Revalida 2011 / 2012

Médicos formados em Cuba foram os mais aprovados no Revalida - Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos - em 2011 e 2012. Dos 65 que conseguiram revalidar o diploma em 2011, 13 estudaram na ELAM - Escola Latino-Americana de Cuba -, assim como 15 dos 77 aprovados em 2012. Os dados são do MEC - Ministério da Educação - e foram obtidos via Lei de Acesso à Informação.
Um tapa na cara dos sem vergonha que são contra Mais Médicos para atender o povo nos grotões do nosso imenso Brasil.

Chupa que de Cuba coxinhas

Paulo Nogueira - Por que a direita odeia tanto José Dirceu?

Porque não conseguiu corrompe-lo como fez e faz com tantos outros políticos brasileiros.
Ele é ainda mais odiado que Lula, o que não é pouco.
Tenho minha tese.
De Lula era esperado, mesmo, que estivesse do lado oposto ao da direita. Operário, nordestino, nove dedos, pouca oportunidade de estudar.
Seria uma aberração Lula se alinhar ao 1%, para usar a grande terminologia do movimento Ocupe Wall Street.
Mas Dirceu não.
Ele tinha todos os atributos para figurar no 1% que fez o país ser o que é, um dos campeões mundiais de iniquidade, a terra das poucas mansões e das tantas favelas.
Articulado, inteligente, dado a leituras. Bem apessoado. Na ótica do 1%, pessoas como Zé Dirceu são catalogadas como traidoras, e devem ser punidas exemplarmente para que outras do mesmo gênero, ou se preferirem da mesma classe, não sigam seu exemplo.
Na França revolucionária, a aristocracia entendia que os Marats, os Desmoullins, os Héberts  pregassem a morte do velho regime, mas jamais conseguiu compreender o que levou o Duque de Orleans a também lutar pela liberdade, pela igualdade e pela fraternidade.
O 1% brasileiro, na história recente, soube sempre atrair equivalentes a Dirceu. Carlos Lacerda, por exemplo, era de esquerda na juventude.
Depois, se tornou um direitista fanático. Segundo relatos de quem o conheceu, ele se cansou da vida dura reservada aos esquerdistas em seus dias e foi para onde o dinheiro estava.
O 1% recompensa bem. Nos dias de hoje, se você defende os privilégios, acaba falando na CBN, aparecendo em entrevistas na Globonews, tendo coluna em jornais e revistas, dando palestras muito bem pagas. E, com a carteira abastecida, ainda pode posar de ‘corajoso’ defensor da ‘imprensa livre’.
Dirceu não fez a trajetória de Lacerda. Não abjurou suas crenças.
E então virou o demônio.
Quem o demonizou foram exatamente aqueles que o adulariam se ele se vendesse. A imagem que a mídia construiu de Zé Dirceu concentrou num único homem todos os defeitos possíveis: vaidoso, arrogante, corrupto, inescrupuloso, maquiavélico.
Um monstro, enfim.
Pegou essa imagem? Menos do que o 1% gostaria, provavelmente. Quem não se lembra de Serra, num debate com Haddad, repetidas vezes tentar encurralar seu oponente com a acusação de que era “amigo do Dirceu”?
Haddad reconheceu tranquilamente a amizade, e quem terminou eleito não foi o Serra.
Na mídia tradicional, a campanha contra Dirceu desconhece limites jornalísticos e, pior que isso, legais.
Um repórter tenta invadir criminosamente o quarto do hotel que ele ocupa, e ainda assim é Dirceu que aparece como o vilão do caso.
Quem conhece o Dirceu real, com seus defeitos e virtudes, grandezas e misérias, são aqueles poucos de seu círculo íntimo. Para eles não faz efeito o noticiário que o sataniza. (Caso interesse a alguém, nunca votei em Dirceu e não o conheço pessoalmente.)
De resto, esse noticiário – ou propaganda – não é feito para eles, mas para os chamados ‘inocentes úteis’, aqueles que em outras épocas acreditaram no “Mar de Lama” de Getúlio Vargas ou no “perigo comunista” representado por João Goulart.
É a imagem demoníaca de Dirceu construída pela mídia que, nestes dias, é utilizada pela maioria dos juízes do Supremo no julgamento do Mensalão.
Não chega a ser surpresa. A justiça brasileira tradicionalmente foi uma extensão do 1%.
Estudiosos já notaram a diferença da atuação da justiça no Brasil e na Argentina na época das duas ditaduras militares.
No Brasil, a justiça foi servil aos militares. Na Argentina, a justiça desafiou frequentemente os militares ao declarar inocentes muitos acusados de “subversivos”.
Isso acabou levando os militares argentinos a simplesmente matar milhares de opositores sem que fossem julgados.
Fundamentalmente, Dirceu paga o preço de sua opção teimosa pelo 99%.
Mas quem vai julgá-lo perante a história não é o 1%, representado por uma mídia que defende seus próprios privilégios e finge se bater pelo interesse público. E nem uma corte em cuja história a tradição é o alinhamento alegremente pomposo com o 1%.
Ele deve saber disso, e imagino que isso o conforte em horas duras como esta.

Explodindo coisas

A. Capibaribe Neto - Direito lá. Direito cá

Em um dos muitos vídeos sobre flagrantes de violência urbana, um jovem chega em casa e é abordado por um, como direi? - menor infrator, ordenando que o estudante lhe entregue o celular.

O rapaz, apavorado, entrega, mas o menor, digamos infrator, com todo o respeito, dá-lhe um tiro na cabeça gratuitamente. Um outro menor infrator, durante o assalto a uma farmácia, após recolher o dinheiro do caixa, volta da porta e, sem nenhum motivo que justifique, atira na cabeça da moça do caixa, tirando-lhe a vida.

Em outro episódio, outro desses respeitados menores infratores atira na cabeça de um garoto boliviano só porque a criança, apavorada, chorava sem conseguir se conter e pedia para não morrer. Tiro na cabeça, disparado por respeitáveis menores infratores virou moda.

Com todas essas demonstrações de falta de respeito pela dignidade de quem a tem realmente, até concordo que não é torturando um menor que, mal criado e sem princípios ou de princípios roubados por políticos safadões, que se faz a justiça em flagrante apelação anônima para a aplicação da Lei de Talião. Não, de jeito nenhum.

O que se viu, domingo passado, através das imagens exibidas pelo Fantástico, realmente choca, atenta contra a vida da pessoa, da sua dignidade, principalmente pela truculência de um agente da lei, com quase o dobro do tamanho e corpo do respeitável menor infrator.

Nenhum homem civilizado, por mais agredido no seu dia a dia, acuado pelo medo e pela insegurança das esquinas, das ruas, dos becos, das vielas e dos cruzamentos das grandes avenidas, concorda com tamanha violência.

Mas... venhamos e convenhamos, declarações como a do promotor de justiça da Infância e da Juventude, o respeitável doutor Matheus Jacob Fialdini, quando disse "eu me surpreendi com essa imagem. Me impressionei. Uma imagem muito forte. Eu não tinha visto uma coisa como essa. São agressões físicas, que ofendem também a dignidade" ou, como se expressou o respeitável doutor Ariel de Castro Alves, quando falou "é a primeira vez em 18 anos de atuação, visitando unidades da Fundação Casa, que assisto essas cenas. E isso choca pela covardia com que os torturadores agiram nesses casos", ele que é do Grupo Tortura Nunca Mais e do Movimento Nacional de Direitos Humanos.

Essas declarações remetem a um vazio existente na outra metade dos motivos pelos quais esses jovens senhores, os respeitáveis menores infratores, estão ali, com seus direitos vilipendiados naquelas circunstâncias. Muitos deles invadiram casas, ameaçaram famílias apontando-lhes revólveres, pistolas, facas e fizeram ameaças com garrafas de álcool gritando que tocariam fogos em crianças e idosos.

Alguns até chegaram mesmo a cumprir as ameaças pelo simples fato de suas vítimas não disporem das quantias que eles queriam arrecadar, como foram os casos dos dois dentistas. Existe um vazio chocante pela falta de solidariedade para com as vítimas que foram torturadas brutalmente, estupradas, mutiladas, que levaram chutes na cabeça ou tiveram um parente privado de vida ou incapacitado pelas violências desses pequenos e respeitáveis senhores, que tem os seus direitos muito bem assegurados e vigiados por autoridades.

Defendemos a paridade das demonstrações de solidariedade e preocupação. Falta um Grupo de Violência Nunca Mais e de um representante do Direitos Humanos - Capítulo vítimas da violência cometida sem piedade por esses pequenos respeitáveis adolescentes, senhores menores infratores.

Que se tenha pena deles, que haja uma solidariedade irrestrista a eles, mas que se faça a outra parte que abranja as vítimas desses atos infracionais bárbaros. Que se forje um escudo protetor para os que sofrem todo dia com a violência com a mesma têmpera com que se forjam os escudos mediáticos com que se defende os direitos dessas, digamos, respeitáveis crianças. Que não haja contemplação com quem é o responsável pelo desvio de verbas que poderiam tirar das ruas assassinas as verdadeiras crianças abandonadas. Que se forje um escudo protetor para os que sofrem todo dia com a violência com a mesma têmpera com que se forjam os escudos mediáticos com que se defende os direitos dessas, digamos, respeitáveis crianças. Que não haja contemplação com quem é o responsável pelo desvio de verbas que poderiam tirar das ruas assassinas as verdadeiras crianças abandonadas. Que deixe de existir a manobra ou a chincana que protela o julgamento dos vilões da pátria, os verdadeiros responsáveis por tantos desatinos.

Direito lá, direito cá. Proteção lá, proteção cá. Solidariedade explícita com os pobres coitados menores infratores, mas solidariedade igualmente explícita com os que sofrem todo dia com a perda de um ente querido para as armas nervosas e irresponsáveis desses pequenos senhores, os jovens infratores menores de idade. Com todo o respeito.

Zuenir Ventura - na era da complicação

Já foi mais fácil tomar partido. O mundo e as coisas tinham apenas dois lados, o bom e o ruim, o branco e o preto, o certo e o errado, o bonito e o feio. A democracia é que inventou essa complicação de vários pontos de vista, de ambivalência, substituindo o maniqueísmo pelo relativismo. O bem pode estar dentro do mal e vice-versa, entre o preto e o branco há o cinza, entre as luzes e as trevas existe o crepúsculo, e até o feio e o bonito variam conforme o gosto.

No tempo do sectarismo ideológico, não haveria dúvidas em relação, por exemplo, a questões que se discutem tanto. Você é contra ou a favor da importação de médicos cubanos? Era muito simples: se vinha de Cuba, era bom. Ou ruim. Dependia de sua posição política. Agora, a complexidade de certos casos não admite mais resposta binária, pelo menos para quem não carrega na cabeça resquícios da Guerra Fria.

Como ser contra enviar médicos cubanos para os lugares onde os nossos não querem ir? Só com muito preconceito ideológico ou corporativismo, ou os dois. Ao mesmo tempo, como aceitar passivamente que esses profissionais permaneçam submetidos a um regime ditatorial que confisca parte de seus salários e não os deixam trazer suas famílias, retidas lá como reféns para evitar possíveis deserções? Não dá para desprezar os direitos humanos e dizer: "Isso é problema deles, não nosso". Mesmo pesando os prós e os contras na busca de isenção, a decisão é complicada. Virá sempre acompanhada de um "mas", "porém", "por outro lado".

Diferente, mas também com implicações políticas, é o caso do diplomata Eduardo Saboia, que à revelia do Itamaraty deu fuga ao senador boliviano Roger Pinto, que esteve refugiado na embaixada do Brasil em La Paz durante 452 dias. Preocupado com a saúde debilitada do asilado, Saboia colocou-o um dia num carro, viajou 1600 quilômetros acompanhado de dois fuzileiros brasileiros, e depositou-o em Corumbá, enfurecendo o governo boliviano.

O senador é um desafeto de Evo Morales, a quem acusa de corrupção, e é acusado por este do mesmo crime. Politizada, a questão gerou uma séria crise diplomática entre os dois países. Para uns, Saboia foi um "herói", do ponto de vista humanitário; para outros, um "irresponsável". Vai ver, cada lado tem um pouco de razão.

Em suma, trata-se de um mundo complicado que cobra atitude onde tudo é relativo, inclusive essa afirmação.

Fim do sigilo de justiça Já

Joaquim Barbosa mantém segredo de justiça do inquérito 2474 para proteger o bandiqueiro Dantas e esconder provas que inocentariam os réus da AP 470
Joaquim Barbosa mente e sonega informações
O ministro Joaquim Barbosa, relator da AP 470, e Antônio Fernando de Souza, ex-procurador-geral da República, faltaram com a verdade? 
por Conceição Lemes
Na quarta-feira 14, o Supremo Tribunal Federal (STF) deu continuidade ao julgamento da Ação Penal 470 (AP 470), o chamado mensalão.
Na segunda passada, o Viomundo encaminhou, via assessoria de imprensa, quatro perguntas ao ministro Joaquim Barbosa, presidente do STF e relator da AP 470. Todas sobre o misterioso inquérito 2474, mantido em segredo absoluto de justiça há seis anos e cinco meses:
1. O inquérito 2474 foi aberto em março de 2007 e desde então está em segredo de Justiça. Por quê?
2. Há dias, saiu na imprensa, que o senhor teria dito que nenhum inquérito ficaria em segredo de justiça no STF. Por que mesmo assim o 2474 continua em segredo de justiça? Leia mais>>>




Tire o seus racismo do caminho que eu quero passar com minha cor