Lula e a destruição de provas, por Uriano Mota

Em abril de 2006, em artigo sob o título “A imprensa e Lula em 2106”, eu chamava a atenção para a dificuldade do historiador em conhecer o Brasil 100 anos depois:

“Então o nosso historiador do futuro faz uma impressionante descoberta. Em 2006, na imprensa brasileira todos os fatos, todas as coisas, todos os acontecimentos, fossem do mar, da terra, do ar, do pensamento, dos répteis, das temíveis cobras corais, dos peixes até o mico-leão-dourado, todos os reinos e possíveis ocorrências se relacionavam, sempre, com o governo Lula. Para mal, of course... Até chegar a este extremo:

Nada se compara ao incidente de uma peçonheta cobra-coral que atravessou o caminho do presidente em 2003, o historiador viu em um jornal documento. Acontecera em Buíque, Pernambuco. Um agricultor, para defender o seu presidente, matou a cobra a pau. Pergunta de matéria do Estado de São Paulo:
‘Morte de cobra em Buíque foi crime ambiental?’...

Mas hoje, em 2017, sinto que o século correu muito depressa. Em dúvida, passem os olhos nos jornais desta sexta-feira e vejam em todas as televisões deste fim de semana. Antes do século vinte e dois, esta é a notícia preferida e perfeita:

“O empresário Léo Pinheiro, sócio da OAS, disse em audiência em Curitiba que o ex-presidente Lula pediu para ele destruir provas sobre propinas que a empreiteira pagou ao PT.

Segundo Pinheiro, Lula e ele discutiram sobre propina no Instituto Lula, entre abril e maio de 2014, dois meses depois que a Operação Lava Jato ter sido iniciada. Lula parecia "um pouco irritado" e teria perguntado se a OAS pagava propina ao PT no Brasil ou no exterior, segundo o relato feito pelo empreiteiro.

O empresário disse que respondeu que pagava no Brasil. O ex-presidente arguiu se ele mantinha os registros dos pagamentos feitos ao tesoureiro do PT à época, João Vaccari Neto. O empresário disse que mantinha.

Lula teria dito, segundo Pinheiro: "Você tem algum registro de algum encontro de contas, de alguma coisa feita com João Vaccari? Se tiver, destrua".

Com pequenas variações, essa tem sido a bomba da semana brasileira. Parece até haver uma central, uma agência única de notícias, como acontecia no tempo da ditadura, em que os textos publicados saíam prontos da Segurança Press para todo o Brasil. Hoje, em nenhuma mídia existe a ideia expressa em raros comentários, postados à margem na internet como estes:

“Pegar um senhor de idade já condenado a dezenas de anos de cadeia e obrigá-lo a falsos testemunhos é obra dos imundos Moro/Mendes/Temer. Escobar.

Se a Justiça aceitar esse tipo de prova, obtida claramente por força, constrangimento do delator, nestes termos: ‘ou me diz da forma que eu quero ou permanece preso’.... Delação ilegal, não apresenta nenhuma validade para um País que se diz democrático e de Direito”.

A esta altura, sinto que devia chamar estas linhas pelo título de “Lula e a não-notícia”. Quero dizer: devemos esquecer a lógica, o bom senso, a lei, a Constituição Federal, e, acima de tudo, devemos mandar às favas o Estado de Direito. Pois o que estão a nos informar?  “A denúncia mais grave contra o ex-presidente Lula apareceu na delação premiada do sócio da OAS”. A saber, Lula – o alvo, o cara - teria mandado destruir provas contra o PT. E foi obedecido! E não se precisa provar mais nada, porque as provas da fala de Lula e contra Lula sumiram.  Pois não foram destruídas? Pois não temos a palavra de um preso acossado, no limite dos seus últimos dias, no tribunal da Santa Inquisição que produz provas ou toma como provas a falta de provas?

É claro, não existe nada de graça. Nem para o delator, que se desonra em troca da liberdade de morrer desonrado, nem para o motivo da não-notícia. Perguntamos: 1. Querem destruir a candidatura Lula? Ou querem destruir Lula para sempre? Como dizia Groucho Marx, respondam à segunda pergunta primeiro.  

Em resumo, querem matar Lula, física e moralmente. Pior: os jornais já anunciam esta sua morte. Para eles, vale ao fim a resposta de Mark Twain aos repórteres especializados em manchetes que confundem o desejo com a realidade. Aos jornalistas, que haviam publicado na primeira página o triste fim de Mark Twain, ele próprio respondeu ao vivo, em uma coletiva de imprensa:

“As suas notícias sobre a minha morte são muito exageradas”.

*Originalmente publicado no Portal Vermelho

Fotografia erótica

O trabalho de Helmut Newton foi considerado polêmico por diversas vezes

Helmut Newton - O fotógrafo nasceu em 1920 em Berlim e morreu aos 83 anos na Califórnia. Seu trabalho começou a ganhar notoriedade a partir do final dos anos 1970. Ele trabalhou como fotógrafo de moda em grandes revistas, como a Vogue britânica e, mais tarde, a edição australiana do veículo. Além disso, ele foi o responsável por fotografar inúmeras imagens para a Playboy , como da atriz e modelo alemã Nastassja Kinski e da protagonista do filme de Alice de 1976, Kristine DeBell. O seu trabalho foi considerado polêmico diversas vezes por conta de ter um olhar das mulheres de forma sexualizada. Entretanto, Newton influenciou a fotografia de moda dos anos 1960 sendo até hoje uma referência do cenário.

Art figurines

Arte com figurinhas
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A importância de matar o mito, por Alexis

Bastaria que o Robin Hood tivesse pegado algum dinheiro para enriquecimento próprio para que a história medieval que conhecemos fosse desacreditada, e para que muitos senhores ingleses pudessem dormir melhor nestes últimos 500 anos e os anos que virão.
Hoje, para a elite brasileira, é fundamental prender o Lula e matar o mito. Quanto menor e brega seja o delito, mais ordinário o Lula será apresentado perante a sociedade, como um batedor de carteira, um aproveitador de sobras, um catador de restos de banquetes, ou seja, delitos que o "povo" entende claramente como tais. O apartamento do Geddel na Bahia é perdoável para as elites, pois demonstra bom gosto e articulação, mas não assim aquele apartamento brega em Guarujá.
Pela cultura brasileira, o povão convive e tolera elites ricas, elegantes, articuladas e espertas, mas não perdoa ladrão de galinha dentro da sua comunidade. Assim também a “justiça”, como fez com aquela mulher que roubou um pote de manteiga em supermercado e ficou 6 meses na cadeia.
A elite avança sobre Lula como bando de meninos vândalos que, depois de aprontar e serem questionados pela professora, estes apontam o dedo justamente para o mais comportadinho da sala, aquele carinha que os envergonha, aquele “mau exemplo”, aquele que os diminui moralmente.
Lula não é o santo nem precisa ser um mito (embora parte do povo precise disso), mas, a sua presença incomoda nas urnas e nos ambientes de poder. Lula deve ser destruído para que o Aécio não “pareça” ser tão ladrão assim; para que Serra e sua filha não sejam mais incomodados; para que os juízes que compraram apartamento em Miami sejam esquecidos; para que Cunha volte aos braços da sua mulher e recuperar os “trust”; para que Temer não seja tão insignificante assim; para que os privilégios de muitos permaneçam escondidos; para que Moro possa ir a morar aos EUA e encontrar sossego; para que a Globo possa continuar mandando; para que o povo não saia para rua; para que o povo engula as reformas sem voto; para deter esta “sangria” e essa “porra”; para deixar de mentir diante as câmeras; para vender o Brasil; para voltar à “normalidade”.

Charge do dia






Para quadrilha de Curitiba delação só vale se for para condenar





Considerada a "bala de prata" contra Luiz Inácio Lula da Silva, que seria eleito mais uma vez para comandar o País se as eleições fossem hoje.
A delação do empresário Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, só foi aceita depois que ele decidiu mudar sua versão para incriminar o ex-presidente; em junho do ano passado, a delação "travou" depois que ele inocentou Lula, segundo apontou reportagem da Folha; também no ano passado, em agosto, a delação foi suspensa quando vazaram trechos que incriminaram o senador Aécio Neves (PSDB-MG), e não Lula; relembre os dois casos Aqui