Eu faria...
Usaria até parênteses (bem assim)
Expressões cheias de ênfases (Onde?! Claro! Sim!)
Faria um texto muito pontuado (para dar ao mesmo mais sabor)
Para lhe falar da minha paixão (que não é tudo)
Para gritar com emoção (que não é tudo)
Ou então ficar calado (para que saiba que é amor...)
Piada
“Demóstenes, Álvaro Dias e Reinaldo Azevedo atacam o Celso Amorim; isso prova que Dilma acertou na escolha”
por Rodrigo Vianna
Acabo de receber a informação, de uma fonte que trabalha na TV Globo: a ordem da direção da emissora é partir para cima de Celso Amorim, novo ministro da Defesa.
Trata-se do velho jornalismo praticado na gestão de Ali Kamel: as “reportagens” devem comprovar as teses que partem da direção.O jornalista, com quem conversei há pouco por telefone, estava indignado: “é cada vez mais desanimador fazer jornalismo aqui”. Disse-me que a orientação é muito clara: os pauteiros devem buscar entrevistados – para o JN, Jornal da Globo e Bom dia Brasil – que comprovem a tese de que a escolha de Celso Amorim vai gerar “turbulência” no meio militar. Os repórteres já recebem a pauta assim, direcionada: o texto final das reportagens deve seguir essa linha. Não há escolha.
Foi assim em 2005, quando Kamel queria provar que o “Mensalão” era “o maior escândalo da história republicana”. Quem, a exemplo do então comentarista Franklin Martins, dizia que o “mensalão” era algo a ser provado foi riscado do mapa. Franklin acabou demitido no início de 2006, pouco antes de a campanha eleitoral começar.
Agora, passada a lua-de-mel com Dilma, a ordem na Globo é partir pra cima. Eliane Cantanhêde também vai ajudar, com os comentários na “Globo News”. É o que me avisa a fonte. “Fique atento aos comentários dela; está ali para provar a tese de que Amorim gera instabilidade militar, e de que o governo Dilma não tem comando”.
Detalhe: eu não liguei para o colega jornalista. Foi ele quem me telefonou: “rapaz, eu não tenho blog para contar o que estou vendo aqui, está cada vez pior o clima na Globo.”
A questão é: esses ataques vão dar certo? Creio que não. Dilma saiu-se muito bem nas trocas de ministros. A velha mídia está desesperada porque Dilma agora parece encaminhar seu governo para uma agenda mais próxima do lulismo (por mais que, pra isso, tenha tido que se livrar de nomes que Lula deixou pra ela – contradições da vida real).
O que surprendeu foi ver Dilma na tentativa de se aproximar dessa gente no primeiro semestre. Alguém vendeu à presidenta a idéia de que “era chegada a hora da distensão”. Faltou combinar com os russos. Nada disso surpreende, na verdade.
A realidade, essa danada, com suas contradições, encarregou-se de livrar Dilma de Palocci, Jobim e de certa turma do PR. Acho que aos poucos a realidade também vai indicar à presidenta quem são os verdadeiros aliados. Os “pragmáticos” da esquerda enxergam nas demissões de ministros um “risco” para o governo. Risco de turbulência, risco de Dilma sofrer ataques cada vez mais violentos sem contar agora com as “pontes” (Palocci e Jobim eram parte dessas pontes) com a velha mídia (que comanda a oposição).
Vejo de outra forma. Turbulência e ataques não são risco. São parte da política.
Ao livrar-se de Jobim (que vai mudar para São Paulo, e deve ter o papel de alinhar parcela do PMDB com o demo-tucanismo) e nomear Celso Amorim, Dilma fez uma escolha. Será atacada por isso. Atacada por quem? Pela direita, que detesta Amorim.
Amorim foi a prova – bem-sucedida – de que a política subserviente de FHC estava errada. O Brasil, com Amorim, abandonou a ALCA, alinhou-se com o sul, e só cresceu no Mundo por causa disso.
Amorim é detestado pelos méritos dele. Ou seja: apanhar porque nomeou Amorim é ótimo!
Como disse um leitor no twitter: “Demóstenes, Álvaro Dias e Reinaldo Azevedo atacam o Celso Amorim; isso prova que Dilma acertou na escolha”.
Não se governa sem turbulência. Amorim é um diplomata. Dizer que ele não pode comandar a Defesa porque “diplomatas não sabem fazer a guerra” (como li num jornal hoje) é patético.
O Brasil precisa pensar sua estratégia de Defesa de forma cada vez mais independente. É isso que assusta a velha mídia – acostumada a ver o Brasil como sócio menor e bem-comportado dos EUA. Amorim não é nenhum incediário de esquerda. Mas é um nacionalista. É um homem que fala muitas línguas, conhece o mundo todo. Mas segue a ser profundamente brasileiro. E a gostar do Brasil.
O mundo será, nos próximos anos, cada vez mais turbulento. EUA caminham para crise profunda na economia. Europa também caminha para o colpaso. Para salvar suas economias, precisam inundar nosso crescente mercado consumidor com os produtos que não conseguem vender nos países deles. O Brasil precisa se defender disso. A defesa começa por medidas cambiais, por política industrial que proteja nosso mercado. Dilma já deu os primeiros passos nessa direção.
Mas o Brasil – com seus aliados do Cone Sul, Argentna à frente - não será respeitado só porque tem mercado consumidor forte, diversidade cultural e instituições democráticas. Precisamos, sim, reequipar nossas forças armadas. Precisamos fabricar aviões, armas. Precisamos terminar o projeto do submarino com propulsão nuclear.
Não se trata de “bravata” militarista. Trata-se do mundo real. A maioria absoluta dos militares brasileiros – que gostam do nosso país – não vai dar ouvidos para Elianes e Alis; vai dar apoio a Celso Amorim na Defesa, assim que perceber que ele é um nacionalista moderado, que pode ajudar a transformar o Brasil em gente grande, também na área de Defesa.
O resto é choro de anões que povoam o parlamento e as redações da velha mídia.
Artigo semanal de Delúbio Soares
Foram mais de 300 os servidores expulsos pelo governo federal apenas este ano
A arte de amar
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro [o meu ] corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
Entretanto se move, e rápido!
Na peça Galileu Galilei, de Brecht, há uma cena em que, tendo de abjurar ante a Inquisição de suas afirmações de que a Terra não era um corpo estático no Universo, o astrônomo italiano, depois de praticar a confissão desejada de que era fixa , murmura “eppur si muove” (entretanto se move).
A economia mundial e os sistemas de dominação e acumulação de riquezas, também.
E, às vezes, rapidamente.
No início dos anos 90, Estados Unidos e Europa pareciam diante de um período fadado ao seu domínio absoluto sobre o mundo.
Caíra a União Soviética. A unificação europeia caminhava a todo o vapor e se iniciava a formulação de uma moeda continental, lançada uma década depois, o Euro. A esquerda, desbaratada, não tinha força, praticamente, em parte alguma do mundo. Oposição? No máximo um Saddam Hussein a ser corrido do Kuwait com uma operação de guerra tão espantosa quanto desequilibrada.
As economias centrais – EUA, Europa e Austrália – dominavam, então 80% do PIB mundial. Sobravam 20% para os que viriam a ser chamados de emergentes.
Em apenas 20 anos, esta diferença de 60 pontos já se reduziu à metade. E a outra metade, considerado o ritmo atual precisará de apenas seis anos para ser vencida: em 2017, a divisão do PIB no mundo será “meio-a-meio”.
O gráfico publicado pela The Economist mostra a queda do que era invencível e a ascensão do que era inviável.
O mundo dos emergentes, portanto, não é uma abstração de futuro. Em matéria de decisões econômicas, já é presente.
O mundo desenvolvido está fraco, política e economicamente, embora ainda detenha um poder incontrastável: o capital livre e solto que suas economias não conseguem absorver.
Porque o livre comércio de mercadorias, sua causa e bandeira de décadas, voltou-se contra eles próprios. Os EUA já eram mais que deficitários em comércio exterior, mas não a União Europeia. Em 2008, com a crise, já registraram déficit de US$ 40 bilhões. Ano passado, de mais de US$ 200 bilhões. Salva-se, ainda, a Alemanha, com superavit.
O fantasma da dívida pública, que apavora o mundo desenvolvido, não assombra os emergentes: 83% do total está lá, apenas 17% aqui.
Este é o diferencial competitivo de que não podemos abrir mão. O discurso da estabilidade monetária não é desprezível, mas não pode nem deve ser o centro de uma política econômica coerente, salvo nos patamares em que proteja a renda e o consumo internos. O centro está numa política agressiva de investimentos – e nestes países, quem pode investir e dirigir – palavra meio maldita – investimentos é o Estado, não o mercado.
O discurso do livre mercado como melhor guia para as economias não passou no teste do tempo. Teve todo o poder, tornou-se a única forma de pensar a economia e o resultado desta hegemovia incontrastada está lá, na linha descendente de suas economias.
Durante muito tempo todos que pensavam o universo econômico fora dos cânones do neoliberalismo tivemos de andar murmurando, como Galileu.
E o tempo mostrou, bem rápido, que “eppur si mouve”.