As praças cheias de junho de 2013 mostraram que, a despeito dos avanços sociais e da elevação do consumo popular, o país estava inquieto. Nas pesquisas mais recentes, os brasileiros que desejam mudanças ainda representam mais de 70% do eleitorado. Na política, a principal notícia é um escândalo que joga no ventilador da República óleo queimado em conta-gotas. Na economia, ocupam as manchetes os maus indicadores.
Contra esse pano de fundo turvo, Dilma Rousseff chega às urnas deste domingo (5) em situação de relativo conforto. Não recuperou toda a popularidade que as ruas lhe tomaram no ano passado. Mas observa à distância a briga de Marina Silva e Aécio Neves por uma vaga no segundo turno. Como explicar?
Pode-se invocar muita coisa como pretexto para a debilidade: o poder da máquina estatal, a conversão da política num ramo da publicidade, o descompromisso do marketing com a ética, a falta de discernimento de parte do eleitorado… Tudo isso ajuda a compor o quadro. Mas é preciso acrescentar à lista a mãe de todas as razões: a incompetência da oposição.
O PIB é medíocre. A inflação é incômoda. Os juros escorcham. Os investimentos evaporaram. O consumidor guarda um escorpião no bolso. Crescem o déficit externo e a dívida pública. A oposição faz o diagnóstico, mas evita aviar toda a receita. Diz-se que tiraria votos. Será que o pedaço mais lúcido do eleitorado não premiaria a sinceridade?
Dilma se aproveita da desconversa geral para instilar a suspeita de que seus antagonistas promoverão um arrocho. E ninguém se anima a dizer que bastaria realizar em 2015 um ajuste parecido com o que Lula implementou em 2003, primeiro ano do seu reinado. Contra o descalabro fiscal, um mínimo de austeridade. Qualquer dona de casa sabe do que se trata.
Na seara social, tudo o que a oposição conseguiu bolar depois de 12 anos de poder petista foi uma felicidade inciada com não: não vamos acabar com o Bolsa Família, não vamos interromper o Minha Casa…, não vamos bulir com o Prouni…” No discurso oposicionista, o Éden começa com a negação. E a plateia dos fundões do Brasil se pergunta: se é assim, por que mudar?
O eleitor parece propenso a [Não] oferecer o prazo de um segundo turno para que a oposição tente responder.
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