Paulo Nogueira: Marina vai para o segundo turno?

[...] Vistas as coisas em retrospectiva, Marina floresceu antes do tempo. E pode murchar exatamente às vésperas das eleições.
Na pesquisa CNT/MDA divulgada hoje, ela apareceu com 27,4%. Não seria um número em si ruim, não fosse a circunstância de que na mesma pesquisa anterior, no início de setembro, ela tinha 33,5%.
Caso ela continue a cair no mesmo ritmo, chegará às urnas na casa dos 20%. É um patamar de alto risco para suas pretensão de fazer do segundo turno uma coisa “diferente”, pelo tempo de propaganda de que disporia – o mesmo de Dilma.
A aflição dos adeptos de Marina não significa que os tucanos estejam dando pulos de alegria.
Aécio depende de um milagre para ir ao segundo turno. Uma virada sem precedentes, na análise do diretor do Datafolha.

Os votos por ora perdidos de Marina, conforma sugere a nova pesquisa, estão indo não para Aécio — mas para o bloco dos nulos e indecisos.
Aécio, neste momento, tem uma torcida inédita: a dos petistas. O PT sabe que é muito mais fácil batê-lo no segundo turno que Marina.
Não é provável, mas é possível.
Caso Marina continue a descer e Aécio fique parado, Dilma pode vencer já no dia 5 de outubro.


O pior parece ter passado para ela.
O caso Petrobras não a atingiu. A Marinamania passou.
E ela própria se firmou nos debates e, mais ainda, nas sabatinas com (ou contra) jornalistas.
Neste instante, o vento sopra forte a favor de Dilma. Isso pode resultar num segundo mandato ainda no primeiro turno.
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Um comentário:

  1. Batista Neto José23 setembro, 2014

    Eis uma candidata que vem buscando uma identidade desde que sentiu-se preterida num embate pelo poder dentro do partido do governo em que nasceu. Saiu do partido e concorreu a presidência embalada na "onda verde" na sua condição de Ex Ministra do Meio Ambiente abraçada à bandeira do PV. Em 2013, dizem os analistas, a candidata foi poupada nas críticas aos políticos e à política em geral. Entendeu o recado e tentou surfar na onda "apolítica, apartidária e horizontal", sinalizada nas passeatas, tentando criar um partido politico que não tinha nome de PARTIDO. As "marcas" exploradas nessa ideia apelavam para a horizontalidade dos "horizontais" (REDE) e para o apelo ambientalista (SUSTENTABILIDADE). Não conseguiu criar o tal partido com essas "marcas" e então resolveu pendurar-se no partido, que até então surfava nas bandeiras socialistas de Miguel Arraes, mas já flertava com aproximações explicitas com os modelos neoliberais do capitalismo rentista.
    A fatalidade (que ela atribuiu à "providencia divina") permitiu que ela surfasse em uma nova onda da comoção pela perda do grande líder, neto de Miguel Arraes.
    Encantada com a janela de oportunidades que se ensejara, radicalizou na aproximação com o capitalismo, enterrando de vez o que fora um dia o partido socialista, PSB, para desespero de Luiza Erundina e tantos outros socialistas históricos.
    O eleitor atento vai aos poucos superando a emoção e conseguindo enxergar a insustentável leveza da "sustentabilidade" apregoada.

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