Refrescando a memória

Quando da implantação do Sivam, o então presidente dos Estados Unidos Bill Clinton soprou no ouvido de Fernando Henrique Cardoso que tinha interesse pessoal na contratação da empresa estadunidense Reateon. Concluída a "licitação", FHC fez questão de telefonar a Clinton para dar a boa nova, revelando toda a sua subserviência e servilismo. São histórias como esta que muitas pessoas esquecem ou não tomaram conhecimento na época, todavia o fato é que nos tempos atuais os brasileiros não abaixam a cabeça para ninguém.

por Neno Cavalcante - coluna É - Diário do Nordeste

Luis Nassif: Uma pessoa é ela e suas circunstâncias. Um juiz é seu conhecimento e suas circunstâncias


Não confunda Sérgio Moro com Fausto de Sanctis


A Ajufe (Associação dos Juízes Federais), por eleição direta, indicou três juízes federais como seus candidatos para ocupar uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal). Dois deles que viveram a circunstância de julgar processos que mexiam com as entranhas do poder: Sérgio Moro, que toca a Operação Lava Jato, e Fausto De Sanctis, que tocou a Satiagraha.
É importante entender a diferença entre ambos, na análise de suas circunstâncias.
As duas operações envolviam o mundo político-empresarial brasileiro, grandes empresas e pessoas ligadas a todos os partidos. Qualquer operador de mercado sabe que nesse submundo dos negócios do Estado navegam PT, PSDB, PMDB, PP e a rapa.
A diferença entre ambos é que, ao não privilegiar nenhum lado, De Sanctis ficou do lado da Justiça. Na Satiagraha as circunstâncias do processo o levaram a enfrentar TODAS as forças da República – governo, poder econômico, STF, grupos de mídia.
Suas investigações bateram em Daniel Dantas – apadrinhado por José Serra e Fernando Henrique Cardoso – e em José Dirceu – então todo poderoso Ministro-Chefe da Casa Civil. Enfrentou a fúria de Gilmar Mendes e o esvaziamento promovido na Operação pela própria Polícia Federal do governo Lula. Pode ser acusado de radical, jamais de oportunista.
Mesmo com exageros, em nenhum momento tergiversou ou escolheu qualquer lado que não fosse o da Justiça. Naquele momento, perante a consciência jurídica do país, elevou ao máximo o respeito pelos juízes federais de 1a Instância. Daí o justo reconhecimento da Ajufe ao seu trabalho.
Sérgio Moro também enfrentou suas circunstâncias.
Avançou em duas operações delicadas, estudou-as, entendeu sua abrangência, percebeu que atingiam todos os lados do espectro político. E se viu com o poder extraordinário de controlar as informações de um tema que mexe com a opinião pública e até com o processo eleitoral.
É nesses desafios que se identifica a têmpera e os compromissos de um juiz.
De Sanctis foi grande: não cedeu.
Sérgio Moro escolheu lado. Não pensou na Justiça e na imagem dos seus próprios colegas, juízes federais, que pouco antes o haviam escolhido como representante da categoria. Sequer pensou que a eficácia de uma operação contra o crime organizado reside em identificar todos os elos, todo o mundo político. Só assim haverá força política para promover mudanças que eliminem o mal.
Nessa hora, o campeão da luta contra o crime organizado, pensou apenas em si e decidiu tentar ser peça decisiva em uma eleição que elegerá a pessoa – o presidente da República – que indicará Ministros ao Supremo. No momento em que o STF começa a se arejar com a discrição sólida de um Teori Zavascki, de um Luís Roberto Barroso, de Ricardo Lewandowski, de Celso de Mello, surge um novo Luiz Fux, um jovem Gilmar Mendes.
Então, para que não se cometa nenhuma injustiça em relação a De Sanctis, que se coloque a retificação. Um juiz é feito de conhecimento e de caráter. Juntando todas as peças, ele e Moro não são comparáveis.


Aliás, seria instrutivo algum tracking junto aos associados da Ajufe para avaliar quantos votos Moro perdeu ou ganhou com seu gesto.


Bom dia!

Hoje, amanhã e sempre
Te desejo uma fé imensa
Em qualquer coisa, em tudo que for fazer

Que a tua esperança se renove a cada dia que o sol nascer
Tomara que você não desista nunca, jamais, daquilo que pretende fazer
Que você reconheça o valor do outro, sem esquecer do teu próprio valor

Tomara que apesar dos pesares todos, você continue valente suficiente para não abrir mão de ser feliz

Vai dar tudo certo!

Vai ter amor, vai ter fé, vai ter paz - o que de bom faltar, a gente inventa -
Será bom o que vem para você
Você será feliz!

Caio Fernando Abreu




Ricardo Melo: Fhc, o príncipe que virou sapo

Conforme previsto, boa parte da campanha eleitoral vem sendo dominada por vazamentos seletivos sobre a Petrobras. Neles ressaltam a falta de cuidado quanto às circunstâncias e alcance do que falam os "delatores". Um áudio ali, uma declaração aqui, documentos secretos acolá --vale tudo. O julgamento parece estar feito.

Personagens surgem e desaparecem subitamente. 
Cada um pense o que quiser.
Mas quem tocou no ponto central foi um candidato fora da cédula: Fernando Henrique Cardoso. Num tom quase que acusatório, disse que o voto do PT vem dos pobres. Claro, tentou tucanar o próprio preconceito. "O PT está fincado nos menos informados, que coincide de ser os mais pobres [sic]. Não é porque são pobres que apoiam o PT, é porque são menos informados".
Bem, caro ex-presidente, e antes, como explicar seus votos no Nordeste à custa de alianças com o finado PFL e oligarquias reacionárias? Pelo mesmo raciocínio, pode-se chegar à conclusão de que a derrocada tucana começou depois que os pobres se informaram. E não gostaram do que viram. Ou seja, o contrário do que deduz o ex-presidente. Isso sem falar que os bem ou mal informados, tanto faz, derrotaram o genérico Aécio em plena Minas Gerais. Danem-se as urnas: o outrora festejado "príncipe dos sociólogos" escolheu inverter a fábula e se transformar em sapo dos endinheirados.
Talvez o que mais incomode não seja propriamente a decomposição intelectual. É a soberba quando se trata de dar aulas de ética, moral e bons costumes. FHC protagonizou um dos maiores estelionatos eleitorais: promoveu a desvalorização abrupta do real, negada de pés juntos por ele durante a campanha de 1998. Para aprovar a reeleição, o esquema oficial subornou parlamentares a peso de ouro. Sua obsessão privatizante nem sequer gerou dinheiro em caixa, ao menos para o contribuinte honesto. Pelas contas do jornalista Aloysio Biondi, a liquidação estatal deu um prejuízo de cerca de R$ 2,5 bilhões ao povo. Para quem se interessar, os números estão lá, na página 100 do livro "O Brasil Privatizado".
Aécio parece ir pelo mesmo caminho. Inútil perder tempo com as caudalosas entrevistas do candidato. Bastam alguns exemplos de disparates. Com a modéstia habitual, Aécio compara sua candidatura ao movimento que derrubou a ditadura militar! Diz ainda que fará um governo dos pobres (mal ou bem informados?) e que pretende ser o presidente da educação. Silencia sobre o fato Minas Gerais pagar aos professores, com base na contabilidade criativa tão criticada pelos tucanos, um piso inferior ao nacional. Chega a afirmar que obras como o aeroporto familiar construído com dinheiro público visaram ao interesse coletivo. Parece galhofa.
Quantos ministérios vai cortar? A gasolina custará quanto? Quantos cargos serão eliminados? Respostas: "Não posso antecipar cenários específicos", "no momento em que anunciar o novo desenho da máquina pública", "encontraremos o caminho legal adequado". Para fechar com chave de ouro, diz opor-se "violentamente a qualquer tipo de cerceamento de liberdade [...] em especial a liberdade de imprensa." Os jornalistas de Minas que o digam.
Enfim, declarações que soam tão verdadeiras quanto a marquetagem do choque de gestão aecista. A esse respeito, vale ler a manchete da Folha deste domingo (12). O perigo é se informar e trocar de candidato.



Laura Capliglione: Descanse em paz Marina Silva

Marina

Fundadora da Central Única dos Trabalhadores e organizadora do PT, além de amiga e fraternal companheira do líder seringueiro Chico Mendes, Marina Silva foi durante anos, dentro do campo da esquerda brasileira, a representante de uma utopia que tentou conciliar três vetores quase sempre desalinhados: o desenvolvimento econômico, a inclusão social e o respeito ao meio ambiente e às populações tradicionais.

Sua saída do PT, em 2009, empobreceu o partido e o debate interno sobre qual caminho seguir na busca por um mundo mais justo e solidário.

A figura frágil – sobrevivente da miséria dos migrantes recrutados para trabalhar na extração da borracha; nascida em uma família de onze irmãos (da qual oito se criaram); órfã aos 15 anos; sonhática (conforme a auto-definição); vítima da malária, da intoxicação pelo mercúrio dos garimpos e da leishmaniose (doenças da extrema pobreza) – pereceu no domingo, 12 de outubro, depois de lenta agonia.

Foi nesse dia que ela formalizou seu apoio ao tucano Aécio Neves no segundo turno das eleições presidenciais, contra a candidatura da petista Dilma Rousseff.

Como membro do Partido dos Trabalhadores, onde militou durante 23 anos, Marina ajudou a eleger e a implantar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em que exerceu o cargo de ministra do Meio Ambiente durante cinco anos e quatro meses. Foi um período importante, que consolidou as condições para o Ceará, terra dos pais de Marina, crescer mais velozmente do que a média nacional –3,4% ao ano, contra 2,3% da média nacional.

Anos também importantes para o Nordeste como um todo, que deixou de ser exportador maciço de mão-de-obra, já que criou oportunidade de emprego e renda "como nunca antes". Só para efeito de comparação, ainda hoje a atividade econômica nordestina cresce acima de 4% (nos cinco primeiros meses de 2014), resultado superior à média nacional (0,6%), segundo o Banco Central.

Exemplo de superação das dificuldades, Marina Silva conta em sua biografia com uma passagem como empregada doméstica. Dureza. Mas a contribuição de Marina no fortalecimento do governo do primeiro operário na Presidência ajudou a mudar a situação das empregadas domésticas.

Primeiro com a valorização do salário mínimo, que passou de R$ 200, no último ano do governo do tucano Fernando Henrique Cardoso, para os R$ 724 atuais.

Depois, com a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição das Empregadas Domésticas, de 2013, que ela, com seu exemplo e luta a favor dos oprimidos, ajudou (ainda que indiretamente) a garantir.

Mais de um século depois da Abolição da Escravatura, 7,2 milhões de empregados domésticos brasileiros foram incluídos na categoria de cidadãos dotados de mínimos direitos trabalhistas, entre os quais o controle da jornada de trabalho, definida em oito horas diárias.

Além disso, a categoria começou a receber horas extras, remuneradas com valor pelo menos 50% superior ao normal.

Marina estudou muito, de modo a formar-se como historiadora, professora e psicopedagoga, em uma época em que o país só oferecia aos membros da elite branca a possibilidade de conquistar um diploma de nível superior.

Como membro do Partido dos Trabalhadores e afrodescendente, Marina ajudou a fazer a revolução educacional que aumentou o acesso dos mais pobres e morenos aos bancos universitários.

Pela via da ampliação no número de vagas nas universidades federais, do ProUni e do Fies, o número de vagas no ensino superior mais do que duplicou de 3,5 milhões (em 2002) para 7,1 milhões (em 2013).

Uma vida de vitórias, exemplos e superações.

Mas Marina Silva acabou no domingo 12 de outubro, quando virou as costas para sua própria trajetória ao declarar voto no candidato Aécio Neves, o representante de uma política econômica ostensivamente contrária à valorização do salário mínimo e à ampliação das políticas sociais e de inclusão.

Com o capital eleitoral que conseguiu reunir no primeiro turno (21,32 % do total de votos, ou 22.176.619 eleitores), Marina poderia ajudar sua Rede Sustentabilidade a se consolidar como a tal terceira via de que tanto falou antes.

Ela preferiu juntar-se a forças bem conhecidas dos brasileiros:

Que criminalizam os movimentos sociais;

que atentam contra a liberdade de imprensa;

que são apoiadas pela chamada "Bancada da Bala",

por Silas Malafaia e por Marcos Feliciano.

Sem contar que os votos de Levi Fidelix (PRTB, o idiota que fez do aparelho excretor um programa de governo), devem ir para Aécio também.

Marília de Camargo César, autora da biografia "Marina: a vida por uma causa" (editora Mundo Cristão, 2010), conta que, diante de um problema de difícil resolução, a ex-ministra costuma praticar a "roleta bíblica", que consiste em abrir a Bíblia aleatoriamente, para saber o que Deus recomendaria na situação.

Não é difícil imaginá-la nesse mister quando ela se saiu com a ideia de pedir que o PSDB reconsiderasse a campanha pela redução da maioridade penal, como condição sine qua non a seu apoio.

Aécio respondeu sem pestanejar: -Não!

E assim acabou-se mais uma 'convicção firmíssima' de Marina.

Descansa em paz, Marina!

A trincheira de cada um, por Pedro Porfírio

Marina Silva desbundou de vez, rendeu-se ao que há de pior. Em compensação ainda há lucidez no país

 



  
 Aqueles que estão comigo representam o meu projeto de país: de avanço. Os que estão do outro lado representam o retrocesso.
Dilma Rousseff
 
Depois de um mal produzido jogo de cenas, na tentativa de provocar um frenesi orgástico no ambiente político, a ex-petista (25 anos de casa) Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima, nascida Maria Osmarina Silva de Souza, soltou um traque ao anunciar o óbvio: ela e Neca Setúbal, mais a tropa cartorial e  fisiológica do PSB pernambucano juntaram os seus trapos aos do Aécio Neves da Cunha, o menino prodígio que aos 25 anos já era diretor da Caixa Econômica Federal no trem da alegria tucano.
 
Pela demora de sua declaração de voto e pelas encenações iluminadas passo a passo por uma mídia amiga pode-se imaginar quantas cartadas rolaram entre 4 paredes: em público, ela ficou chupando dedo - a tal exigência do fim da reeleição evaporou-se  e agora a boa moça terá a cínica tarefa de dizer aos  que acreditaram na sua peroração de mudança que aquela resistência aos tucanos de alta plumagem, como Alckmin da "Opus Dei" ultrarreacionária, não passava de letra morta em sua obtusa catilinária de laboratório.
 
Agora o país terá na mesma nau do retrocesso do capitão Bolsonaro, direitista raivoso,  ao senador Cristovam Buarque (que decepção): do papo reto Eduardo Jorge ao homofóbico pastor Everaldo, nos uniformes de escudeiros daquelas cruzadas da inquisição com a missão de arrasar tudo o que se tentou para minimizar o sofrimento do povaréu, incluindo o imediato restabelecimento do ARROCHO SALARIAL e a mitigação de tudo o que arranhar a pirâmide social, conforme a exigência da burguesia e da alta classe média segundo a qual  o pobre tem de reconhecer o seu lugar de subalterno. 
 
Vale lembrar, a propósito, que o primeiro acordo de Aécio Neves da Cunha foi com a medicina mercantil, para desmontar o programa Mais Médicos, que está levando assistência a 50 milhões de cidadãos das periferias e mostrando que a saúde preventiva de baixo custo é o santo remédio que, para os mercantilistas, se tornou um grande purgante.
 
É a oxigenação com os gases da felonia, a ressurreição do capitalismo selvagem, a volta da intolerância dos nostálgicos da ditadura (que detonarão a Comissão da Verdade) a hegemonia do mercado especulativo e aquela velha receita do tempo em que o governo tucano resistia até a um salário mínimo de 100 dólares (R$ 245,00): isso esses políticos multifacéticos podem esquecer, o povo, não. 
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Mensagem do dia

Saia da rotina
Saia de si
Pegue leve e aceite que nem tudo está sob seu controle
Pare e pense:
Qual foi a última vez que se apaixonou?...