Morro acima
O ministro-chefe da Casa Civil não suportou o bombardeio e está fora. E desta vez ninguém deve culpar a oposição. Pois a pressão maior para tirá-lo do cargo veio exatamente do PT. Nos últimos dias ele vinha recolhendo apoios fora do partido, especialmente no PMDB, mas não foi suficiente nem deu tempo.
Os petistas desde sempre enxergaram o governo Dilma Rousseff como nova etapa no projeto político. Sem Luiz Inácio Lula da Silva a concentrar todas as luzes e atrair todos os fluidos do poder, era chegada a hora e a vez da legenda. Foi dito durante a campanha eleitoral. Mais de uma vez.
Mas a constituição do núcleo governamental acabou não confirmando a tese. A dobradinha entre a presidente da República e seu ministro da Casa Civil funcionou nestes quase seis meses como mecanismo de concentração do poder presidencial.
As reclamações na base política são múltiplas, e a novidade na comparação com o governo anterior é que desta vez as queixas vinham incluindo também o PT. Um exercício desafiador nos últimos tempos em Brasília é encontrar alguém da base do governo satisfeito com o governo.
Assim, as revelações sobre o crescimento patrimonial do ministro da Casa Civil -acontecido antes de ele ser ministro da Casa Civil- abriram uma janela de oportunidade para a erupção de todas as insatisfações. E foi o cenário das primeiras semanas de turbulência, até que o PMDB, tardiamente, passou a achar que seria melhor não mudar.
Esse apoio valioso mas tardio não foi suficiente. Faltou exatamente o PT. O ministro tinha respaldo na bancada da Câmara dos Deputados, mas o PT do Senado ontem recusou uma proposta de moção favorável à permanência dele no cargo. O ministro tampouco pôde contar com ajuda do comando partidário.
Sem o ministro, a presidente livra-se de um problema imediato, mas sai algo mais fraca. Diante do PT e também diante da oposição e da opinião pública. Recompor a força talvez venha a ser batalha morro acima.
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