As cordas e os marionetes

Crise na Europa e Mercado Financeiro

Na recente reunião do G20, em Cannes, na França, a presidente Dilma Rousseff falou claramente que a crise econômica global, que afeta sobretudo a Europa, não pode ser combatida com desemprego e arrocho. Não sei se foi ouvida ou se não quiseram ouvi-la, mas é importante que o Brasil reafirme essa posição, no momento em que o discurso neoliberal tenta recuperar sua hegemonia numa Europa combalida e põe e dispõe de governantes.

O cenário que assistimos agora é alarmante. O capital financeiro, causador da crise que atinge severamente a Europa, e também os Estados Unidos, consegue se dissociar dos males que causou e cobra por eles. As populações, perplexas, não conseguem reagir e consideram natural esta completa inversão de valores. A velha cantilena da redução do Estado aparece com força total, com a banca ditando o que os países podem e devem fazer.

O primeiro-ministro grego George Papandreu cogitou promover um referendo para ver se a população do país concordava com os sacrifícios que lhe são impostos pela União Européia e foi levado a abandonar o cargo e substituído por outro, que aplique as medidas de austeridade exigidas para a continuação da ajuda financeira que reduza a dívida impagável. Só que estas medidas – cortes de gastos, principalmente os sociais, mais impostos e privatizações – resultam justamente na falta de crescimento do país e no aumento do desemprego. Nenhum país sai da crise com política recessiva. Só quem tem a ganhar com essas medidas são os credores.

A bola da vez agora é a Itália e seu bufão primeiro-ministro Silvio Berlusconi, que também está pela bola sete. Não por ser contra o mercado, mas por ter perdido a confiança interna e se tornado incapaz de impor a agenda recessiva estabelecida pela banca. Papandreu e Berlusconi são os exemplos mais recentes das marionetes em que se transformaram os governantes de Estados fracos, que abdicaram de suas soberanias.

As populações, que elegeram democraticamente seus governantes, os vêem sem poder e desconectados de suas aspirações. O sacrifício que lhes é imposto não retorna para eles e nem para seus países. Vão direto para os bancos. O que parece em jogo não é uma recuperação econômica e a melhoria das condições de vida, e, sim o pagamento das dívidas. O nome crise da dívida é significativo. Trata-se de pagá-las a qualquer custo e não equacioná-las para que ocorram sacrifícios dos dois lados em nome de um bem comum. Este simples valor desaparece diante da cobiça e da fúria liberal.

O perigo desta situação é a descrença na própria democracia e em suas formas de representação. Os governantes à frente dos países em crise são de diferentes matizes e isso não impediu que tivessem ou venham a ter o mesmo destino: o descarte. Os atores principais não são os mandatários das nações nem as populações. O jogo é jogado a portas fechadas pelos donos do capital, que puxam as cordas das marionetes.
A situação só pode mudar se o controle das cordas mudar de mãos. Como cantava o compositor português Sergio Godinho numa canção antiga, mas que não perde a atualidade, “o mandão é que põe e dispõe, mas o povo é que manda no povo, isso é claro, claro, mais claro que a gema do ovo”.
Por Mair Pena Neto

Soltando o verbo

 Respeito não se impõe, se conquista

"Respeito não se impõe, se conquista". Mesmo contra vontade volto a tocar no assunto, acredito e sempre acreditei que, discrimina-se quem se intitula diferente, seja por esta ou aquela razão, seja por este ou aquele motivo. Assim sendo, há de se perceber que os negros, talvez induzidos por quem queira disso tirar proveitos, são eles que se discriminam. Vamos deixar pra lá esse negócio de cotas, isso pra mim não passa de coisa de aproveitadores, o negro quer, pode, e consegue mais espaço mas conquistando, não impondo ou esmolando. Ninguém mais que a própria história nos ensina a verdade. A raça Negra é raça bravos, é raça de fortes, e quem é forte não impõe e nem mendiga, quem é forte conquista! e ponto final.


Mario Fernandes Testoni 
Promissão - SP 


O amor é...

Artigo semanal de Delúbio Soares

 Uma das grandes forças que alavancam o Brasil, dando-lhe sólida base em sua vida econômico-social, é a agricultura familiar. Conheço desde a infância no interior goiano a realidade dos pequenos agricultores que, em suas propriedades rurais e auxiliados apenas por familiares, enfrentam toda sorte de percalços, mas plantam, colhem e tocam o Brasil para frente.
 
Hoje as estimativas mais conservadoras apontam para mais de 4,5 milhões de produtores, que são absolutamente fundamentais para o imenso sucesso que nossa agricultura vem alcançando nos últimos anos. Cerca de 50% deles estão situados na região Nordeste, não por acaso aquela que mais cresceu, desenvolveu-se e se transformou estruturalmente durante o governo do presidente Lula. Com 20% das terras agricultáveis do país, os que fazem da agricultura familiar uma verdadeira potência já respondem por mais de 30% de nossa produção agrícola e são os maiores produtores de mandioca, arroz, feijão, milho, hortaliças e pequenos animais. Cerca de 60% da produção nacional de tais itens é fruto do esforço dos pequenos produtores e refletem a importância do segmento.
 
Os governos petistas têm priorizado o atendimento de todas as demandas da agricultura familiar. Elas vão desde as melhorias nas vias de acesso às propriedades (sítios, chácaras e pequenas fazendas) distribuídas em nossos Municípios com menos de 50 mil habitantes – onde se encontra a maioria absoluta dos produtores – até facilidades na obtenção de crédito para produção e custeio, disponibilidade de energia elétrica e acesso às novas tecnologias que auxiliem na modernização do setor e na maximização de seus resultados.
 
Tudo isso tem sido buscado pelo Ministério da Agricultura e seus organismos, notadamente a Embrapa, uma empresa estatal que orgulha os brasileiros por sua eficiência gerencial e altíssimo nível das pesquisas que realiza com imenso sucesso em benefício da agricultura e pecuária nacionais. Esses organismos tiveram a sensibilidade de notar que com o notável crescimento do Brasil durante o governo do presidente Lula e sua continuidade através da presidenta Dilma, a agricultura familiar tornou-se o esteio do novo país que nasceu com a política de inclusão social e a chegada de 40 milhões de brasileiros à classe média.
 
O esforço de produção dos brasileiros que fazem a agricultura familiar vem impulsionando o desenvolvimento sustentável no meio rural, renovando velhas práticas e contribuindo para os sucessivos recordes de nossas super-safras agrícolas.
 
O Plano Safra da Agricultura Familiar (PRONAF) 2011/2012, com mais de R$ 16 bilhões para o custeio e investimento, amplia a capacidade de financiamento e fortalece o setor como agente de desenvolvimento estratégico para o crescimento nacional, com distribuição de renda, estabilidade econômica e inclusão social. Pela primeira vez um governo enxerga em nossa pujante agricultura mais do que a simples produção de alimentos: ela é bem mais que isso, pode e deve ser um dos pilares do novo Brasil que nasceu, mais rico, mais solidário e mais justo.
 
A taxa de juros do PRONAF se situa em patamar absolutamente confortável para nossos pequenos e médios produtores, tendo sido rebaixada de 4% para 2% ao ano! E os contratos de financiamento subiram para até R$ 130 mil para investimento na produção. Jamais se tratou a agricultura familiar com tanta atenção e respeito como nos dias de hoje. E nossa agricultura familiar responde continuamente à estímulos como esse de forma instantânea: cresce a cada safra, melhora a qualidade da produção, gera riqueza e fortalece uma impressionante cadeia produtiva que nasce no interior de nosso país, passa por estradas e portos e alimenta o Brasil e o mundo.
 
Segundo o Ministério da Agricultura, seguindo recomendação expressa da presidenta Dilma, a partir desta safra, as condições do Mais Alimentos – juros de 2% ao ano, prazo de pagamento de até dez anos e até três anos de carência – são estendidas às linhas Investimento e Agroecologia. O Pronaf Investimento financia a modernização da infraestrutura produtiva e amplia a capacidade de produção de alimentos da agricultura familiar, tendo, inclusive, aumentado o prazo de pagamento de 8 para 10 anos.
 
Além de resolver a importantíssima equação juros mais baixos/ampliação da oferta de crédito/maior prazo para o pagamento dos financiamentos de investimento, o PRONAF ampliou o atendimento a cooperativas de agricultores familiares, que se disseminam por todas as regiões e congregam os pequenos produtores. O limite de crédito foi ampliado de R$ 5 milhões para até R$ 10 milhões e as cooperativas com patrimônio líquido entre R$ 25 mil e R$ 100 milhões passaram a ser contempladas com o acesso às linhas de financiamento. Nunca, jamais, em tempo algum, qualquer governo tratou a agricultura que é fruto do esforço dos pequenos produtores, de famílias, de novas cooperativas, com o respeito com que nosso governo vem tendo para com todos eles.
 
Conhecemos a agroindústria moderníssima, que é a grande base de nossa economia, respeitada em todo o mundo e que bate sucessivos recordes. Porém, a grande maioria dos brasileiros não sabe que, junto dela, somando esforços e produzindo com igual capacidade e patriotismo, existem brasileiros os mais humildes, espalhados pela vastidão continental de nosso território, auxiliados por suas famílias, abrindo com imenso amor o seio de nossa terra, colhendo desenvolvimento e progresso em forma de alimentos, plantando o presente e replantando o futuro. São esses brasileiros de mãos calosas, de faces vincadas pelo sol inclemente de nosso país tropical, sem muitas letras e até bem pouco tempo esquecidos pelos poderes públicos, que nos alimentam e nos dão o exemplo luminoso do trabalho fecundo de nosso pequeno agricultor e da potência em que ele transformou a agricultura familiar.
 
(*) Delúbio Soares é professor


Por que o Euro se fortalece?

 Por que o euro se fortalece ao invés de cair? Por que a moeda única, após o agravamento da crise e enquanto a Europa mergulha em uma recessão, se valorizou mais de 3% em relação ao dólar? Supõe-se que a crise europeia é em relação a sua dívida soberana, mas a moeda que a representa, ao agravar-se a crise, escolheu ficar cotada acima de seus valores anteriores a 2008 (+10% / +15%, OCDE).
    
O enigma europeu pode ser formulado nos seguintes termos: a crise da Zona do Euro (países periféricos) não é da sua moeda. A moeda se valoriza na medida em que a crise se agrava. Provavelmente há um vínculo direto entre a valorização do euro e a hiperliquidez alemã. A República Federal – nível de produtividade, potência exportadora, fortaleza político-institucional – conserva a moeda regional. Isso acontece quando enfrenta a maior crise existencial da sua breve história.
por Jorge Castro


Despedidas

Despedidas são assim, com cara de chuva que inunda, com cara de noite que tira luz, com cara de perda do que nunca se teve...
Vêm, apenas vêm.. tira de nós algo de brilho, algo de bom.. algo de nosso, algo de alguém.. apenas vem..
Despedidas doem, arrebatam a alma, trazem à tona tristeza.. a lágrima aflora... 
O peito estoura, 
Num combinar fúnebre... 
No véu do não mais olhar...
Seja lá que despedida for, só conheço uma boa: a despedida da tristeza..
Mas essa a alegria cobre... nem se vê como despedida.. inundada pelo bem-estar, o bem querer de ter a vida.. e, na vida, a felicidade.. 
Despedidas, dos que vão por ciclo natural da vida.. dos que vão por opção, dos que têm que ir... dos que a vida distanciam, por tudo que reside nela.. pela hora errada, pela situação errada.. na vontade suprimida em cada um.. 
Mas, se tem que ter despedidas, tchau, enfim...

Alguém sai da sala de nossas vidas...


Como realidade

As vezes as coisas não são como a gente quer
e mesmo assim a vida traz chances e oportunidades únicas,
que quando desperdiçadas machucam e deixam lembranças

Lembranças de um passado não vivido de um beijo não dado, de uma palavra não dita, de um momento não aproveitado. 

Essas marcas dão vida aos sentimentos mais profundos, 
E deixam saudades dos momentos não vividos, 
Deixam o gosto do beijo não dado, e o sonho das palavras não ditas. 
As palavras não vêm. 
Os olhos ficam marejados. 
Buscamos num sorriso disfarçar 
Toda a emoção que nos invade.
E um coração de poeta, 
Sensível a tudo, Chora uma lágrima de saudade...
Colhemos as palavras mais bonitas,
  As mais ternas, As mais amigas
Que enfeitassem singelas 
O momento da despedida.
Ei-las que chegam, por fim,
Mas deixando sílabas pelos caminhos.
Até a volta, 
E um coração de poeta,
Sensível a tudo, 
Chora uma lágrima de saudade.