Faça transmissões ao vivo direto do seu smartphone

Tanto usuários de Android como de iOS podem fazer transmissões ao vivo de imagens, de onde quer que estejam, com o TwitCasting. É como se fosse um Twitcam móvel. O aplicativo faz o streaming da sua gravação em um endereço só seu. Basta espalhar o link para os amigos.

Baixe o aplicativo da AppStore ou Android Store e cadastre sua conta do Twitter nele. Aí, uma tela com um preview das imagens vai aparecer para você. Agora, é só clicar em "Go Live" para que a transmissão comece a ser feita, em áudio e vídeo. No mesmo instante que você começar a gravar, o app vai criar um tweet com o endereço do seu streaming, que pode ser postado direto dali. Assim, seus amigos já podem acompanhar sua programação acessando um endereço super fácil de decorar, que é: twitcasting.tv/ (twitcasting ponto tv barra) seu login do microblog. Nesta página seus amigos podem comentar sobre sua transmissão e você pode checar quantas pessoas estão te assitindo.

O aplicativo ainda te dá a opção de fazer vídeos offline, ou seja, você grava as imagens do jeito que quiser e só disponibiliza sua gravação depois. Ela será armazenada no mesmo endereço da transmissão ao vivo.

Selecionando "Settings", você pode personalizar a mensagem que será postada no Twitter todas as vezes que você iniciar uma transmissão, além de escolher suas preferências, como usar 3G ou Wi-Fi para fazer o streaming, e até permitir que o aplicativo se reconecte automaticamente, caso a rede caia.

Gostou? Se você tem vontade de fazer transmissões ao vivo via Twitter, acesse a App Store ou a Android Market e baixe o TwitCasting no seu smartphone.

O grande mico da Academia

[...] Brasileira de Letras, bem entendido. Em abril, como se em porre coletivo, a Academia Brasileira de Letras, leia-se Machado de Assis como ícone, prestou uma "singela" homenagem, sabe-se lá por ideia de quem, ao jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho. O mesmo Ronaldinho que já não é mais aquele, mas que dá suas festinhas, com direito a batucada e tudo, noite adentro no edifício onde mora, sem ligar a mínima para o desassossego dos demais condôminos. Ronaldinho Gaúcho nunca leu um livro sequer, mas, diga-se de passagem, chegou a pedir aos imortais presentes naquele fatídico abril, uma sugestão para ler algum, num tom de galhofa, bem entendido, como pedia a ocasião. Ronaldinho Gaúcho pode ser imortal enquanto ainda perduram seus dribles cansados, seus pênaltis perdidos, sua ginga ultrapassada, isso sem desmerecer seus gols escassos que ainda fazem delirar os torcedores do Flamengo de Bruno, o goleiro assassino. Não, não, minha gente, eu gosto de futebol, até que já gostei do Ronaldinho quando ele era menos boçal, o que me estarreceu foi o lance da Academia Brasileira de Letras conferir ao jogador de poucas, raras ou nenhuma letras, uma medalha que deve ter feito Machado de Assis ter um ataque de vergonha onde quer que esteja na sua merecida imortalidade. Terá a Academia perdido o pudor? Perdido o sentido? Uma jogada de marketing? Não sei. Virou piada e a piada era tão sem graça que virou piada internet afora. Imaginem os senhores, Ronaldinho Gaúcho, do alto de suas madeixas, com a medalha Machado de Assis no peito, sem ao menos saber quem foi Machado de Assis ou conhecer alguma de suas obras. Como vingança, alguns imortais bem poderiam formar um time e dar o troco. Na voz do histérico Galvão Bueno, a escalação do time: "No gol, Olavo Bilac. Lateral direito, Clóvis Beviláqua; zagueiros, Afonso Pena e Coelho Neto. Zagueiros, José Veríssimo e Felinto de Almeida. Volantes, Afonso Arinos e Hélio Jaguaribe. Meias, Afonso Celso, o Celsinho... Graaande Celsinho! E Manoel Bandeira. E os dois atacantes: Ruuuui Barbosa e Maaachado de Assis! Machadinho vai ser uma pedreira! Vai ser marcado por Ronaldinho Gaúcho, mas prometeu que será uma parede... O juiz será Nicolau, o Lalau, auxiliado por Palocci e Fernando Collor. Uma beleza de partida! Globo e você, tudo a ver!" E aí é só imaginar o desenrolar da transmissão: Bola com Rui, que atrasa pra Celsinho. Celsinho dribla Ronalducho e passa a Machado de Assis; Machadinho dá uma caneta em Ronaldinho Gaúcho e arranca para o gol sem ninguém inteligente, sem ninguém capaz de se mancar, de respeitar quem só elevou o nome do Brasil às alturas, e Machado chuta pra fora, morto de vergonha de uma Academia que, na falta do que fazer, é capaz de matar qualquer imortal que se preze...
A. Capibaribe Neto
capi@globo.com

PERDÃO





Perdoar o inimigo - difícil tarefa.
Difícil porque nosso coração se melindra tão facilmente ainda.
Difícil porque enxergamos o outro como inimigo também.
O que diz nos fere.
O que faz nos incomoda.
Pequenos gestos tornam-se grandes diante de nossos olhos.
Estamos mais suscetíveis a eles do que as demais pessoas.
Afinal, quem é inimigo de quem?
O outro é meu inimigo ou eu sou inimigo dele?
Percebem como é um caminho de mão dupla?
Se ele nos enxerga como inimigo, nós também o temos nessa posição.
Sendo assim, nos alertemos e deixemos de nos colocar sempre na posição de vítima.
Se deixarmos de refletir o mesmo sentimento que recebemos de nossos inimigos, estaremos "protegidos", mas também daremos um passo na direção da recuperação de um amigo, quem sabe...

AS CHANCES


Aquele  que te bate à porta
 Pode ser a tua grande chance 
De redenção e reajuste.
Aquele que te estende a mão
Pode ser a oportunidade
Que pediste ao Pai.
Aquele que te dá um sorriso,
Que será ignorado,
Pode ser aquele
Com quem te comprometestes,
Tempos atrás.
São estas palavras, lembretes
Para os homens desta terra,
Que tão pouca importância dão
A gestos tão importantes.
Que tão pouca atenção prestam
Aos sinais sutis
Que amigos tão dedicados
Enviam para sua orientação.

States desenvolvimentista?

Quem há de negar a forma elegante, bonita, inteligente como o ex-tucademo Luiz Carlos Bresser Pereira manipula as palavras?...

Quem diria que foi ministro de FHC e defendeu com unhas e dentes o neoliberalismo?...

Depois de ler o artigo (abaixo) assinado pelo dito cujo, você acredita numa palavra do que ele disse?...

Sei não mas, tenho a impressão que sei lá.

O Valor publicou nesta semana uma notícia reveladora. Em sua edição do dia 13 informou que "Obama pretende criar um banco semelhante ao BNDES". Não pude deixar de achar graça. Estariam os Estados Unidos se voltando para o famigerado desenvolvimentismo, depois de haverem brandido por muitos anos a bandeira do neoliberalismo e terem pregado a privatização, a liberalização e a desregulamentação geral, em nome de uma racionalidade supostamente superior que modelos econômicos matemáticos justificariam? 

O correspondente do jornal em Washington, Alex Ribeiro, informa que "o governo Barack Obama aposta as suas fichas na criação de uma espécie de BNDES americano para financiar projetos de transporte, energia e saneamento". Esta é uma boa notícia. O grande país está afinal se dando conta do preço alto que está pagando por ter adotado o credo neoliberal.
Enquanto os Estados Unidos investem apenas 2% de seu PIB em infraestrutura, a China investe 8%. Enquanto o PIB dos Estados cresceu, nos últimos 30 anos, 1,7 vezes, o da China cresceu 17,7 vezes! Eu não diria que essa diferença enorme de desenvolvimento se deveu exclusivamente à política econômica neoliberal americana. Os Estados Unidos estão em um estágio mais avançado de desenvolvimento, e é natural que sua taxa de crescimento seja menor.
Mas a diferença é muito grande, e só pode ser explicada por políticas e por reformas econômicas que equivocadamente opuseram o Estado ao mercado, enquanto na China as duas instituições eram combinadas.
Os neoliberais não compreenderam que não vivemos mais no capitalismo "dos capitalistas" do século 19, em que o mercado era pobremente regulado pelo Estado e as taxas de crescimento eram muito baixas.
Vivemos no capitalismo "dos profissionais" ou na sociedade do conhecimento. Vivemos em um tempo em que a revolução da tecnologia da informação aumentou a capacidade de planejamento e controle dos sistemas econômicos e viabilizou taxas de crescimento muito maiores para os países que se aproveitam desses novos recursos. Mas para isso é preciso associar capitalistas e profissionais, mercado e Estado, concorrência e planejamento.
E construir uma estratégia nacional de desenvolvimento da qual os trabalhadores sejam parte.
Essa não é uma combinação fácil, mas o fordismo ""a coalizão política que caracterizou os Estados Unidos entre o início do século 20 e os anos 1970"" aproximou-se desse modelo, especialmente durante o New Deal. O Brasil, entre 1930 e 1980, também cresceu de forma extraordinária porque soube associar Estado e mercado.
Mas nos anos 1970 cometeu o erro de aceitar indiscriminadamente os capitais externos, se endividou, se enfraqueceu, e, afinal, se rendeu ao neoliberalismo. Nos últimos anos, porém, os brasileiros perceberam seu erro, e tentam sair da armadilha. Os Estados Unidos demoraram mais para perceber que um Estado fraco não gera um mercado forte. Foi preciso a crise financeira brutal de 2008 para que começassem a acordar.
A regulamentação dos mercados financeiros pela Lei Dodd-Frank fortaleceu Estado e mercado. Agora, a possível criação de um BNDES americano aponta na mesma direção. Mostra que cabe ao Estado planejar os grandes investimentos e contribuir para seu financiamento.
E assinala que um Estado capaz e desenvolvimentista é essencial para que o mercado seja vivo e competitivo.



Chico Buarque 67 anos

Não é uma data redonda, mas é uma data de celebração da cultura nacional na pessoa de um de seus principais representantes. Chico Buarque busca a novidade, mas não o novo pelo novo.
Como ele mesmo disse, a música brasileira já traz em si a mudança. Acrescentou conhecimento para a arte, misturando o erudito e o popular, influenciado pela Bossa Nova. Toda a obra desse autor está permeada da alma do brasileiro e do sonho de um Brasil para todos, para todos os brasileiros.
Nos anos 1960 ele escreveu um artigo no jornal Última Hora intitulado “Nem toda loucura é genial, nem toda lucidez é velha”, justamente para mostrar a sua lucidez revolucionária, que é a mesma de quem acredita no socialismo brasileiro como futuro. Foi pioneiro ao imprimir as letras das canções, em 1967, mostrando a semelhante preocupação com letra e melodia.

Seguindo passos de Noel Rosa, que urbanizou o samba, Chico ajudou a politizar a MPB com temas de resistência à ditadura e de denúncia das mazelas do capitalismo dependente. E com isso chamou ainda mais a atenção da censura...
Tanto que em certo momento apenas o aparecimento de seu nome bastava para a obra ser censurada, justamente numa pressão econômica, para ver se o autor cedia. Não cedeu e ainda cutucava a onça com vara curta, às vezes curtíssima, como a canção Cálice, em parceria com Gilberto Gil, que, tendo sido proibida, eles tocaram e cantarolavam num show, quando tiveram os microfones cortados.
Em 1974, lançou um disco com canções de outros compositores tendo como faixa-título, muito apropriada, Sinal Fechado, de Paulinho da Viola. Nesse mesmo LP aparece a música Acorda Amor, sob os pseudônimos Leonel Paiva e Julinho da Adelaide, uma maneira para driblar a censura. Teve inúmeras músicas e peças de teatro censuradas.
O cale-se da ditadura
Avesso a badalações. Chico é a antítese do padrão elitista do artista isolado, excêntrico e, portanto, distante do povo. E como todo grande autor que faz opção pela temática popular, nacional, social e política, passa a ser criticado por setores da elite, principalmente da direita raivosa, com olhos voltados para Miami. Taxado de modo jocoso de “unanimidade nacional”, nunca teve unanimidade.
A crítica conservadora sempre viu em Chico Buarque um “conservadorismo” musical, quando o oposto era a verdade justamente por ele respeitar as raízes populares da cultura e com essa temática trazer inovações para a música popular brasileira. Essa direita fala mal de Chico até hoje, com sempre falou mal de Lula, do PCdoB, do MST, enfim de tudo o que tem conteúdo contrário às suas propostas.
Apoiou-se nos ombros de grandes como Noel Rosa, Pixinguinha, Ismael Silva, Ataulfo Alves, Cartola, Dorival Caymmi, Vinicius de Moraes, João do Vale, mas principalmente João Gilberto, aquem Chico disse que procurava imitar, e o “maestro soberano” Tom Jobim, de quem virou parceiro e é homenageado na música Paratodos. Mas Chico tornou-se referência obrigatória em qualquer trabalho sobre a música popular brasileira e da literatura dos últimos anos. Talvez o nosso artista e escritor mais completo. Não se rendeu às facilidades do mercado e nem cedeu à ditadura – decidiu resistir. É certo que não foi único, mas esteve entre os principais com sua obra engajada politicamente e de uma qualidade sem parâmetros.
Apresenta pela primeira vez em 1964 num show no Colégio Santa Cruz, em São Paulo, a música Tem Mais Samba, onde já mostra ao que veio: ser a voz dos que não têm voz. Os versos dessa canção já diziam “Tem mais samba no homem que trabalha/Tem mais samba no som que vem da rua”.
No mesmo ano participa do Festival da Excelsior com a música Sonho de um Carnaval, interpretada por Geraldo Vandré. Nunca mais parou. Chico já demonstrava a preocupação com o cotidiano e com a vida do homem comum, dos trabalhadores, engajou-se na resistência à ditadura (1964-1985), como ele mesmo disse em entrevista “não poderia deixar de resistir”. A mídia o taxava de “velho”, “ultrapassado”, assim como sempre taxou os comunistas de “jurássicos”, simplesmente porque tudo o que significa defesa da cultura nacional e popular para a elite é antigo. Ao contrário, Chico disse ser “comunável”, ou seja, amigo dos comunistas, sempre buscou aproximar-se e valorizar a nossa cultura, o nosso país.
A Banda
O sucesso disparou com A Banda ao vencer o Festival da Record, em 1966. E no ano seguinte escreve a peça Roda Viva, que dá uma reviravolta em sua carreira. Passa a ser mais perseguido pela ditadura, a ponto de alguns anos mais tarde ser forçado a exilar-se na Itália, de onde voltou “fazendo barulho”, como aconselhou Vinicius de Moraes.
Já denunciava a mercantilização da cultura. Chico tem a obra permeada pela moça da favela que desce o morro de blusa amarela, batendo a panela e vem para o asfalto proclamar seus direitos, como na canção Pelas Tabelas, onde o social e o individual caminham lado a lado para construir uma nova sociedade, com justiça social, liberdade, onde todos sejam iguais em direitos e a vida seja respeitada. Canta o pivete que “vende chiclete e se chama Mané” e a expressão da mãe do guri, que “trouxe uma penca de documentos para finalmente” ela se identificar, como cantou a mãe que lutava para ter o corpo de seu filho assassinado nos porões da ditadura na canção Angélica dedicada a Zuzu Angel.
Essa mistura de temas e sons e a fineza com que trabalhou os temas populares é que a elite não perdoa em Chico Buarque, como em Construção, onde escolhe terminar todos os versos em proparoxítonas (palavras mais raras em nossa língua) para falar da vida de um operário daconstrução e da opressão capitalista do trabalho alienado e, portanto, do trabalhador insatisfeito. Em Cotidiano, diz “meio dia só penso em dizer não, depois penso na vida pra levar e me calo com a boca de feijão”. É o social com individual, da luta incessante de um povo para ter sua vida respeitada.
Chico nunca cedeu a facilidades. Brigou com os militares quando utilizaram A Banda num comercial para o serviço militar, rompeu com a Globo pela prática de censura que tomou conta da emissora. “Não concordo com o monopólio, com o tipo de censura que a Globo andou fazendo”, disse. Anos depois também afirmaria que “o fato de a Globo ser tão poderosa, isso sim eu acho nocivo”.
Com uma visão muito crítica disse que jornalistas têm certo poder e ele não está “para agradar poderosos”. Temática que sempre norteou sua obra. Ia a Cuba frequentemente com diversos artistas participar de festivais, quando Cuba e os cubanos eram proibidos no Brasil.
Há pouco tempo, o compositor carioca criticou a política econômica de FHC e o “príncipe” da sociologia, avesso à críticas contrárias, o chamou de “repetitivo”, justamente pelas conhecidas posições políticas de Chico em apoio ao ex-presidente Lula. Na eleição da presidente Dilma, o ano passado, Chico havia dito que votaria nela por ser a candidata do Lula; no embate do segundo turno voltou à cena afirmando que com o governo Lula “o Brasil é um país que é ouvido em toda parte porque fala de igual pra igual com todos. Não fala fino com Washington, nem fala grosso com a Bolívia e o Paraguai.”
No fim do da ditadura compôs Vai Passar, um verdadeiro hino à liberdade e ao Brasil. Mas sempre com sua lucidez peculiar cantou uma “alegria fugaz, uma ofegante epidemia que se chamava carnaval”, com a clareza de que ainda há muito que fazer para chegarmos ao Brasil que tanto desejamos.
Não cedeu a modismos, fez o trabalho como acreditou que devia ser feito. Mesmo suas obras feitas para momentos específicos nunca perdem a atualidade, comoApesar de Você, que narrava a ditadura, mas também que pode ser o neoliberalismo com suas teses antinacionais.
Também enfrentou problemas com algumas músicas. A sua música em parceria com o teatrólogo Augusto Boal, Mulheres de Atenas, foi criticada por setores feministas, quando o pretendido era justamente o contrário, era atacar a repressão sexual e a opressão machista. Mais grave ainda ocorreu com Geni e o Zepelim, quando as pessoas cantarolavam o refrão da música e jogavam areia em moças que praticavam topless nas praias, no Rio, num efeito totalmente adverso ao pretendido. Chico nunca mais cantou essa canção.
As críticas eram tantas que chegou um momento em que Chico parou de cantar e fazer shows, porque isso prejudicava a sua criação e por querer deixar suas músicas para serem interpretadas por “especialistas”, mas essa decisão não pôde durar muito, o público exigiu Chico Buarque interpretando suas canções. A pérola Meu Caro Amigo, em parceria com Francis Hime, foi feita para Boal no exílio e tornou-se um hino da resistência, assim como Apesar de Você e tantas outras. Esse choro inovador denunciava que “a coisa aqui tá preta”.
Música, teatro, literatura
Chico partiu de sua música, já muito censurada para o teatro na tentativa de dissuadir um pouco essa tenaz censura a si. Suas peças desde Roda Viva também foram confrontadas. Calabar, em parceira com o moçambicano Ruy Guerra, foi inteiramente proibida e inclusive diversas canções e capa do disco censurados após terem sido liberados. Escreveu também Gota D’ÁguaÓpera do MalandroOs Saltimbancos.
A guerra Chico x censura se acentuava. O primeiro livro escrito em 1974, a novela Fazenda Modelo, uma metáfora do Brasil. Escreveu o livro infantil Chapeuzinho Amarelo (1979), a menina que tinha tanto medo, mas que foi superando até que a palavra lobo virou bolo, o bolo da vida e da superação. A dedicação à literatura ficou marcante a partir de Estorvo, publicado em 1991, aí vieram Benjamim (1995), Budapeste (2003) e Leite Derramado (2009). Isso mostra que a sua criatividade e inventividade nunca parou de crescer. Aliás, o próprio Chico afirma que com o avanço de tempo tem ficado cada vez mais exigente.
Chico Buarque representa a cultura do Brasil para todos, do Brasil para os brasileiros. E se o objetivo do artista, do escritor, do intelectual é atingir o infinito, ninguém mais do que Chico atingiu essa meta, como na canção Tempo e Artista, cujos versos afirmam que “num relance, o tempo alcança a glória e o artista o infinito.”
E mesmo antes de John Lennon afirmar com razão que “a mulher é o negro do mundo”, Chico já cantava a alma feminina como ninguém. "Cavalo de sambistas, alquimistas, menestréis, mundanas, olhos roucos, suspiros nômades, a alma à deriva. Inventado porque necessário, vital, sem o qual o Brasil seria mais pobre, estaria mais vazio, sem semana, sem tijolo, sem desenho, sem construção", disse Ruy Guerra sobre o amigo Chico.
Recentemente ele disse gostar de rap, "o tipo de música que uma vez foi feita, por mim e por outros, com uma temática social, eles fazem isso melhor, porque vêm de lá. Eles falam para sua gente, vêm das favelas e são ouvidos por todos os tipos de pessoas. Eles têm algo a dizer, muito sério." Esse é o Chico das ruas, do carnaval, do samba, da valsa, do choro, da vida, do povo brasileiro. Como disse o cubano Pablo Milanés no programa “Chico & Caetano” (Globo) “Chico Buarque não é de Itália é de Hollanda, mas é do Brasil”.
Pela sua arte e por sua trajetória parabéns Francisco Buarque de Hollanda pelo seu 67º aniversário e obrigado por ser o nosso Chico Buarque.
por Marcos Aurélio Ruy, do portal Vermelho 

Comunicado do Ministro de Estado Aloízio Mercadante

A revista Veja publicou na sua última edição, de 22 de junho, matéria na qual sou alvo de falsas insinuações que me levaram a divulgar esta nota pública, voltada para a sociedade brasileira e, em especial, para toda a comunidade de pesquisadores, cientistas e agentes da inovação. Ao tentar envolver meu nome em uma suposta trama que teria ocorrido há cinco anos, quando fui candidato ao governo de São Paulo, a matéria agride valores essenciais ao Estado democrático de Direito.

Em primeiro lugar, porque um dos principais personagens citados, de quem democraticamente divergi durante toda a minha vida política – inclusive nas últimas eleições – faleceu recentemente e, por isso mesmo, não pode mais ser ouvido. Em segundo lugar, a matéria não informou que estas ilações já haviam sido mencionadas à época e que o ex-Procurador Geral da República, Antonio Fernandes de Souza, reconhecido pelo rigor de seus pareceres, pronunciou-se de modo inequívoco e isentou-me de qualquer envolvimento na suposta operação.

A revista também não mencionou que, por unanimidade, a instância máxima da Justiça brasileira, o Supremo Tribunal Federal, inocentou-me completamente do episódio. Não poderia deixar de reafirmar à sociedade brasileira meu apego ao Estado de Direito, às regras da democracia e o respeito aos direitos e garantias individuais. Essa foi e continuará sendo a marca de meu caráter. As falhas de informação e as opiniões marcadamente distorcidas não mudarão minha atuação à frente do Ministério da Ciência e Tecnologia, nem diminuirão o esforço que desenvolvemos para assegurar a mais ampla liberdade de imprensa e a transparência como valor essencial da vida pública.

Aloizio Mercadante
Ministro da Ciência e Tecnologia