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Os caminhos de Dilma


Murillo de Aragão

Dilma Rousseff (PT) teve uma ascensão extremamente positiva nas pesquisas de intenção de voto para presidente ao longo de 2009. Após a desincompatibilização, apresentou uma discreta ascensão. Entretanto, desde o início do ano percebe-se que a candidata de Lula está estabilizada em torno de 30%. Este é exatamente o eleitorado “fiel” ao PT.


Ou seja, pode-se inferir que ainda não houve o fenômeno da transferência do prestígio de Lula para a sua candidata. Para que isso aconteça com intensidade, o PT precisa investir na associação da imagem da ex-ministra com o sucesso do governo e, em especial, com a do presidente.


Desde que deixaram seus cargos e anunciaram que são candidatos à presidência da República no início de abril, a média de intenção de voto de José Serra e Dilma Rousseff pouco mudou. É o que mostra análise da Arko Advice a partir das pesquisas Ibope, Datafolha, Vox Populi e Sensus realizadas entre dezembro de 2009 e abril de 2010.


Antes da desincompatibilização, a média de intenção de voto de Serra era 34,9%. Hoje está em 35,56%. A de Dilma teve variação pouco maior, passando de 26,35% para 29,8%. Esse quadro nas simulações onde Ciro Gomes aparece como candidato. Quando Ciro não está na disputa, a média de ambos antes e depois da desincompatibilização é praticamente a mesma. Serra tinha 39,11% e hoje tem 39,6%. Dilma tinha 30,25% e agora está em 30,66.


No entanto, o PT tem uma chance de ouro para alavancar o crescimento de Dilma: a veiculação do programa partidário em 13 de maio.  O caminho para para tal parece claro na última pesquisa do Ibope, realizada entre os dias 13 a 16 de abril. A pesquisa confirmou a liderança de Serra e, até mesmo, o aumento de sua vantagem em relação à candidata do PT, Dilma Rousseff. No entanto, vale destacar que Serra é o candidato mais conhecido pelo eleitor. 29% dos pesquisados disseram que o conhecem bem, contra 14% que conhecem Dilma. 40% afirmaram conhecer mais ou menos o candidato do PSDB.


Entre fevereiro e abril, o percentual de eleitores que disseram conhecer bem ou mais ou menos a ex-ministra Dilma Rousseff ficou praticamente estável (46% a 47%). Mesmo assim, sua intenção de voto aumentou quatro pontos no período (tanto no cenário com Ciro como na hipótese em que ele não aparece como candidato). Em relação a Serra, entre fevereiro e abril, passou de 75% para 69% o percentual dos que afirmaram o conhecer bem ou mais ou menos. Mesmo assim, sua intenção de voto permaneceu praticamente a mesma.


A satisfação do eleitor com o governo Lula revela o interesse pela continuidade: 65% querem que o próximo presidente dê continuidade total ou faça poucas mudanças no governo do país. Em fevereiro, era 63%. Esse desejo está associado à alta popularidade do presidente Lula. 83% (mesmo percentual de março) aprovam a forma como ele governa e 75% disseram confiar nele (77% em março). A avaliação ótimo/bom passou de 75% para 76%, a regular caiu de 19% para 18% e a ruim/péssimo se manteve em 5%.


E é justamente isso que o PT deverá fazer no programa de 13 de maio, quando a legenda terá direito a 25 minutos de propaganda em rádio e televisão, sendo um programa com duração de 10 minutos no dia 13 de maio e inserções nos dias 6, 8 e 11 de maio com cinco minutos cada. Dilma será a principal estrela e a continuidade dos programas da era Lula o grande destaque programático. Tudo para turbinar uma possível transferência de votos que ainda não ocorreu.

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