Lula leva Dilma para panfletar na porta de fábrica


O reencontro do presidente Lula com a panfletagem na porta da fábrica começou em ritmo de comício, na madrugada de hoje, em São Bernardo do Campo, berço político do sindicalismo que culminaria com a criação do PT. O presidente tomou o microfone e anunciou, frente a militantes e trabalhadores da Mercedes-Benz aglomerados na entrada principal da montadora, que o evento político em favor de Dilma Rousseffa.
"Olha, foi armada uma estrutura de comício, mas a ideia era mais simples, era apertar a mão de cada um na chegada. Não é sempre que a gente tem uma candidata pra ir à porta de fábrica pra abraçar os companheiros. Não é fazer comício. Não é sempre que uma presidente da República pode vir aqui!", levantando o braço de Dilma. "Vocês se organizem e depois vamos descer", disse.
"Prometo não falar de futebol!", disse visivelmente feliz com a vitória corintiana no clássico deste domingo frente ao São Paulo, pelo Campeonato Brasileiro. "Como eu vou perder o emprego no dia 1º de janeiro, tenho que praticar e nada como voltar a entregar panfleto outra vez", brincou logo depois.
Inicia-se uma sequência de discursos rápidos. Mercadante, Dilma e Lula. A candidata promete "seguir o caminho" do líder. Olhares silenciosos dos trabalhadores. Por duas vezes, um grito: "Quebra tudo, Dilma!".
Na multidão, o presidente identifica o sindicalista Zé do Mato, amigo dos tempos das greves no ABC, que "começou a trabalhar na Mercedes antes de ter Mercedes no Brasil". "Tá vendo aquele companheiro careca?", perguntou à ex-ministra. "De vez em quando, ele queria me mandar uma galinha de angola, que nem podia andar de tanta fome!".
Inquieto para descer ao chão, Lula encurta a fala. "Tenho a convicção de que se Deus está conosco, quem está contra nós?".
Hora da velha planfletagem. Fotógrafos e jornalistas se atropelam e terminam represados em barras de alumínio pela assessoria. Os operários formam uma fila, com o cartão de ponto entre os dedos.
"Dá um panfleto só, presidente!", clama um fotógrafo.
"Vou dar um panfleto", aceita Lula.
Ele pega adesivos da campanha de Dilma e começa a colar nas camisas dos operários. Dilma, reage aos empurrões com sorrisos. A primeira-dama Marisa Letícia, sempre em blazer vermelho, se diverte com o assédio. Palocci e João Santana, que levou sua equipe de filmagem, ficam à margem do tumulto, numa conversa amena. Na confluência de abraços, Lula e Dilma são conduzidos para um café da manhã com patrões e empregados.

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