LADY KATE - A Emergente

Tucademos - Alstom - Haja conspiração

A Câmara dos Deputados discute nesta terça-feira (17) um tema que o PSDB conseguiu interditar na Assembléia Legislativa de São Paulo: o caso Alstom.

A encrenca será debatida em audiência pública marcada para as 14h30, na Comissão de Desenvolvimento Econômico.

Tenta-se atrair para o ambiente legislativo uma apuração que vem sendo conduzida pelo Ministério Público –o Federal e o do Estado de São Paulo.

A Alstom é uma das maiores empresas do mundo nos setores de transporte e energia. Encontra-se sob investigação na Suíça e na França.

Acusam-na de pagar propinas a funcionários públicos e a políticos da Ásia e da América Latina para beliscar contratos milionários na esfera pública.

No Brasil, fez negócios com os sucessivos governos tucanos de São Paulo –de Mário Covas a José Serra, passando por Geraldo Alckmin.

As maiores suspeitas recaem, por ora, sobre os períodos de Covas e Alckmin. Uma delas envolve um suborno de R$ 3,4 milhões.

Dinheiro que, segundo investigadores suíços, molhou a mão de servidores públicos e políticos. E assegurou contratos com a Eletropaulo e com o metrô de São Paulo.

A Alstom também fechou negócios em outros Estados e em estatais federais. Entre elas a Eletrobrás.

Chama-se Aloísio Vasconcelos um dos convidados para a audiência pública da Câmara. Vem a ser presidente da Alstom no Brasil. Encontra-se afastado do cargo.

Em maio passado, foi incluído pelo Ministério Público no rol de 61 denunciados da Operação Navalha, aquela que esquadrinhou as malfeitorias da empreiteira Gautama.

Aloísio escalou o pólo passivo da denúncia não por conta dos negócios da Alstom, mas por atos que praticou à época em que presidiu, sob Lula, a Eletrobras.

Comandou a estatal entre o final de 2005 e todo o ano de 2006. Homem do PMDB, ganhara o posto por indicação dos senadores José Sarney e Renan Calheiros.

Na Eletrobrás, Aloísio era subordinado ao então ministro Silas Rondeau (Minas e Energia), outro apadrinhado de Sarney denunciado na Operação Navalha.

Autoras da denúncia, as subprocuradoras da República Célia Regina Delgado e Lindôra Araújo acusam Aloísio de ter propiciado o desvio de verbas do Luz para Todos, programa prioritário da gestão Lula.

Além de Aloísio, os deputados da Comissão de Desenvolvimento Econômico convidaram para a audiência desta terça dois membros do Ministério Público.

São eles: Silvio Marques, do MP de São Paulo; e Rodrigo de Grandis, do MP Federal. A dupla requisitou e obteve a papelada recolhida pela Procuradoria da Suíça sobre as estripulias da Alstom no Brasil.

De resto, a lista de convidados inclui o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa.

Deve-se aos deputados Fernando Praciano (PT-AM) e Ivan Valente (PSOL-SP) a apresentação da proposta de audiência.

Um pedido que o presidente da comissão, Jilmar Tatto (PT-SP), não hesitou em levar a voto. Foi aprovado há 13 dias, por dez votos contra sete.

Tatto é velho aliado da candidata petista à prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy. Está na briga para compor a chapa da ex-ministra do Turismo, na condição de vice.

É justamente para evitar que o caso Alstom vire um tema da campanha paulistana que o PSDB acionou a sua tropa de elite na Assembléia Legislativa.

Majoritário, o tucanato interditou o debate no Estado. A audiência da Câmara abre em Brasília um dique alternativo.

Conspiração?

Acossada por denúncias de corrupção em seu governo, a governadora Yeda Crusius (PSDB) jogou lenha federal na fogueira que arde no Estado do Rio Grande do Sul.

Yeda acha que está sendo vítima de uma conspiração. Enxerga a sombra do ministro petista Tarso Genro (Justiça) por trás do movimento.

Tarso é pai da deputada Luciana Genro (PSOL-RS). Candidata à prefeitura de Porto Alegre, Luciana protocolou, na semana passada um pedido de impeachment de Yeda.

Tarso é, também, chefe e amigo do delegado Ildo Gasparetto, mandachuva da Polícia Federal gaúcha, que investiga as malfeitorias que roem a administração estadual.

Todos eles –o ministro, a filha dele e o delegado— são originários, diz a governadora, da cidade de Santa Maria (RS). Yeda inquieta-se:

"Será que isso é coincidência? Será que é só porque todo mundo da investigação é de Santa Maria?"

As suspeitas da governadora tucana foram veiculadas na última edição de Veja (só para assinantes). Neste domingo, o gaúcho Tarso Genro reagiu.

“A governadora se mostra excessivamente tensa e instável (...) Os alvos que ela tem buscado atingir são equivocados”, disse o ministro.

Tarso negou que o delegado Gasparetto seja de Santa Maria. E deu de ombros para a tese conspiratória: “A Polícia Federal age dentro da legalidade.”

A menos que Yeda Crusius apresente à platéia algo além de vagas suspeitas, fica no ar a impressão de que a lenha da governadora visa levantar uma cortina de fumaça.

De concreto, tem-se, por ora, apenas as malfeitorias. As do Detran (R$ 44 milhões de desvios), já identificadas. E tantas outras, ainda sob apuração.

Yeda argumenta que as arcas do Detran começaram a ser violadas na gestão do antecessor Germano Rigotto (PMDB-RS). Tem razão. Mas só até certo ponto.

A apuração da Polícia Federal e do Ministério Público verificou que, de fato, os desvios começaram em 2003. Mas continuaram, a pleno vapor, depois da posse de Yeda, em 2006.

De resto, o único “conspirador” gaúcho conhecido é Paulo Feijó (DEMO), o vice-governador de Yeda. Gravou e divulgou conversa comprometedora com o ex-chefe da Casa Civil Cezar Busatto.

Uma gravação que deixou evidente o rateio que Yeda fez de empresas e autarquias gaúchas entre os partidos que lhe dão suporte na Assembléia Legislativa.

A fita do vice Feijó produziu a instalação de uma força tarefa do Ministério Público.

Novas investigações.

Que levarão a outras perversões.

Haja conspiração!

Quando a PF investiga e acusa alguém do PT ou da base aliada do governo, os tucademos dizem que ela é republicana e está cumprindo rigorosamente o seu dever.

Quando acusa alguém ou alguma empresa ligada ao PIG, tucademos, PPS e cia é perseguição política. E ainda pedem a expulsão de que mostrou as prova do partido (DEMO)

Triste.

Lula no JB

“Em São Bernardo do Campo, as comissões de fábrica funcionam para caramba – 90% dos processos são resolvidos dentro da fábrica.”.

“... na hora que você tem geração de emprego, há menos gente para os assentamentos. Em cinco anos e meio, nós desapropriamos 35 milhões de hectares de terras e o governo passado, em oito anos, desapropriou 18 milhões ... você assenta 501 mil famílias. ... o problema não é mais assentar... Chegou a hora de dobrar ou triplicar a produtividade das pessoas que estão no campo... As pessoas tem que saber que ganhar dinheiro é bom.”.

“Hoje, aproximadamente, 60% do custo do dinheiro que vai para a produção no Brasil não tem nada a ver com a ... Selic. .. O grande prejudicado com a Selic é o próprio Estado, porque aumenta a dívida pública.”.

“O Brasil precisa ter um crescimento sustentado de 4,5%, a 5% durante 10 ou 15 anos consecutivos. Se o Brasil fizer isso nós entraremos no rol dos países ricos.”.

“Por que criamos o Fundo Soberano ? ... para ter dinheiro para facilitar investimentos do Brasil no exterior ... dá uma margem de manobra com a arrecadação ... que pode ser contado até como superávit primário. Fiz questão de elogiar o Mantega e a equipe dele, porque foi uma medida extremamente inteligente.”.

“Desde a primeira escola técnica criada por Nilo Peçanha, em 1909, até 2003, o Brasil construiu 140. Em 93 anos. Nós, em oito anos, vamos construir 214.”.

“... nós vamos ter um total de 15 novas universidades e por volta de 88 novos campi universitários.”.

“ ... quero ser o presidente que mais fez escolas técnicas neste país ... fez mais universidades ... mais melhorou a vida dos brasileiros.”.

“Eu sou, na história do mundo, o primeiro presidente a ir a uma conferência em que você tem lésbicas, travestis, homossexuais.”.

“Eu trabalho com o cenário de que o Brasil será o terceiro ou quarto produtor mundial de petróleo.”. “Eu acho que nós precisamos aproveitar esse petróleo, eu não discuti ainda com ninguém o que nós vamos fazer com o petróleo, que pertence à União. As áreas que não foram leiloadas ainda são da União... Eu sonho com a criação de um fundo para investir na educação neste país.”.

“... se a laranja não tivesse suco... Espremiam, espremiam e, nada. (A Varig) estava na mão do Judiciário. Lógico que nós tínhamos pressa. A Varig estava quebrada. Todos os dias a manchete era sobre o caos aéreo ... e jogam nas minhas costas 200 mortos. Como se o governo fosse o responsável por aquele avião ter caído.”.

“ ... a imprensa trabalha com traumas. O telespectador é mais inteligente que a gente pensa. Ele saca. Tem um apresentador de televisão que falava mal do governo o dia todo. O pessoal ficava incomodado... o telespectador não acredita nem em uma pessoa que só fale bem, nem em uma pessoa que só fale mal (do governo).”

“Eu sou cada vez mais torneiro mecânico. Nunca gostei de andar com rótulo na testa, que sou isso ou aquilo. Obviamente que todo mundo sabe da minha origem, da minha vida pública, e que eu me considero um homem de esquerda.”

“Eu trabalho com a possibilidade de fazer a minha sucessão... Se eu elegi uma pessoa, eu tenho a obrigação moral de ajudar essa pessoa a governar bem. E uma forma de ajudar a governar bem é não dar palpite. Se for consultado, ainda assim, falar em off.”

“Não tenho interesse em ser candidato a governador, senador, a vereador, nada... Eu levei 12 anos para chegar aqui, por que eu vou deixar isso aqui para ser candidato ao Senado ?”

Do baú

Eça de Queiroz - em 1871 há mais de 137 anos:
"O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Não há princípio que não seja desmentido nem instituição que não seja escarnecida. Já não se crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecialidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas idéias aumenta a cada dia. A ruína econômica cresce. A agiotagem explora o juro. A ignorância pesa sobre o povo como um nevoeiro. O número das escolas é dramático. A intriga política alastra-se por sobre a sonolência enfastiada do País. Não é uma existência; é uma expiação. Diz-se por toda a parte: O País está perdido!".

Desaprovação ao governo tucano do RS alcança os 62,2%

61,8% dos gaúchos apóiam atitude de vice de Yeda

Wilson Dias/ABrAo gravar e divulgar conversa comprometedora que teve com o ex-chefe da Casa Civil da governadora Yeda Crusius (PSDB), o vice-governador Paulo Feijó (DEM) despertou reações antagônicas.

No universo da política, Feijó inspirou a ira. Seu partido, o DEM, abriu contra ele um processo disciplinar que, no limite, pode levar à sua expulsão dos quadros da legenda.

Na sociedade, porém, o comportamento atípico do vice de Yeda é visto com bons olhos. É o que demonstra pesquisa do instituto Fato, encomendada pelo Grupo RBS.

Eis alguns dos resultados:

61,8% aprovam o fato de o vice Feijó ter gravado e divulgado a conversa que levou à demissão o chefe da Casa Civil Cezar Busatto. Só 23,9% desaprovam o gesto;

59,6% acham que a atitude de Feijó foi legítima e que ele fez o que deveria fazer. Apenas 33,3% tacham o procedimento do vice de “antiético”;

75,5% consideraram “muito graves” os comentários feitos por Cezar Busatto no diálogo gravado. Acham que o teor da conversa compromete Busatto e o governo Yeda Crusius. Escassos 6,5% dos entrevistados acharam que o conteúdo da gravação não é grave;

62,2% dos gaúchos ouvidos desaprovam a gestão tucana de Yeda Crusius, iniciada em janeiro de 2006. Aprovam a gestão da governadora 23,9%;

16,4% acham que a ação de Yeda diante da crise que rói as entranhas de sua administração é ótima (3%) ou boa (13,4%). Para 36,8% dos entrevistados, a forma como a governadora vem lidando com a crise é regular. Para 20,7% é ruim. E para 22,4% é péssima;

44,7% dos entrevistados acham que Paulo Feijó deveria deixar o cargo de vice-governador para fazer oposição a Yeda fora do governo. Outros 31,7% avaliam que ele deve se manter no cargo mesmo fazendo oposição à governadora. Outros 10,1% dizem que ele sío deve ficar no cargo se parar fustigar a titular do governo.

79,7% dos gaúchos “concordam muito” (22,2%) ou “concordam” (57,5%) com a seguinte frase: “A CPI [que investiga desvios de verbas públicas no Denra-RS] causou muito desgaste para governo e poderá causar muito mais.”

Escrito por Josias de Souza

As coisas estranhas

De André Petry:

"Se Teixeira tinha permissão para usar o nome de Lula, é bomba de nêutrons. Se não tinha, talvez Lula queira censurá-lo, até romper com ele pelo abuso da amizade e pela prova cabal de deslealdade"

Uma das leis clássicas da política informa que político jamais diminui seu poder por vontade própria. Pode renunciar a ele, mas, enquanto não o fizer, moverá montanhas para mantê-lo ou ampliá-lo. Reduzi-lo, jamais. É por isso que político nunca antecipa sua sucessão. Fazê-lo equivale a encurtar seu mandato, expor-se ao risco de deixar o ponto mais iluminado do palco ou ter de dividi-lo com outros. Equivale, no leilão diário de impressões e informações de que se constitui a política, a apresentar-se menor, enfraquecido, como ficam todos os políticos às vésperas de perder a potência. Um pato manco, como dizem os americanos. Por isso, o movimento do presidente Lula na semana passada fere uma lei clássica da política. E isso é estranho.
Lula disse, pela primeira vez com clareza, que a ministra Dilma Rousseff é "o nome do PT" para suceder-lhe em 2010. Lula está antecipando a disputa por sua sucessão, faltando ainda trinta meses para ir embora. Políticos não fazem isso. Por que Lula fez? Será que Dilma não é o "nome do PT", e Lula apenas o soltou para ver se cola no partido? Será que quer jogar Dilma às feras, distraindo as feras do verdadeiro candidato?

É estranho… Lula encarregou-se de explicar seu gesto precoce. Disse que Dilma é perseguida porque é candidata. A prova seria a cascata de denúncias. Primeiro, foi o dossiê com os gastos do ex-presidente FHC. Agora, veio a pressão para vender a Varig à Gol por preço módico. Com tanto canivete chovendo, Lula quis proteger a ministra, oferecendo-lhe um abrigo. Então, lançou-a candidata sabendo que é perseguida por ser candidata? E colocou-a sob suas asas, correndo o risco de reduzir seu próprio poder?

É estranho… Lula nunca reduziu seu poder para defender quem quer que seja. Reformulando, em nome da precisão: entre José Dirceu e Matilde Ribeiro, Lula já defendeu quem quer que seja, sempre pondo "a mão no fogo" pelo acusado da hora, mas para preservar seu poder, nunca para reduzi-lo. Por que faria isso agora por Dilma? Por que a ministra habita seu coração e fazê-la sua sucessora é a meta superior de Lula, ainda que isso lhe custe nacos de poder a dois anos e meio do fim?

É estranho… O escândalo da Varig é do tipo que faz muito ziguezague, mas acaba no coração do governo. Denise Abreu, ex-funcionária graduada, acusou Dilma de pressioná-la para facilitar a venda da Varig à Gol. Como não há provas materiais, a ministra poderá defender-se na linha tênue que separa pressão de pressa. Mas Denise Abreu também fez uma acusação fortíssima: disse que sofreu pressão "imoral" do advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula, que dizia falar em nome do presidente. E nada acontece?

É estranho… A acusação precisa ser esclarecida. Denise Abreu está mentindo? Se o advogado tinha permissão para usar o nome de Lula, é bomba de nêutrons. Se não tinha, talvez Lula queira censurá-lo, até romper com ele pelo abuso da amizade e pela prova cabal de deslealdade. Em vez disso, Lula preferiu lançar Dilma, proteger Dilma, defender Dilma. É a receita perfeita para Dilma nunca mais deixar os holofotes. Considerando que na política, tal como na física, dois corpos não ocupam o mesmo espaço, talvez nada disso seja tão estranho