16 de junho, por Luis Fernando Veríssimo


Hoje, 16 de junho, é o “Bloomsday”, um dia na vida de Leopold Bloom em Dublin, narrado por James Joyce no seu “Ulysses”.
Estive uma vez em Dublin. De certa maneira, conhecer Dublin é trair James Joyce. Stephen Dedalus, o herói autobiográfico de Joyce, precisou trocar a familiaridade de Dublin pelo silêncio e a sabedoria do exílio — “silence, exile and cunning” — para começar a forjar, na usina da sua alma, a consciência ainda por criar da sua raça, como anunciou, com típica grandiloquência irlandesa, no final de “Retrato do artista quando jovem”. Dedalus/Joyce voltou a Dublin na memória e a transformou num lugar mítico, uma das cidades chaves da literatura moderna, em “Ulysses” e “Finnegans wake”.
Mas você não chega à Dublin transfigurada de Joyce, chega em apenas outra capital do McMundo. O Rio Lifey, mesmo com uma simbólica lua cheia em cima, é apenas um rio que divide a cidade, não é o rio recorrente da vida que passa pelo Eden e deságua em si mesmo, ou Anna Livia Plurabelle, a mulher-rio, de “Finnegans wake”. Nem o homem sentado ao seu lado no “pub” é a condição humana incorporada na última versão do Leopold Bloom. Aliás, provavelmente é um turista alemão, nada mais longe da condição humana.
A cidade dá a devida atenção a Joyce. Há uma estátua dele numa rua central, um centro de estudos e um museu com seu nome e um Hotel Bloom (com um previsível “Molly Bar”, em homenagem à lânguida sra. Bloom, cujo “stream of consciousness” em “Ulysses” fez história literária e escândalo e levou o livro a ser proibido em vários países).

Estátua de James Joyce

Imagino que o dia 16 de junho em que se passa toda a ação de “Ulysses” seja comemorado de algum modo na cidade. Mas é impossível evitar a sensação de que Joyce representa para Dublin o mesmo problema que Freud representa para Viena.
São dois filhos complicados, com ideias e obras não facilmente reduzíveis para folhetos turísticos, e que têm pouco a ver com o espírito do lugar. Em Viena, o desconforto é maior. A Dublin mitificada de Joyce, afinal, não era um lugar lúgubre. Já Freud lembra tudo que a cidade da valsa e da torta de chocolate nem quer saber.
Mas a Dublin que a gente espera é a vista do exílio, o que quer dizer que chega-se lá para desconhecê-la. Depois de passar quatro dias em Dublin e gostar da sua jovialidade e alegre familiaridade, você se sente tentado a pedir desculpas a Joyce. Por confraternizar com o inimigo.

Contradição


Vejam a contradição destes novos "revolucionários".

São contra o Bolsa Família e a vinda de médicos estrangeiros para o Brasil. Acabam se igualando ao Arnaldo Jabor.

Na minha época de protestos, não criticava programas sociais. 

Ops, na minha época não havia programas sociais.

Retratos do Rio - Favelas cariocas têm o maior aumento de renda

Em dez anos, crescimento foi de 109%, acima do ganho per capita na cidade e no país

Grandes eventos, recuperação econômica e pacificação são as causas do fenômeno

A renda per capita dos moradores das favelas cariocas cresceu 109% entre 2000 e 2010, passando de R$ 244 para R$ 510, mostram dados colhidos pelo IBGE. O ganho ficou acima do que foi constatado nos aglomerados subnormais — como são classificadas as favelas — do país: 85% (de R$ 200 para R$ 370), informam Natanael Damasceno e Selma Schmidt. Na cidade, o aumento foi de 100%. Segundo especialistas, a recuperação econômica do Rio aliada à preparação para os grandes eventos e à pacificação explicam o fenômeno. Estudo do Instituto Pereira Passos revela, porém, que desigualdades entre asfalto e favela persistem.

Revoltas muito além dos 20 centavos


Sistema que monopoliza os transportes públicos embolsa fortunas há anos e dá as cartas


No início da década de 80, com um salário mínimo comprava-se 500 passagens de ônibus em São Paulo. Em 2006, quando já estava em vigor a política de reajustes do mínimo acima da inflação, este só dava para comprar 175 passagens, segundo levantamento oficial do Ministério das Cidades. Hoje, mesmo com reajustes de 182% no mínimo de 2003 para 2013 (contra 78%dos salários em geral) o mínimo de R$ 678,00  só dá para comprar 211 passagens de R$ 3,20, menos da metade dos anos 80, quando todos sofriam com o arrocho salarial.

No período de janeiro 1995 a dezembro de 2002, a tarifa média dos serviços de ônibus
urbanos nas capitais brasileiras cresceu em torno de 204% (R$0,35 para R$1,20) contra o aumento de 108% do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-
DI). Ou seja, a renda da população não acompanhou este o aumento da tarifa, segundo números da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos.

Segundo essa entidade, por conta dos aumentos exorbitantes dos preços nas passagens, no Rio de Janeiro, já em 2008, os ônibus transportavam uma quantidade cada vez menor de passageiros. A média mensal de usuários caiu, em dez anos de 110 milhões para 85 milhões, uma redução de 22,7%. (O GLOBO, 06/04/2008). E hoje não chega a 69 milhões.
 

Governos generosos reduziram impostos a zero

Nesse período, os governos foram generosos mais da conta com as empresas de ônibus. No Rio de Janeiro, elas não pagam impostos e ainda recebem subsídios da Prefeitura. Desde 2010, o prefeito Eduardo Paes reduziu de 2% para 0,01% o ISS dos transportes municipais, uma renúncia de R$ 33 milhões por ano. O ICMS do Estado também está no mesmo patamar.

As dádivas com dinheiro público não se limitaram aos governos municipais e estaduais, sempre bem tratados pelos empresários, mas chegaram à União. Agora em junho, por ato da presidente Dilma Rousseff, todas as empresas de ônibus do país ficaram isentas do COFINS e do PIS, com o que o governo federal deixa de arrecadar R$ 1 bilhão por ano.

Todas as iniciativas nas áreas de transportes nas grandes cidades são direcionadas para favorecer as empresas de ônibus. Os prefeitos têm desistido ou recusado projetos com veículos sobre trilhos para não afetar os seus interesses. No Rio de Janeiro, desde o início dos anos 90, em seu primeiro governo, Cesar Maia anunciou a implantação do VLT da Penha à Barra. Acabou mudando de idéia no meio do caminho. 

Android # iPhone # Blackberry

Porque vaiam?

Vaiam porque todas as previsões catastrofistas furaram. 

O velho do Restelo praguejou durante esses anos todos na Folha, na Veja, no Globo, e toda essa mídia farsesca, alimentando essa turma que se intitula "classe média". 

Uma turma que acha que sustenta o Brasil e com seus impostos paga o Bolsa-família, embora qualquer economista saiba que isso é uma mentira, pobre paga mais imposto que eles. Deu errado, então vaiam. Mas vão tomar uma nova surra nas próximas eleições, a exemplo da outra. 

Vaiaram Lula no Panamericano e Lula elegeu sua sucessora com uma mão amarrada. 

Quero que essa classe recalcada se foda.

Pelo 3º dia consecutivo a presidenta Dilma adverte contra o "terrorismo informativo"


Antes foi em Brasília e em Curitiba. Agora foi na Rocinha, no Rio. Em discurso no Complexo Esportivo da comunidade, para o anúncio de obras em três favelas do Rio, a presidenta Dilma Rousseff reiterou que há muito estardalhaço e "terrorismo informativo" sobre a situação econômica do país.

No mesmo evento, atacou a oposição ao dizer que "não se fazia obra para as comunidades mais pobres" no Brasil até 2003, início do governo Lula. Foi o 3º dia consecutivo que a presidenta repisou praticamente essa mesma declaração contra os críticos da política econômica. Na quinta-feira, em Curitiba, tratou-os como "vendedores do caos". Um dia antes, em Brasília, havia comparado a oposição ao Velho do Restelo, personagem pessimista de Luís de Camões em Os Lusíadas.

A presidenta centrou seu discurso principalmente contra o terrorismo do noticiário sobre a retomada inflacionária. "Nós jamais deixaremos que a inflação volte. Hoje ela está sob controle, ontem ela estava e continuará sob controle", discursou. E fez um pedido: "Peço a vocês que não deem ouvidos a esses que jogam sempre no quanto pior, melhor. Críticas, todo mundo tem de ter a humildade de aceitar. Terrorismo, não".

Até 2002 o país só investia para as classes ricas
A chefe do governo lembrou que, em meio a esta crise econômica que "talvez seja a mais grave desde 1929", o Brasil apresenta hoje "a menor taxa de desemprego do mundo. Vocês têm visto na imprensa muita gente falando que o Brasil passa por um momento de dificuldades. Interessa a eles criar essa ideia. Não só o Brasil não está numa situação difícil como é um país extremamente sólido. Temos uma das menores relações entre dívida líquida e PIB. Não gastamos mais do que possuímos. Somos sérios em relação à política fiscal."