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Indicadores oficiais dominam agenda

A agenda de indicadores desta semana será dominada por números de órgãos do governo federal. De nove divulgações previstas, três virão do Banco Central, uma da Receita Federal e uma do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).


Hoje a Gerência Executiva de Relacionamentos com o Investidor (Gerin), do BC, divulgará a Pesquisa Focus, com as medianas das expectativas do mercado para os principais indicadores macroeconômicos. Ainda hoje, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MIDC) informará o saldo da balança comercial referente à segunda semana de abril.

Amanhã, será a vez da Receita Federal divulgar o valor arrecadado pelos cofres públicos em março. Na quarta-feira, a agenda de divulgações dos indicadores domésticos será interrompida por conta do feriado de Tiradentes. Mas na terça-feira serão conhecidos mais dois indicadores de inflação. 



A Fundação Getúlio Vargas (FGV) trará à público a inflação apurada pelo Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M) referente à segunda prévia de abril. Já o IBGE divulgará a inflação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) entre 16 de março e 15 de abril, o IPCA-15.

Inflação - Copo meio cheio, copo meio vazio


José Paulo Kupfer
Os significados dos movimentos de preços embutidos no IPCA de março são do tipo do copo com água pela metade. Dependendo de quem observe o copo, ele pode estar meio cheio ou meio vazio. Dependendo de quem olha para os componentes do IPCA e para as comparações com o índice em outros períodos, a inflação pode estar explodindo ou caminhando para uma acomodação.
Assim, a pergunta relevante a responder, no momento, é a seguinte: as pressões remanescentes são também sazonais ou derivam realmente de um aquecimento exagerado da demanda?
Ocorreu em março, como era de esperar, um refluxo dos picos sazonais registrados em janeiro e fevereiro. Os preços de itens dos grupos educação e transportes, vilões do primeiro bimestre, ao lado dos alimentos, acomodaram-se. Destaque para os combustíveis, que mostram tendência de descompressão.
Infelizmente, o item que mais pesou no IPCA de março não permite uma resposta inequívoca sobre o comportamento da demanda. As maiores pressões, que respondem por dois terços do índice, vieram do item alimentação e bebidas. As relações deles com os excessos de demanda não são fáceis de identificar.
Tomate, batata e leite continuam campeões de alta de preços, mas isso configura mais um choque de oferta, por causa da temporada estendida de chuvas, do que pressões de demanda. Excesso de gastos públicos, aumento do salário mínimo e crédito abundante não são boas explicações para as fortes altas registradas nos preços da batata, do tomate e da polpa de açaí.
Também não é possível localizar pressões de demanda nos preços administrados, que respondem por um terço do IPCA e se movimentam independentemente da demanda e da taxa básica de juros (Selic). Eles, aliás, devem contribuir, nesta quadra, para moderar as altas do índice.
Resta, então, investigar as altas de preço dos itens que compõem o grupo dos serviços, diretamente afetados pelo nível de demanda. A chave da questão, no caso, localiza-se nos grupos habitação, despesas pessoais, saúde e cuidados pessoais. Esses estão realmente em alta, ainda que essa alta se revele moderada.
O resumo da história é que, embora o IPCA mensal deva continuar recuando, o que já acumulou no primeiro trimestre do ano é mais do que suficiente para justificar a aplicação imediata de um freio na demanda. Mas, pelo exposto, Seria bom tomar cuidado para não exagerar na dose, diferentemente do que uma parcela do mercado está recomendando.