Ives Gandra - Dirceu foi condenado sem provas

Leia (abaixo) entrevista do jurista à Folha de São Paulo:
Folha – O senhor já falou que o julgamento teve um lado bom e um lado ruim. Vamos começar pelo primeiro.
Ives Gandra Martins - O povo tem um desconforto enorme. Acha que todos os políticos são corruptos e que a impunidade reina em todas as esferas de governo. O mensalão como que abriu uma janela em um ambiente fechado para entrar o ar novo, em um novo país em que haveria a punição dos que praticam crimes. Esse é o lado indiscutivelmente positivo. Do ponto de vista jurídico, eu não aceito a teoria do domínio do fato.

Por quê?
Com ela, eu passo a trabalhar com indícios e presunções. Eu não busco a verdade material. Você tem pessoas que trabalham com você. Uma delas comete um crime e o atribui a você. E você não sabe de nada. Não há nenhuma prova senão o depoimento dela -e basta um só depoimento. Como você é a chefe dela, pela teoria do domínio do fato, está condenada, você deveria saber. Todos os executivos brasileiros correm agora esse risco. É uma insegurança jurídica monumental. Como um velho advogado, com 56 anos de advocacia, isso me preocupa. A teoria que sempre prevaleceu no Supremo foi a do “in dubio pro reo” [a dúvida favorece o réu].

Houve uma mudança nesse julgamento?
O domínio do fato é novidade absoluta no Supremo. Nunca houve essa teoria. Foi inventada, tiraram de um autor alemão, mas também na Alemanha ela não é aplicada. E foi com base nela que condenaram José Dirceu como chefe de quadrilha [do mensalão]. Aliás, pela teoria do domínio do fato, o maior beneficiário era o presidente Lula, o que vale dizer que se trouxe a teoria pela metade.

Bom dia


Veja a melhor capa do ano


Numa espetacular criação coletiva, metade departamento de arte da Veja, metade uma turma de beudo do feice

Quer saber porque o PSDB está acabando

Faça como eu faço. Assista os programas Painel e Fatos e Versões da Globo News. É aquele pessoal quem faz política para o PSDB hoje, que delegou seu trabalho todo para a mídia. Eles fazem analíses baseadas em pensamentos mágicos. Tinha um cara que estava previndo uma combinação de fotos de José Dirceu sendo preso (mesmo no semiaberto, disse) e a economia indo muito mal em 2014, como forma de levar o Aécio Neves à presidência da república. 
São muito ruins!
Ruins demais!
Josué Candido

Coluna semanal de Paulo Coelho

Ensinando o cavalo a voar

Vamos dividir a palavra preocupação em duas: pré-ocupação. Ou seja, ocupar-se de algo antes que aconteça. Tentar resolver problemas que ainda não tiveram tempo de se manifestar. Imaginar que as coisas, quando chegam, sempre escolhem seu pior aspecto.

Há, é claro, muitas exceções. Uma delas é o herói desta pequena história:

Um velho rei da Índia condenou um homem à forca. Assim que terminou o julgamento, o condenado pediu:

- Vossa Majestade é um homem sábio, e curioso com tudo que os seus súditos conseguem fazer. Respeita os gurus, os sábios, os encantadores de serpentes, os faquires. Pois bem: quando eu era criança, meu avô me transmitiu a técnica de fazer um cavalo branco voar. Não existe mais ninguém neste reino que saiba isto, de modo que minha vida deve ser poupada.

O rei imediatamente mandou trazer um cavalo branco.

- Preciso ficar dois anos com este animal - disse o condenado.

- Você terá mais dois anos - respondeu o rei, a esta altura meio desconfiado. - Mas se este cavalo não aprender a voar, será enforcado.

O homem saiu dali com o cavalo, feliz da vida. Ao chegar em casa, encontrou toda a sua família em prantos.

- Você está louco? - gritavam todos - Desde quando alguém desta casa sabe como fazer um cavalo voar?

- Não se preocupem - respondeu ele. - Primeiro nunca alguém tentou ensinar um cavalo a voar, e pode ser que ele aprenda. Segundo, o rei está muito velho, e pode morrer nestes dois anos. Terceiro, o animal também pode morrer, e eu conseguirei mais dois anos para treinar um novo cavalo. Isso sem contar a possibilidade de revoluções, golpes de estado, anistias gerais.

"Finalmente, se tudo continuar como está, eu ganhei dois anos de vida, onde posso fazer tudo o que tenho vontade: vocês acham pouco?"

Coluna semanal de Paulo Coelho

Ensinando o cavalo a voar

Vamos dividir a palavra preocupação em duas: pré-ocupação. Ou seja, ocupar-se de algo antes que aconteça. Tentar resolver problemas que ainda não tiveram tempo de se manifestar. Imaginar que as coisas, quando chegam, sempre escolhem seu pior aspecto.

Há, é claro, muitas exceções. Uma delas é o herói desta pequena história:

Um velho rei da Índia condenou um homem à forca. Assim que terminou o julgamento, o condenado pediu:

- Vossa Majestade é um homem sábio, e curioso com tudo que os seus súditos conseguem fazer. Respeita os gurus, os sábios, os encantadores de serpentes, os faquires. Pois bem: quando eu era criança, meu avô me transmitiu a técnica de fazer um cavalo branco voar. Não existe mais ninguém neste reino que saiba isto, de modo que minha vida deve ser poupada.

O rei imediatamente mandou trazer um cavalo branco.

- Preciso ficar dois anos com este animal - disse o condenado.

- Você terá mais dois anos - respondeu o rei, a esta altura meio desconfiado. - Mas se este cavalo não aprender a voar, será enforcado.

O homem saiu dali com o cavalo, feliz da vida. Ao chegar em casa, encontrou toda a sua família em prantos.

- Você está louco? - gritavam todos - Desde quando alguém desta casa sabe como fazer um cavalo voar?

- Não se preocupem - respondeu ele. - Primeiro nunca alguém tentou ensinar um cavalo a voar, e pode ser que ele aprenda. Segundo, o rei está muito velho, e pode morrer nestes dois anos. Terceiro, o animal também pode morrer, e eu conseguirei mais dois anos para treinar um novo cavalo. Isso sem contar a possibilidade de revoluções, golpes de estado, anistias gerais.

"Finalmente, se tudo continuar como está, eu ganhei dois anos de vida, onde posso fazer tudo o que tenho vontade: vocês acham pouco?"

Acho que não custaria muito leva-la para jantar fora