Saberes e saberes

 Um filósofo cruzava um rio em um barco. Durante a travessia, mostrava sua sabedoria ao barqueiro.

- Você conhece os textos de Horbiger?

- Não - respondeu o barqueiro. - Mas conheço a natureza e desempenho bem o meu trabalho.

- Pois saiba que perdeu metade de sua vida!

No meio do rio, o barco bateu numa pedra, e naufragou. O barqueiro nadava para uma das margens, e o filósofo se afogando:

- Socorro, socorro, não sei nadar! - gritou ele desesperado. - Eu lhe disse que havia perdido metade de sua vida por não conhecer Horbiger, e agora perco a minha vida inteira por não saber coisas tão simples como nadar e conhecer as correntezas de um rio!

STF: o exercício do Poder Absoluto

por Luiz Gonzaga Belluzzo

A lei promulgada pelo regime nazista em 1935 prescrevia que era "digno de punição qualquer crime definido como tal pelo 'saudável sentimento' popular'". No Mein Kampf, Adolph Hitler proclamava que a finalidade do Estado é preservar e promover uma comunidade fundada na igualdade física e psíquica de seus membros 
A Falta do Contraditório e os Regimes de Exceção
.Estado de exceção 

Herbert Marcuse escreveu o ensaio O Estado e o Indivíduo no Nacional-Socialismo. Ele considerava a ordem liberal um grande avanço da humanidade. Sua emergência na história submeteu o exercício da soberania e do poder ao constrangimento da lei impessoal e abstrata. Mas Marcuse também procurou demonstrar que a ameaça do totalitarismo está sempre presente nos subterrâneos da sociedade moderna. Para ele, é permanente o risco de derrocada do Estado de Direito: os interesses de grupos privados, em competição desenfreada, tentam se apoderar diretamente do Estado, suprimindo a sua independência formal em relação à sociedade civil.

Foi o que aconteceu no regime nazista. O Estado foi apropriado pelo "movimento" racial e totalitário nascido nas entranhas da sociedade civil. Os tribunais passaram a decidir como supremos censores e sentinelas do "saudável sentimento popular", definido a partir da legitimidade étnica dos cidadãos. A primeira vítima do populismo judiciário do nazismo foi o princípio da legalidade, com o esmaecimento das fronteiras entre o que é lícito e o que não é. Leio que circula nos meios judiciários a ideia de "flexibilizar" a tipificação da conduta criminosa. Vou dar um exemplo, talvez um tanto exagerado: se João de Tal arrotar na rua, corre o risco de ser enquadrado no crime de atentado violento ao pudor.

Trata-se da emergência, na esfera jurídico-política, da exceção permanente. Coloca-se em movimento a lógica do poder absoluto, aquele que não só corrompe, como corrompe absolutamente. Os cânones do Estado de Direito impõem aos titulares da prerrogativa de vigiar, julgar e punir o delicado sopesamento das relações entre a garantia dos direitos individuais, a publicidade dos atos praticados pela autoridade e a impessoalidade do procedimento persecutório. O consensus iuris é o reconhecimento dos cidadãos de que o direito, ou seja, o sistema de regras positivas emanadas dos poderes do Estado, legitimado pelo sufrágio universal, é o único critério aceitável para punir quem se aventura à violação da norma abstrata.

Já há muito tempo, não só no Brasil, mas também no resto do mundo, sucedem-se os episódios de constrangimento midiático das funções essenciais do Estado de Direito, para perseguir adversários, ajudar os amigos, quando não cuidar de legislar em causa própria. A exceção permanente inscrita nos métodos de justiçamento midiático é funesta para o Estado Democrático de Direito: transforma as autoridades em heróis vingadores, encarregados de limpar a cidade (ou o País), ainda que o preço seja deseducar os cidadãos e aumentar a sensação de insegurança da sociedade. Nessa cruzada militam os que fazem gravações clandestinas ou inventam provas e os jornalistas que, em nome de uma "boa causa", tentam manipular a opinião pública.

Os apressadinhos não se cansam de dizer que o Judiciário é lento. Poderia e deveria, com mais recursos, pessoal e, sobretudo, com o aperfeiçoamento dos códigos de processo, tornar-se mais rápido. Mas, num sentido profundo, a lentidão é uma virtude do Judiciário. Melhor seria dizer que a instantaneidade dos tempos da web é estranha ao bom cumprimento da prestação jurisdicional. Não haverá julgamento justo sem o contraditório entre as partes, a exibição de provas, os depoimentos. A formação da convicção do juiz, qualquer estudante de Direito sabe, depende da argumentação das partes.

Invocar a virtude, a honestidade ou os bons propósitos para contestar a impessoalidade e o "formalismo" da lei é a maior corrupção praticada contra a vida democrática. Montesquieu dizia que há insanidade na substituição da força da lei pela presunção de virtude autoalegada.

O Judiciário era rápido e eficiente na União Soviética de Stalin ou na Alemanha de Hitler. Os processos terminavam sempre de forma previsível e o contraditório não passava de uma encenação. Tudo estava justificado pelas razões superiores do Reich de Mil Anos ou pelos imperativos da construção do socialismo.

Crônica semanal de Luis Fernando Verissimo


Se todas as previsões feitas no passado sobre como seria a vida hoje dessem certo, cada um de nós teria um helicóptero — ou coisa parecida — na garagem, e para viagens mais longas só usaríamos aviões supersônicos.
Os Volkswagens voadores não vieram, para não falar nas megalópoles superorganizadas com calçadas rolantes num mundo em paz permanente e sem pragas, mas o Concorde parecia ser um sinal de que pelo menos parte da visão se cumpriria, mesmo com atraso.
O Concorde era um protótipo que, com o tempo, se aperfeiçoaria e se democratizaria. Seus defeitos eram desculpáveis, tratando-se de um protótipo. Fora as críticas irrelevantes (sim, querida, o caviar é Beluga, mas com a granulação errada), o pior que se dizia de uma viagem no estreito Concorde, com suas poltronas apertadas, era parecido com o que aquele inglês da anedota disse do ato sexual: o prazer é fugaz e a posição é ridícula.
Tudo isso seria corrigido com o tempo, inclusive o seu maior defeito, o preço das passagens, só acessível a quem pode distinguir o grão do caviar.
Mas o Concorde acabou antes de se tornar viável. E o que se chora não é o fim de uma máquina muito cara e talvez desnecessária, mas de um sonho: o que seria a vida se todas as possibilidades abertas pela ciência e a tecnologia depois da Primeira Guerra Mundial tivessem dado em outro mundo.
No fim o que a gente mais sente falta, do passado, é o futuro que ele previa. O Concorde podia ser só uma extravagância feita para você poder almoçar em Paris e almoçar de novo em Nova York. Acabou como símbolo do fim prematuro de um século que só ficou na imaginação.
Em compensação, o futuro previsto no passado não incluía uma palavra, uma pista, uma sugestão que fosse da grande revolução que viria e ninguém sabia, a da informática. Quer dizer, o futuro imaginado no passado já era um futuro obsoleto. O único, tênue presságio do que viria era o rádio de pulso do Dick Tracy, lembra? O próprio Tracy não sonhava que um dia ele teria no seu pulso, para combater o crime, um dispositivo que receberia e emitiria imagens e mensagens, calcularia, fotografaria e diria como estava o tempo em qualquer lugar do mundo.

Dilma cometeu dois pecados capitais

[...] segundo o merdalismo pignico

1º - Desmoralizou o Fernando Henrique, que tentou, exatamente, dar a impressão de que a seduzia para atravessar a ponte e chegar ao “lado de lá” – e trair o Lula

2º - Dilma dinamitou a teoria da “compra de voto” do PiG e do Supremo.

E por isso precisa ser abatida.

O que Cerra faz agora – com o PiG, o Datafalha e o Globope – contra o Haddad e o Russomano, em São Paulo, é o Jardim de Infância do que fará com a Dilma em 2014.

Não adianta ignorar o PiG.

Fingir que ele não existe.

O PiG não confia mais nela.

E cobrará caro não trair o Lula.

Em tempo : devo essas inúteis reflexões a conversa com o bom amigo Mauricio Dias. Que começou com a traiçao de JK a Jango.


E por falar em mentira...Veja você

E por falar a mentira… (1) 

Essa semana, logo após sair do hospital em mais uma dolorosa internação em razão de meus problemas de saúde, dei um voto de confiança e recebi em minha casa um repórter da revista “Veja”, que para lá mandou um jornalista que já era meu conhecido e por isso tinha minha confiança. A revista aproveitou-se dessa proximidade para, de novo e infelizmente, trair o voto de confiança de quem acredita que jornalistas fazem jornalismo, e produziu uma matéria pouco exata, para dizer o mínimo, e mentirosa, para dizer a verdade. O que era para ser o perfil teve metade do texto dedicado a atribuir a mim ações que não foram minhas e não existiram. 

22/09/2012
E por falar a mentira… (2) 

Assim, por falar da mentira, não custa esclarecer a verdade: a revistinha diz que eu teria confessado o recebimento de R$ 4 milhões para que meu partido, o PTB, “apoiasse o governo Lula”. 


Mentira! Mentira deslavada e das mais desonestas! O dinheiro que nunca neguei ter sido entregue ao partido, bem porque nunca neguei ou manipulei a verdade como é de praxe a revistinha fazer, não era nem nunca foi para comprar apoio. Era dinheiro para as campanhas eleitorais municipais que então se avizinhavam, como se avizinham a cada quatro anos. Mentira capenga e manca, porque o PTB, então, já era base de apoio do governo Lula e, por isso, não precisava ser vendido. Mentira manca, de tão curtas que são as pernas, porque o PTB nunca esteve à venda. 

E já que a “Veja” precisa corrigir suas letras, pode também explicar quais os “muitos casos de corrupção” que me atribuiu em mais uma frase desconexa da revista que só serve de ataque gratuito e mentiroso.

A melhor dieta

 


Por que retratar, exibir e falar sobre a vagina ainda é tabu?


Em 1866, o artista francês Gustave Courbet pintou o quadro “A origem do mundo”. A encomenda, reza a lenda, foi feita pelo diplomata otomano Khalil-Bey, que vivia em Paris. Bey queira acrescentar algo mais picante à sua coleção de pinturas eróticas.
Vigorava na arte o período realista. As cidades cresciam, urbanizavam-se, enchiam-se de cabarés, bares e bordéis. Na França, as pinturas refletiam essa vida. Três anos antes, Éduard Manet colocara uma meretriz como modelo de seu quadro “Olympia”. Leia mais>>>