Aécio neves, eleito com expressiva votação para o Senado, é considerado no meio político um homem de compromisso e palavra. Não se sabe de qualquer episódio que desminta isso. Por que, então, os tucanos paulistas estabeleceram com ele, ao longo da campanha eleitoral e principalmente agora, no segundo turno, uma relação baseada no princípio da dúvida?
Minas Gerais terá um peso importante no segundo turno. Lá, Dilma mantém vantagem de 10 pontos até agora, como informa o Ibope. A votação dos mineiros, por sinal, desde 2002, mantém impressionante aproximação, no primeiro turno, com o resultado das urnas em todo o Brasil.
Nos jornais há rastros frequentes da desconfiança que soam como advertências públicas a Aécio. Uma delas, publicada na página 2 de O Globo, na quinta 14, diz assim:
“Os tucanos paulistas gostariam que Aécio Neves se empenhasse, no segundo turno da eleição presidencial, como fez na reta final da eleição mineira”. Aécio teria percorrido 52 municípios do estado, nos últimos 18 dias de campanha. De fato, uma maratona.
Por que duvidam do compromisso de Aécio com a eleição de Serra?
Em Minas, essa pressão é vista, antes de tudo, como falta de sensibilidade política e indiferença pelos problemas pessoais do ex-governador. Aécio fez um esforço gigantesco para eleger Antonio Anastasia. Perder a eleição na base seria fragilizar voos mais longos, além das terras mineiras. Pessoalmente, no final da campanha, foi surpreendido pela morte do pai. Auxiliares dele dizem que Aécio ainda está muito abatido.
Há, no entanto, um fato real sobre o qual se sustentam as preocupações de Serra e aliados. Aécio, como qualquer outro político, tem, antes de tudo, compromisso com a própria sobrevivência. Essa é a dúvida: ele seria capaz de cavar a própria cova?
Aécio é marcado pelo veto às prévias, imposto por Serra. Ele apresentou-se como nome alternativo para a disputa presidencial e propôs, como se sabe, uma disputa interna que, ao fim, não foi realizada. Não há dúvidas, em Minas, de que uma vitória de Serra acabaria com o sonho de Aécio disputar a Presidência em 2014. Eleito, Serra passaria a ser a força maior no PSDB de forma incontrastável.
Lula seria empurrado de volta à cena para enfrentar Serra no próximo pleito.
Há quem faça especulações em torno de um compromisso firmado entre mineiros e paulistas. Serra teria sinalizado isso ao falar que era pelo fim da reeleição com a introdução do mandato de cinco anos. Nesse cenário, a sucessão se deslocaria para 2015. Seria, então, a vez de Aécio.
Mas, deslocado do poder com uma vitória de Serra, como reagiria o PT, a maior bancada na Câmara, em relação ao fim da reeleição? Interessaria ao partido? Serra vitorioso e sem reeleição estaria fora do jogo nesse hipotético 2015 e projetaria um possível confronto entre Aécio, tentando chegar, e Lula, tentando voltar.
Como não há futuro sem presente, o ex-governador mineiro sabe que com a eleição de Serra perderia o papel de protagonista e se tornaria coadjuvante. Tese exportada por São Paulo sustenta que Aécio se fortaleceria ao colaborar com a vitória de Serra. Trata-se de um evidente sofisma. A vitória de Serra só fortalece Serra.
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