Zé Dirceu - os desafios para 2015

A gravidade da crise mundial, agora revelada com a queda dos preços do petróleo, exige que, no Brasil, nosso governo venha a público e exponha ao país a real situação de nossa economia e seus limites para a recuperação imediata. Mas, principalmente, apresente as medidas a serem adotadas em 2015 para enfrentar a crise global e superar os graves problemas de nossa economia, começando pela retomada do crescimento para manter o emprego e a renda dos brasileiros com distribuição de renda, sem abrir mão dos direitos trabalhistas, sociais e previdenciários a duras penas conquistados nos últimos 12 anos — e sem medidas de austeridade ou aumento de impostos que recaiam apenas sobre os trabalhadores, como era a tradição no país.
Não estamos em 1988, mas a crise é grave. Nosso país não está endividado em dólares, nosso câmbio é flutuante, temos reservas e nossa dívida pública está sob controle, tendo crescido não por outra razão, mas para evitar uma recessão e suas consequências sociais e políticas que seriam muito mais nocivas. A começar pelo desemprego que assola o mundo e pela queda da renda das famílias. Não estamos fora do risco de sermos tragados por ela, se não adotarmos as medidas adequadas na hora certa.
Sem abrir mão das conquistas dos últimos 12 anos, devemos buscar saídas políticas para a crise. Caso contrário, as forcas hegemônicas na economia e na sociedade se imporão com um ajuste fiscal e monetário que levará, inevitavelmente, à queda da participação do trabalho na renda nacional, colocando em sério risco as conquistas sociais e trabalhistas, como tem acontecido na Europa e como é tradição ocorrer no Brasil.
É urgente e necessário que a presidenta assuma a liderança para construir um acordo político a partir de um diálogo nacional para pactuar as saídas para a atual crise. É preciso expor ao povo a real situação do mundo e suas prováveis e graves consequências para o nosso país, com coragem e clareza para expor nossos impasses, mas também apresentando as propostas para superá-los.
Sem medo e sem esconder, não apenas nossos problemas fiscais e de gestão, mas esclarecendo, por exemplo, o gravíssimo problema do custo da dívida interna (6% do PIB, ou R$ 265 bilhões em 2015), os elevados spreads com os quais convivemos (de 28% a 32%) ou os juros reais de 6% aos investidores externos, em um momento em que o mundo passa por um período de recessão, praticando juros negativos, quando não deflação (casos do Japão e da Europa, onde o fantasma da deflação já é real).
Para além da continuidade dos investimentos em infraestrutura social e econômica, no Pré-Sal, na Educação e inovação, na aposta no nosso mercado interno. Na disputa de mercados externos o país precisa enfrentar o agravamento da situação internacional num cenário de queda dos preços do petróleo, das commodities e do comércio internacional. Um contexto em que há aumento do protecionismo e de medidas como a administração do câmbio, crescimento da disputa de nosso mercado interno e dos nossos mercados externos de manufaturados e máquinas e equipamentos pela China, Europa, Japão e EUA.
É improvável, mesmo que avancemos na redução dos custos de logística, em Educação e inovação, que consigamos enfrentar esse quadro desfavorável e essa conjuntura de crise dentro dos marcos atuais de nosso modelo econômico, marcado por custos financeiros altíssimos, custos crescentes de energia e sistema tributário injusto e irracional.
Fazer uma reforma política é fundamental, mas também promover reformas administrativa, tributária e financeira, são condições para sobrevivermos aos novos tempos sem abrir mão da distribuição de renda, do fortalecimento de nossa indústria e do mercado interno. Sem uma nova política cambial, nossa indústria, apesar de todas as medidas do governo, como o programa Brasil Maior, continuará a definhar frente à concorrência, muitas vezes predatória, dos importados.
Uma agenda de reformas e de enfrentamento da crise mundial que inclua um ajuste em nossas contas internas e externas pressupõe, antes de mais nada, um diagnóstico compartilhado com a sociedade e o povo. Exige a pactuação de medidas econômicas de emergência e de amplas reformas que mudem a distribuição da renda e da riqueza no país, começando pela tributária, para viabilizar a ampliação dos investimentos públicos e a manutenção do Estado de bem estar social que estamos construindo. Reformas que exigem ampla mobilização social para fazer prevalecer no Congresso Nacional não apenas a expressão do poder econômico e da mídia, mas das forcas populares, democráticas, nacionalistas e de esquerda —daqueles que elegeram e reelegeram Lula e Dilma.
Esse é o desafio que nos espera em 2015 e que dependerá da unidade política, não apenas no PT e do partido, mas de todas forcas políticas de esquerda e da sociedade que nos delegaram pela quarta vez a tarefa de governar o país e nosso povo.

Agências de viagens

Atenção.
Duas novas agências de viagens, “Tucanos Sem Personalidade” e “Coxinha Vai Com As Outras” estão promovendo pacotes de viagens para Cuba.
São 3 dias em Havana e mais 3 em Varadero, em hoteis “All Inclusive” a preços promocionais, principalmente com saídas de São Paulo, com direito a City Tour passando pela nova Embaixada dos EUA.
Descontos especiais para manifestantes da Avenida Paulista.
Faça a sua reserva, mas só existem vagas disponíveis a partir de setembro/2015.


por Paulo Cesar Diderot



Luis Nassif - Sai Dilma Pena, a presidente da Sabesp que ousou ser responsável

- O que assumir é um irresponsável - 

Jornal GGN - Dilma Pena pediu demissão da presidência da Sabesp para o próximo ano. A confirmação de sua saída, no ápice da crise de gestão da Sabesp com a falta de água, ocorreu em carta enviada a funcionários da empresa.
Na sua gestão, herdando os atrasos nas obras dos seus antecessores, comportou-se de maneira responsável, como uma verdadeira funcionária pública, recomendando campanhas mais agressivas para alertar os consumidores e ações mais agressivas de economia de água.
Queimou-se devido à sua responsabilidade de gestora, contranstando com a irresponsabilidade do governo Alckmin, de agravar uma tragédia já anunciada..
Da Folha de S. Paulo
Em carta, Dilma Pena admite que não comandará mais a empresa em 2015
Executiva está no cargo desde 2011 e ficou desgastada durante crise de abastecimento de água no Estado de SP
Por Leandro Machado 
Em carta a funcionários da Sabesp, a presidente da companhia, Dilma Pena, admitiu que não ocupará mais o cargo a partir do próximo ano.
A executiva se desgastou na condução da empresa durante a crise hídrica por que passa o Estado de São Paulo.
Sob a gestão de Dilma Pena, que está no cargo desde 2011, reservatórios de água que abastecem a Grande São Paulo bateram recordes negativos de armazenamento.

"Saio de férias até dia 02/01 e volto para fazer a transição para o sucessor que o Conselho de Administração nominar", escreveu ela, em carta destinada a diretores.
A saída de Dilma já era dada como certa na cúpula do governo Geraldo Alckmin (PSDB), mas nunca foi admitida oficialmente.
Sua situação ficou insustentável após vazamentos de gravações dela. Na primeira, ela afirmou, em reunião com executivos da companhia, que uma "orientação superior" impediu a Sabesp de alertar a população sobre a necessidade de economizar água.
Em outro áudio, Dilma classificou de "teatrinho" a CPI na Câmara Municipal que tratava do contrato da Sabesp com a prefeitura. No episódio, ela conversava com o vereador Andrea Matarazzo (PSDB), momentos antes de ser ouvida na sessão. A fala irritou vereadores. Dilma e Matarazzo se retrataram depois.
MUITA CHUVA
Na carta de despedida, Dilma Pena demonstra cansaço após meses de crise na empresa: "Só hoje tenho condições de lhes escrever agradecendo, porque minha mente estava exigindo tempo, minha alma precisava calma, e meu coração paz."
Ela chama funcionários da empresa de "lutadores". "Estamos chegando ao final do ano não como vencedores, mas como lutadores. Ganhamos várias batalhas, mas não a guerra, ainda."
E finaliza: "Para todos vocês e suas famílias um FELIZ NATAL [...], e 2015 melhor que 2014, com muita chuva e trabalho profícuo."



Nação Nordestina: do Facebook para o Encontro, com Fátima Bernardes

É cabeça chata sim!
No início de dezembro, Bráulio Bessa, de 29 anos, publicou uma imagem em seu perfil do Instagram (@brauliobessa) em que aparece ao lado da jornalista Fátima Bernardes, Marcos Veras, Luiza Possi e Lair Rennó e anunciou aos seguidores (são mais de 17 mil) que agora faz parte do elenco fixo do programa "Encontro com Fátima Bernardes".
A primeira participação no programa foi via internet, quando o cearense, natural do município de Alto Santo, localizado a cerca de 240km de distância de Fortaleza, falou do preconceito contra o povo nordestino. O bom humor do palestrante e poeta ganhou a simpatia da produção.
Foi convidado para participar mais duas vezes ao vivo e na quarta vez, como ele mesmo brinca, "já estava ocupando seu lugar no sofá de Fatinha". "Agora fico à disposição do programa e, de acordo com os temas, eles vão me convocando pra ir dando uns pitacos", observa.
Além da apresentadora e de Lair Rennó e Marcos Veras, que estão no "Encontro com Fátima Bernardes" todos os dias, o time de consultores ainda conta com nomes como Dr. Fernando Gomes Pinto, Viviane Mosé, Andrea Ramal, Daniela Alvarenga, Fabricio Carpinejar, Ligia Guerra, Moisés Groisman e Luiza Possi.
Bráulio tece elogios à "chefe". "Cresci vendo esse ícone da TV brasileira chamado Fátima Bernardes. É aquele tipo de pessoa tão incrível que você acha que nem existe de verdade e quando chega perto e conhece, percebe que além de existir, é uma pessoa simples, humilde, verdadeira e acima de tudo humana".
Celebridade na web
Mas, antes de chegar ao programa de abrangência nacional, o cearense já era velho conhecido da internet. Em 2011, criou a página "Nação Nordestina" no Facebook. "Fiz o projeto quando ainda não existia reflexo algum de cultura nordestina nas redes sociais e a cada dia surgia um novo caso de preconceito contra nosso povo na mídia".
O intuito, que segue o mesmo até os dias atuais, é valorizar a cultura e combater de forma limpa e inteligente os comentários negativos que surgem acerca da região. "Hoje, a página conta com mais de 1 milhão de fãs e tem uma média de 10 milhões de pessoas alcançadas por mês, sendo considerado o maior movimento virtual de divulgação e valorização da cultura nordestina no mundo", Bráulio faz questão de citar.
Após o 1º turno das eleições deste ano, o cearense voltou a chamar atenção nas redes. Fez um vídeo e publicou em seu canal do Youtube e em seu perfil do Facebook em que recitava o poema "Nordeste Independente", de Bráulio Tavares e Ivanildo Vilanova, para responder aos preconceituosos de forma bem humorada e inteligente.
"Foram mais de 700 mil visualizações apenas no meu canal do YouTube. O vídeo se tornou um viral muito maior no meu perfil do Facebook, onde teve mais de 400 mil compartilhamentos e 6 milhões de visualizações".
O trabalho de Bráulio na web também foi reconhecido pela Fifa. Na época da Copa do Mundo, foi convidado para entregar o troféu de melhor jogador da partida durante o jogo Alemanha x Gana. "Foi incrível, além de ter tido a sorte do melhor jogador ter sido o Mario Götze. Ainda quebrei o protocolo e entreguei uma camisa do meu Alto Santo Esporte Clube ao herói da Alemanha no Mundial".
Morando atualmente em Alto Santo, além de tomar conta da página no Facebook, ele viaja ao redor do País dando palestras. "Conto minha história de sonhos, lutas e vitórias olhando no olho de cada pessoa, tentando sempre levar alegria e inspiração ao público. Como diz meu slogan, a cabeça é chata, a palestra, não".
Apesar de ser defensor da causa, Bráulio confessa que não escapa do preconceito e que sua participação no "Encontro" será mais um recurso de lutar contra comentários ofensivos.
"Fiquei extremamente feliz quando o Maurício Arruda (diretor geral do programa) me convidou pra fazer parte do Encontro e a prova disso é a imensa repercussão que teve. Fico honrado e feliz em poder levar um pouquinho do nosso Nordeste a casa de milhões de brasileiros", fala com orgulho.
Vale destacar que o cearense também foi convidado para ser colunista da revista digital "Encontro". A partir de janeiro, todos os meses ele irá escrever um cordel inédito para a publicação.
Jaqueline Nóbrega - Diário do Nordeste

Marcos Coimbra - A petrobras e a opinião pública

Todos os partidos (sem exceção) estão envolvidos no escândalo da empresa, revela pesquisa nacional do instituto Vox Populi


na Carta Capital - edição 831



Para quem acompanhou o carnaval da “grande mídia” em torno das pesquisas em 2014, soa estranho o silêncio atual a respeito da crise da Petrobras. Seus veículos trombeteiam o assunto há 3 meses, mas não dedicaram a ele uma única e escassa pesquisa.
Exagero. Houve uma, realizada pelo Datafolha no início de dezembro. Ficou famosa pela extravagante manchete gerada a partir da leitura das informações pela Folha de São Paulo, dona do instituto: “Brasileiro responsabiliza Dilma por caso Petrobras”.
Nenhum outro levantamento foi encomendado. Como se aquele resolvesse a questão e o resultado bastasse. Como se não fosse tão questionável que até a ombudsman do jornal criticaria a despropositada matemática usada pelos editores ao noticiá-la.
Tamanha parcimônia contrasta com o exuberante investimento em pesquisas que a mídia corporativa fez neste ano. Embora tenha sido quase todo bancado pela TV Globo, que financiou as empresas menores, foi uma tal superoferta de pesquisas que, na reta final da eleição presidencial, o cidadão mal conseguia respirar antes de um novo levantamento ser divulgado.
A abundância tinha a ver, é claro, com a torcida para Dilma Rousseff cair nas intenções de voto. Tantas pesquisas refletiam o desejo dos donos de jornal (e seus funcionários) de crescimento de uma das candidaturas a ponto de suplantar a petista. Como sabemos, gastaram dinheiro em vão.

Algo semelhante acontece com as oposições partidárias. Atravessamos o ano a ouvir os líderes oposicionistas citando resultados de pesquisa a torto e a direito: O “desejo de mudança”, a “rejeição ao PT”, a “reprovação do governo”. Seu discurso atual a respeito da crise na Petrobras prescinde, no entanto, de quaisquer referências à opinião pública.
É pena. Todos ganharíamos se ouvíssemos mais e mais frequentemente os cidadãos. Saberíamos o que pensam e compreenderíamos melhor suas manifestações, especialmente as mais importantes, como os resultados eleitorais. Evitaríamos equívocos de interpretação e erros de tomada de posição.
Entre os dias 5 e 8 de dezembro, o Vox Populi fez uma ampla pesquisa nacional, com 2,5 mil entrevistas, distribuídas em 178 municípios. Tratou de vários assuntos e incluiu perguntas sobre a Petrobras.
Ao contrário da tese de alguns próceres tucanos e dos muitos mal informados na sociedade, para os quais a vasta maioria da população ignora o que se passa no Brasil, apenas 13% dos entrevistados não tinham ouvido falar das denúncias de irregularidades na empresa. Em outras palavras, 86% da população as conhecia, sem variações significativas segundo os níveis de escolaridade: 85% entre aqueles com ensino fundamental, 87% no ensino médio e 89% no nível superior.
Entre quem tinha ouvido falar no assunto, 69% acreditavam que “as irregularidades na Petrobras vêm de antes do PT (chegar ao governo federal)”. Dos restantes, 23% disseram achar que “começaram com o PT” e 8% “não sabiam”. Sobre quais partidos estariam “envolvidos nas irregularidades”, 7% dos entrevistados responderam “só o PT” e 18% cravaram “o PT e os partidos da base aliada, como PMDB, PP etc”. Os dois terços restantes disseram que “todos os partidos, incluindo o PSDB, o PSB e o DEM”.
Como se vê, a percepção da grande maioria da opinião pública conflita com o noticiário da mídia hegemônica, que não se cansa de apresentar o PT como o grande vilão no caso. E não poupa as lideranças tucanas, na contramão da imagem de paladinos da moralidade que imaginam possuir.
Aliás, quando a pesquisa pediu a opinião sobre qual dos três últimos presidentes da República “mais combateu a corrupção”, as respostas foram Lula 31%, Dilma 29% e Fernando Henrique Cardoso 11% (os restantes 29% disseram “não saber” ou não responderam). Feitas as contas, 60% escolheram um governante do PT, enquanto FHC nem sequer atinge um quarto do eleitorado que votou no PSDB em outubro.
Por que a mídia prefere não fazer pesquisas sobre o tema? Por que os líderes da oposição se permitem falar ignorando a imagem real que possuem? Hipótese: no fundo, eles não dão o menor valor para o que pensa o cidadão comum.




O homem que mais defendeu as mulheres


As mulheres frequentemente foram silenciadas, controladas, diminuídas e tratadas como subumanas nas mais diversas sociedades humanas. Todavia, houve um homem que lutou sozinho contra o império do preconceito. Ele foi incompreendido, rejeitado, excluído, mas não desistiu dos seus idéias. Ninguém apostou tanto nas mulheres como ele. Fez das prostitutas rainhas, e das desprezadas, princesas. Muitos dizem que ele é o homem mais famoso da história, mas poucos sabem que foi ele quem mais defendeu as mulheres. Seu nome é Jesus Cristo, o Mestre dos Mestres na arte de viver. Esse texto não fala de uma religião, mas da filosofia e da psicologia do homem mais complexo e ousado de que se teve noticia.


Nos tempos de Jesus os homens adúlteros não sofriam punição severa. Todavia, a mulher adultera era arrastada em praça pública, suas vestes rasgadas e, com os seios à mostra, eram apedrejadas sem piedade. Enquanto sangravam e agonizavam, pediam compaixão, mas ninguém as ouvia. A cena, inesquecível, ficava gravada na mente e perturbava a alma para sempre.

Certa vez, uma mulher foi pega em adultério. Arrancaram-na da cama e a arrastaram centenas de metros até o lugar em que Jesus se encontrava. A mulher gritava “Piedade! Compaixão!”, enquanto era arrastada; suas vestes iam sendo rasgadas e sua pele sangrava esfolando-se na terra.

Jesus estava dando uma aula tranqüila na frente do templo. Havia uma multidão ouvindo-o atentamente. Ele lhes ensinava que cada ser humano tem um inestimável valor, que a arte da tolerância é a força dos fortes, que a capacidade de perdoar está diretamente relacionada à maturidade das pessoas. Suas idéias revolucionavam o pensamento humano, por isso começou a ter muitos inimigos. Na época, os judeus constituíam um povo fascinante, mas havia um pequeno grupo de radicais que passou a odiar as idéias do Mestre. Quando trouxeram a mulher adultera até ele, a intenção era apedreja-lo juntamente com ela, usa-la como isca para destruí-lo.

Ao chegarem com a mulher diante dele, a multidão ficou perplexa. Destilando ódio, comentaram que ela fora pega em flagrante adultério. E perguntaram qual era a sentença dele. Se dissesse “Que seja apedrejada”, ele livraria a sua pele, mas destruiria seu projeto transcendental, seu discurso e principalmente seu amor pelo ser humano, em especial pelas mulheres. Se dissesse “Não a matem!”, ele e a mulher seriam imediatamente apedrejados, pois estariam indo contra a tradição daqueles radicais. Se os fariseus tivessem feito a mesma pergunta aos discípulos de Jesus, estes provavelmente teriam dito para mata-la. Assim se livrariam do risco de morrer.

Qual foi a primeira resposta do Mestre diante desse grave incidente? Se você pensou: “Quem não tem peado atire a primeira pedra!” , errou, essa foi a segunda resposta. A primeira foi não da resposta, foi o silencio. Só o silencio pode conter a sabedoria quando a vida está em risco. Nos primeiros 30 segundos de tensão cometemos os maiores erros de nossas vidas, ferimos quem mais amamos. Por isso, o silencio é a oração dos sábios. Para o Mestre dos Mestres, aquela mulher, ainda que desconhecida, pobre, esfolada, rejeitada publicamente e adultera, era mais importante do que todo o ouro do mundo, tão valiosa como a mais pura das mulheres. Era uma jóia raríssima, que tinha sonhos, expectativas, lágrimas, golpes de ousadia, recuos, enfim, uma historia fascinante, tão importante como a de qualquer mulher. Valia a pena correr riscos para resgata-la.

Para o Mestre dos Mestres não havia um padrão para classificar as mulheres. Todas eram igualmente belas, não importando a anatomia do seu corpo, não importando nem mesmo se erravam muito ou pouco. Jesus precisava mudar a mente dos acusadores, mas nunca ninguém conseguiu mudar a mente de linchadores. O “eu” deles era vítima das janelas do ódios, não eram autores da sua história, queria ver sangue. O que fazer, então?

Ao optar pelo silencio, Jesus optou por pensar antes de reagir. Ele escrevia na areia, porque escrevia no teatro da sua mente. Talvez dissesse para si mesmo: “Que homens são esses que não enxergam a riqueza dessa mulher? Por que querem que eu a julgue, se eu quero amá-la? Por que, em vez de olhar para os erros dela, não olham para seus próprios erros?”

O silencio inquietante de Jesus deixou os acusadores perplexos, levando-os a diminuir a temperatura da raiva, da tensão, oxigenando a racionalidade deles. Num segundo momento, eles voltaram a perguntar o veredicto do Mestre. Então, finalmente, ele se levantou. Fitou os fariseus nos olhos, como se dissesse: “Matem a mulher! Todavia, antes de apedreja-la, mudem a base do julgamento, tenham a coragem de ser transparentes em enxergar as suas falhas, erros e contradições”. Esse era o sentido de suas palavras. “Quem não tem pecado atire a primeira pedra!”

Os fariseus receberam um choque de lucidez com as palavras de Jesus. Saíram do cárcere das janelas killer e começaram a abrir as janelas light. Deixaram de ser vítimas do instinto de agressividade e passaram a gerenciar suas reações. O homo sapiens prevaleceu sobre o homo bios, a racionalidade voltou. O resultado é que eles saíram de cena. Os mais velhos saíram primeiro porque tinham acumulado mais falhas ao longo da vida ou porque eram mais conscientes delas.

Jesus olhou para a mulher e fez uma delicada pergunta: “Mulher, onde estão seus acusadores?” O que ele quis dizer com essa pergunta e por que a fez? Em primeiro lugar, ele chamou a adultera de “mulher”, deu-lhe o status mais nobre, o de um ser humano. Ele não perguntou com quantos homens ela dormira. Para o Mestre dos Mestres, a pessoa que erra é mais importante do que seus próprios erros. Aquela mulher não era uma pecadora, mas um ser humano maravilhoso. Em segundo lugar, perguntou: “Onde estão os seus acusadores? Ninguém a acusou?” Ela respondeu: “Ninguém”. Ele reagiu: “Nem eu”. Talvez ele fosse a única pessoa que tivesse condições de julga-la, mas não o fez. O homem que mais defendeu as mulheres não a julgou, mas compreendeu, não a excluiu, mas a abraçou. As sociedades ocidentais são cristãs apenas no nome, pois desrespeitam os princípios fundamentais vividos por Jesus. Um deles é o respeito incondicional pelas mulheres!

O homem que mais defendeu as mulheres não parou por aí. Sua ultima frase indica o apogeu da sua humanidade, o patamar mais sublime da solidariedade. Ele disse para a mulher: “Vá e refaça seus caminhos”. Essa frase abala os alicerces da psiquiatria, da psicologia e da filosofia. Jesus tinha todos os motivos para dizer: “De hoje em diante, sua vida me pertence, você deve ser minha discípula”. Os políticos e autoridades usam seu poder para que as pessoas os aplaudam e gravitem em sua órbita. Mas Jesus, apesar do seu descomunal poder sobre a mulher, foi desprendido de qualquer interesse. “Vá e revise a sua historia, cuide-se. Mulher, você não me deve nada. Você é livre!” 

Jesus a despediu, mas ela não foi embora. E por que? Porque o amou. E, por ama-lo, o seguiu para sempre, inclusive até os pés da cruz, quando ele agonizava. Talvez essa mulher tenha sido Maria Madalena. A base fundamental da liberdade é a capacidade de escolha, e a capacidade de escolha só é plena quando temos liberdade de escolher o que amamos. Todavia, estamos vivendo em uma sociedade em que não conseguimos sequer amar a nós mesmos. Estamos nos tornando mais um numero de cartão de crédito, mais um consumidor potencial. Isso é inaceitável.


Adaptação do livro:
A ditadura da beleza e a revolução das mulheres

(Augusto Cury)



Brasil quebra hegemonia dos EUA e da Austrália

Com a conquista do primeiro título mundial de surfe para o Brasil ontem, o paulista Gabriel Medina, 20, conseguiu quebrar a hegemonia que pertencia aos Estados Unidos e à Austrália na modalidade.

Os dois países dividiram os títulos das últimas nove temporadas -cinco para os Estados Unidos e quatro para a Austrália.

O último surfista fora deste eixo a conquistar o Mundial foi Andy Irons, do Havaí, em 2004. Para a ASP (Associação dos Surfistas Profissionais), o Havaí é uma nação.