Mauro Santayana - o Brasil e a República de Salem

O Ministro Teori Zavascki retirou da Operação Lava-Jato a investigação de questões relativas à Eletronuclear. 
O fez porque o caso envolve o senador Edson Lobão, que tem foro privilegiado.
Mas poderia tê-lo feito também devido a outros motivos. A Eletronuclear não possui instalações no Paraná, nem vínculos com a  Petrobras, e não se sustenta a tese, que quer dar a entender o Juiz Sérgio Moro, de que tudo, das investigações sobre o Ministério do Planejamento, relacionadas com a Ministra Gleise Hoffman, à Eletronuclear, Petrobras, hidrelétricas em construção na Amazônia, projetos da área de defesa, da indústria naval, e qualquer coisa que envolva a participação das maiores empresas do país em projetos e programas estratégicos para o desenvolvimento nacional, "é a mesma coisa" e culpa de uma "mesma organização criminosa", estabelecida, há alguns anos, com o deliberado intuito de tomar de assalto o país.

Twitter da manhã

Gente, por favor, me deem o direito de acreditar em alguma coisa que sai na grande imprensa. Nem que seja o horóscopo, @JornalismoWando

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Tem revista que mente até na data - tá na banca sábado, com data de segunda-feira -, @joaosergio 

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Jean Wyllys - Cunha, o impeachment e a hipocrisia de Aécio Neves




Em uma tentativa de justificar a negativa do PSDB a acompanhar o pedido de investigação contra Eduardo Cunha no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, o presidente da sigla e candidato presidencial derrotado nas últimas eleições, Aécio Neves, deu mais uma prova de sua hipocrisia, comparando a atitude dos tucanos com relação a Cunha com a negativa do PSOL a apoiar o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Como se fosse a mesma coisa, ele disse que, assim como o PSDB não assinou a representação do PSOL contra Cunha, o PSOL não assinou os pedidos de impedimento da presidenta.
Alguém deveria explicar ao ex-candidato que Cunha está formalmente denunciado pela Procuradoria General da República, com provas robustas, pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão ilegal de divisas. Também foi acusado por delatores da operação lava-jato de ter recebido uma propina de 5 milhões de reais e a justiça suíça informou à justiça brasileira que tem contas secretas nesse país com movimentações de dezenas de milhões, irrigadas por transferências de lobistas ligados a empresas com contratos suspeitos da Petrobrás. Alguém deveria avisar ao senhor Aécio que Cunha mentiu em depoimento dado numa CPI, afirmando que não possuía contas no exterior. Alguém deveria lembrar a Neves que não é a primeira vez que Cunha se envolve em escândalos de corrupção: é assim desde o primeiro cargo que ocupou no Estado, durante o governo Collor, como colaborador de PC Farias.
E alguém deveria explicar ao senhor Aécio que a presidenta Dilma, independentemente da minha opinião sobre seu governo, que acho muito ruim, ou sobre seu programa econômico, que é exatamente o do PSDB (Aécio deveria estar feliz!), não foi acusada de crime algum. Não existe acusação e muito menos provas de que a presidenta tenha participado de qualquer ato de corrupção ou tenha se enriquecido de forma ilícita. E não há, até agora, na opinião do PSOL, motivos constitucionais para o impeachment.
Tem gente que não entende o que significa o impedimento de um/a presidente/a da República. Não é algo que se justifique apenas porque eu não gosto do governo. É um remédio gravíssimo, de última instância, que se aplica em situações de extrema excepcionalidade, quando se dão as situações previstas na constituição e na lei. Não é o caso até o momento.
Se eu não gosto do governo (e eu não gosto!), faço oposição republicana no parlamento e nas ruas: questiono, voto contra os ajustes fiscais (que os tucanos votam a favor), repudio as alianças com o fundamentalismo e o conservadorismo (que os tucanos também praticam), tento mudar as regras que permitem o financiamento empresarial de campanha e dão lugar a esquemas como o Petrolão (regras que os tucanos usam e apoiaram na contrarreforma política), denuncio as políticas repressivas contra trabalhadores, indígenas, pobres (as mesmas dos tucanos). E milito para construir uma alternativa política capaz de derrotar tudo isso que me faz ser oposição à esquerda do governo Dilma (tudo isso em que esse governo parece tucano). Contra os ajustes, os retrocessos, a política anti trabalhista e o conservadorismo, o PSDB não é oposição ao governo Dilma!



O que os tucanos querem é, apenas, derrubar a Dilma para aplicarem eles mesmos essa política que o PSOL critica. Mas uma oposição republicana e democrática não tenta derrubar um governo sem motivos constitucionais, só para ocupar seu lugar. E muito menos faz isso aliado a um deputado acusado de corrupção e lavagem de dinheiro e com contas milionárias secretas na Suíça. Essa é a diferença entre o tipo de oposição que faz o PSDB e o tipo de oposição que faz o PSOL.
Deputado Jean Wyllys
Vice-líder do PSOL na Câmara

Aécio amanhã

por André Dahmer

Briguilinkis

Paulo Nogueira - Eduardo Cunha virou o símbolo da corrupção

Tanta campanha da mídia para ardilosamente associar o PT à corrupção, e eis que irrompe espetacularmente Cunha no cenário e estraga tudo.


Para a plutocracia, é uma má notícia. O ideal era deixar Cunha com as mãos livres para favorecê-la.

No Congresso, ele liderou, a seu estilo, ações em prol dos plutocratas. Comandou ataques a direitos trabalhistas, cerceou o debate em torno da regulação da mídia e fez o diabo para a manutenção do financiamento privado das campanhas.

É nisso, neste financiamento, que ele e os donos do dinheiro se conectam. Ele recebe dinheiro para servi-los, e é recompensado com uma espécie de licença para roubar.

O azar, para ambas as partes, é que a polícia da Suíça entrou em cena.

E então, depois de quase uma década de tentativas da plutocracia de carimbar no PT a pecha de grande fator de corrupção no país, repetindo uma estratégia feita antes contra GV e Jango, explode o caso Eduardo Cunha.

E toda a armação desmorona.

A corrupção tem um ícone: Eduardo Cunha.

Se ele não for exemplarmente punido em praça pública, o país levará uma bofetada moral de proporções épicas.

E essa punição tem que vir rápido.

Me pergunto o que Janot está esperando para enquadrar devidamente Eduardo Cunha: que a polícia e a Justiça suíça façam mais este serviço?

Ah, Eduardo Cunha tem foro privilegiado, aliás um absurdo que apenas reforça o caráter antiigualitário do Brasil.

Diante desse obstáculo, evoco Guy Fawkes, o célebre rebelde britânico que tentou derrubar o Rei Jaime no começo do século 17 com bombas destinadas a explodir o Parlamento.

Descoberta a trama, o rei interrogou Fawkes. E lhe perguntou o motivo de tanta agressividade.

"Situações extraordinárias requerem medidas extraordinárias", respondeu o rebelde, logo executado depois de torturas excruciantes durante as quais famosamente não falou nada que comprometesse seus companheiros de trama.

Com Eduardo Cunha, estamos diante de uma situação extraordinária.

Ele não pode ficar desembaraçado para fazer o que bem entende porque ele, já sabemos todos, representa o mal, a corrupção, a trapaça.

Todo um país à mercê de alguém como ele?

De novo: situações extraordinárias demandam ações extraordinárias.

Prender Eduardo Cunha vai ser o mais duro golpe na corrupção jamais dado no país.

E que fique claro.

Enquanto não for tão simples prender figuras como Cunha como foi simples prender Dirceu e Genoíno, não haverá razões para respeitar a Justiça brasileira.

Charge do dia

Flagrante