Conversa Afiada

Lula gostava muito do Dudu.

Vovô Miguel e Lula sempre estiveram do mesmo lado, desde que o Vovô voltou do exílio.

Na sucessão de Dilma, em 2018, se nenhum novo petista se sobressaísse ou se Lula não quisesse voltar – é sempre uma hipótese – o candidato do PT poderia ser de fora do PT.

E poderia ser o Dudu.

Se ele ficasse do “lado de cá”.

Lula, pernambucano, e Dilma encheram o Dudu de dinheiro – e receberam críticas dos irmãos Gomes, do Ceará, e Wagner, da Bahia.

Dudu tinha um conselheiro muito sabido, o Fernando Lyra – clique aqui para ler “o importante é o rumo” – que distinguia, com muita nitidez, o “lado de cá” do “lado de lá”.

Fernando morreu.

Um dia, guloso, Dudu resolveu enfrentar o candidato do PT à Prefeitura de Recife e lançar um próprio – o que não estava na combinação.

Um amigo do Lula disse: você vai atravessar o Rubicão.

A política é um rio que vai e não volta à nascente – ouviu, sem acreditar muito.

Se você derrotar o PT – e é provável que derrote – o PT não vai te aceitar nunca mais.

Dudu ignorou.

Dudu derrotou o candidato do PT à Prefeitura de Recife.

Considerou que foi o grande vencedor da eleição de 2012.

Encheu-se de vento.

E foi para o “lado de lá”. 

Na campanha presidencial, é provável que Dudu seja o primeiro em Pernambuco.

E é provável também que o candidato do PT, Armando Monteiro Filho, se eleja governador.

Entre outros motivos porque o Dudu caiu no conto da fadinha da floresta.


Paulo Henrique Amorim