O presente dos desastres


Depois de enfrentar quedas de Dirceu e de Palocci, Lula se despede com registro de êxitos sem precedentes

O governo Lula é uma sucessão de fatos inesperados, mas dois deles têm a dimensão extraordinária das mágicas do acaso. É à inversão imprevista de duas derrotas brutais, com tudo para arrasarem sua imagem e o governo, que Lula vai se despedindo da Presidência com o registro de êxitos sem precedente entre seus antecessores todos. E mesmo como um caso especial no mundo.

O mensalão foi um canhonaço que destroçou muito mais do que a aparelhagem executiva da Presidência e, com ela, o braço de operações montado sobre a leviandade da direção petista. O mensalão pôs em ruína, também, toda estratégia e o plano de configuração do poder que deveria executá-la.

Nesse poder, o papel de regente do Executivo dividiu-se, quase definidamente por setores, entre José Dirceu, Antonio Palocci e Henrique Meirelles. Mas o maestro político era José Dirceu, só ele. Ao Lula que então se viu coube reter-se no seu já comprovado talento: mobilizar parcelas sucessivas da opinião pública, o jogo de cena, as viagens e a presença em eventos que ocupassem o tempo presidencial.

Era um Lula distante da ação política e do trânsito de políticos, comum para presidentes. Com muitas evidências de insegurança e de alheamento às coisas de governo, incapaz de enfrentar uma entrevista coletiva e mesmo algo menor que não estivesse arranjado.

A saída de José Dirceu de suas funções no plano e no Gabinete Civil era tão impensável, antes de forçada pelo mensalão, que não houve ideia alguma para preencher o vácuo no seu aspecto essencial, que era a ação política do governo.

Aumentados os seus temores de que novos tropeços, mesmo que menores, atingissem sua continuidade como presidente, restou a Lula improvisar ele próprio o comando e a execução das ações políticas do governo. Tateante, cedendo muito mais do que o necessário, fazendo dívidas precipitadas sem escolher os políticos credores, Lula perdeu muito, mas com o tempo ganhou tarimba e segurança, suficientes para o necessário sem brilho. Até que sobreveio a segunda explosão, onde menos seria esperável.

O escândalo de Antonio Palocci não desarmou Lula apenas na vigilância de uma política econômica conservadora com temperos neoliberais. Essa função fizera de Palocci uma espécie de guarda-costas de Lula em setores real ou potencialmente hostis e ameaçadores, como o financeiro, o dos meios de comunicação, o do empresariado influente e, não menos, o do sistema internacional de defesa do conservadorismo.

Guido Mantega não caiu do céu. Veio das profundezas ferventes onde foi posto pela corrente Palocci, desde antes da formação inicial do governo; e, depois, pelas mal contidas restrições ao conservadorismo econômico do governo. Mas, quando um caseiro desacreditou dos ares beatíficos de Palocci, Guido Mantega, ministro do Planejamento, foi visto como o único a estar informado dos aspectos todos da economia, para cobrir o vácuo ainda que só pelo tempo para a solução definitiva.

De lá para cá, Lula fez uma dívida enorme com Mantega. A retomada do crescimento e seus múltiplos efeitos de força política e eleitoral devem-se à persistência de Mantega na ideia, que o alijara, de buscar a conciliação de crescimento e inflação baixa. A tranquilidade e a boa dose de otimismo que se instalaram no Brasil, e contribuíram muito para o processo sucessório sem turbulências, são frutos dessa bem sucedida conciliação não conservadora.

Em outro plano, com o crescimento sem inflação Lula se viu projetado, da simpatia folclórica dedicada pelo Ocidente ao metalúrgico-presidente, à possibilidade de uma admiração e, depois, de uma influência internacional que soube cultivar muito bem.

O mensalão e a queda perturbadora de José Dirceu levaram Lula ao comando político que lhe deu uma liderança sem precedente. O escândalo e queda ameaçadora de Antonio Palocci resultaram para Lula em uma presença internacional sem nem sequer algo próximo em outros presidentes brasileiros.

Presente

Hoje… congelaria todos os nossos bons momentos.
Viveria consigo todos os nossos sonhos bons.
Colocaria num enorme envelope…
O cheiro da terra molhada de chuva.
A brisa que traz o perfume de todas as flores.
O canto de todos os passarinhos… e só cantariam a ti.
As cores do arco-íris… para enfeitar o nosso amor.
O olhar cândido da criança…
Para lembrar-nos sempre de como devemos olhar um para o outro.
Um pote repleto de inocência… para alimentar nossos corações.
Sorrisos sinceros… que alimentariam os nossos.
Verdades…saudades… beijos sinceros… sempre.
O barulho do riachinho que corre livre… como o nosso amor.
Hoje… pintaria o mundo com cores que só tu gostas…
O nosso mundo… as nossas cores.
Hoje… te daria a vida.
Haja que de tanto amar-te… faria-te nascer de mim.
Hoje… um mundo melhor com tua existência.
O meu mundo – sim – pois que tu o és.

                                                                                    Karla Mello


Partidos, federações

Poder político, poder econômico

1. São Paulo, por seu enorme poder econômico, é sempre o foco da disputa de poder. Desde a Primeira República foi assim, com 3 presidentes paulistas (Prudente de Moraes, Campos Sales, Rodrigues Alves), que na sucessão, com outro paulista, produziu-se um impasse e veio a política do Café com Leite, S. Paulo e Minas. A insistência do presidente Washington Luís, com mais um governador de S. Paulo, precipitou a revolução de 30. Agora mesmo, a dicotomia eleitoral Nordeste-Sul decidiu a eleição e com uma presidente fora de S. Paulo. Na Federação tem sido assim.

2. Mas nos Partidos Políticos também. Nada tão natural. Controlar o seu Partido desde S. Paulo é sempre um objetivo. A proximidade com o poder econômico atrai. Mas às vezes a disputa federativa se transfere à partidária. Nada tão esperado. O primeiro caso já no início da democratização foi com o PDS. Maluf, desde S. Paulo, tenta controlar o partido e ser o candidato a presidente. Veio uma dissidência -a Frente Liberal- decisiva na eleição de Tancredo pelo Congresso e fundamental, por isso, na aceleração do processo de democratização e convocação da Constituinte. Em seguida a Frente liberal se transforma em Partido, o PFL.

3. Na eleição de 1986, o PMDB ganha em quase todos os Estados. Seus presidentes nacionais -Ulysses e depois Quércia- eram naturalmente de SP. A primeira disputa interna foi pela candidatura ao governo de SP. Vence Quércia com Fleury. Em seguida se inicia o processo de ruptura com a criação do PSDB, basicamente um partido paulista. Tasso, prestigiado governador do Ceará, permanece no PMDB e só entra depois. O fortalecimento posterior do PSDB afetou o PMDB, que por talento e habilidade políticos, voltou ao centro do poder, apoiado pela fragilidade parlamentar de Lula.

4. No PT esse processo de disputa de poder para retirar a hegemonia de SP vem se dando a cada convenção partidária. Mas os presidentes do partido foram e continuam sempre sendo de S. Paulo. Com o acesso ao poder e a liderança de Lula, essa disputa perdeu vitalidade. Mas voltará, quando fora do poder.

5. Os movimentos que se veem agora no Democratas são, portanto, perfeitamente previsíveis e politicamente naturais. A luta pelo poder com o controle de S. Paulo já ocorreu e retorna agora. A presidência do PMDB hoje é de S. Paulo. A presidência do PR é de S. Paulo, e a presidência do PP, saiu de S. Paulo em função do enorme desgaste de seu presidente, Paulo Maluf. Bem, e claro, a presidência do PT é de S. Paulo. A presidência do PSDB -formalmente fora de SP- é de fato exercida, desde S. Paulo.

6. Em geral, esta centralização do comando politico, local e nacional em S. Paulo, termina gerando um stress federativo. Melhor seria que a necessária desconcentração fosse administrada em cada partido, e em nível nacional. Aliás, nesse caso, como ocorreu por voluntarismo de Lula em sua escolha para 2010.

7. Mas não é simples, pois na política vale a primeira lei de Newton: "Matéria atrai matéria na razão direta da massa e na razão inversa do quadro da distância". Matéria em política é poder: poder econômico, tantas vezes associado ao poder político. A matéria com maior poder de atração é SP. Estar dentro de SP (inverso do quadro da distância) potencializa esse poder.
Cesar Maia

Blog do Charles Bakalarczyk: Para a RBS, pobre é frustrado, não lê e provoca ac...

Blog do Charles Bakalarczyk: Para a RBS, pobre é frustrado, não lê e provoca ac...: "Esse é o veículo ideal para o pobre, RBS? A tração é idêntica ao comentarista do vídeo abaixo... Conforme vídeo postado ao final, para a RBS..."

O ex-presidente de Cuba Fidel Castro criticou o presidente estadunidense, Barack Obama, em artigo

O ex-presidente de Cuba Fidel Castro criticou o presidente estadunidense, Barack Obama, em artigo publicado nesta segunda-feira (15). "Obama, como um rei mago, anda distribuindo postos no Conselho de Segurança das Nações Unidas, como se a ONU fosse propriedade sua. Quanto tempo ele acredita que pode manipular o mundo desta forma?", indaga Fidel. "Ignoro se tão generoso oferecimento também foi feito ao Brasil, que deveria representar a América Latina e, inclusive, a África no Conselho de Segurança da ONU", completou o ex-presidente.
Fidel ressalta que, em recente visita à Àsia, Obama declarou que o Japão deve ocupar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU e prometeu apoiar a Índia neste mesmo sentido. Para o ex-presidente, a credibilidade dos Estados Unidos está dando seus estertores. "Quando um doente está muito grave, é prática da Igreja Católica, depois da confissão, dar a extrema-unção, e foi isto o que ocorreu com a credibilidade dos Estados Unidos nas reuniões do G20 e da Apec".

fidel

"Obama, como um rei mago, anda distribuindo postos no Conselho de Segurança das Nações Unidas, como se a ONU fosse propriedade sua. Quanto tempo ele acredita que pode manipular o mundo desta forma?", indaga Fidel. "Ignoro se tão generoso oferecimento também foi feito ao Brasil, que deveria representar a América Latina e, inclusive, a África no Conselho de Segurança da ONU", completou o ex-presidente.

Fidel ressalta que, em recente visita à Àsia, Obama declarou que o Japão deve ocupar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU e prometeu apoiar a Índia neste mesmo sentido. Para o ex-presidente, a credibilidade dos Estados Unidos está dando seus estertores. "Quando um doente está muito grave, é prática da Igreja Católica, depois da confissão, dar a extrema-unção, e foi isto o que ocorreu com a credibilidade dos Estados Unidos nas reuniões do G20 e da Apec".

2010 - Bom Ano

 

Nietzsche e a conta corrente

Antonio Delfim Netto | VALOR

Uma das mudanças, de tantas que estão acontecendo na análise da economia brasileira, é o quase consenso sobre o sucesso das nossas políticas fiscal e monetária no enfrentamento da crise financeira que se abateu sobre o mundo. Dependendo da disposição do analista com relação à orientação política do governo, os pecadilhos cometidos na acomodação do superávit primário de 2010 serão “veniais” ou “capitais”. O fato concreto, entretanto, é que devemos terminar 2010 com boas perspectivas internas como se vê na tabela abaixo:
Não é possível negar: 
) que se trata de um ponto de partida positivo; 
) que a situação da economia mundial mudou. Terminou, pelo menos por algum tempo, o vento de cauda externo; e que, 
) temos de nos preparar para enfrentar algumas nuvens escuras escondidas no horizonte.
A mais próxima, mas menos visível, refere-se à política fiscal. Durante o esforço para combater a crise executamos uma política expansiva que não foi, apenas e propriamente, “contracíclica” porque os gastos não terminaram com a volta da economia ao crescimento: assumimos alguns compromissos de despesas permanentes, com receitas não garantidas.
É tempo, agora, de retomarmos o caminho virtuoso que nos trouxe até aqui: produzir um déficit primário da ordem de 3,3% (sem choro nem vela!) capaz de garantir num horizonte visível (se a taxa de juro real for menor do que o crescimento do PIB), uma redução monotônica da relação dívida bruta/PIB para 40%. Mais que isso, é preciso estabelecer uma regra que produza uma taxa de crescimento das despesas do governo (excluídos os investimentos) menor que a do crescimento do PIB. Isso abrirá espaço para a ampliação dos investimentos públicos e aumentará a capacidade do governo de atrair capital privado para parcerias nos empreendimentos de infraestrutura.
A segunda nuvem não está escondida: brilha a ponto de nos cegar. Há pelo menos 25 anos temos a maior taxa de juro real do mundo. Com o compromisso de uma política fiscal firme e crível será possível dar ao Banco Central autônomo o conforto necessário para que, na execução da política monetária, ele a reduza, num horizonte aceitável, à média internacional (qualquer coisa entre 2% e 3%) o que, certamente, terá de ser precedido por uma formulação adequada da remuneração das cadernetas de poupança. Com relação à política monetária é preciso insistir na ideia que “todos os modelos são errados, mas alguns são úteis” e que nenhum deles nos dirá qual a taxa de juro “neutra”, que compatibiliza o pleno uso da capacidade produtiva com a estabilidade da taxa de inflação. Com relação a esta, aliás, também já é tempo de reconhecermos que não há nada errado com a meta inflacionária de 4,5%. Não há a menor evidência empírica de que taxas de inflação menores do que 6% ou 7% tenham qualquer efeito sobre o crescimento do PIB a longo prazo. É claro que quando as condições de pressão e temperatura forem normais, o melhor o e desejável é ter uma taxa de inflação parecida com a dos nossos parceiros internacionais. Por outro lado, é preciso impor um pouco mais de transparência às decisões do Copom, publicando, num prazo de 90 dias, os votos escritos por seus membros para que nos tranquilizemos com sua “ciência”. O “hedge” de todo BC para conquistar “credibilidade” é superestimar a taxa de juro “neutra” e subestimar o famoso “produto potencial”, o que pode ter um custo social inaceitável.

Pecadilhos podem ser “veniais” ou “capitais”

A terceira nuvem no horizonte diz respeito à fantástica supervalorização do real que está corroendo a sofisticada estrutura industrial brasileira. Ninguém razoável pode continuar a acreditar na famosa “Disneylândia”, onde os mercados são perfeitos e os preços são sempre os “certos”. Temos de pensar qual é o Brasil que queremos em 2030, quando teremos de dar emprego de boa qualidade para 150 milhões de brasileiros. Certamente não é este. E a mudança depende de um Estado-indutor inteligente, diligente e firme, que continue a estimular a agricultura e a mineração, mas dê atenção especial à pesquisa, à inovação e aos investimentos nos setores industrial e de serviços, sem esquecer os estímulos à elevação da taxa de poupança.
Não devemos esquecer que, no fim, a competição é o nome do jogo, mas competição em condições isonômicas entre a produção interna e a importação. No “chão da fábrica”, a produtividade do trabalhador brasileiro e do chinês é praticamente a mesma. Perdemos da porta da fábrica para fora, porque o Estado chinês é mais ousado e “eficiente” do que o nosso. É evidente que o déficit em conta corrente de US$ 50 bilhões em 2010 e o estimado (se tudo continuar como está) em qualquer coisa como US$ 70 bilhões, em 2011, festejados como coisa muito boa pelos mercadistas dos preços “certos”, estão preparando o mesmo desastre que já vivemos muitas vezes no passado. Não posso deixar de lembrar Nietzsche, que disse “a grande vantagem da falta de memória é que podemos gozar sempre, pela primeira vez, as mesmas coisas boas”!
Antonio Delfim Netto
contatodelfimnetto@terra.com.br
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A presidente Dilma prepara reajuste do Bolsa-Família acima do INPC


A equipe de transição da presidente Dilma avalia a concessão de reajuste acima da inflação para os benefícios do Bolsa-Família. De acordo com o governo, a reposição da inflação acumulada pelo INPC desde o último aumento, de um pouco mais de 9%, não seria suficiente para começar a cumprir a promessa de erradicar a pobreza extrema no País.

O benefício varia de R$ 22 a R$ 200, dependendo do grau de pobreza e da quantidade de filhos da família.

O projeto do Orçamento enviado pelo presidente Lula não prevê reajuste.

Hoje, o País tem 8,9 milhões de miseráveis, após a queda de 12% para 4,8% da pobreza extrema entre 2003 e 2008. Dilma também pediu solução para famí1ias que, por não terem filhos em idade escolar, estão fora do programa.

12,7 milhões de famílias são atendidas anualmente pelo programa.