Esse Josias é um pandega. Confiram abaixo a veia humorística do rapaz:
A partir desta segunda-feira (4), equipes do Jornal Nacional, da TV Globo, farão a cobertura sistemática dos principais candidatos à sucessão presidencial. O telejornal de maior audiência do país exibirá diariamente reportagens sobre o vaivém de Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos. Exibirá à sua audiência um resumo de um minuto do dia de cada contendor.
Menos conhecidos do eleitorado, Aécio e Campos enxergam essa janela semanal de seis minutos como uma oportunidade a ser aproveitada. Ambos ajustarão suas respectivas agendas às lentes da Globo. Com isso, esperam atenuar o déficit de exposição em relação a Dilma, que faz do exercício do cargo uma vitrine em que os atos da presidente se misturam às conveniências da candidata.
Segundo o último Datafolha, Dilma é conhecida por 99% dos eleitores, dos quais 53% afirmam que a conhecem muito bem; 32%, um pouco, e 15%, só de ouvir falar. Aécio é conhecido por 81%. Mas apenas 17% dizem conhecê-lo muito bem; e 37% só ouviram falar dele. A taxa de conhecimento de Campos é ainda menor: 59%. Conhecem-no muito bem só 7%; de ouvir falar, 34%.
Aécio costuma dizer que “a presença da presidente da República nas mídias de massa é avassaladora”. Na sua definição, o que houve até aqui foi “um monólogo”, não uma disputa real. Coordenador nacional da campanha tucana, o senador José Agripino Maia (DEM-RN), deu uma ideia do tipo de evento que será provido à Globo e às outras emissoras que se dedicam a acompanhar os candidatos.
“Vamos aproveitar o aumento da exposição para estabelecer um diálogo com a sociedade. No Rio Grande do Norte, por exemplo, Aécio visitará a fábrica da Guararapes [confecção do Grupo Riachuelo]. Já teve 17 mil funcionárias. Hoje, por conta da competição com produtos vindos da China, tem apenas 10 mil. Perdeu a capacidade de crescer. E se tornou um símbolo de resistência. É uma história a ser contada. Aécio será recebido pelas operárias. E terá a oportunidade de dizer o que fará para elevar a competividade das empresas brasileiras e impedir a perda de tantos empregos.”
Presidente do PSB de São Paulo e candidato a vice-governador na chapa tucana de Geraldo Alckmin, o deputado federal Márcio França disse que, também no caso de Campos, o aumento da exposição televisiva potencializará a divulgação das propostas do candidato. Avalia, de resto, que será uma chance para informar a quem ainda não sabe que a companheira de chapa de Campos é Marina Silva, uma ex-presidenciável de 20 milhões de votos. Os dois devem realizar mais eventos conjuntos.
Já nesta segunda-feira, Campos e Marina dividirão os holofotes num ato político organizado para fisgar a atenção do pedaço do eleitorado que encheu as ruas em junho de 2013. Lançarão um documento batizado de “Carta das Juventudes”. A peça contém as diretrizes do programa de Campos para os jovens. Coisas como a escola em tempo integral e o polêmico passe livre para estudantes nos transportes públicos.
O comitê de Dilma não está alheio à movimentação dos rivais. A agenda da postulante à reeleição também será ajustada de modo a aproveitar a audiência da Globo. Com uma diferença: Dilma terá de combinar a rotina do Planalto com os interesses eleitorais. Até aqui, atos de campanha vinham sendo camuflados na agenda da presidente como eventos oficiais.
Nesta nova fase, a legislação eleitoral é mais restritiva. Mas a capacidade da marquetagem de se ajustar tende ao infinito. Nesta segunda, por exemplo, Dilma deve posar para as lentes ao lado de profissionais cubanos do Mais Médicos em visita a uma unidade de saúde de Guarulhos, na grande São Paulo.
Dentro de 15 dias, será possível aferir os efeitos das aparições dos candidatos no horário nobre, antes da novela das nove. Os institutos de pesquisa se equipam para divulgar novas sondagens às vésperas do início da propaganda eleitoral no rádio e na televisão, que começa no dia 19 de agosto.
A plateia saberá, então, se o aumento da taxa de conhecimento dos rivais de Dilma resultará em elevação do índice de intenção de votos. Até aqui, Aécio (20% no último Datafolha) e Campos (8%) não se mostraram capazes de capturar, na proporção que necessitam, os votos que Dilma (36%) deixou escapar. Para complicar, o tempo de propaganda da presidente é quase três vezes maior que o de Aécio e seis vezes maior que o de Campos.
Quarto colocado nas pesquisas, o pastor Everaldo (3%), presidenciável do PSC, também merecerá alguma atenção do Jornal Nacional. Ele ganhará um minuto de exposição por semana, provavelmente às sextas-feiras. Para a oposição, é vital que o nanico cresça. Ajuda a consolidar a perspectiva de um segundo turno. Além do dia dos candidatos, a Globo fará oportunamente, entrevistas com todos eles na bancada do seu principal telejornal.