Produção da indústria deve crescer em julho

Marcelo Rehder – O Estado de S.Paulo

Depois de três quedas seguidas, em julho a produção industrial deve voltar a crescer em relação ao mês anterior, dizem os economistas. Na verdade, a retração no segundo trimestre representou uma acomodação da atividade ao ritmo de crescimento chinês do início do ano.
Os primeiros meses de 2010 foram marcados pela antecipação de compras de veículos e de outros bens de consumo duráveis, promovida por incentivos fiscais. No entanto, a expansão da massa salarial e a oferta de crédito farto continuam a sustentar o consumo e, consequentemente, a produção industrial.
“O resultado de junho (queda de 1% em relação a maio) sugere que a produção industrial manteve a tendência de desaceleração verificada desde abril, refletindo, em parte, o período da Copa do Mundo, que reduziu os dias úteis de produção, assim como o aumento dos estoques das empresas, após o bom desempenho da demanda no primeiro trimestre do ano”, diz o diretor de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco, Octávio de Barros.
Para os próximos meses, o economista espera que a produção volte a mostrar crescimento na margem, ou seja, em relação ao mês anterior. “Para julho, em especial, nossa projeção preliminar aponta para uma alta de 0,7% em relação a julho.”
A leitura do Bradesco para a atividade, de maneira geral, permanece favorável. “Dado que as condições de demanda continuam intactas, mesmo que algum arrefecimento seja esperado para a segunda metade do ano, comparativamente ao início de 2010″, frisa Barros.
Para a economista-chefe da Rosenberg Consultores Associados, Thaís Marzola Zara, a indústria continua a viver um momento positivo, com perspectivas de crescimento robustas para o ano. “Nos próximos meses, devemos observar uma volta às taxas positivas, embora mais modestas, podendo ocorrer meses pontuais de queda na margem dessazonalizada, comum a um processo de retomada de crescimento que explore novos patamares de produção.”
Para o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale, a partir de agora os números serão mais positivos. “Nesse momento, ficará difícil o argumento do Banco Central de que a atividade está moderada”, critica Vale. “Ao basear sua análise muito no momento recente, o BC ignorou que o nível de atividade deverá retomar um bom ritmo de expansão, a partir do terceiro trimestre.”
O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, avalia que a produção industrial de julho vai ficar entre zero e positivo. “É difícil ter outra variação negativa”. Por enquanto, o economista Rafael Baccioti, analista da Tendências Consultoria Integrada, espera estabilidade para julho.
Perspectiva
SERGIO VALE
ECONOMISTA-CHEFE DA MB
“Ainda é cedo para estimativas, mas os dados da Fenabrave, por exemplo, já indicam que a atividade voltou a acelerar. Um crescimento em torno de 1%, na margem, em julho, me parece razoável olhando de hoje”


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