Poesia da noite
Kiko Nogueira - O protesto coxa do dia 31 será em homenagem ao diretor da Fiesp que deve R$ 6,9 bi ao Fisco
A manifestação coxa marcada para o dia 31 de julho tem como bandeiras, segundo o movimento golpista Vem Pra Rua, o afastamento definitivo de Dilma, o apoio à Lava Jato e a "prisão de políticos corruptos".
Faz tempo que ninguém mais acredita na honestidade desse pessoal, mas a coisa fica realmente escancarada nos detalhes: o ponto de encontro, em São Paulo, continua sendo a Fiesp.
A federação das indústrias, presidida por um homem sem indústria, Paulo Skaf, o popular Caveira, virou um símbolo golpista, a Torre Eiffel espiritual da vilegiatura do interino. Ajudou a financiar o golpe, deu abrigo e filé mignon a reaças sem teto, iluminou a sede com a palavra "impeachment".
Os sujeitos da Fiesp são feitos do mesmo material que os manés que se juntam em torno do edifício. Só têm mais dinheiro e são mais espertos.
Matéria do Estadão dá conta de que o empresário Laodse de Abreu Duarte, um dos diretores, é o maior devedor da União entre as pessoas físicas. A dívida é maior do que a dos governos da Bahia, de Pernambuco e de outros 16 Estados: 6,9 bilhões de reais.
Duarte já foi condenado à prisão por crime contra a ordem tributária, mas recorreu e está em liberdade. Dois irmãos dele ainda devem mais de 6,6 bilhões. Um outro estaria citado nos Panamá Papers e o próprio Laodse também aparece ligado ao escândalo Banestado. Uma beleza.
A entidade deu uma nota tentando tirar o corpo fora. Laodse não possui "qualquer vínculo ou responsabilidade sobre questões pessoais, profissionais ou empresariais de seus diretores e conselheiros". Ele aparece no site como integrante do Conselho do Agronegócio e da diretoria.
Não será expulso porque não é, obviamente, o único diretor da Fiesp com algum tipo de pepino na Justiça. Se os "grupos contra a roubalheira" fossem sérios e não bancados por essa gente, já teriam se manifestado publicamente ou mudado o ponto de encontro para, sei lá, o Trianon.
Nunca o farão. Laodse, se der as caras, será aplaudido como um injustiçado na luta contra o estado inchado e incompetente, que obriga o cidadão a pagar impostos que bancam ditaduras bolivarianas. O dinheiro, no tempo do PT, ia todo para Cuba. Agora ninguém sabe e ninguém se importa.
Alexandre Frota, conselheiro do ministério da Educação, estará lá, bem como Lobão. Et caterva. A ausência mais sentida será a do pato gigante. Plágio de um artista holandês, o bicho foi obrigado a sair de cena.
Estará no entanto, muito bem representado por outros patos, mais perigosos e esquisitos. O pato é o único animal que consegue dormir com metade do cérebro e deixar a outra em alerta. Seus amigos mantêm as duas metades desligadas o tempo inteiro, especialmente quando estão acordados.
Brasil - Um país que diz não ao golpe
Um no Rio de Janeiro.
Outro em New York.
Música, poesia, vídeo, pintura, literatura, todas as formas de artes no palco em defesa da democracia.
Artistas e intelectuais se uniram para denunciar os riscos da perda de direitos básicos duramente conquistados pelo povo brasileiro.
Entre estes direitos o principal é o de votar livremente e ter seu voto respeitado.
Eis os nomes de alguns dos que estão engajados na campanha:
- Daniel Filho, Wagner Moura, Roberto Amaral, Fernando Morais, Letícia Sabatella, Tico Santa Cruz, Zélia Duncan...
Sonegação é corrupção
Deltan Dallagnol e Sérgio Moro deram o aval. Considerando ter sido um ótimo negócio para União, "Afinal, sonegação não é corrupção", disseram os dois paladinos da ética e moral nacional, em coro.
Entrevista - Ciro Gomes compara "impeachment" a golpe de 64 e defende Dilma
Golpe de 64“Na ocasião, o Auro de Moura Andrade, um Renan Calheiros da época, presidente do Senado, declarou vaga a Presidência da República alegando que Jango tinha fugido do país. Sobre essa base mentirosa se ergueu um castelo de cartas: Ranieri Mazzilli, o Eduardo Cunha de então, era o último da linha sucessória, convocou eleição indireta – já tinha se passado dois anos da eleição – e Castelo Branco foi eleito no Congresso Nacional – com voto de JK, que acreditou na mentira de que seria apenas para terminar o mandato. Hoje ninguém duvida que foi golpe. Naquela época o STF também declarou a legalidade de tudo aquilo, exatamente como estão fazendo hoje.”“Não cometeu nem as pedaladas, porque isso se apura no exercício e ela encerrou 2015 com todas as contas pagas.”“Caso o golpe se consuma, ela crescerá muito como referência de firmeza. Aliás, é impressionante que a sociedade brasileira aceite o nível de mesquinharia de proibi-la, ainda presidente, de andar nos aviões da FAB, enquanto o Eduardo Cunha andava pra cima e pra baixo, um marginal afastado pelo STF. E cortar comida do Palácio, como se a Dilma estivesse comendo 60 mil por mês no maior luxo. Há um destacamento de 50 homens do Exército morando lá! Nunca quis viver pra assistir a isso. É justa a queixa da corrupção, do desmantelo do governo, mas não é possível que não saibam separar uma coisa da outra.”“É o responsável por entregar parte da administração aos ladravazes da República. Temer já era essa figura pequena e moralmente indefensável quando Lula o colocou na linha sucessória. Disse-me que não daria Furnas a Eduardo Cunha “de jeito nenhum” e no dia seguinte o nomeou – inclusive me afastei por isso.”“Tem um papel importante, mas pode estar sendo manipulado por ser muito jovem e a política ser mais complexa do que ele consiga perceber. Começou a aceitar o incenso, essa coisa de ir pro estrangeiro de gravatinha-borboleta… Juiz bom é o severo, aquele que não vai nem ao bar para não dizerem qualquer coisa. Certas ilegalidades cometidas na Lava Jato abrem brecha para a anulação de muita coisa lá na frente, como aconteceu na Satiagraha.”“Nos Estados Unidos, divulgar gravação de um presidente da República dá até pena de morte. Moro sabe que violou a lei e tinha obrigação de destruir as gravações.”“Salvo o Henrique Meirelles (de quem discordo, mas é meu amigo), justiça seja feita: esse governo é um misto de incompetência com bandidagem. O povo tem razão de estar zangado, porém o desastre de um governo ilegítimo se projeta para 20 anos, enquanto um mau governo passaria em dois. E é a maior frouxidão fiscal que eu já vi.”