Apesar de alguns ensaios meio velhacos que sempre aparecem na mídia nas antevésperas das reuniões, o Conselho de Política Monetária do Banco Central tomou a decisão correta no dia 17 de março, ao ignorar os estímulos para aumentar a taxa básica de juro. O que se disse depois, sobre não ter sido uma decisão técnica e sim política, é uma coisa um tanto ridícula: há muito pouca técnica nessas decisões, que, de qualquer forma, sempre são decisões políticas, apesar do conjunto de mitos que se criou para convencer os incautos de que existe uma ciência e, com isso, impor algumas crenças aos incautos.
Com a economia brasileira voltando a crescer depois de passar os maus momentos da crise financeira mundial, seria um perfeito absurdo elevar as taxas de juro que, por sinal, continuam no topo do mundo. O argumento de que existe risco de retomada da inflação devido à correção de níveis de salários é falacioso. Não há pressões visíveis que possam levar a uma desestabilização na taxa de inflação.
É claro que sempre há fricções aqui e ali e é importante que elas se exerçam, porque influem na mudança dos preços relativos e fornecem a indicação de onde devem ser encaminhados os investimentos. Num processo de crescimento acelerado (como o que estamos vivendo), o fator mais importante que induziria a crença na aceleração da inflação seria um aumento nos salários reais acima da taxa de crescimento da produtividade. Ora, isso não aconteceu no ano passado, muito menos no ano retrasado (2008) e não está acontecendo neste ano. Mesmo porque, quando se está num processo de recuperação da atividade econômica, a produtividade aumenta realmente.
No presente, se formos verificar os dados do Dieese, eles mostram com clareza que, no setor industrial, não há aumento de salário real acima do nível de crescimento da produtividade. Significa que este, que seria o fator mais importante das pressões sobre os preços, não existe. Há uma certa mídia que se sente motivada a chamar a atenção para o fato de que “os salários estão subindo mais do que o índice da inflação”, como se isso levasse à frustração da meta inflacionária. Talvez custem um pouco a perceber que, quando há crescimento econômico, é assim mesmo que tem de ser (o salário subir mais que a inflação, mas menos que a produtividade), porque este é o caminho óbvio para a redistribuição do produzido.
O dado importante é que a produtividade está crescendo mais do que o aumento do salário real. Significa que a taxa de retorno do capital está subindo, estimulando novos investimentos que vão gerar mais empregos e produzir depois novos aumentos do salário real, e assim por diante. É assim que caminha o mundo.
Tenho esperança de que, aos poucos, vamos conseguindo nos livrar dos mitos e da falsa ciência que inventou um cálculo de crescimento para um produto potencial, utilizado como referência para retardar o desenvolvimento por um longo período. O Brasil readquiriu as condições para sustentar um crescimento de 6% a 7% anuais nesta década e não pode desperdiçá-las. Isto não é só um desejo, mas uma necessidade porque, embora nossa taxa de crescimento populacional esteja declinando, vamos precisar oferecer trabalho e salários decentes a, aproximadamente, 140 milhões de pessoas entre 18 e 60 anos nos próximos dez anos.
Tal objetivo só se realizará se tivermos uma política econômica compatível com um crescimento mínimo de 5% e 5,5% todos os anos. É com essas metas que devem se comprometer os candidatos que vão disputar as eleições nos vários níveis de poder. Agora, se os governos cederem às políticas de elevação dos juros toda vez que o crescimento se acelerar ou assustarem o mundo com receios infundados de crises em contas correntes (que temos como evitar) a cada soluço dos mercados, não haverá como atingir o objetivo.
Podemos ficar crescendo aqueles míseros 2% do PIB dos anos finais do século XX, aumentando o “exército industrial de reserva” de que falava o velho Karl, ainda no século XIX.
Com a economia brasileira voltando a crescer depois de passar os maus momentos da crise financeira mundial, seria um perfeito absurdo elevar as taxas de juro que, por sinal, continuam no topo do mundo. O argumento de que existe risco de retomada da inflação devido à correção de níveis de salários é falacioso. Não há pressões visíveis que possam levar a uma desestabilização na taxa de inflação.
É claro que sempre há fricções aqui e ali e é importante que elas se exerçam, porque influem na mudança dos preços relativos e fornecem a indicação de onde devem ser encaminhados os investimentos. Num processo de crescimento acelerado (como o que estamos vivendo), o fator mais importante que induziria a crença na aceleração da inflação seria um aumento nos salários reais acima da taxa de crescimento da produtividade. Ora, isso não aconteceu no ano passado, muito menos no ano retrasado (2008) e não está acontecendo neste ano. Mesmo porque, quando se está num processo de recuperação da atividade econômica, a produtividade aumenta realmente.
No presente, se formos verificar os dados do Dieese, eles mostram com clareza que, no setor industrial, não há aumento de salário real acima do nível de crescimento da produtividade. Significa que este, que seria o fator mais importante das pressões sobre os preços, não existe. Há uma certa mídia que se sente motivada a chamar a atenção para o fato de que “os salários estão subindo mais do que o índice da inflação”, como se isso levasse à frustração da meta inflacionária. Talvez custem um pouco a perceber que, quando há crescimento econômico, é assim mesmo que tem de ser (o salário subir mais que a inflação, mas menos que a produtividade), porque este é o caminho óbvio para a redistribuição do produzido.
O dado importante é que a produtividade está crescendo mais do que o aumento do salário real. Significa que a taxa de retorno do capital está subindo, estimulando novos investimentos que vão gerar mais empregos e produzir depois novos aumentos do salário real, e assim por diante. É assim que caminha o mundo.
Tenho esperança de que, aos poucos, vamos conseguindo nos livrar dos mitos e da falsa ciência que inventou um cálculo de crescimento para um produto potencial, utilizado como referência para retardar o desenvolvimento por um longo período. O Brasil readquiriu as condições para sustentar um crescimento de 6% a 7% anuais nesta década e não pode desperdiçá-las. Isto não é só um desejo, mas uma necessidade porque, embora nossa taxa de crescimento populacional esteja declinando, vamos precisar oferecer trabalho e salários decentes a, aproximadamente, 140 milhões de pessoas entre 18 e 60 anos nos próximos dez anos.
Tal objetivo só se realizará se tivermos uma política econômica compatível com um crescimento mínimo de 5% e 5,5% todos os anos. É com essas metas que devem se comprometer os candidatos que vão disputar as eleições nos vários níveis de poder. Agora, se os governos cederem às políticas de elevação dos juros toda vez que o crescimento se acelerar ou assustarem o mundo com receios infundados de crises em contas correntes (que temos como evitar) a cada soluço dos mercados, não haverá como atingir o objetivo.
Podemos ficar crescendo aqueles míseros 2% do PIB dos anos finais do século XX, aumentando o “exército industrial de reserva” de que falava o velho Karl, ainda no século XIX.
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