A frase do dia

 “Às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data”
Luiz Fernando Veríssimo

A Folha de São Paulo perdeu a vergonha, mas não perde o autoritarismo e a arrogância

1. É que a capacidade da Folha para a mentira tem origens diferentes, e mais antigas, do que a simples charamela lacrimosa dos espertalhões de voo curto. Pois o jornal(?), no clássico figurino stalinista, sempre pode dar uma interpretação "de classe" às críticas que venha a merecer. Como o jornal se julga o representante místico dos "tucademospiganalhas", o financiamento escuso que receba de empreiteiras, as alterações legais casuísticas que promova em favor de si, não representarão escândalo jamais.

2. Ao contrário: aliar-se financeiramente a "setores do empresariado" que vivem à sombra das benesses do governo, e aliar-se politicamente à escória do Legislativo brasileiro, torna-se um sinal de esperteza política na linha dos fins justificam os meios. Autoabsolvido pelo venerável espírito hegeliano-marxista da História, o Folhismo pode fazer tudo o que condenava em seus adversários, e apresentar-se ainda assim como detentor das virtudes mais cristalinas.

3. Quem apontar a farsa será tachado de inimigo dos tucademospiganalhas -e, na tese de uma imaginária "guerra de extermínio", a Folha mostra apenas a sua própria tentação totalitária. Nessa lógica, que não admite críticas, faz-se de perseguido aquele que se apronta para perseguir; faz-se de vítima quem pretende ser algoz; faz-se de democrata o censor, de honesto o corrupto, de inocente o bandido. A Folha de São Paulo a moral que tantas vezes ostentava quando na posição de apoio a FHC. Perdeu a moral, mas não perde o autoritarismo, a mendacidade e a arrogância.