Os Estados Unidos se alinharam nesta terça-feira (28) à posição de Israel e rejeitaram a conclusão do relatório da missão do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), que, depois de realizar uma investigação, acusou soldados israelenses de terem assassinado "sumariamente" alguns dos nove ativistas mortos em uma flotilha humanitária internacional, em maio. O relatório, elaborado por três juristas internacionais e apresentado ao Conselho na segunda-feira (27), acusa o Exército israelense de ter cometido graves crimes e violações dos direitos humanos contra ativistas pacíficos que só pretendiam levar ajuda humanitária ao território palestino de Gaza, bloqueado desde 2007.
Israel rejeitou as conclusões do documento e desacreditou qualquer investigação do Conselho de Direitos Humanos, considerando-o "obsessivo" com o Estado judeu. O relatório, no entanto, recebeu o apoio de várias delegações após o debate ter sido retomado nesta terça-feira (28). Os países islâmicos e algumas nações emergentes, como Brasil, Índia e África do Sul, apoiaram as conclusões do relatório e pediram que seja apurada a responsabilidade dos autores das violações de direitos humanos, entre eles o direito à vida, e que Israel indenize as vítimas e seus familiares.
A primeira voz discordante foi a da representante dos EUA, Eileen Chamberlain Donahoe, que assinalou em seu discurso que "estamos preocupados pelo tom, pelas ideias que se mantêm e pelas conclusões do relatório". Eileen não fez nenhuma referência de apoio ao conteúdo do relatório nem sobre as acusações contidas nele, e avaliou que o único organismo com credibilidade para investigar o assalto à flotilha é o "painel de personalidades" estabelecido pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que trabalha de forma totalmente paralela e independente do Conselho de Direitos Humanos.
A União Europeia, por sua vez, reconheceu "os esforços da missão para realizar a investigação" e disse compartilhar a ideia de que o bloqueio à Faixa de Gaza é inaceitável e deve ser liberada a passagem de bens de primeira necessidade, condenando ainda o uso da violência que causou as nove mortes. O representante europeu pediu que o Conselho de Direitos Humanos transmita o relatório ao painel de Ban Ki-moon.
Em sua apresentação, o presidente da missão de investigação, o juiz Karl Hudson-Philips, fez um relato dos fatos ocorridos em 31 de maio, quando o Exército israelense interceptou e assaltou, em águas internacionais, a flotilha que se dirigia a Gaza com ajuda humanitária, especialmente a embarcação "Mavi Marmara".
Hudson-Philips assinalou que há provas que seis dos passageiros mortos foram "executados sumariamente", dois deles enquanto estavam filmando os eventos com câmeras de vídeo. O jurista também disse que está comprovado que o "Mavi Marmara" só transportava ajuda humanitária e que os ativistas não estavam armados, como alega Israel.
O magistrado ainda acusou os soldados israelenses de manter os ativistas amarrados durante horas, enquanto eram agredidos e torturados com "violência gratuita e brutal".
Os 47 membros do Conselho de Direitos Humanos deverão votar na quarta-feira (29) a resolução apresentada pela Organização da Conferência Islâmica (OCI), que aprova as conclusões do relatório sobre o assalto à flotilha.
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