Armando Coelho - A caravana de Lula segue e a “Bridge Project Band” desafina


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As páginas do roteiro são incertas. Mas, a usina do golpe está fora de nossas fronteiras e isso é fato consumado. Além da metodologia manjada, consta na WikiLeaks que em 2009, já havia menção ao juiz Sérgio Moro, como participante do “Bridge Project” (Projeto Pontes). Qualquer semelhança com o projeto “Ponte para o Futuro” do impostor Fora Temer pode ser mera coincidência. Também por coincidência, datam daquela data as urdiduras que resultaram em projetos que mais tarde foram convertidos em leis sancionadas pela Presidenta Dilma Rousseff, que, aliás, acabaram se voltando contra o Partido dos Trabalhadores, conforme conveniência.
Não indicadores isolados. Logo os brasileiros tomaram conhecimento das espionagens contra a legítima Presidenta Dilma Rousseff, praticadas pelos bisbilhoteiros americanos, que desde cedo buscavam os caminhos para a tacada final. Ainda que burramente, dentro e fora da PF fosse alardeado que o PT havia aparelhado a instituição, o partido não conseguiu emplacar sequer um carcereiro e não se tem notícia de que na Receita, Justiça e Ministério Público o partido tenha conseguido encaixar um chefe de protocolo. Como o problema não era gestão nem de roubalheira, coisa e tal, os meios de comunicação assumiram o lado promíscuo da sabotagem. Moralismo uma ova!

O aparelhamento (isso já foi dito aqui) sempre esteve ao contrário e não foram poucos os atos de sabotagem contra a legítima Presidenta Dilma Rousseff em todas as instituições. Hoje, o acovardamento generalizado das entidades de classe representantes dos barnabés que movimentam a máquina administrativa oficial é notório e sintomático. Falavam grosso com aquela Autoridade e hoje nem fino gaguejam com usurpador da Faixa Presidencial, que vive sob proteção de um Congresso Nacional predominantemente corrupto e por um Poder Judiciário igualmente suspeito – omisso, politizado, ativista de conveniência. A Farsa Jato representa bem esse papel sujo do golpe.
Retomo o tema do aparelhamento em virtude de Rodrigo Janot, que teria sido indicado por Dilma Rousseff. Eis mais um integrante do aparelhamento ao contrário, sempre a serviço do golpe, no melhor estilo “Bridge Project”. Do mesmo modo como parece ter ocorrido com Joaquim Barbosa, Dias Tofolli, Ricardo Lewandowski e outros. Afinal de contas, como extrair das instituições burguesas pessoas afinadas com humanismo, democracia, sociedade inclusiva? O que dizer então da Polícia Federal, ora bolas!? Obviamente, ainda que nem todos soubessem que pito tocavam na “Bridge Project Band”, existia a ânsia por cargos e notoriedade, prato cheio para Rede Globo, Veja e Cia Ltda.
Nessa semana agitada, a “Bridge Project Band” voltou a desafinar, por causa de. Rodrigo Janot que encontrou um gato na tuba. Justo ele que parece mergulhado naquilo que o impostor Fora Temer chama de “delírios etílicos”. E, convenhamos, parece que o quadrilheiro-mor da Nação tem lá seus motivos. Mas, o que é visto como delírio pelo golpista, dentro da Polícia Federal é visto como mera incompetência mesmo. No cafezinho da PF o que rola é que o MP como todo não é vocacionado para investigar. Recebi hoje da PF a seguinte mensagem: “De um lado temos a polícia judiciária fraca - sem garantias para investigar, e o MP alucinado para ter o monopólio da investigação, para controlar todas as diligências e a materialidade delitiva. As coisas precisam voltar à normalidade no Brasil: Polícia investiga e MP denuncia”.
Ainda que reducionista seja a visão entre muitos delegados, o desafino da banda parece mais complexo. É como se ainda valesse, dentro do Ministério Público, a ideia do “se até cão farejador investigar, por que o nós não?”. É possível que a arrogância embutida no jargão seja responsável pelas trapalhadas de Janot. Na prática, ele fortalece a defesa do impostor Michel Temer, que já andou dizendo: “Eu não disse?”. A primeira peça “janotiana”, ainda que dentro do script “sejumoriano”, não colou perante o Congresso Nacional corrupto, antigo aliado da republiqueta curitibana. Não custa lembrar que a cozinha da Farsa Jato é a maior fábrica de contorcionismo jurídico, convicções sem provas, subversão dos meios convencionais de provas e muito profícua em frases de efeito.
O real é que sobre a lambança de Janot, o Congresso em Foco já tinha noticiado que peritos da Polícia Federal alertaram, três meses antes, a existência de áudios omitidos pela JBS. A matéria veio logo após a melodramática cena de Rodrigo  Janot falando de novas delações. Desta feita, com menções a ministros do Supremo, parlamentares e um ex-procurador do Ministério Público Federal (MPF). No novo delírio “janotiano”, ele classificou as conversas como “gravíssimas” e de conteúdo “exotérico”, seja lá o que quer dizer com isso. Embora omita que as novas gravações comprometem até ele. Tem até “promessa de emprego”.
O fato é que a “Bridge Project Band” está desafinando. É como se algumas partituras tivessem sido surrupiadas. A 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região já determinou que Sérgio Moro pare de oferecer benefícios em processos sobre os quais não tem competência. Também já anulou condenações (Vaccari) com base em disse-me-disse: não é por que um delator diz e outro confirma que afirmações lacônicas se transformam em prova. No mais as obvias deduções de que a Farsa Jato é só um susto na cambada amiga e o real é mesmo contra Lula/PT.
Outra nota dissonante vem da Folha de S. Paulo: diz que o advogado Roddrigo Tacla Duran (ex- Odebrecht) estaria acusando Carlos Zucolotto Júnior, amigo e padrinho de casamento de Moro, de intermediar negociações paralelas com a turma da Farsa Jato. Atenção! Zucolotto trabalhou com Rosângela Moro, esposa bandleader Sérgio Moro. Obviamente, eu que rejeito vituperos, não integro a Farsa Jato nem escrevo à la Veja/Marinhos não vou fazer ilações. Mas, não custa comparar com o que Antônio Palocci fez com Lula. Se acusações vazias não são provas contra uns não podem ser contra outras. Exceto quando a mediocridade vira filme, lançado com muita brasilidade num país à venda (claro!).
A “Bridge Project Band” desafinou. Tio Sam se deu por satisfeito com a queda de Dilma Rousseff e já tomou o Brasil de volta. Do nosso Exército varonil só sobrou a irônica rima. Os cães ladram e a caravana do Lula segue.
Armando Rodrigues Coelho Neto - ex-delegado da Polícia Federal e membro da Interpol***