Eu lembro.  Eu lembro. Não faz tanto tempo assim, por Luis Miguel

Quando Dilma foi afastada da presidência, foi uma festa. Finalmente, depois de tantos anos, tínhamos de novo um presidente à altura do cargo. Um homem cujo terno era elogiado por cientistas políticos. (É verdade, não estou inventando.) Que dignificava seu discurso com mesóclises. Foi uma caravana de jornalistas puxa-sacos entrevistá-lo no Palácio, uma entrevista inacreditável que permanecerá para sempre como um ponto culminante da carreira de Noblat, Cantanhede e outros. A Veja ressaltava a posição da nova primeira-dama, “bela, recatada e do lar”, expressão que, antes de virar piada, foi – eu lembro – o título, a sério, de uma reportagem laudatória.

Só precisava de umas décadas a menos e umas plásticas a mais para Michel Temer se transformar no nosso John Kennedy. Seus discursos eram recheados de banalidades, mas elas eram aplaudidas com frenesi. Via-se uma sabedoria profunda, de idiot savant, em frases como “Pare de pensar em crise, trabalhe”. Aliás, o fato de Temer só falar banalidades contava entre seus méritos. Era disso que o Brasil precisava. Um velho e bom governo convencional. Previsível. Confiável. Oligárquico. Um governo de homens brancos idosos.

Na economia, arrocho nos gastos sociais, redução de direitos, mais mercado e menos Estado. Na política, a construção de uma enorme base parlamentar que garantiria a “governabilidade”. Sem falar na moral e nos bons costumes. Família patriarcal e camisa verde-amarela. Em tudo, sempre, as fórmulas de sempre. O empresariado aplaudia, a mídia ululava, a classe média abanava o rabo. Como podia dar errado?

Os coleguinhas mais afoitos vestiam a autoridade de cientistas políticos para falar, nos jornais, em “governo de salvação nacional”. Eu lembro.

Oração do dia

Abençoa Senhor, nosso país.
Abençoa Senhor, nossa semana.

"Dê o seu melhor, invista naquilo que realmente seja bom pra você, vá a luta pelo que você acredita, e jamais se esqueça: Deus te permite ir até aonde você aguenta, e sabe exatamente a hora de intervir ao seu favor. Ele é o nosso ajudador e protetor. Se supere, se ame, se cuide e se dê valor."

Bob Fernandes: os poderes divinos do Deus Mercado

bobcam
Até uma semana antes, diante de um país ajoelhado e crente, pregavam os poderes divinos do “Deus Mercado”.
“Mercado” é imemorial engrenagem da vida econômica-social. Mas, nestes tempos, vendido e comprado como ente onipresente, Supremo.
Esse “Mercado” tornado divino foi atropelado. Junto, atropelado o país crente e ajoelhado.
Atropelado por outra entidade apresentada como sobrenatural: “Os Caminhoneiros”. Na vida terrena seriam 1,5 milhão entre sindicalizados e autônomos.
Obviamente de todos os credos. Mas é fato que Bolsonaro os atiçou publicamente.
É fato que muitos “Caminhoneiros” juraram amor a Bolsonaro… E que trancaram estradas para derrubar Dilma.
E fato que agora, sem perceber o que avançava no rastro do caos, esquerdas embarcaram nessa.
Só depois se perceberia: “Caminhoneiros” são peões. E seus patrões exploraram suas pautas e misérias. Tramaram e pilotaram essa “greve”; o “locaute”, ilegal.
Razões são infindáveis: a geopolítica dos produtores mundiais de petróleo. Tensões múltiplas no Oriente Médio. Trump ameaçando o Irã…
Valorização do dólar de apostadores externos diante do real…
Política de preços da Petrobras; para corrigir retenção via subsídios do governo Dilma, a diarréia mercadísta: em 30 dias, 16 aumentos da gasolina e diesel…
País refém de caminhões em rodovias, sem sistema ferroviário, hidroviário etc.
Mas não faltaram avisos, por escrito. Dos patrões e peões. Para governo que inexiste. Por ser ilegítimo, produto de uma Farsa.
Farsa porque depôs governo acusando-o de corrupção sabendo que empossaria quadrilhas.
Farsa porque berros anticorrupção silenciariam. Porque seletivos, mesmo diante da mais escancarada corrupção.
Farsa porque tantos que comandaram espaços, vozes e atos não resistem às próprias histórias. E a de seus negócios.
Farsa por venderem que “o Estado” é só “O Mal”. E que “O Mercado” é “Divino”.
Agora, 10 bilhões de subsídios… Do Estado…contribuintes. E prejuízos estimados em mais de 10 Bilhões.
Farsa com entreatos de comédia; como pizzas sendo entregues a cavalo em São Paulo.
Farsa que, com ou sem “Caminhoneiros”, não acabará… Farsas podem se transformar em tragédia.
Comentário do jornalista Bob Fernandes no Jornal da Gazeta, ontem a noite. O resumo perfeito do momento nacional.
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BdB: Luis Nassif: xadrez como Parente prepara-se para o golpe do século...

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, virou o fio. E não propriamente pela política de preços com reajuste diário. Sua estratégia de...

BdB: Luis Nassif: xadrez como Parente prepara-se para o...

BdB: Luis Nassif: xadrez como Parente prepara-se para o golpe do século...

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, virou o fio. E não propriamente pela política de preços com reajuste diário. Sua estratégia de...

BdB: Luis Nassif: xadrez como Parente prepara-se para o...

Luis Nassif: xadrez como Parente prepara-se para o golpe do século

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, virou o fio. E não propriamente pela política de preços com reajuste diário. Sua estratégia de esvaziamento da Petrobras se tornou muito óbvia, tornando-o vulnerável a qualquer investigação, assim que o país sair do torpor atual
A lógica:
Passo 1 – Petrobras é uma empresa sem problemas de crédito, cujas colocações de títulos no exigente mercado norte-americano tiveram uma demanda várias vezes superior. Mesmo assim, Parente optou por vender ativos para antecipar pagamento de dívidas, comprometendo a receita futura da empresa.

Passo 2 -  Praticou uma política de preços para derivados visando viabilizar a competição dos importados, gerando uma capacidade ociosa de 25% nas refinarias próprias. Ou seja, entregou mercado de graça (ou não) para a concorrência, ao mesmo tempo que está colocando refinarias à venda.
Passo 3 – Fechou um acordo bilionário, de US$ 3 bilhões, com acionistas norte-americanos, muito superior ao que o próprio mercado esperava.
Passo 4 -  agora, entra-se na fase final, que consiste em inviabilizar o mercado de títulos para a Petrobras e, com isso, forçar a venda das reservas do pré-sal.
Como fica nosso quebra-cabeças:

Peça 1 – a jogada da Eletrobras

Pedro Parente segue o mesmo modelo de atuação da 3G – de Jorge Paulo Lehmann – na Eletrobras. No artigo “A 3G e o negócio do século com a Eletrobras” detalhei essa estratégia.
Primeiro, fincou posição na empresa, tendo acesso ao conselho. Depois, divulgou estudos para justificar um valor contábil ridículo. Uma companhia com ativos avaliados em 400 a 600 bilhões de reais, com dividas de 39 bilhões e passivos ocultos de 64 bilhões, mas que podem ser liquidados por um terço disso, cujo controle poderia ser comprado por R$15 bilhões.
A 3G é um sócio minoritário da Eletrobrás. A empresa está sendo preparada para ser vendida aos chineses. No plano de privatização está embutido a descontratação da energia. Ou seja, a possibilidade de toda a energia produzida pela empresa ser jogada no mercado livre – com a previsível explosão das tarifas.
Sem investir um tostão, os grandes acionistas, como a 3G e o grupo Jabbur, ganharão literalmente bilhões de dólares com a mera valorização de sua participação.

Peça 2 – a jogada da Petrobras

Verdade absoluta

Tem gente que é liberal, somente até faltar combustível
Tem gente que é contra a corrupção, somente até olhar no Waze onde tem blitz
Tem gente que é contra o aborto, somente até o filho engravidar a secretária do lar
Tem gente que é a favor do Estado mínimo, somente até abrir vagas em concursos público
Tem gente que defende a moral e os bons costumes, somente até verem seu histórico de navegação


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