Composição VIII

Kandinsky 

O Brasil que vem chegando

O outro Brasil que vem aí

Gilberto Freyre


Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos
de outro Brasil que vem aí
mais tropical
mais fraternal
mais brasileiro.
O mapa desse Brasil em vez das cores dos Estados
terá as cores das produções e dos trabalhos.
Os homens desse Brasil em vez das cores das três raças
terão as cores das profissões e regiões.
As mulheres do Brasil em vez das cores boreais
terão as cores variamente tropicais.
Todo brasileiro poderá dizer: é assim que eu quero o Brasil,
todo brasileiro e não apenas o bacharel ou o doutor
o preto, o pardo, o roxo e não apenas o branco e o semibranco.
Qualquer brasileiro poderá governar esse Brasil
lenhador
lavrador
pescador
vaqueiro
marinheiro
funileiro
carpinteiro
contanto que seja digno do governo do Brasil
que tenha olhos para ver pelo Brasil,
ouvidos para ouvir pelo Brasil
coragem de morrer pelo Brasil
ânimo de viver pelo Brasil
mãos para agir pelo Brasil
mãos de escultor que saibam lidar com o barro forte e novo dos Brasis
mãos de engenheiro que lidem com ingresias e tratores europeus e norte-americanos a serviço do Brasil
mãos sem anéis (que os anéis não deixam o homem criar nem trabalhar).
mãos livres
mãos criadoras
mãos fraternais de todas as cores
mãos desiguais que trabalham por um Brasil sem Azeredos,
sem Irineus
sem Maurícios de Lacerda.
Sem mãos de jogadores
nem de especuladores nem de mistificadores.
Mãos todas de trabalhadores,
pretas, brancas, pardas, roxas, morenas,
de artistas
de escritores
de operários
de lavradores
de pastores
de mães criando filhos
de pais ensinando meninos
de padres benzendo afilhados
de mestres guiando aprendizes
de irmãos ajudando irmãos mais moços
de lavadeiras lavando
de pedreiros edificando
de doutores curando
de cozinheiras cozinhando
de vaqueiros tirando leite de vacas chamadas comadres dos homens.
Mãos brasileiras
brancas, morenas, pretas, pardas, roxas
tropicais
sindicais
fraternais.
Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos
desse Brasil que vem aí.

Tendência - projeta vitoria de Marta

Pesquisa realizada pelo Ibop depois do comício de Marta Suplicy (PT), que contou com a presença do presidente Lula mostraram os seguintes números:

Gilberto Kassab (DEMO) 53%.
Marta Suplicy (PT) 47%.

Os números confirmam a tendência de queda do Kassab e de subida da Marta.

Projeções feitas pelo instituto indicam que se a candidata do PT continuar com o mesmo ritmo crescimento até o dia da eleição (26/10), ela será a vencedora com 52% dos votos válidos.


A rivistinha

DEU NA inVEJA

Autocarbonização

Marta Suplicy está pronta para juntar-se à massa de evangélicos homofóbicos que, a esta altura, deve estar exultante com a sua conversão dramática e pública

De André Petry:

Oremos pela inVeja, em coma irreversível

"Uma pessoa que vive de biografia como eu, não pode sujar a sua e votar no PFL, que é o verdadeiro nome do DEM. Não me sinto moralmente obrigado a votar em um homem do partido da ditadura militar".
(Fernando Moraes , escritor, membro do PMDB-SP, explicando por que não vota Kassab em SP)

Ode ao burguês - atualização livre

Eu insulto o burgês! O burguês-níquel, 
o burguês-burguês! 
A indigestão mal feita de São Paulo! 
O homem-curva! o homem-nádegas! 
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano, 
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

Eu insulto as aristocracias cautelosas! 
os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros! 
que vivem dentro de muros sem pulos, 
e gemem sangues de alguns mil-reais fracos 
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês 
e tocam os "Printemps" com as unhas!

Eu insulto o burguês-funesto! 
O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições! 
Fora os que algarismam os amanhãs! 
Olha a vida dos nossos setembros! 
Fará Sol? Choverá? Arlequinal! 
Mas à chuva dos rosais 
o êxtase fará sempre Sol!

Morte à gordura! 
Morte às adiposidades cerebrais 
Morte ao burguês-mensal! 
ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi! 
Padaria Suissa! Morte viva ao Adriano! 
"_ Ai, filha, que te darei pelos teus anos? 
_ Um colar... _ Mil e quinhentos!!! 
Mas nós morremos de fome!"

Come! Come-te a ti mesmo, oh! gelatina pasma! 
Oh! purée de batatas imorais! 
Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas! 


Desprezo aos temperamentos regulares! 
Desprezo aos relógios musculares! Morte à infâmia! 
Desprezo à soma! Desprezo aos secos e molhados! 
Desprezo aos sem desfalecimentos nem arrependimentos, 
sempiternamente as mesmices convencionais! 


De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia! 
Dois a dois! Primeira posição! Marcha! 
Todos para a Central do meu rancor inebriante!

Desprezo ! Desprezo ! Desprezo e mais Desprezo! 

Morte ao burguês de joelhos, 
cheirando a religião e que crê ou não crê em Deus! 


Desprezo vermelho! Desprezo fecundo! Desprezo cíclico! 
Desprezo fundamento, sem perdão!

Fora! Fu! Fora o bom burguês!...

Mário Raul de Morais Andrade

Da água pro vinho

Hoje, graças a Deus, temos um presidente que supera o fato de ser monoglota e nas viagens discursa em português, mas sempre de forma altiva, bem diferente do esnobe antecessor, uma ave de mau agouro que adorava exibir os conhecimentos de inglês, francês e espanhol - embora pouco dissesse em favor do Brasil. 
Neno Cavalcante