Brasil - Consumo cresce em ritmo chinês


Leandro Modé e Raquel Landim – O Estado de S.Paulo

A demanda dos brasileiros – que inclui consumo das famílias, gastos do governo e investimentos das empresas – está crescendo em ritmo chinês. O desempenho surpreendeu a maioria dos analistas e deixou o mercado de juros nervoso. Bancos e consultorias já projetam uma alta maior da taxa básica de juros (Selic) na reunião de abril do Comitê de Política Monetária (Copom).
No segundo semestre de 2009, a demanda doméstica já crescia a uma taxa anual de 10,5%, de acordo com levantamento do ex-diretor do Banco Central (BC) e economista-chefe do Santander Brasil, Alexandre Schwartsman. A série elaborada por ele revela que é o ritmo mais forte em 15 anos.
Segundo especialistas, tudo indica que, no primeiro trimestre de 2010, o crescimento manteve a mesma toada, na pior das hipóteses. Mas há quem diga que estaria hoje ao redor de 13% ao ano, similar ao chinês – de janeiro a março, a demanda doméstica da China cresceu 13,1%.
Por isso, nas últimas semanas, muitas instituições revisaram para até 7% a projeção de crescimento do PIB em 2010. Antes, trabalhavam com uma expansão de 5% a 5,5% da economia.
Consumo. Segundo cálculos da consultoria MB Associados, serão despejados na economia este ano R$ 244 bilhões a mais em consumo e investimento. As famílias vão consumir R$ 141 bilhões a mais, a administração pública vai elevar os gastos em R$ 34 bilhões, e as empresas vão investir R$ 68 bilhões mais. Em todo o governo Lula, o consumo das famílias cresceu cerca de R$ 500 bilhões – o que ajuda a explicação a sensação de bem-estar e a popularidade do presidente.
As projeções do mercado são que a demanda doméstica deve crescer 10% este ano. Se isso ocorrer, existe uma chance do consumo dos brasileiros terminar o ano em ritmo mais acelerado até que na própria a China.
Para a consultoria Dragonomics, com sede em Pequim, a demanda doméstica chinesa vai subir 9% em 2010. Janet Zhang, economista da instituição, diz que o investimento vai desacelerar, porque o governo está retirando os estímulos fiscais, para minimizar os riscos de formação de bolhas e pressões inflacionárias.
No Brasil, essa desaceleração ainda não está clara. “Depende de alguns fatores”, diz Schwartsman. O primeiro deles é o efeito ainda incerto do aperto dos depósitos compulsórios promovido pelo BC no fim de fevereiro.
O economista lembra que as vendas de alguns produtos, como automóveis, permaneceu elevada mesmo após a retirada dos incentivos fiscais.
Outra questão que deixa o cenário confuso é o comportamento dos bancos públicos – Banco do Brasil, Caixa e BNDES – na concessão de crédito. No auge da crise, o governo abriu a torneira dessas instituições.
O sócio da MCM Consultores e também ex-diretor do BC, José Júlio Senna, afirma que qualquer recuperação acelerada, em formato de “V”, de uma economia é sucedida por um período de desaceleração. “Seria normal que houvesse um desaquecimento no Brasil depois da retomada, mas isso não está acontecendo.”
A combinação de confiança revigorada dos empresários (que estimula o investimento), contratações de funcionários, renda em alta e crédito abundante tem impulsionado a demanda. “O ano começou muito forte”, diz Júlio Callegari, economista do JP Morgan, que, nesta semana, elevou a projeção de expansão do PIB para 7%.
No primeiro bimestre, a produção industrial cresceu 12,3% em relação a igual período do ano anterior. No varejo, a alta foi de 17,2%. Alguns indicadores, como o de vendas de carros, consumo de energia elétrica e fluxo de veículos, apontam desempenho excepcional para a indústria e o varejo em março.
No mês passado, o País gerou o recorde de 266,4 mil postos de trabalhos. Uma pesquisa da Serasa Experian mostrou que a demanda por crédito no País em março bateu recorde.
Gargalos. Os investimentos devem crescer entre 18% e 19% neste ano. Mas os analistas alertam que serão insuficientes para reduzir a pressão inflacionária de curto prazo, porque demoram para maturar. “Neste momento, investimento é mais demanda”, diz o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale.
Segundo os especialistas, uma expansão acima da capacidade provoca dois problemas: inflação e/ou um estouro do déficit das contas externas. “Este ano, o País está consumindo os fundamentos da economia. O problema é 2011″, diz o economista-chefe da Corretora Convenção, Fernando Montero.
A similaridade do padrão de demanda do Brasil com a China acendeu uma luz amarela. “A China pode consumir 10% a mais sem dificuldade. O Brasil, não”, acredita Vale.
Comentário:
Lá vem os tucademospiguistam fazendo campanha para aumento de juros (selic). Eles idolatram os agiotas - nacionais e internacionais -, corja!

2 comentários:

  1. Ficha Limpa

    Briguilino, seu argumento de que o projeto popular com mais de 1.600.000 assinaturas é inconstitucional não é verdadeiro.

    Pedi que você citasse os artigos da Carta Magna que este projeto de lei fere porque eles só existem na cabeça dos defensores da institucionalização da corrupção no Brasil.

    Continua o desafio. Quais os artigos da Constituição que tornam o Projeto de Lei de iniciativa popular, Mãos Limpas, inconstitucional?

    Você nunca vai me responder porque estes artigos não existem.

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  2. Briguilino

    Quem está falando em aumentar os juros é o governo.

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