Frase da hora

No Ceará não neva. Mas, cai pedacinhos de sol

Prá desopilar

Eleição nos EUA e o furacão Sandy

Artigo semanal de Delúbio Soares


O saldo das eleições municipais de outubro é altamente favorável às forças democráticas. Registrou-se tanto a expressiva vitória de Fernando Haddad e do PT na maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo, além do crescimento do partido em todo o país, quanto grandes derrotas da direita e o visível encolhimento da oposição em todas as regiões do Brasil.

Jamais uma eleição foi tão disputada por todas as forças políticas envolvidas, nem o eleitorado tão bombardeado pela manipulação midiática, a distorção dos fatos e uma autêntica operação de guerra montada na tentativa (vã, por sinal) de derrotar o Partido dos Trabalhadores e os seus candidatos.

Nos meses que antecederam o pleito, vivemos uma época de subversão de valores, com os fatos sendo tangidos ao sabor da mentira e do claro interesse partidário. Se os fatos não favorecessem a oposição, pior para os fatos. Se os números mostrassem o avanço dos candidatos petistas, eles eram solenemente ignorados (e omitidos). Pesquisas que demonstravam o crescimento de candidatos populares foram sonegadas em alguns dos maiores telejornais. Analistas políticos e econômicos assumiram o trabalho antes destinado apenas aos marqueteiros das candidaturas oposicionistas. Manchetes de alguns jornais foram paridas com o objetivo específico e indisfarçável de frequentar os programas eleitorais da oposição na TV, numa prática condenável e nada discreta, exatamente como foi feito em 2010 na tentativa desesperada de derrotar Dilma Rousseff e eleger o tucano José Serra.

Em 2012, como transitando por um túnel do tempo, o Brasil testemunhou a repetição das práticas fascistóides da eleição presidencial passada. O preconceito, a homofobia, o racismo, o reacionarismo em sua forma mais primitiva, a deturpação da fé religiosa, o abuso do poder econômico, a judicialização da vida política e a politização da justiça, foram marcas indeléveis do processo político-eleitoral no ano em curso. A repetição de mentiras relativas à Ação Penal 470 se transformaram na mais forte – e, talvez, única – mensagem da grande maioria dos candidatos da oposição.
  • Qual a proposta da oposição para a delicada questão do planejamento urbano? Mensalão! 
  • E para a saúde nos Municípios? Mensalão! 
  • E para a segurança pública, a educação, os transportes, a habitação? Mensalão! 
A oposição, desta forma, apostou na despolitização de nosso eleitorado e numa suposta ignorância de uma massa que seria desinformada, ignorante e que não saberia interpretar os fatos e nem desconfiar do jogo sujo da manipulação da notícia pela mídia partidarizada. Não apresentou propostas administrativas, nem tratou de questões absolutamente fundamentais no dia-a-dia das populações urbanas e rurais, dos jovens, dos trabalhadores, das mulheres, das minorias. E, por isso, perdeu.
  
A vitória das forças democráticas e progressistas, representadas pelo PT e pelos partidos da base aliada, foi evidente e incontestável, em mais de 70% das prefeituras municipais em disputa. As vitórias eleitorais da oposição, em pouquíssimas cidades de expressão política, econômica e social, foram empanadas pelas reeleições de Eduardo Paes, no Rio de Janeiro, pelo PMDB, de José Fortunatti, em Porto Alegre, pelo PDT, de Paulo Garcia, o competentíssimo petista que governa Goiânia, além de outros tantos. E, também, por vitórias folgadas como a dos companheiros petistas Fernando Haddad, em São Paulo, Jorge Cartaxo, em João Pessoa, além de aliados como o trabalhista Gustavo Fruet, em Curitiba. Até em cidades importantíssimas como Belo Horizonte e Fortaleza, a disputa se deu entre partidos que apoiam Dilma e apoiaram Lula, com a oposição (PSDB e DEM) riscada do mapa pelo voto popular. Pior quadro para os que nos fazem oposição seria impossível.

Em grandes e importantes cidades do interior e das zonas metropolitanas, como Santo André, São Bernardo do Campo, Mauá, São José dos Campos, Osasco, em São Paulo, Vitória da Conquista (BA), Uberlândia (MG), Niterói (RJ), além de centenas de cidades pequenas e médias em todos os Estados, com espetacular crescimento de norte a sul, o PT se  tornou o partido mais votado do país, com um salto quantitativo e também qualitativo, mostrando tanto a aprovação popular ao jeito petista de governar como uma condenação às campanhas rasteiras e demonizadoras de que fomos alvo por parte da oposição, aquela que perdeu fragorosamente.

O PT tem um compromisso claro tanto com a governabilidade, atuando democraticamente e buscando fortalecer nossas instituições, quanto com a boa governança, escolhendo os seus melhores quadros para oferecê-los à consideração popular e à administração da coisa pública. Há uma nova geração petista, de homens e mulheres jovens, qualificados para administrar, sobejamente mais preparados que os pretensos quadros da oposição destrutiva e rancorosa. Isso ficou patente com a retumbante vitória de Fernando Haddad, que conquistou a confiança da maioria absoluta do eleitorado de nossa maior cidade e, de quebra, permitiu que os brasileiros aquilatassem a ausência total de propostas de governo, de projetos em favor de nossa população e do futuro de nosso país, expressa na baixaria em que se constituiu a cruzada reacionária, denuncista, preconceituosa e falso-moralista do derrotado José Serra, o arauto do baixo nível na vida pública brasileira.

Fernando Haddad, como Paulo Garcia, como Jorge Cartaxo, como todos os 624 prefeitos eleitos pelo PT, além dos nossos companheiros prefeitos eleitos da base aliada, irão inaugurar uma nova fase na história político-administrativa dos Municípios brasileiros, onde o compromisso primeiro será com o bem-estar da população, o desenvolvimento econômico com justiça social, educação, segurança e saúde, um país melhor e um futuro de grandeza.

Nem tudo é o que parece ser

Nem toda estrada é caminho. 
Nem todo talho é um corte. 
Nem toda merenda é de qualidade. 
Nem toda merenda o preço é justo. 
Nem todo prefeito cuida bem das crianças. 
Nem todo prefeito é honesto. 
Nem todo político respeita o eleitor. 
Nem todo pepino é fruto. 
Nem toda bala é bombom. 
Nem todo lixo é varrido. 
Nem todo mal é eliminado. 
Nem todo beijo é carinho. 
Nem toda cabeça tem cabelo. 
Nem todo Zé é pedágio. 
Nem todo colchão é de mola. 
Nem toda carne é mole. 
Nem todo sapo é do brejo. 
Nem todo saco é de pancada. 
Nem toda calça tem bolso. 
Nem toda cueca é limpa. 
Nem toda calcinha é vermelha. 
Nem todo boi é de piranha. 
Nem todo saco é escroto. 
Nem toda tose é tuberculose. 
Nem todo Santo faz milagre. 
Nem todo dinheiro é limpo. 
Nem todo feijão é branco. 
por Marco Leite

O Enem perde apenas para o vestibular da China


  • 5, 8 milhões de pessoas farão as provas
  • Em 140 mil locais
  • Em 1.612 municípios
  • Serão mais de 400 mil fiscais
  • 54% dos inscritos são pretos, pardos e índios
  • 80% estudaram em escolas públicas
Assim não pode, assim não dá, quem já viu pobre e preto fazer exame para depois se formar?

Isso é coisa de petista.

Aff, vão empestar nossas faculdades de gentunha... 

Verdades, mentiras e guaranis-caiuás


Sabe os índios guaranis-caiuás que vivem na aldeia de Puelito Kue, e que iam se suicidar coletivamente para protestar contra a maldade do homem branco?
Pois é, não é bem assim. Os guaranis-caiuás estão insatisfeitos com a decisão da Justiça, que determinou sua saída das terras que ocupam. Se tentarem desalojá-los à força, diz o chefe da aldeia, pretendem defender-se até a morte. Os fatos são esses; a história do suicídio coletivo, que provocou tamanha onda de solidariedade, simplesmente não existe.
Como é que sabemos disso? Pela maneira mais simples: em vez de pegar o telefone e ouvir ativistas de ONGs internacionais, em vez de entrar no Facebook para acompanhar a reação dos internautas, em vez de ouvir professores e especialistas, o repórter Fernando Gabeira foi à aldeia ouvir os próprios índios.
E eles lhe contaram a história – como contariam a outro repórter que fosse procurá-los para obter informações em primeira mão, em vez de ouvir apenas os ongueiros. Dá trabalho: Gabeira teve de percorrer 250 km em estrada de terra, atravessar a nado o rio Iowi (a empresa que disputava a propriedade com os índios, e ganhou na Justiça, bloqueou todas as pontes), dar um jeito de não molhar a câmera; depois, nadar de volta sem molhar a câmera e enfrentar 250 km de estrada de terra até Dourados, a cidade mais próxima.
O pessoal que ouviu só os ongueiros nem saiu do ar condicionado das redações. Muito mais confortável, embora tenha rendido informações erradas a quem pagou caro por elas, julgando-as confiáveis.
Lembra quando reportagem envolvia ir ao local, ver com os próprios olhos, ouvir os vários lados, pesquisar o assunto? Pois é – e isso é o que está faltando. Sem isso, uma declaração de um líder dos índios a respeito de sua disposição de resistir a eventuais ataques passa a ser interpretada como decisão de suicídio coletivo.
Mas quem está preocupado com o consumidor de informação?
 Carlos Brickmann