Negócios da China

[...] Editorial

Pela República Popular da China, a presidente Dilma Rousseff começa sua primeira missão no cenário internacional, que abrange também visitas à Grécia, República Theca e Portugal, durante dez dias. Acompanhada de uma comitiva de empresários, ela tratará de temas políticos, econômicos, sociais e comerciais. Segunda mais importante economia do mundo, a China representa a mais fértil parceria comercial do Brasil, superando, inclusive, a predominância dos Estados Unidos.

A visita coincide com o momento em que o ascendente país asiático inicia a implantação, no mundo inteiro, de veículos de informação estatal que desempenham a dupla função de comunicação e inteligência. Essa cadeia de informação objetiva consolidar o prestígio chinês e fincar sua presença em inúmeros países onde antigas potências têm perdido progressivamente o poder de influência.

O citado canal de difusão informativa apresenta programação ininterrupta em língua inglesa e é veiculado através de cabo, por satélite, pela internet e pelo telefone celular, fazendo concorrência aos canais internacionais em seu gênero. No futuro próximo, a empresa de comunicação chinesa pretende estar presente em todos os continentes e ganhará o reforço da publicação de jornais nas línguas japonesa, russa, francesa, árabe e, também, em língua portuguesa.

Segundo observadores políticos, o diferencial apresentado pelo canal chinês em relação aos veículos de informação ocidentais, ainda que alguns destes sejam financiados por taxas públicas e seus dirigentes ocupem funções concedidas através de nomeações do Estado, é que a linha editorial chinesa decorre exclusivamente das orientações governamentais. A proposta de Pequim seria investir em todos os mercados, sem se preocupar, pelo menos de início, com retorno em termos de rentabilidade. Esse objetivo havia sido divulgado antes da implantação do canal, na Cúpula Mundial da Mídia, reunindo mais de 300 jornalistas de cerca de 170 países. A agência responsável pelas divulgações difunde cerca de mil notícias por dia em sete idiomas, entre os quais o português, além de enviar e trocar fotos, imagens de vídeo e reportagens de rádio com dezenas de agências de notícias internacionais.

Tão intensa estratégia de contínua expansão deverá conduzir o canal, em médio prazo, segundo a revista americana "Newsweek", a dispor de 200 escritórios no exterior, com cerca de 6.000 jornalistas mobilizados em todo o mundo. Um tentacular império de comunicação à altura da segunda economia mundial, embora haja a lamentar que o respeito aos direitos humanos na China ainda esteja longe de honrar a magnitude alcançada pelo país em outros setores.

Na visita ao relevante parceiro comercial do Brasil, onde a presidente Dilma Rousseff terá a distinção de encerrar oficialmente o Fórum Empresarial Brasil-China, por certo existirão chances de serem reivindicadas importantes sinalizações para uma produtiva presença brasileira em vários setores da economia internacional e medidas de combate à pirataria, bem como de se expressar o propósito nacional de pugnar pela causa dos direitos humanos.

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