Meme do dia


Foi só revelarem os crimes de Flávio Bolsonaro e mais que rapidamente a família mudou de ideia sobre o melhor a fazer com bandidos. Certamente no caso Queiroz eles também não apoiem mais a tortura como método de investigação e punição. 
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Luis Nassif: o Elo que liga Bolsonaro ao assassinato de Marielle Franco

Peça 1 – o suspeito-chave

No "Xadrez do fim do governo Bolsonaro" montei um mapa mostrando uma série de correlações entre Flávio Bolsonaro, as milícias e a morte de Marielle Franco.

Agora de manhã,  foi deflagrada a Operação Intocáveis do Rio das Pedras, que visa uma das maiores milícias do Estado, entocada no Rio das Pedras. Segundo as primeiras informações, se teria chegado ao Escritório do Crime, braço armado da organização especializado em assassinatos sob encomenda.

https://extra.globo.com/incoming/2781403-892-07e/w640h360-PROP/x2011101444059.jpg.pagespeed.ic.gS3xYr4fxN.jpgFoi detido o Major Ronald Paulo Alves Pereira, um dos grandes assassinos mantidos na Policia Militar do Rio. Ele foi o responsável pela Chacina da Vila Show, sequestro e assassinato de quatro jovens que saíam de uma festa.

Ronald passou em um concurso para a PM, foi considerado inapto no exame psicológico, por "demonstrar irritabilidade e onipotência", segundo o laudo, o que indicaria um perfil incompatível com a função. Conseguiu entrar graças a uma liminar obtida em 1995. Um mês após a chacina, recebeu uma moção de louvor do então deputado Flávio Bolsonaro.

Mas o personagem-chave na saga das milícias é o Capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, apontado como o chefe do Escritório da Morte, grupo especializado em execuções sob encomenda, e também preso na operação.

É mais grave que isso.

Há pelo menos seis meses a equipe que investiga a morte de Marielle Franco tem convicção de que foi ele o autor dos disparos que mataram a vereadora. Demorou-se mais tempo que o normal nas investigações depois que a equipe se deparou com as ligações do capitão com o gabinete de Flávio Bolsonaro, filho de Jair. As menções a figuras políticas influentes que impediriam as investigações não se referiam a meros vereadores, deputados ou políticos do PMDB. Era a uma força maior. Daí o nome da operação: Os Intocáveis.

Redobraram-se os cuidados para alicerçar a denúncia em provas irrefutáveis. Se, hoje, houve a prisão de Adriano Nóbrega, provavelmente é porque as provas foram consideradas consistentes.

Na operação foi detido também o contador da milícia e apreendido o cofre forte que guardava toda a documentação das operações – incluindo pagamentos de subornos.

E aí se entra no maior imbróglio político das últimas décadas.

Peça 2 – o mapa das correlações

Vamos a uma pequena atualização do mapa anterior, à luz de novos fatos.

No episódio do assassinato de Marielle Franco, aparecem três personagens centrais:

  • Vereador Marcelo Siciliano, apontado como o homem que encomendou a morte de Marielle.
  • Zinho, chefe de milícia, detido na Operação Quarto Elemento, e apontado como a pessoa que acertou com o assassino.
  • Capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, principal suspeito de ter sido o assassino.

Até agora, aparecem as seguintes correlações com os Bolsonaro

Marcelo Siciliano à Michele Bolsonaro.

  O vereador foi autor de lei autorizando a construção de um tempo de cinco andares da Igreja Batista Atitude, na Barra da Tijuca, frequentado pelo casal Jair Bolsonaro, depois que Michele rompeu com o pastor Silas Malafaia. O guru do casal é o pastor Josué Valandro Jr. Foi lá que Jair apareceu, logo após as eleições, orou, ficou de joelhos, chorou e atribuiu a vitória a Deus, segundo reportagem da Folha.

Capitão Adriano à Flávio Bolsonaro à Fabrício Queiroz

 O Capitão Adriano foi um dos homenageados por Flávio, nas moções periódicas que dedicava a militares violentos. Mais grave: a mãe,  Raimunda Vera Magalhães, e a esposa do Capitão Adriano, Danielle Mendonça  da Costa Nóbrega, conforme revelado pela operação, eram funcionárias do gabinete de Flávio.

Há mais coincidências incômodas. Segundo reportagem de O Globo, Raimunda é sócia de um restaurante localizado na rua Aristides Lobo, no Rio Comprido. Ele fica em frente à agência 5664 do Banco Itaú, na qual foram realizados 17 depósitos em dinheiro vivo na conta do motorista Fabrício Queiroz.

Uma nota na coluna de Lauro Jardim, de O Globo, diz que, no período em que se escondeu da imprensa e do Ministério Público Estadual, Queiroz se abrigou no Rio das Pedras, totalmente dominada pela milícia que comanda a região, alvo da Operação Os Intocáveis.

Segundo reportagem de 26/10/2018, de O Globo,  os milicianos dominam completamente o Rio Comprido. Cobram pela água, pelo estacionamento, cobram taxas de segurança. Antes, a taxa era cobrada apenas do comércio. Agora, é de toda a população.

Fabrício Queiroz à Michele Bolsonaro

E aqui se chega no Fiat Elba de Bolsonaro – aliás, episódio muito mais grave que o álibi encontrado pelo Congresso para o impeachment de Collor: os R$ 40 mil depositados na conta de Michele Bolsonaro pelo motorista Fabrício Queiroz. O cheque coloca o presidente no meio da fogueira. Não é verossímil sua explicação de que foi pagamento de dívida. Ainda mais depois de reveladas as movimentações na conta de Queiroz.

Peça 3 – a frente de brigas dos Bolsonaros

Até agora, os Bolsonaro abriram as seguintes frentes de briga:

  • Com o Congresso, com a estratégia de negociar com blocos e não com partidos.
  • Com o sistema CNI (Confederação Nacional da Indústria) e CNC (Confederação Nacional do Comércio) com a ameaça de cortar os recursos do sistema S.
  • Com a mídia off-line, com a mudança de diretrizes da Secretaria de Comunicação. Mais especificamente, com as Organizações Globo e a Folha
  • Com os movimentos sociais.
  • Com sua própria base política, devido ao estilo extremamente atabalhoado dos filhos.
  • Daqui para a frente, com o agronegócio, depois de anunciado o descredenciamento de frigoríficos brasileiros que exportavam para a Arábia Saudita, em represália à proposta fundamentalista de Bolsonaro, de mudar a capital de Israel para Jerusalem.
  • E, agora, com o próprio mercado, depois do vexame histórico de Davos, não apenas pelo total despreparo de Bolsonaro, mas pela incapacidade da equipe de chegar a um consenso mínimo sobre o discurso a ser feito. Dos 30 minutos a que tinha direito, utilizou apenas 6 minutos, tempo suficiente para expor seu notável despreparo. Pior: a notícia de que manteria encontros apenas com líderes nacionalistas antiglobalização, comandados por Steve Bannon, o homem da eleição de Donald Trump.

Enquanto isto, o vice-presidente, general Hamilton Mourão, tem sido cada vez mais procurado pelo meio empresarial, por aparentemente ser o único foco de racionalidade no governo, capaz de ouvir e entender.

Peça 4 – a campanha do impeachment

O que vai restar dessa lambança toda?

Há uma certeza e uma incógnita. A certeza é que Bolsonaro será impichado. A incógnita é quanto ao tempo que irá demorar o processo.

Seu único trunfo, junto ao bloco do impeachment, seria a eventualidade de sua queda provocar a volta do PT. Não ocorrerá. Sua queda promoveria a ascensão natural do general Mourão, preservando a unidade em torno de um comando mais racional.

Positivamente, não tem WhatsApp ou Twitter que o salve da fogueira.

Será curioso analisar o comportamento do Ministro Sérgio Moro, da Justiça. Na foto divulgada, do voo para Davos, vê-se Bolsonaro ao telefone. Com todo o Estado Maior no avião, a hipótese aventada é que estaria tratando da estratégia de defesa com o filho Flávio. No mesmo ambiente, uma das testemunhas da conversa é seu Ministro da Justiça, ex-juiz Sérgio Moro.

Enquanto isto, a cobertura das Organizações Globo tem sido de uma objetividade mortal. Há seis meses seus repórteres já sabiam das suspeitas com o capitão Adriano. Mas mantiveram um pacto de silêncio com o Ministério Público Estadual (MPE), para não atrapalhar as investigações.

A nota sobre o refúgio de Queiroz no Rio Comprido saiu um dia antes da Operação Os Intocáveis. Nos próximos dias – talvez até no Jornal Nacional de hoje – serão revelados os detalhes sobre o capitão Adriano.

Os Bolsonaro estão apanhando até no seu campo de batalha: as redes sociais.

É até possível que a Operação Marielle tenha acontecido sem conhecimento prévio de Flávio Bolsonaro e ele não passasse de um joguete nas mãos do motorista. É significativo o fato de ter publicado um Twitter se solidarizando com Mairelle e, em seguida, tê-lo apagado. Fará doferença em uma investigação criminal, não em um julgamento político.

Se valer um palpite, acho que haverá um desfecho relativamente rápido dessa crise.

Fórum Econômico Mundial: Lula X Bolsonaro


Enquanto Lula era paparicado pelo homem mais poderoso do mundo ( o presidente dos EUA), Bolsonaro sequer foi recebido por algum chefe de Estado importante. O Brasil não merece passar esta vergonha.
Triste!
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Indignação popular


De que adianta ter educação formal e conhecimentos técnicos e culturais e não respeitar seu semelhante?..
Nada!
E antes de tudo é bom lembrar que no final das contas não somos mais que ninguém. No derradeiro instante vamos perceber que não passaremos de alimento para os vermes.
Pense nisso antes de julgar-se.
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Josias de Souza: Bolsonaro serve em Davos um discurso de twitter

O presidente Jair Messias Bolsonaro dispunha de quarenta e cinco (45) minutos em um palanque mundial para discursar, em Davos (Suiça) no Fórum Econômico Mundial, falou somente seis (6) minutos. Poderia ter aproveitado sua estreia internacional para seduzir chefes de Estado, CEO de corporações globais, diretores e dirigentes de orgãos multilaterais e ONGs. Pórem preferiu despejar sobre a plateia um retórica de redes socias. Disse coisas definitivas sem definir as coisas. Espremido a exaustão, todo conteúdo de sua fala não daria sumo suficiente para mais que meia dúzia de twittes. Foi vergonhoso, constrangedor.
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Briguilinas

A queda moral dos bolsonaristas, por Aldo Fornazieri

O escândalo que envolve Flávio Bolsonaro e a própria família do presidente da República vem se revelando bem mais grave do que parecia no início: suspeita de lavagem de dinheiro, de corrupção e até de envolvimento com as milícias. Este escândalo tem um grande alcance na disputa política em geral e na disputa pelo poder. Ele representa a queda moral dos bolsonaristas, pois eles eram os detentores

Indignação seletiva

Nenhum depoimento da Família Queiroz. Nenhum depoimento da família Metralha. Moro segue 

A família que rouba unida permanece unida, por Armando Rodrigues Coelho Neto

Bilhete Premiado Poucos sabem, mas eu tenho um alter ego, e muito do que escrevo é fruto de conversa com ele ou eles, a quem trato como meus botões. Numa dessas conversas lembrei: - Aconteceu em 1983, na cidade de Ponta Porã/MS, onde trabalhei como delegado federal. Recebi a notícia de um "investimento" que rolava na cidade. As pessoas que possuíam um dinheirinho de reserva aplicavam num

Charge do dia

Bolsonaro, não complica apenas explica

É, mas tem eleitor de Jair Bolsonaro que realmente se enganou com o cla e cobra explicações, não se contenta com blablabla e essa de querer se defender atacando 

O que virá depois dele?

Vivendo aos pedaços , por Silvia Mendonça

Neste tempo em que passei envolvida com o tratamento de uma doença bastante agressiva, entendi:algumas pessoas não nos seguem na caminhada até o fim por não suportarem o ritmo. Então, ficam pelo meio do caminho, ou simplesmente somem, desaparecem sem deixarem vestígios. Quanto mim, preciso seguir em frente, repetindo sempre: eu posso, eu suporto! Vou lutar, vou recomeçar quantas vezes for preciso

Tem burros brasileiros em Davos

 (Joe Carioca em inglês) aparece em 1942 num filme ao lado do Pato Donald, chamado "Saludos Amigos". O Brasil de Zé Carioca é um Brasil com "belezas naturais", "florestas", "praias" e com um "povo hospitaleiro" disposto a "receber" outros povos da América numa desesperada busca por modernização econômica. O Brasil de Zé Carioca oferecia apenas entretenimento e oportunidades econômicas. Era "faceiro", "falastrão" e "boa gente", mas carecia de qualquer capacidade civilizatória que tivesse valor na metade do século XX. O Brasil vivia o processo de urbanização e Zé Carioca mostrava o estereótipo do "malandro carioca", num modo de vida em franco mal-estar com trabalho ou produção econômica. Enquanto Donald é um determinado e turrão pato, Zé Carioca mostrava-se ao avesso de qualquer noção de "hard working", vivendo da barganha individual e do extrativismo urbano de vantagens que o "malandro" podia obter.

É a noção mais eloquente do Brasil à venda; do Brasil como terra de "oportunidades" ao dinheiro estrangeiro. Oportunidades normalmente não industriais, mas voltadas ao entendimento que até então se tinha do país: o local do exótico e do selvagem.

Zé Carioca era o modelo mais bem acabado do Brasil do "baticundum". Até o burro Jair, em Davos.

Muito menos falante que Zé Carioca, sem qualquer carisma ou capacidade de comunicação, Jair retomou o estereótipo do Brasil opulento por suas "belezas naturais", e carente de valores civilizados. Sem a capacidade de formular quaisquer pensamentos mais profundos, ou mesmo de dar indicações precisas de suas ideias, Jair Bolsonaro falou menos do que o entrevistador que tinha a triste missão de arrancar algo inteligente do presidente brasileiro. Em pouco mais de seis minutos de fala titubeante, desconexa, empiricamente mal formulada e totalmente frustrante, Bolsonaro falou mal do "bolivarianismo", dos "governos anteriores", do "viés ideológico" e hipotecou o Brasil de mais formas do que QUALQUER governo anterior.

Na fala de Bolsonaro, o Brasil é uma terra-arrasada precisando de ajuda. E para isto não apenas ele oferece nossa "opulência", como promete "privatizar" e oferecer "oportunidades de negócios". Nem a Cuba de Fulgêncio Batista, antes da revolução, era pintada de uma forma tão subalterna, insossa e desesperada por capital estrangeiro. Bolsonaro precisou ser lembrado, diversas vezes, pelo entrevistador de que o Brasil é a oitava economia do mundo (já foi a sexta, nos tempos de Lula), e que deveria ter algo a mais a oferecer do que "diminuir o Estado". O sonho de Bolsonaro, contudo, é que o Brasil se torne "um dos 50 melhores países do mundo para fazer negócios".

A revista Forbes organiza uma lista de "best countries to do business", anualmente, baseados em entrevistas com empresários e alguns indicadores capitalistas (como inflação, renda per capita, PIB e etc.). Entre os cincoenta primeiros na lista estão a Lituânia, a Estônia, o Chipre, a Mauritânia e a Costa Rica, por exemplo. O Brasil figura na posição 73 da lista, e o sonho do atual mandatário do país é subir 23 posições na lista da revista americana.

Bolsonaro aceitou, sem qualquer reserva ou questionamento, o rótulo para o Brasil de "país corrupto". Aceitou a ideia de que precisamos dar algo para a comunidade internacional (reformas) para dela obter "confiança" e "investimento". Bolsonaro só não aceitou o termo "direitos humanos", transformados na fala dele em "verdadeiros direitos humanos". Também não aceitou a noção de que precisamos preservar nosso meio ambiente e nossa diversidade. Para Bolsonaro, agrobusiness e meio ambiente "precisam andar juntos". "Nem pra lá, nem pra cá", disse o empossado, num luminar momento de concatenação de duas ideias ao mesmo tempo. Foi o máximo que o entrevistador conseguiu tirar do burro que hoje ocupa o Palácio do Planalto.

Bolsonaro não falou da Embraer e nossa tecnologia de ponta em indústria aeronáutica, não falou da Petrobrás e nossas tecnologias para descoberta e extração de petróleo, não falou das nossas pesquisas sobre revitalização de biomas (como o Cerrado), não falou do esforço para fazer crescer o valor agregado de nossas mercadorias. Bolsonaro falou do Brasil já sem as áreas que ele pretende vender. E isto significa voltar ao Brasil do Zé Carioca. Um país suplicante, mendigo e submisso, culpando-se por não poder ser mais espoliado pelo capital estrangeiro. Um país que tem vergonha de si, vergonha de não ser uma potência urbana, quem sabe branca e rica.

O discurso de Bolsonaro teria envergonhado TODOS os ditadores militares de Castelo Branco a Médici. Falando em um tom monocórdico de aluno recém alfabetizado, o burrito Jair repetia os nomes dos ministros Guedes, Moro e "Ernesto" como se aos olhos do mundo eles fossem fiadores da capacidade que Bolsonaro não tem. O entrevistador envergonhado termina o suplício da fala de Bolsonaro, e quem assistiu fica com saudade do Zé Carioca. O papagaio da Disney nos vendia por um preço melhor, com maior conhecimento e eloquência do que o burrito Jair. E ainda ouvíamos Aquarela do Brasil sem bater continência para bandeira norte-americana ...

Fernando Horta