Google e Lenovo pegaram todo mundo de surpresa ontem ao anunciarem que a Motorola passaria das mãos da primeira às da segunda empresa. E mais ainda pelo valor envolvido: meros US$ 2,9 bilhões que estão bem distantes dos US$ 12,5 bilhões que o Google gastou em 2012 para ficar com a marca. Mas o que significa essa transação? Por que a gigante de buscas abriu mão de tanto dinheiro e por que a Lenovo concordou em adquirir uma empresa que só deu prejuízos ao antigo dono?
Por mais que, à primeira vista, nada disso faça sentido, o acordo foi bom para os envolvidos. Primeiro, o Google ficou com as patentes da Motorola, justamente o que o fez comprar a empresa há dois anos; e a área de inovações da marca também permanecerá, agora sob comando da divisão Android.
A Lenovo também sai ganhando, pois de um dia para o outro se tornou a terceira maior marca de smartphones do mundo, com braços espalhados por diversos países. A companhia chinesa foi a que mais cresceu nesse mercado em 2013, com um salto de vendas de 91,7%, mas só tinha forte representatividade na Ásia.
Estratégia agressiva
É preciso lembrar que a Lenovo tem como estratégia rumo à liderança o crescimento agressivo. Foi o que ela fez nos setores de PCs, notebooks, tablets e agora fará com os smartphones. No Brasil ela adquiriu a CCE e, ao invés de conquistar o consumidor local aos poucos, agarrou-o à força sem que ele percebesse.
Para o analista de mercado Leonardo Munin, da IDC, há uma indicação clara de que 2014 será o ano em que a companhia virará seus interesses de vez para os celulares inteligentes. E o prejuízo milionário que o Google teve com a Motorola não deve assustar os chineses.
"Para o Google era um segmento novo, de hardware, em que se encontra dinâmicas às quais a empresa não estava acostumada. Já a Lenovo tem experiência em todas as etapas: negociação com fornecedor, fábricas etc.", esclarece ele. O fracasso da gigante de buscas serviu para dar um recado a quem está chegando agora: o mercado de smartphones é muito difícil.
Próximos passos
Embora a Lenovo esteja conquistando setores de forma drástica, os segundos passos da companhia tendem a ser mais sutis. Ela não deve matar a marca da Motorola ou desaparecer com a sua própria - mesmo que pouca gente no Ocidente conheça os celulares da Lenovo. "Pelo menos inicialmente isso não deve acontecer", aposta o especialista da IDC. "Parece que ela manterá os dois nomes."
Por conta disso, nenhum país verá celulares da Motorola se transformarem em Lenovo. A marca está para trazer uma linha de aparelhos ao Brasil, por exemplo, numa indicação de que a Motorola continuará operando normalmente por aqui.
do Olhar Digital
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