Economia

Inflação: questão de sangue frio

O Ministério da Fazenda e o Banco Central terão dois meses de teste para seus nervos: abril e maio. Depois, será possível relaxar.

No ano passado os alimentos tiveram comportamento desequilibrado: caíram no primeiro semestre; subiram (internacionalmente) no segundo. Agora, quando se analisa a inflação anual, entram os meses do segundo semestre do ano passado, puxando os dados para cima.
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Meia dúzia de itens contribuiu em mais de 50% para as pressões inflacionárias deste ano. E deve continuar pressionando nos próximos dois meses.

Educação bateu forte, depois cedeu; preço de alimentos reincidiu em março e manteve-se forte em abril; vestuário e têxtil, ainda um pouco forte em abril; energia, com más notícias devido a petróleo e gás.

A tranqüilidade relativa será a partir de junho, julho:
1. Os preços de serviços devem continuar pressionando, mas menos.
2. Os preços administrados estão sob controle.
3. Os preços de alimentos - os grandes vilões da inflação - devem despencar. Há uma super-safra a caminho e nenhum choque de oferta no horizonte.
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Além disso, há sinais no ar de uma desaceleração da economia. Ontem, os dados de varejo mostraram início nítido de desaceleração.

Na série com ajuste sazonal, divulgada pelo IBGE, das dez atividades analisadas, três tiveram resultados positivos - tecidos, vestuário e calçados (1,4%); outros artigos de uso pessoal e doméstico(1,4%); e combustíveis e lubrificantes (0,1%) - e sete com resultados negativos - hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,3%); veículos e motos, partes e peças (-1,1%); artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos(-1,4%); material de construção (-1,5%); móveis e eletrodomésticos(-2,8%); equipamentos e material para escritório, informática e comunicação(-3,1%); e livros, jornais, revistas e papelaria(–4,7%).
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Aí se entra em um problema que tem afetado as consultorias de um modo geral. Trabalham com modelos de inflação, planilhas juntando previsões de cada item, cada grupo de produtos para se chegar a uma projeção final de inflação.
Em geral, todas trabalham com um mesmo modelo.

Ocorre que, no último ano entraram em cena fatores novos - medidas prudenciais (tirando o foco dos juros), alta liquidez internacional (pressionando o câmbio) – gerando enorme grau de dispersão nos resultados apurados pelas diversas consultorias. E isso acaba trazendo um curto circuito a mais.
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Do lado da Fazenda, há um desafio grande.
Sabe-se que a inflação deverá ceder, mas é impossível prever o “timing” (o ritmo de queda). Se se adotam mais medidas de desaquecimento antes de avaliar o ritmo de da economia, arrisca-se a lançá-la no fundo do poço.

Se, por outro lado, o ritmo de desaquecimento for insuficiente, arrisca-se a bater no teto da meta inflacionária, dando o álibi para novo aumento dos juros - e nova deterioração das expectativas inflacionárias.

O grande cenário para a inflação será chegar ao final do ano entre 5 a 5,25%. E manter o sangue frio enquanto os índices não revertem.

Comércio varejista reduz vendas no mês
O comércio varejista reduziu seu volume de vendas em -0,4% em fevereiro, enquanto a receita nominal permaneceu estável na série com ajuste sazonal ante o mês anterior, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Na série sazonalmente ajustada, três das dez atividades obtiveram resultados positivos para o volume de vendas: tecidos, vestuário e calçados (1,4%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,4%); e combustíveis e lubrificantes (0,1%).

Bancos brasileiros resistiriam a choques econômicos
Os bancos brasileiros podem resistir a choques econômicos sem que seu capital seja comprometido, diz o Banco Central. Em relatório semestral, o BC afirma que o sistema monetário nacional não sofreria com a explosão da inadimplência, mesmo em cenários extremos de deterioração econômica, nem mesmo com a queda na qualidade do capital. Em relação à expansão do crédito no ano passado, a autoridade monetária avaliou que o sistema apresentou rentabilidade satisfatória e a solvência permaneceu robusta.

Economia global deve crescer 4,5%, diz FMI
A expansão média da economia global em 2011 e 2012 deve chegar a 4,5%, segundo relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI). Embora o FMI ressalte a existência de um cenário positivo para a recuperação econômica global, existe o alerta para que os líderes mundiais fiquem atentos às elevações dos preços das commodities e do petróleo, além das ameaças geradas pela elevação do desemprego e dos riscos de sobreaquecimento, em especial nos mercados em desenvolvimento e emergentes.

Déficit orçamentário dos EUA dispara em março
O déficit do orçamento do Estado norte-americano chegou a US$ 188,153 bilhões em março, quase três vezes acima do registrado um ano antes, segundo dados divulgados pelo Departamento do Tesouro. Com o resultado, globalmente as finanças do governo seguiram no vermelho pelo terceiro mês consecutivo. As receitas somaram US$ 150,894 bilhões, queda de 2% ante o ano passado, enquanto as despesas saltaram 55%, para US$ 339,047 bilhões.

Portugal inicia negociações com FMI e UE
O governo de Portugal já negocia os termos da ajuda financeira que o país deve receber com as delegações do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Européia. A informação foi confirmada pelo Ministério das Finanças de Portugal, mas uma porta-voz da entidade se recusou a comentar os detalhes das negociações. “São reuniões técnicas, que não estão abertas para o público”, disse. A reunião começa a consolidar o pacote de socorro de três anos para o país, em um total de 80 bilhões de euros.

AGU aprova Planejamento do Serviço de TV a Cabo
A Advocacia Geral da União (AGU) autorizou a Agência Nacional de Telecomunicações a colocar em prática o projeto de massificação da televisão por assinatura. Entre as medidas previstas pelo regulamento, está a distribuição de outorgas para operadoras de telefonia e o fim das restrições para distribuição de outorgas para tevê a cabo. A autorização da AGU ocorreu em resposta a um questionamento do ex-senador Antonio Carlos Magalhães Junior.



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