam a pontificar e a pautar a agenda econômica do país, na assessoria de forças conservadoras e como referência do colunismo embarcado.

Aquilo que especulava FHC na entrevista citada de 1996  deixou de ser especulação --‘Não tem problema se não houver tropeço grande do sistema financeiro; você tem um conflito aqui, outro ali, mas não dá uma crise maior. Mas, e se der?’

Deu.

A inexistência de alternativa à altura, porém, encoraja a mesma  turma a apostar em uma nova chance em 2014.

Uma nova oportunidade - diria aquele que de todos talvez tenha sido o mais transparente em seus propósitos.

Globo - a manipuladora

A sonegadora Globo usando e abusando da manipulação
.
Paulo Nogueira
A quem a Globos e amigos do Millenium enganam?

Uma reportagem do Jornal Nacional que está no canal do Millenium no YouTube é um clássico, desde já, do cinismo jornalístico.

O tema é impostos.

Brasileiros simples são usados pela Globo para provar uma mentira: que os impostos no Brasil são elevados.

Comparativamente, observada a carga tributária de outros países, não são. Estamos – lamentavelmente – mais para o México, nisto, do que para a Escandinávia.

Na Escandinávia, a carga tributária é de cerca de 50% do PIB. No Brasil, gira em torno de 35%. No México, o número é pouco acima de 20%. Queremos ser o que, Escandinávia ou México?

A verdadeira tragédia fiscal, no Brasil, é que grandes empresas como a Globo simplesmente levaram ao estado da arte a sonegação.

Ao mesmo tempo em que repórteres da emissora armavam a reportagem acima, corria na Receita um caso sonegação e trapaça da Globo que, em outros países, geraria vergonha pública e prisão.

É hoje amplamente conhecida, graças ao blog Cafezinho, que a Receita flagrou a Globo numa operação desonesta na compra dos direitos da Copa de 2002.

A Globo, contabilmente, afirmou que estava fazendo um investimento no exterior (aliás, num paraíso fiscal).

Apanhada em flagrante delito, foi multada pela Receita. A dívida total, em dinheiro de 2006, era de 615 milhões de reais, segundo documentos da Receita vazados para o blog.

A Globo, depois de tergiversar, admitiu o caso. Mas afirmou ter quitado a dívida. Jamais mostrou o darf, o recibo, e um novo vazamento da Receita afirmou que na verdade a dívida não fora paga.

Se não bastasse tudo isso, uma funcionária da Receita tentou fazer desaparecer a papelada do processo. Se fosse bem sucedida, isso significaria que a Globo, como que por mágica, estaria livre de uma dívida de 615 milhões de reais.

Numa pancada formidável no interesse público, a mídia não se animou a cobrir um escândalo de tal magnitude. A Folha ensaiou, com atraso, mas o rabo preso a deteve rapidamente.

Na reportagem que figura no canal do Millenium no YouTube, somos obrigados a ouvir que o dinheiro do imposto constrói escolas, hospitais etc.

É verdade. Mas para a Globo é bom que se construa tudo aquilo e muito mais – desde que não seja com seu dinheiro.

Apenas para lembrança, nem sobre o papel utilizado para fazer o Globo e as revistas da casa a emissora paga imposto.

É o chamado “papel imune”, do qual se beneficiam as empresas de mídia que tanto falam em impostos elevados.

Elas também gozam de uma abjeta reserva de mercado, o que as poupa da competição estrangeira. Um dos pilares do Millenium é a “economia de mercado”, mas para os outros. Competir com empresas internacionais não é para os valentes capitalistas aninhados no Millenium.

O Brasil vai ser melhor quando um comportamento como o da Globo simplesmente não for tolerado, como acontece na Escandinávia.

Uma predação fiscal de tal magnitude, entre os escandinavos, mata qualquer empresa.
Mas entre nós não. Ou, pelo menos, ainda não.

A Globo ainda se sente no direito de fazer extensas reportagens em que pessoas humildes são manipuladas.

A quem apelar?


Paulo Nogueira. Jornalista,  fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

Sonegação quase perfeita

Em editorial, o jornal O Globo de hoje capricha para encerrar o ano com a mensagem mais agourenta possível. Ele prevê que o início da redução dos estímulos monetários do Banco Central americano poderia deflagrar o início da “tempestade perfeita”, expressão algo misteriosa de economistas neoliberais para pressionar o Brasil a aumentar juros e cortar despesas sociais.
Observe bem, o Banco Central americano, ao invés de injetar US$ 85 bilhões mensais no mercado financeiro, gastará US$ 75 bilhões. Se considerarmos que essa grana jamais pagou a cerveja de um brasileiro, não creio que essa mudança fará diferença para nossa economia.
O ano de 2014, ao contrário do que prevê o Globo, pode ser o início de um novo ciclo de crescimento econômico no país. A entrada em produção de novos poços do pré-sal e o início da exploração em outros (Libra, por exemplo), a aceleração de várias obras estruturais, a realização da Copa do Mundo (que atrairá milhões de turistas), as eleições estaduais e presidenciais (que fazem governantes abrir a torneira), a previsão de um melhor ano para a indústria, tudo aponta para um cenário mais otimista do que o dos últimos dois anos.

Sonegação da Globo está na PF, vai dar no Jornal Nacional?

Texto de Miguel do Rosário no Cafezinho

A denúncia sobre a sonegação bilionária da Rede Globo, e posterior sumiço do documento da Receita Federal, que o núcleo fluminense do Barão de Itararé, junto com o blog Megacidadania, protocolou no Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, seguiu os trâmites internos da instituição e virou o Ofício 13344/2013. O documento foi encaminhado à Superintendência Regional da Polícia Federal no Rio de Janeiro, onde se encontra agora.

A PF apurará dois crimes: 1) contra a Ordem Tributária, que é o crime da sonegação propriamente dita, e que pode envolver evasão de divisas, lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro; e 2) ocultação de bens, diretos ou valores, que corresponde ao misterioso desaparecimento dos documentos originais, nos quais os auditores da Receita decidem pela condenação da Rede Globo pelo crime de sonegação.

Confira o documento:



Segundo apurado pelo blog, este ofício está sendo analisado pela Corregedoria da PF, procedimento preliminar à abertura de um inquérito policial. Fontes da própria PF nos informaram que a praxe é que o procedimento seja concluído de 60 a 90 dias.

O Barão de Itararé, na próxima semana, enviará uma comitiva às dependências da Superintendência da PF-RJ para pressionar pela abertura desse inquérito, no mais curto prazo possível. Iremos lembrar às autoridades da magnitude do valor em questão, e da importância que ele adquire como exemplo contra a sonegação de impostos.

sonegômetro atualizado esta semana pelo Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz) deve chegar a R$ 415 bilhões em 2013. Trata-se de uma das maiores chagas nacionais, ainda mais grave que a corrupção,  que sangra os cofres públicos em R$ 50 a 80 bilhões por ano.

*

Abaixo, um fác-símile do protocolo que deu origem ao ofício que está na PF:




Para saber mais sobre a sonegação da Globo, clique aqui.

No grito, no golpe, já tivemos 1954 e 1964. Sempre a mesma falácia da “corrupção”, do “mar de lama"

O que me pergunto é o seguinte: a mídia não percebe que a perseguição assassina movida a Dirceu e a Genoino tem efeito oposto ao desejado?

É um comportamento tão abjeto, tão descarado que gera imensa onda de solidariedade aos dois e, por extensão, ao PT.

Não há um barão da mídia, um colunista que pare para refletir sobre uma estratégia que se provou fracassada?

Vai chegar 2014 e o resultado vai ser o óbvio: o sentimento de injustiça será um forte componente na mais que provável eleição de Dilma para um segundo mandato.

Quer o poder? A batalha é dura: é nas urnas. É convencendo milhões de brasileiros de que você tem um plano honesto para melhorar a vida deles. Dos desvalidos, sobretudo.

No grito, no golpe, já tivemos 1954 e 1964. Sempre a mesma falácia da "corrupção", do "mar de lama".

Ora, esse truque já ficou velho. Tirada uma classe média reacionária, preconceituosa e hidrófoba – a única classe de pessoas que acreditam na mídia – ninguém mais entra nessa ladainha.

Fora dessa classe média, o leitor se emancipou nos últimos anos. Acordou. Sabe que quando a elite predadora começa a falar sobre "corrupção" – sem se importar com demonstrações épicas de gatunagem como a sonegação bilionária da Globo – é porque estão querendo tomar, mais uma vez, sua carteira.

Quem não acordou foi essa elite. O blablablá comove os leitores da Veja – que foi ocupada por Olavo de Carvalho por meio de discípulos – e quem se orienta pela Globonews e pela CBN.

Fora disso, ninguém leva a sério o moralismo cínico e criminoso da mídia.

Quem acredita na "indignação" de qualquer colunista com o salário que ia ser pago a Dirceu? Todos eles ganham duas, três, quatro vezes aquilo para reproduzir, como cãezinhos levados na coleira, as opiniões de seus patrões.

Uma palestra de Jabor ou Merval – uma hora contada – dá mais que o salário tirado de Dirceu antes do expediente.

A quem eles pensam que enganam?

Alguém tem ideia da retirada de um Marinho? Quantos milhões por mês? Ou de um Civita?

Dirceu teria que trabalhar 100 anos, pelo salário que provocou "indignação", para ganhar o que um Marinho retira num mês graças a uma concessão pública e a expedientes como sonegação contumaz (é o paraíso dos PJs de mentirinha).

Isso para não falar do milagre de receitas publicitárias crescentes com Ibopes que minguam espetacularmente. Tudo na Globo tem o pior Ibope de todos os tempos – do Jornal Nacional ao Fantástico, das novelas ao Faustão.

O milagre, aspas, é outra contravenção legalizada, o chamado "BV", Bônus por Volume, uma propina pela qual a Globo escraviza as agências e, por elas, os anunciantes.

Claro que este milagre, aspas, morrerá com Ibopes raquíticos, porque o golpe só funcionava quando era um drama para o anunciante ser boicotado pela Globo se não se sujeitasse a ela.

Mas isso acontecia quando era um problema para uma marca ficar de fora de uma Globo em que um final de novela podia ter simplesmente 100% do Ibope.

O problema para as marcas, daqui por diante, vai ser ficar de fora da internet, pela magnífica razão de que o público que consome está, todo ele, conectado.

O consolo, diante desse panorama desolador para a mídia, é caçar Dirceu e Genoino.

Isso pode dar, no curto prazo, uma satisfação momentânea, brutal e sádica – mas não dá voto.

Antes, na verdade, tira.

A mídia corporativa brasileira não é apenas a voz dos predadores. É também o porta-estandarte dos obtusos.

Sobre o Autor

O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

A ideia do Século

A solução para moralizar o Brasil: 
Basta a Globo oferecer um emprego a José Dirceu.

Aí vão esquadrinhar toda a teia de negócios do empregador do “mensaleiro”.

Vão descobrir que tem negócios obscuros em paraísos fiscais.

Vão descobrir que pressiona – há décadas – os governantes para obter concessões de radiodifusão ou para legalizar as que adquirem.

Mais: vão verificar que tomou empréstimos mais que beneficiados em dinheiro público para construir gráficas ou estúdios de televisão, como o parque gráfico de Caxias (BNDES) e o Projac – Banerj e Caixa Econômica.

Ou que pegou uma bolada lá no BNDES no apagar das luzes do Governo FHC.

Depois, podem descobrir até o que aconteceu com seu misterioso processo por sonegação de Imposto de Renda, que desapareceu porque um humilde funcionária – condenada à prisão por isso – espontaneamente resolveu colocá-lo numa bolsa e faze-lo desaparecer.

E poderiam empregar Dirceu por gratidão política, como gratidão à defesa que  o então ministro fez de empréstimos à Globo, no tempo em que o império estava pendurado em dividas enormes.

Não sabia?
Pois leia o que a Exame, do insuspeito Grupo Abril, dizia em setembro de 2003:

“No mercado financeiro, especula-se que uma das saídas possíveis seria a injeção de recursos por parte do governo. A hipótese ganhou força no final do ano passado, quando o ministro da Casa Civil, José Dirceu, e o presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha, defenderam a ajuda governamental à Globo alegando “razões de Estado”. “Sou absolutamente a favor de que o BNDES dê uma ajuda financeira ao grupo caso isso se mostre necessário”, disse a EXAME o ministro das Comunicações, Miro Teixeira, dois dias após a morte de Roberto Marinho. “Estou falando em emprestar dinheiro para que a empresa possa alongar sua dívida com os credores. Isso não significa nenhum favorecimento, já que a dívida com o BNDES teria de ser paga.” 

Miro Teixeira está aí, à disposição, para ser ouvido sobre a defesa que Dirceu fez da ajuda à Globo. Tanto que quando Lula levou-o para o Ministério das Comunicações – depois ocupado pelo global Hélio Costa – as relações de Brizola com o governo azedaram.

Não vale um emprego de gerente de um departamentozinho da Globo lá em Brasilia?

Agradeço ao Renato a brilhante sugestão para fazer nossa mídia, finalmente, vasculhar os negócios da Globo.

Mas será que o Dr. Joaquim Barbosa ia deixar ele assumir um emprego lá?

Nem o governo nem a oposição toca no assunto

Dilma e Marina os dois principais nomes para 2014, estão falando da questão da desigualdade social – o maior desafio do país e do mundo — sem tocar no ponto central dela.
O ponto: você não faz nada de realmente expressivo contra a iniquidade se não cobrar mais impostos dos mais ricos. Poucas semanas atrás, o Nobel da Economia Robert Schiller disse exatamente isso.
Schiller disse temer que o mundo fique ainda mais desigual, e exortou os governos a taxar mais os ricos. Não por gostar dos ricos, ele disse, mas para que as coisas não fiquem ainda mais malucas.
No Brasil, não se trata nem de fazer os ricos pagarem mais impostos. Estamos um passo atrás. Trata-se de fazê-los pagar impostos. O caso de sonegação comprovada da Globo na compra dos direitos da Copa de 2002 é exemplar. Passados meses desde que documentação denunciadora apareceu num vazamento de alguém da Receita, nada aconteceu.
Repito: nada. Absolutamente nada. Nem a Globo pagou – em dinheiro de hoje, a dívida é calculada em 1 bilhão de reais – e nem, ao que se saiba, o poder público se movimentou para cobrar e punir.
Na Europa e nos Estados Unidos, há um empenho dos governos em fechar o cerco a práticas das grandes corporações catalogadas como “legais mas imorais”, a maior das quais é criar subsidiárias em paraísos fiscais com o único objetivo de não pagar o imposto devido.
É o que no Brasil se chama, eufemisticamente, de “planejamento fiscal”.
Empresas como Google, Amazon, Microsoft e Starbucks estão sofrendo um forte cerco fiscal nos Estados Unidos e na Europa. Vários governos têm divulgado o quanto faturam e quanto pagam de imposto. São taxas fiscais irrisórias, na faixa de 5%, ou às vezes até menos.
Na Inglaterra, até escritórios especializados em oferecer “planejamento fiscal” a grandes empresas estão sendo investigados e, não raro, caçados.
Fora tudo, o uso de paraísos fiscais gera uma enorme desigualdade. Os ricos ficam mais ricos e os pobres mais pobres. Para manter as contas em ordem, os governos avançam sobre pensionistas, viúvas etc – a parte mais fraca. E a história contemporânea mostrou que os mais fracos cansaram de ser espremidos, e foram para as ruas protestar.
Na sociedade mais avançada do mundo, a escandinava, a fórmula do sucesso é exatamente cobrar mais impostos dos ricos.
No Brasil, é um tema proibido. A direita não fala nada, por razões óbvias: é beneficiária da desigualdade. E a esquerda tem medo do poder da plutocracia. Quem perde, com isso, é a sociedade.
Veja Dilma e Marina, por exemplo. Dilma afirmou que o leilão de Libra vai contribuir poderosamente para a construção de uma sociedade “mais justa e com melhor distribuição de renda”. A intenção é boa, mas sem cobrar mais imposto dos ricos nem 100 Libras vão resolver a tragédia da iniquidade nacional.
Marina, no Roda Viva, foi sabatinada sobre sua visão tributária por Maria Christina Pinheiro, do Valor.
A maior alíquota no Brasil é de 27,5%, disse Maria Christina. (Na Escandinávia, é cerca de 50%.) Marina pensa em mudar isso?
Loquaz o tempo todo, a ponto de ignorar as tentativas frustradas do mediador do programa de abreviar as respostas, Marina desconversou e logo mudou de assunto.
Enquanto os políticos brasileiros não enfrentarem a verdade – o Brasil é uma espécie de paraíso fiscal para quem pode mais, e isso tem que mudar urgentemente – falar em sociedade justa vai ser pouco mais que uma questão retórica.
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira, baseado em Londres, é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

Eleição 2014 - Campos, Marina $ C&A

Os dois são uma "coisa", dizem tudo, que não significa para o  povo brasileiro.

Na eleição do ano que vem os dois estarão  defendendo e representando intere$$e$ bem específicos e definidos.

Blablarina representa as verdinhas ecológicas, cheirosas Itaú também.

Campriles representa o grande empresariado nacional, que sobrevive as custas das tetas do Estado com financiamentos baratos e isenção fiscal. Além claro, do roubo que praticam e chamam de sonegação.

É exatamente isso que essas duas "coisas" vão defender na proxima eleição.

Ah, um lembretizinho:
Terão o apoio incondicional da GAFE  - Globo , Abril , Folha , Estadão -.

Para atingir DIrceu , vale tudo

Não é fácil ser Zé Dirceu. E nem ter qualquer tipo de relação com ele. Namoradas, então, são um alvo constante.
Recebi logo pela manhã, pelo Facebook, o link de um artigo de Josias de Souza, blogueiro do UOL. Ele espalhava uma (suposta) informação que saíra na Veja: a (alegada) namorada de Dirceu conseguira um emprego no Senado.
Você pode imaginar os detalhes dados, do salário à carga horária: em suma, segundo a Veja e Josias, ela ganha muito e trabalha pouco.
Não vou discutir aqui a credibilidade da Veja. Mas não posso deixar de lembrar que, em sua louca cavalgada rumo à direita, a revista apresentou Maycon Freitas como "a voz que emergiu das ruas", nos protestos de junho.
A credencial de Maycon, logo se veria, era falar exatamente o que a Veja queria que ele falasse. Sozinho, ele não mobilizava pessoas capazes de lotar uma padaria no domingo.
Mas volto ao caso em questão.
A funcionária do Senado apedrejada, Simone Patrícia Tristão Pereira, tem vida profissional anterior, como uma simples pesquisa no Google mostra.
Em 2011, o governador do Estado de Tocantins, Siqueira Campos, a nomeou assessora especial da Secretaria da Cultura.
O governador, apenas para registro, é do PSDB. Isto quer dizer o seguinte: a informação que você está lendo aqui, no DCM, não vai aparecer em nenhum lugar que quer atacar Simone e, por ela, Dirceu.
Também é bom lembrar que o "moralismo" impregnado na "denúncia" não se manifestou, jamais, quando Serra arrumou empregos para Soninha e familiares no governo paulista.
A mídia também jamais colocou em dúvida a competência do então genro de FHC, David Zylbersztajn, quando ele foi colocado à frente da Agência Nacional do Petróleo no governo do sogro.
Antes da ANP, e já genro do FHC, o então governador Mário Covas deu a ele a Secretaria da Energia. Mas claro: aí era, para a mídia, talento, mérito, e não nepotismo.
Zylbersztajn deixou a ANP pouco depois de se separar da filha de FHC. Hoje, ele tem negócios da área de energia, e ninguém questiona a ética disso. Assim como ninguém cobra de Malan, ou de Gustavo Franco, posições pós-governo lucrativas.
Dirceu, em compensação, é constantemente massacrado por qualquer coisa que faça. Lembro de um Roda Viva em que ele fez a pergunta vital: "Não posso trabalhar?"

A canastrice infringente das atrizes globais

No ranking de artistas pagando mico para pegar carona no atual momento político, pouca gente achava que seria possível superar Caetano Veloso, o velho baiano black bloc.
Pois Caetano acaba de ser ultrapassado por cinco atrizes da Globo. Com folga. Bárbara Paz, Susana Vieira, Rosamaria Murtinho, Carol Castro e Nathália Timberg acharam fundamental tirar um foto de preto, postada no Instagram de Bárbara com a legenda: “Atrizes em luto pelo Brasil”. Foi um protesto contra a decisão do STF de aceitar os embargos infringentes.

Os filhinhos de papai da direita são uns babacas pueris

Sobrou, com todo o merecimento, para os black blocs o saldo das confusões de ontem.

De fato, eles fazem jus ao que se tornaram hoje, diante de todos: um bando de babacas pueris que age com métodos fascistóides e se incrustraram nas manifestações udenistas das quais os coxinhas cansaram.

Mas tem de ficar clara, também, a responsabilidade dos "papais" dos meninos mal-comportados: a mídia e a oposição.

Não passaram a semana inteira falando das "maiores manifestações" que o país assistiria no Sete de Setembro?

Não ream não sei quantas centenas de mlhares de pessoas "confirmadas"?

O que (não) aconteceu?

O jornalismo brasileiro vai se tornando, cada vez mais, mera peça de propaganda.

E os jornais, em si, meros "black blocs" nas bancas, ocupados em acusar, agredir e destruir,

Sua cobertura de política é a do moralismo udenista, que aponta todos os ladrões que não sejam os seus, como se viu no caso da sonegação da Globo e no tucanoduto da Siemens..

O jornalismo de economia varia entre prever o caos, a catástrofe e o desastre.

A de acontecimentos da vida cotidiana, apenas celebridades, sexo banal e insensibilidade para com o sofrimento diário da população, como no caso dos médicos cubanos.

Têm a mesma rasíssima profundidade que qualquer cabecinha black bloc. Tão dona da verdade quanto eles.

Na TV, o panorama é pior. o padrão é Ratinho, Datena e Pedro Bial. A solução para a infância é o Criança Esperança, um espécie de McDia Feliz televisivo.

Ah, esqueci: temos o "você decide" no STF, com o julgamento do mensalão.

Francamente, estamos mal para uma "imprensa livre", não é?

Agora há pouco, meu parceiro Miguel do Rosário mostrou a semelhança do que fizeram com as manifestações de agora e o que faziam, quase 50 anos atrás, para derrubar um governo progressista.

Foi muito parecido ao que os brasileiros já viram. E só mesmo sendo tolo ou pretensioso, deixa-se de ver que ali está o velho, fazendo-se de novo.

No lugar dos véus das carolas, máscaras, no lugar dos estandartes da TFP, a bandeira preta, no lugar das velhas senhoras, jovens tao incapazes de aceitar os outros quanto elas eram.

Saem da mesma classe média, tem o mesmo discurso de uma suposta "moralidade" – que nunca inclui no rol das imoralidades a exploração humana, a injustiça social ou a dominação colonial.

Congregados piedosos ou depredadores insensatos existem em qualquer sociedade e em qualquer tempo.

E, em qualquer tempo, são os interesses dominantes, que a mídia expressa e promove, que os fazem descer à insignificância ou se tornarem ferramentas de seus projetos.

A mídia brasileira manipula muita coisa.

Manipula, sobretudo, os idiotas.

Porque o conservadorismo é tão disforme e horrendo, que não pode se mostrar de cara limpa.

Usa véus, usa máscaras.

Que alguma hora caem.

http://tijolaco.com.br/index.php/os-filhotes-rebeldes-da-direita-tem-menos-culpa-que-seus-papais-da-midia/

Alguns motivos porque a globo reconheceu "erro"

 – o avanço das grandes corporações internacionais de mídia, que chegam ao Brasil com a força da internet, especialmente o Google;

2 – o fato de a Globo ter-se transformado em alvo de manifestações populares em todo o Brasil (o laser no rosto do apresentador em São Paulo é um símbolo de que o povo ameaça, simbolicamente, "invadir" os estúdios globais; e o estrume lançado contra a porta da Globo em São Paulo é também metáfora dos novos tempos malcheirosos para os Marinho);

3 – as denúncias de Miguel do Rosário, no blog "O Cafezinho", sobre o processo contra a Globo por milionária sonegação fiscal (o processo foi roubado do escritório da Receita no Rio, já sabemos; mas sob ordem de quem? e o que havia de tão comprometedor ali?);

4 – as denúncias contra Ricardo Teixeira (elas ameaçam o produto mais rentável no jogo de poder das comunicações – o futebol).

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A internet ajudou a desmascarar o jornalismo chapa branca

Muitas vezes leio o seguinte comentário num texto de articulistas da grande mídia: “Como você foi corajoso!”
Quase sempre a alegada coragem é uma pancada no governo.
Pois então eu gostaria de discutir o que é coragem no jornalismo contemporâneo.
Bater no governo, em democracias, não traz risco nenhum. Portanto, não implica, também, bravura.
Uma coisa seria criticar Pinochet. Outra é criticar Dilma.
Muitos jornalistas construíram reputação de corajosos batendo em presidentes, ou ministros, sem risco nenhum.
“Você viu como Fulano bateu no Mantega? Que coragem!”
Há uma única situação de real coragem no jornalismo tal qual conhecemos hoje: criticar alguém de quem o dono goste. Ou elogiar alguém de quem ele não goste.
O resto é silêncio, como escreveu Shakespeare.
Faça o teste. Veja, por exemplo, se Jabor atacou algum amigo da Globo. Ou Merval. Ou Míriam Leitão. Ou tantos outros.
A esse alinhamento automático com os donos dei o nome, há algumas semanas, de verdadeiro “jornalismo chapa branca”.
É a independência mascarada.  E a liberdade de dizer sim aos patrões: os bravos colunistas são livres desde que reproduzam os interesses das corporações para as quais trabalham. A esse fenômeno Noam Chomsky deu o nome de “liberdade para dizer sim”.
Embora aqui e ali discordem, as grandes empresas jornalísticas têm interesses econômicos comuns, no geral.
Todas elas desejam a permanência de seus privilégios. Querem a reserva de mercado que condenam em outros setores, por exemplo.
Querem que o papel que utilizam continue isento de imposto. Querem uma legislação tributária frágil o bastante para que sonegar seja um ato banal e impune.
A Globo está no meio de um escândalo fiscal espetacular. Há, no caso, uma mistura de trapaça descarada e esperteza detectada.
Para não pagar imposto, como todos sabemos, a Globo tratou a compra dos direitos da Copa de 2002 como se fosse um investimento no exterior. Por muito menos que isso o presidente do Bayern de Munique está prestes a ser preso. E Berlusconi, na Itália, só escapa das grades por ser septuagenário.
Descoberto o golpe, a Globo foi multada. Em dinheiro de 2006, a empresa devia mais de 600 milhões de reais à Receita Federal.
Para coroar o episódio, uma funcionária da Receita foi presa por tentar fazer sumir a documentação do caso.
Se ela obtivesse sucesso, a Globo estaria livre de uma dívida superior a 600 milhões de reais.
Parece inacreditável, mas é verdade.
Que jornalista da grande mídia tratou do assunto? Descontemos a turma da Globo, por razões óbvias.
Mas e a Folha, com seu autoalardeado espírito combativo e rabo preso com ninguém?
Apenas para efeito de especulação, imaginenos que a News International, de Murdoch, fizesse algo parecido no Reino Unido.
As publicações de Murdoch talvez tentassem minimizar o caso, mas a concorrência disputaria avidamente cada furo sobre o assunto para estampar na manchete.
E a opinião pública estaria num estado de torrencial indignação, como quando se descobriu que um tabloide de Murdoch invadira o celular de uma garota de 13 anos sequestrada e morta.
São as virtudes da concorrência: eu me calo conforme minha conveniência, mas meu concorrente me investiga, e o interesse público é protegido.
O que ocorreu no Brasil no caso da Globo?
Num determinado momento, cheguei a falar, pelo Facebook, com o editor executivo da Folha, Sérgio Dávila. “Escuta, vocês não vão dar nada?”
A Folha deu uma matéria que pode ser classificada como miserável.
Depois, o assunto sumiu fo jornal, como se tivesse sido resolvido. Também Dávila sumiu: deixou de responder a minhas mensagens no Facebook.
Se algum colunista da Folha – Clóvis Rossi, Eliane Cantanhêde ou quem seja – tivesse tratado do assunto mereceria palmas pela coragem.
Mas todos eles sabem que não devem escrever aquilo que seus patrões não querem que seja escrito.
O que terá acontecido no caso da Folha, o leitor pode se perguntar. Trabalhei 25 anos em grandes corporações, e posso imaginar. Um telefonema trocado entre donos resolve tudo.
É possível que, com alguma delicadeza, alguém da Globo tenha lembrado alguém da Folha que a Globo poderia publicar histórias que a Folha não gostaria de ver publicadas.
Uma breve conversa telefônica e o interesse público desaparece sob o peso dos interesses privados.
Coragem, para retomar o tema deste texto, é sair da zona de conforto dos artigos que você sabe que seus patrões irão aplaudir.
Dias atrás, Míriam Leitão defendeu Joaquim Barbosa de um ataque – inusualmente corajoso, aliás – de Noblat. (Noblat é experiente o bastante para saber que mais um prova de independência dessas e sua vida na Globo fica dramaticamente ameaçada.)
Míriam sabia que os Marinhos ficariam felizes com sua defesa de JB. Logo, coragem só teria havido se ela reforçasse os pontos levantados por Noblat contra as grosserias de JB.
O que Míriam fez é um exemplo acabado  de “jornalismo chapa branca”. Mas, como numa ação de merchandising, o leitor pode ser enganado e achar que ela demonstrou grande coragem.
Em junho, Jabor fez uma ação memorável de jornalismo chapa branca. Atacou ferozmente os protestos, por dar como certo que os Marinhos eram contra.
Quando ele viu que não, voltou pateticamente atrás. Chapa branquíssima.
A internet ajudou a desmascarar o novo jornalismo chapa branca.
Com o crescimento das audiências na internet e a queda das audiências na mídia tradicional, em breve o jornalismo digital será forte o bastante para exigir esclarecimentos cabais como o caso de sonegação da Globo.
O interesse público agradecerá.
Paulo Nogueira no Centro do Mundo