Charge do dia

Dona Maria Louca e o juiz Moro

Perdão, leitores! Mas não quero falar de Maria Francisca de Bragança, rainha de extrema devoção religiosa, conhecida por A Piedosa, mas que no final da vida se popularizou como Rainha Louca, quando acometida de grave doença mental.
Quero falar de outra Maria Louca, conhecida personagem policial da cidade de Santo André/SP. Essa tal Maria seria ou é mitômana, tinha ou tem talvez o mesmo problema da testemunha que enganou a TV Globo, ao descrever ao vivo cenas incríveis sobre seu contato com então candidato Eduardo Campos, logo após o trágico acidente aéreo que matou o político. "Eu o reconheci pelos olhinhos azuis", disse o mitômano-testemunha. Só mesmo ele para ver a cor dos olhos de um corpo carbonizado, que precisou de exame de DNA pra ser identificado.
Pois bem. Maria Louca, conhecida de muitos policiais civis de Santo André, costuma ler jornais, tem preferência por notícias trágicas, crimes. De tanto ler, acaba entrando no cenário do crime e apresenta-se como testemunha. Faz tantos relatos convincentes e, por saber tantos detalhes, acaba sensibilizando investigadores menos prudentes. Foi assim que, durante muito tempo, a "Maria Louca de Santo André" passou a dar detalhes sobre a morte de Celso Daniel, ainda que nenhuma referência tenha feito à cor dos olhos do ex-prefeito. Mas, suas informações foram muito utilizadas para alimentar a imprensa, sobretudo para dar suporte à tese da "queima de arquivo".
Com conhecimento zero da profundidade da Operação Lava Jato, vejo com preocupação a síndrome da Maria Louca que vem acometendo parte da sociedade. Os detalhes apresentados pela dita "grande mídia Maria Louca" são tantos, que a tal Maria anda dando filhotes. Com propriedade, já se observa nas ruas, nos bares, os filhos e netos de Maria Louca dando detalhes sobre os cogitados crimes do ex-presidente Lula. Somos todos testemunhas!!
Recentemente, visitando um site jurídico, estava visível a ira até de advogados, empresários, estudantes de Direito, todos inconformados com o fato dos defensores do ex-presidente haver entrado com um processo contra o jornal O Globo. A fúria insana dos comentários causava perplexidade, e num deles um suposto advogado chegou a escrever: "e o cara de pau ainda tem a coragem de querer se defender!". Pasmem! Em plena vigência da síndrome da Maria Louca, acusado não pode se defender. O juiz que recebeu a ação do ex-presidente negou o pleito e foi preciso recorrer.
Parte-se do princípio da "verdade sabida", detalhe que durante a ditadura fazia parte das normas internas da Polícia Federal. Não era preciso provar: é sabido, foi divulgado, é presumível, pode ser verdade, virou fato. Foi assim na base do, só pode ser, que surgiu a primeira condenação de José Dirceu. Por falta absoluta de nexo material entre sua conduta e os supostos crimes apurados, não recorreram sequer à indícios. Condenaram por presunção, um suposto domínio do fato, sem que se sequer o fato tenha ficado claro.
A síndrome da Maria Louca parece rondar a sociedade num ciclo de retroalimentação. A grande mídia aproveita-se de vazamentos da Operação Lava Jato e insufla o ódio coletivo, divulgando fatos que podem ser ou não ser. E, reafirme-se que os suspeitos reais, imaginários, artificiais – pouco importa(!), não podem sequer tentar se defender. "Olha só! Ainda tem coragem de questionar na Justiça".
Sim. Para Dona Maria Louca, pouco importa que um tríplex no Guarujá/SP não seja essa fábula toda e que o barquinho de lata da Dona Marisa não seja um iate. Do mesmo modo, não importa que a própria Maria Louca apareça para dizer que viu Lula e ou Marisa entrando ou saindo do imóvel ou pescando piabas num barquinho. Pouco importa que qualquer grande personalidade pública possa ser assediada por puxa-sacos, sempre prontos a fazer "agrados", que de longe configurariam crime. Mas, Roma quer ver sangue. É preciso vasculhar o lixo da casa ex-presidente Lula. Quem sabe possam encontrar vestígios de que tenha comido carne da Friboi e que isso, diante da visão catatímica já imposta em parte da sociedade, seja transformado em prova inconteste de que Lulinha, seu filho é, realmente o dono daquela "carniceira".
Posso imaginar, a essa altura dos fatos, que a grande inquietação do mundo jurídico e, mais particularmente dos advogados do ex-presidente Lula, é que Dona Maria Louca já tenha batido à porta do juiz Sérgio Moro e que isso possa firmar jurisprudência.
Armando Rodrigues Coelho Neto é advogado, jornalista e delegado aposentado da Polícia Federal.

Meme do dia

Foto de Poder ao Povo.
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Briguilinks

O laranjal dos Marinhos não interessa a Moro, PF e MPF, por que?

Extra: Helicóptero dos Marinhos foi registrado pela "agropecuária" dona do triplex em Paraty
ptsda
A planilha de registros aeronáuticos da ANAC, atualizada em dezembro do ano passado registrava como operador do helicóptero Agusta A-109, matrícula PT-SDA, utilizado pela família Marinho, o Consórcio Veine-Santa Amália. A Veine é a empresa que, formalmente, é “dona” da Mansão dos Marinho em Paraty, e tem participação de empresas panamenhas, representadas por “laranjas” brasileiros.
A empresa que, como revelou o Viomundo, foi aberta em  São Paulo com o nome de MB (Michel Bechara) Jr. Patrimonial e Investimentos Imobiliártios Ltda. e , um mês e meio depois de criada virou a  Agropecuária Veine Patrimonial Ltda., transferiu-se para o Rio com dois sócios: o contador Jorge Luiz  Lamenza e a a Sra. Lúcia Cortes Pinto.
Lamenza representava, com 90% do capital, a empresa panamenha Blainville International Inc..
Lúcia tinha os outros 10% e foi localizada por este blog, por telefone.
Negou ter tido qualquer ligação com esta empresa, mas reagiu de forma hostil até ao oferecimento de enviar-lhe os documentos oficiais onde consta como sócia, como naturalmente faria uma pessoa que nada tivesse a ver com o negócio. Apesar da gentileza com que foi tratada, demonstrou mais irritação que curiosidade e acabou por bater o telefone.
No momento do telefonema, não tínhamos os documentos que provavam ser a agropecuária operadora do helicóptero dos Marinho.
Será feito um novo contato amanhã cedo, com nova oferta de envio dos documentos, pois ninguém quer crucificar uma pessoa muito provavelmente utilizada  como “laranja”, pois vive em um apartamento de blocos, num bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro.
Como a Dona Lúcia não quis que eu lhe mostrasse os documentos, os mostro aqui, na esperança de que ela, amanhã cedo, não queria entrar de gaiato no navio.
jucesp
consorcio

Sérgio Moro é filho da classe média tradicional


A realidade brasileira do Judiciário esbarra na própria Educação que os magistrados receberam em casa e na escola e até no curso de Direito.
Como classe média tradicional paulistana sei que a minha Educação (da minha classe social, não da minha família em específico) é via ensino meritocrático, baseado o ensino na ideia do vestibular que gera a boa faculdade numa carreira rentável e que me vai levar ao sucesso profissional, o que me propiciará comprar coisas de valor e angariar status social; nenhuma valorização do social, do pensar coletivo somos levados a ter.
Neste mundinho reproduzido em larga escala no meu convívio social as pessoas sempre tiveram alguns hábitos ligados à informação sobre o cotidiano do Brasil e do Mundo: ler/assinar a Revista Veja, depois veio a mania da Folha por causa das enciclopédias, dicionários, CDs e etc. no domingão e assistir diariamente o Jornal Nacional.
A realidade da classe média tradicional é personalista e seu contato com o mundo externo é via velha mídia: Rede Globo, Veja, Folha e Estadão (“os quatrocentões”) + Globonews e CBN. Nunca um morador de classe média tradicional foi em Sapopemba ou no Itaim Paulista. Ele sabe de lá pelo noticiário que vai dizer de uma chacina ou de traficantes presos naqueles bairros. A visão de mundo da minha gente é a visão de mundo que a velha mídia forjou.
Os nossos neurônios, talvez, sejam pouco testados e ai é que mora o perigo.
Leitor da Veja e telespectador da Globonews e JN que recebe um Jornalismo mastigado, irreflexivo e sem contraditório não está preparado para ser Magistrado, mas é.
E é por quê?

Parcial, seletivo, cínico e capacho do Psdb

- Ou se aplica a Lei para todos ou que todos fiquem fora da lei -

Vamos mudar apenas algumas poucas palavras do texto do pena-paga do Josias de Souza e fica provado que ele é apenas mais um escritor de tucanices, parceiro dos MOuseRO e Mentes de toga. 

Moro oferece dados para TSE superar cinismo

O convívio com a impostura é um velho hábito da Justiça Eleitoral. A acintosa promiscuidade financeira das campanhas políticas tornou-se tão ‘normal’ no Brasil que as milionárias eleições presidenciais não ocorreriam sem elas. O fenômeno nunca resultou em condenações porque o TSE ainda não se lembrou de cumprir a lei. Aceita as fantasias construídas pelas tesourarias dos comitês de campanha como se fossem prestações de contas legítimas. E se abstém de cassar mandatos de inquilinos do Planalto. A Lava Jato exigirá uma dose extra de cinismo para manter a fantasia que historicamente substitui e camufla a realidade.
Em ofício enviado ao TSE, Sérgio Moro adicionou realidade na farsa. O juiz da Lava Jato não só insinuou que a Justiça Eleitoral foi ludibriada como indicou o caminho que o TSE deve seguir para comprovar que o PSDB lavou dinheiro de propinas na bacia das doações eleitorais. Diante dos dados fornecidos pelo magistrado, o tribunal pode interromper o ciclo de conivência ou manter o velho hábito do convívio com a impostura.
O mapa da mina que Moro entregou ao TSE veio à luz em notícia veiculada no site de Veja, na noite deste domingo. Nela, os repórteres Daniel Pereira e Felipe Frazão contam que o magistrado anotou em seu ofício: “Destaco que na sentença prolatada na ação penal 5012331-04.2015.404.7000 reputou-se comprovado o direcionamento de propinas acertadas no esquema criminoso da Petrobras para doações eleitorais registradas [na Justiça Eleitoral].''
Neste processo mencionado por Moro, não foram condenados o ex-tesoureiro do PSDB, apenas o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, um preposto do tucanato na petrogatunagem.
(...) Arriscando-se a ensinar reza a um vigário cego, Moro sugeriu ao TSE que interrogue delatores da Lava Jato que confirmaram a conversão de propinas em ‘doações’ eleitorais oficiais e em caixa dois de campanha.
Escreveu o tucano: “Saliento que os criminosos colaboradores Alberto Youssef, Paulo Roberto Costa, Pedro José Barusco Filho, Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, Milton Pascowitch e Ricardo Ribeiro Pessoa declararam que parte dos recursos acertados no esquema criminoso da Petrobras era destinada a doações eleitorais registradas e não-registradas. Como os depoimentos [da Lava Jato] abrangem diversos assuntos, seria talvez oportuno que fossem ouvidos diretamente pelo Tribunal Superior Eleitoral a fim de verificar se têm informações pertinentes.''
Acatando a sugestão do juiz, o TSE pode, por exemplo espremer o doleiro Yousseff para que ele detalhe o trecho de sua delação em que declarou que Aécio e FHC tinham conhecimento do esquema criminoso na Petrobras.
O tribunal pode também esmiuçar o depoimento do delator Ricardo Pessoa. Dono da construtora UTC, o empreiteiro informou ter sido coagido a repassar R$ 7,5 milhões desviados da Petrobras para a campanha de Aécio.
Com algum esforço, pode-se enxergar o lado bom da situação, mesmo que seja necessário procurar um pouco. O Brasil vive um período excepcional de sua história. Advogados de Aécio tentam evitar que o TSE utilize as informações recebidas de Moro. Natural. Gente que plantou bananeira dentro dos cofres da Petrobras e Furnas poderá repetir a respeito das propinas que amealhou: “Calma, gente! É só doação eleitoral registrada no TSE.”
Se essa gente for cumprimentada por ministros aliviados da Corte eleitoral, o brasileiro chegará a um melhor entendimento sobre a importância relativa da ética. Acostuma-se a conviver com a lenda das eleições limpinhas pensando: “Na Síria está pior.''
Obs: vê como é fácil ser tucano?...