Rodrigo Vianna: Empate técnico no Ibope e Datafolha mas,

Vento sopra a favor da presidente Dilma Roussef

Vamos falar francamente: qual a probabilidade estatística de que duas pesquisas, de dois institutos diferentes, ao longo de duas semanas, tragam resultados absolutamente idênticos?

Estamos falando de um país imenso feito o Brasil. Estamos falando de uma pesquisa DataFolha que ouviu quase 10 mil pessoas, e de um levantamento do IBOPE que entrevistou cerca de 3 mil eleitores…

Ao fim e ao cabo, os dois institutos cravam resultados absolutamente iguais: uma semana atrás, Aécio tinha 46% e Dilma 44%. Agora (dia 15 de outubro), Aécio tem 45% e Dilma 43%.

Quando chegamos aos votos válidos, temos 51% a 49% tanto no DataFolha quanto no IBOPE.

Sempre com o tucano levemente na frente – pra manter algum otimismo nas hostes tucanas.

Hum…

Tirando isso, a tendência é de empate mesmo. Mas chama atenção que não haja nenhuma diferença entre os dois institutos, nenhum fiapo. Nada. Depois de apanhar, com tantos erros no primeiro turno, DataFolha e IBOPE estão agora jogando juntos. Se errarem, erram juntos.

Mas, afinal, como errar? Se há empate, ninguém se compromete. Se Dilma aparecer à frente no dia 26, está tudo em casa: margem de erro. Se Aécio ganhar, melhor ainda: vitória para o candidato da Globo.

A essa altura, depois de uma semana de bombardeio midiático contra Dilma, e depois das adesões do PSB, da família Campos e de Marina Silva ao tucanato, esperava-se que a “onda azul” ganhasse força. Isso não se confirmou.

Semana passada, eu já apresentara o mapa do voto, região por região (clique aqui para ler). Apontava que tudo indica uma eleição duríssima, que deve-se decidir no Rio – estado com o eleitorado mais fluído, menos marcadamente petista ou tucano. O texto foi publicado antes das primeiras pesquisas DataFolha e IBOPE do segundo turno – que contrariaram expectativas tucanas e mostraram empate.

O quadro segue o mesmo.

Mas agora há alguns dados a acender sinal amarelo para Aécio: a rejeição dele subiu 4 pontos em uma semana, segundo o DataFolha. Bateu em 38%, quase idêntica à rejeição de Dilma (42%) – que apanha sem parar há 4 anos.

De outra parte, a aprovação ao governo Dilma subiu para 43% – diz o IBOPE. Isso apesar do bombardeio contra ela.

Tudo isso leva a crer que até o fim-de-semana Dilma terá virado o jogo, ainda que por margem muito estreita. Blogueiros tucanos do G1 já tocam o alarme na campanha tucana… Ainda mais porque Dilma acertou golpes duros em Aécio durante o debate da Band.

Ainda assim, o equilíbrio seguirá. Não haverá uma onda Dilma. Nada disso. Dilma, se ganhar, terá obtido a vitória no conta-gotas – conquistando voto a voto.

MAPA DO VOTO

Analisando os cenários, estado por estado, temos um país absolutamente dividido – com o seguinte quadro:

- Aécio deve abrir vantagem de 11 milhões de votos confirmar a dianteira folgada em São Paulo (7 milhões), Sul (2,5 milhões) e Centro-Oeste (1,5 milhão).

- Dilma equilibra o jogo com uma frente de 11,7 milhões de votos obtidos no Nordeste (10,5 milhões) e no Norte (1,2 milhão).

Há duas incógnitas: Minas e Rio.

Aécio deve ganhar – com diferença pequena (inferior a 500 mil votos) - em Minas. E Dilma tende a ganhar (também por margem estreita, cerca de 500 mil votos) no Rio.

Isso tudo indica um equilíbrio extremo.

O que pode pesar no resultado final?

Se o PT aumentar a diferença no Nordeste, e reduzir um pouco a diferença em São Paulo (a crise da água pode levar eleitores de áreas mais pobres do Estado – que apoiaram Marina – a migrar para o voto nulo ou até para Dilma no segundo turno), a balança pesa para o lado de Dilma.

Se Aécio consolidar São Paulo, e ainda abrir vantagem em Minas (conseguindo vantagem superior a 1 milhão de votos), a balança pende para o lado dele, e aí o PSDB pode vencer.

Uma nova investida midiática contra Dilma não está descartada na reta final. Mas o PT guarda munição pesada contra Aécio.

Abstenções altas no Nordeste ou em São Paulo tendem ainda a ter um peso decisivo.

Minha aposta, mantido o quadro atual: Dilma vence, com uma margem entre 200 mil e 2 milhões de votos.

Os institutos de pesquisa seguirão dando resultados idênticos? Talvez precisem corrigir nos próximos dias a estatística para um nível ainda mais dramático: 50% a 50%.

Pra eles, a melhor aposta talvez seja essa: o empate total.

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