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O Fantástico da noite de domingo superou todos os graus imagináveis de promiscuidade entre uma emissora de televisão e uma instituição parajudicial, o Ministério Público.O MP cedeu ao programa global todas as imagens de uma “vistoria” que realizou no presídio de Benfica, no Rio, e às celas de Sérgio Cabral, Anthony Garotinho, Jorge Picciani e de Rosinha Matheus e da mulher de Cabral, Adriana Ancelmo( na imagem reproduzida acima)Um exposição mórbida que nenhum ser humano, nem mesmo meu pior inimigo, merece.Carregar presos em carroças pela praça pública é prática medieval.Não me prendo, porém, às minhas opiniões.Uso as da presidente do Supremo, a Ministra Cármem Lúcia que, ao que tudo indica, fará cara de paisagem diante deste abuso:Vivemos, nos tempos atuais, o Estado-espetáculo. Porque muito velozes e passáveis, as imagens têm de ser fortes. A prisão tornou-se, nesta nossa sociedade doente, de mídias e formas sem conteúdo, um ato de grande teatro que se põe como se fosse bastante a apresentação de criminosos e não a apuração e a punição dos crimes na forma da lei.(…)O ser humano não é troféu para ser apresentado por outro, inclusive com alguns adereços que podem projetar ainda mais uma situação vexaminosa e de difamação social (Habeas Corpus nº 91.952/SP)
Se as palavras da presidente da Suprema Corte não são um exercício de hipocrisia, a esta altura a equipe do Ministério Público que entregou à Globo, para sensacionalismo, as imagens de uma ação funcional que invade a intimidade a que todo ser humano, mesmo preso, tem direito, estaria afastada.Os juízes com a função de execução penal estariam pulando nos cascos, porque são “seus” presos, não do MP.Quando cheguei ao governo do Estado, com Brizola, compramos uma imensa briga. É que era praxe a polícia pegar o acusado pelos cabelos e levantar seu rosto para as câmaras dos fotógrafos e para a TV.Fomos acusados de proteger bandidos, por causa deste simples gesto de civilização.Bandido é todo o que viola a lei em grupo (bandido, bando, grupo).É como procede o Ministério Público, neste caso.E bandido tem de ser punido.por Fernando Brito - Tijolaço
O atropelo vitimou a candidatura. No meio da semana passada, o PPS forçou a barra para Luciano Huck declarar-se pretendente à sucessão de Temer. Contrariada com a ideia de ter um “candidato da Globo” na corrida presidencial, a contratante do apresentador nem precisou se mexer. A imobilidade bastou para Angélica perceber que seu novo programa semanal se encaminhava para o telhado da emissora. Usou seu poder de veto. O marido desistiu.
É a terceira tentativa de conceber um candidato “outsider” que não vinga para 2018. A primeira foi a candidatura do juiz Moro, que não se deixou emprenhar pelo ouvido. Depois, a do prefeito Doria, que foi ansioso demais e levou tábua do partido. Agora, a de Huck. O apresentador articulou com empresários, fez pesquisas, conversou com políticos, mas não conseguiu seduzir os únicos eleitores que realmente importavam: o patrão e a família.
Não há imaculada conceição em disputa eleitoral. Toda candidatura nasce de algum tipo de rala-e-rola. Desde a frustrada tentativa de lançar Silvio Santos à Presidência 28 anos atrás que políticos buscam a fama de personalidades da TV para camuflarem sua presença nas urnas. Mas o contrato nupcial nem sempre dá certo. Às vezes, o nubente desiste antes mesmo de chegar ao cartório, como Datena no ano passado e Huck agora. Outras vezes o juiz não oficia a cerimônia, como com SS em 1989.
Ainda há tempo de políticos sem voto conquistarem este ou aquele famoso com a promessa de um passeio eleitoral em 2018. Ex-presidente do Supremo, Joaquim Barbosa prometeu resposta às juras do PSB até janeiro. Mas à medida que abril e o prazo fatal para filiação de neófitos se aproxima, o canto das sereias partidárias vai virando um grito estridente e desesperado.
Em breve, partidos divorciados do eleitorado não poderão mais se dar ao luxo de escolher os pares que pretendem levar para a urna. Subcelebridades, ex-famosos, influenciadores digitais, até youtubers: qualquer um com milhares de seguidores, expectadores ou ouvintes será visto como tábua de salvação. Sem sufrágio, o naufrágio é inevitável. As siglas que ficarem carentes de voto nas próximas eleições perderão grana e tempo de TV. A nova cláusula de barreira é progressiva e levará muitos ao fundo.
Vale para a eleição da Câmara. Na disputa presidencial, a regra é outra. O fim da novidade Huck reanima políticos que estavam em baixa por não terem nada de novo. “Há Ibopes e Ibopes”, dirão veteranos de tantas campanhas. Seu lema é: mais vale um dígito de intenção de voto na mão do que dois de audiência voando.
Sem Moro nem Huck, restam poucas alternativas aos partidos que não a de tirar a naftalina de velhas candidaturas. Sempre precavidos, os “insiders” se agitam. É hora de reforçar o botox, pentear implantes e escovar próteses. Convém checar as safenas, fazer um regime e se preparar para o abraço, ou centenas deles.
Já-te-vi tem tudo para monopolizar o cardápio da eleição presidencial. Da entrada à sobremesa, todos os principais candidatos que permanecem na disputa são velhos conhecidos do eleitor. Alguns, com duas ou mais eleições presidenciais no currículo, como Lula, Marina e Ciro. Outros ostentam muitos mandatos no Congresso, como Álvaro Dias e Bolsonaro, ou comemoram bodas de cristal em governos estaduais, como Alckmin.
O “novo” está virando “de novo”. É esperado que seja assim. Mudam os nomes, trocam suas siglas, mas os partidos continuam os mesmos. Assim como quem manda neles. Apanhado com a boca na botija, o sistema político-partidário entrega os anéis, alguns dedos, uma mão ou outra, mas o tronco e a cabeça continuam lá. Há que mudar para permanecer como está.