Brucutu pró-Aécio dizia que mineiro impunha censura à imprensa em Minas. O que o dinheiro não faz…


A Folha, hoje, anuncia que começou a “guerrilha virtual” entre PT e PSDB para as eleições.
O que descreve, em geral, são simples acompanhamentos de menções em redes sociais, o que é feito por softwares, automaticamente, e não exige mais que um analista ou dois para interpretar as menções e os contextos onde elas se dão.
Coisa simples, mas que seus “iniciados” dizem ser complicada, porque ganham mais por isso.
Guerra, mesmo, só do novo brucutu digital de Aécio Neves, o ex-serrista e fernandista Xico Graziano, que acusa, claro, os blogs que mostram o lado playboy de Aécio Neves de “estarem no bolso do PT”.
Como eu não estou e mostro, gostaria de que Graziano especificasse os blogs, se tiver coragem, porque ando precisando de dinheiro e gostaria de ganhar algum dele na Justiça.
Mas, à parte disso, a matéria traz lá no pé a noticia de que um cidadão chamado Pedro Guadalupe, que se define como “gênio” das redes sociais, “está entre os mais cotados para integrar a equipe de Aécio.”
Guadalupe, na linha brucutu, abriu o site “Dilma Mente” para atacar a presidenta da República, diz ele que “em alto nível”.
A matéria menciona que Guadalupe teria trabalhado para João Santana, a serviço do PT, contra o candidato de Aécio à Prefeitura, Marcio Lacerda.
Aí eu fui pesquisar sobre o gajo.
É um guri traquinas, que gosta de fama e de dinheiro – não necessariamente nessa ordem -, esta sendo processado pela família de Renato Russo por uso de suas músicas e disse, há dias, que fora contratado por Andréa Neves para “tocar fogo” nas redes sociais.
E eis que senão quando me deparo com um de seus furiosos artigos no site de de sua propriedade o BHAZ – Belo Horizonte da A a Z.
Transcrevo título e trechos:
O abominável homem dos Neves e as pesquisas eleitorais!
 13/09/2012 – Pedro Guadalupe
“Você conhece uma das principais artimanhas da família Neves para ganhar eleições? A censura que o clã impõe à imprensa de Minas Gerais é conhecida em todo o país. Se você vive no Estado, é provável que nunca tenha ouvido falar sobre isso, justamente porque o esforço dos Neves para só divulgar as informações que lhes interessa funciona… e muito. Mas você há de concordar que os principais meios de comunicação mineiros nunca publicam nenhuma notícia que possa sujar a imagem de Aécio Neves.”(…)
“Na época das eleições, esse esforço dos Neves para manipular a opinião pública é ainda maior. Você não deve se lembrar, mas, em 2006, há menos de 15 dias para as eleições, o DataFolha lançou uma pesquisa dizendo que Aécio Neves liderava as intenções de voto com 73% dos eleitores, enquanto o concorrente Nilmario teria apenas 12%(confira aqui). Quando abriram as urnas, Nilmário teve quase o dobro dos votos: 22%.” (…)
Quer dizer que Guadalupe, o homem do “Dilma Mente” mentia em 2012 quando informava que Aécio subjugava a imprensa ou mente agora, quando diz que Dilma mente?
É com este tipo de ação mercenária que o PSDB vem falar de “blogueiros no bolso do PT”?
Está nos confundindo com esta turma que você contratam a peso de outro, como aquele guru indiano do Serra, que acabou indo pra o xilindró?
Aguardem, meus amigos. Se você achava que Serra era capaz de tudo, vai sofrer uma decepção.
A campanha de Aécio será mais suja ainda.

PS do Viomundo: Um leitor diz, nos comentários, que a TV Brasil deixará de ser retransmitida em Minas, dando lugar à TV Cultura de São Paulo. Especula que Aécio estaria fechando todos os canais de comunicação sobre os quais não tem controle visando a disputa estadual e sua campanha ao Planalto. Faz sentido.
Por outro lado, também gostaríamos que Graziano desse nomes aos bois para ter a possibilidade de acioná-lo na Justiça, se fossemos listados…

Leia também: 

Me perguntaram se eu acredito no amor

Respondi:

- Sim!

Me responderam: "por isso que você não é um DH Lawrence".

- É vero!

Vejam a genialidade do Lawrence: ...“No que você acredita?, então?”, continuam. “Eu? Ah, intelectualmente eu acredito em ter um bom coração, um pênis firme, uma inteligência vívida e a coragem de dizer ‘merda’ na frente de uma dama.” trecho do livro:

O amante de Chatterley




O que o capitão-do-mato fará nesses últimos dias como presidente do STF

Colocará o rabinho entre as pernas.
Ficará de bico calado, escutando o tilintar das moedas e sentindo o cheiro das cédulas.

Os patrões mandam, ele obdc.

Simples assim!

Prá desopilar

...com amor

Mensagem da madrugada

Queres saber o que colheras amanhã?
Lembra o que plantou ontem?...

Solidariedade

Minha explicação para o “fenômeno” das expressivas doações aos fundos Genoíno e Delúbio Soares é simples: solidariedade.
Não apenas diversos membros do Partido dos Trabalhadores, mas muitos brasileiros em geral, que se mantiveram calados, acuados e confundidos pela campanha truculenta e incessante, antes, ao longo e após o julgamento da AP 470, finalmente se deram conta de que a história que lhes era contada era de “faz de conta” e resolveram manifestar sua indignação.
Fizeram isso da forma mais rara de se ver acontecer: abrindo a bolsa. E não foi às escuras, foi corajosamente, dando nome, endereço, telefone e CPF. Tudo de acordo com a transparência que exige a Lei.
Acredito que por orientação do PT, pressionado pelo cenário de ódio gerado no país pela mídia, as lideranças do partido esconderam as cabeças na areia, como avestruzes, durante todo o processo do dito “mensalão”. Isso quando não externaram declarações condenatórias. Foi lamentável!
Com isso, causaram a triste impressão de que abandonavam os companheiros históricos por lhes atribuírem culpa. Finalmente, o partido parece ter tomado consciência do grave dano que provocou em sua própria imagem, devido àquela sua atitude amedrontada e mesmo bíblica do “antes de o galo cantar me negarás três vezes”.
Vemos agora crescer em número cada vez maior de brasileiros a convicção de que o dito “mensalão” não é mensalão. É Mentirão.
Essa consciência se manifesta através da solidariedade generosa dos doadores, num gesto coletivo que pode também expressar um protesto contra o que consideram uma injustiça, um julgamento político.
Vemos também uma grande preocupação com os rumos democráticos do país, que tem como bem maior a liberdade conquistada à custa do sofrimento e do sangue de tantos heróis mortos
Importante: o sacrifício desses heróis não é patrimônio do PT, é da História Brasileira!

A solidão de Narciso

As pessoas vêm à minha palestra “As Prisões“ e, durante muitas horas, compartilham os seus dilemas pessoais:
“Minha vida é uma bosta.
Estou presa num financiamento de imóvel que me escraviza.
Meu pai me obrigou a fazer direito mas eu queria fazer biologia.
Quero abrir o relacionamento mas a namorada não deixa.
Tenho vinte e cinco anos e ainda não construí nada. etc etc.”
E, no fim das contas, nada que eu tenha a dizer pode solucionar essas questões.
Até que porque essas questões não têm solução.
A única resposta possível é a que encerra a palestra:
Que a solução é não se importar com essas questões. Que elas não são relevantes. Que elas todas são apenas o seu ego falando.
Se você me diz,
“Quero fazer tal e coisa mas meu pai não deixa”,
A minha única resposta, minha resposta generosa e sincera, a única resposta que acredito que pode ajudar, é:
“Você vai morrer em breve, seu pai também, provavelmente antes, e que nesse meio tempo muitas outras pessoas vão morrer, a grande maioria delas com problemas bem maiores que o seu, e o que você está fazendo a respeito?”
"Echo & Narcissus" (1903), de John William Waterhouse.
“Eco & Narciso” (1903), de John William Waterhouse.
* * *
Há muito tempo, eu dava aulas em uma universidade nos Estados Unidos, onde as pessoas são muito mais obcecadas por notas que no Brasil. Então, quando estudantes começaram a pirar antes da prova final, eu dizia algo mais ou menos assim:
“Pensem comigo. Somos todos primatas sem alma, vivendo vidas sem sentido, presos na superfície de uma bola de pedra girando em torno de si mesma e se deslocando em círculos pelo vazio do espaço, destinados a morrer em breve, junto com todos nossos entes queridos, assim como nossos países, nossas culturas e nossos idiomas, que vão desaparecer também, aquecidos por um sol que logo se auto-destruirá, levando com ele tudo o que já conhecemos.
Então, sinceramente, no grande esquema das coisas, que importância pode ter essa prova?”
"Eco & Narciso" (1628), de Nicholas Poussin.
“Eco & Narciso” (1628), de Nicholas Poussin.
* * *
Um trechinho do livro “Sempre Zen” (1989), de Joko Beck:
“O que de fato queremos é uma vida natural. Mas nossas vidas são tão artificiais que essa busca, no começo, é bastante difícil.
Apesar de estarmos começando um novo caminho, trazemos as mesmas atitudes que tínhamos anteriormente: não achamos mais que a resposta está em um novo carro de luxo, mas sim em alcançar a iluminação. Continuamos na mesma corrida, apenas trocamos o troféu. Agora temos um novo “se ao menos”: “se ao menos eu conseguisse entender um pouco melhor o universo, então eu seria feliz”; “se ao menos eu conseguisse atingir uma pequena experiência de iluminação, então eu seria feliz”, etc, etc.
Muitas de nós acreditamos que se tivéssemos um carro maior, uma casa mais bonita, férias mais longas, um patrão mais compreensivo, ou um parceiro mais interessante, nossas vidas seriam muito melhores. Não há quem não pense assim.
Passamos a vida pensando que existe o “eu” e que existe essa outra coisa separada, “o tudo que não sou eu”, que nos causa alternadamente dor ou prazer. Assim, evitamos tudo que nos fere ou desagrada ou causa dor; e buscamos ou toleramos ou aceitamos tudo que nos agrada ou nos envaidece ou nos causa prazer, fugindo de uns e perseguindo outros. Sem exceção, todos fazemos isso.
Ficamos apartados da vida, olhando para ela de fora para dentro, analisando, fazendo cálculos como “e o que eu ganho com isso? será que vai me trazer prazer ou conforto? será que devo fugir?” Sob nossas fachadas agradáveis e amistosas, existe muita ansiedade.
Se nosso barco cheio de esperanças, ilusões e ambições (de chegar a algum lugar, de tornar-se espiritual, de ser perfeito, de alcançar a iluminação) vira de cabeça pra baixo, o que é esse barco vazio? O que sobra? Quem somos nós?”
Charlotte Joko Beck (1917-2011)
Charlotte Joko Beck (1917-2011)
* * *
Um trechinho do livro “Not for Happiness” (2012), de Dzongsar Jamyang Khyentse:
“Esses dias, o objetivo de muitos ensinamentos é fazer as pessoas “se sentirem bem”, validando seus egos e suas emoções. Mas é um erro considerar que a prática do caminho vai nos acalmar ou nos ajudar a viver uma vida tranquila. Se você só está preocupado em se sentir bem, melhor fazer uma massagem relaxante ao som de uma música new age.
O caminho não é terapia. pelo contrário, ele foi elaborado sob medida para expor nossas falhas e virar nossa vida de cabeça pra baixo.
Aliás, se você pratica o caminho mas sua vida ainda não virou de cabeça pra baixo, então sua prática não está funcionando.”
Dzongsar Khyentse e criança.
Dzongsar Khyentse e criança.
* * *
Quando um paciente chegava com questões existenciais profundas, o Analista de Bagé (personagem criado por Luis Fernando Veríssimo) lhe dava logo um joelhaço “bem ali onde tudo começa e tudo se resolve”.
Se o bagual começasse a reclamar da “finitude humana”, do “vazio cósmico”, do “absurdo da existência”, levava outro joelhaço.
Finalmente, o vivente compreendia que o infinito pode ser uma sensação horrível, mas que o joelhaço, aquela dor enorme, ali nas bolas, ali naquele momento presente, mais presente impossível, era muito pior.
Nesse momento, estava curado.
A terapia do joelhaço.
A terapia do joelhaço.
* * *
Um trechinho do texto A segunda história de Eco e Narciso (2012), da pessoa que escreve sob o pseudônimo de O Último Psiquiatra:
Narciso não estava tão apaixonado por si mesmo que não conseguia amar mais ninguém: é o oposto. Ele nunca amou ninguém e então se apaixonou por si mesmo. Porque ele nunca amou ninguém, ele se apaixonou por si mesmo. Essa foi sua punição.
* * *
A solidão é um egoísmo: ninguém reclama “estar sozinho”, sente “vazio existencial”, ou quaisquer outros desses caprichos bem-alimentados, quando está ouvindo, acolhendo, se doando para outra pessoa.
Narciso não estava só: ele tinha seu reflexo.
"Narciso", de Caravaggio.
“Narciso”, de Caravaggio.
* * *
Há doze anos, escrevo sobre aquilo que chamo de “As Prisões“:
São as bolas de ferro mentais e emocionais que arrastamos pela vida. São as ideias pré-concebidas, as tradições mal-explicadas, os costumes sem-sentido.
Comecei a questioná-las uma a uma: verdade // dinheiro // privilégio // sexismo // racismo // monogamia // religião // patriotismo // escolhas // respeito // certezas // os outros // medo // ambição // felicidade // narcissismo.
Nos últimos meses, tenho viajado o Brasil falando sobre As Prisões. Uma conversa experimental, sempre no fim-de-semana, um espaço livre para todos compartilharem suas histórias, para todas as certezas serem chacoalhadas. As próximas são em Curitiba, Belo Horizonte, Vitória e Belém, em maio.
(Para mais detalhes, calendário completo, vídeos, depoimentos de quem foi, roteiro completo da palestra, tudo isso, veja aqui.)
Alex Castro

alex castro é. por enquanto. em breve, nem isso. // todos os meus textos são rigorosamente ficcionais. // se gostou, mande um email, me siga nofacebook, compre meus livros, faça uma doação ou venha às minhaspalestras. e eu te agradeço.

Outros artigos escritos por